Capitulo oito: Passado
NICOLAS
Era apenas mais um dia de inverno em Blumenau. O vento frio fustigava as árvores as fazendo tremer assim como nós. O frio intenso era conhecido a mim. Eu amava aquela época do ano. Tudo tinha um tom azulado e obscuro que me fazia questionar se a beleza do verão era apenas uma ilusão. Uma linda e quente ilusão assim como a minha interpretação sobre as pessoas.
Naquela época eu tinha apenas oito anos e conhecia muito pouco da vida. Para mim as pessoas eram exatamente o que aparentavam ser e nada mais. Não existia uma mascara que elas vestiam para esconder o horror que eram capazes de causar nos outros. Mas naquele dia eu descobriria. Naquele dia, o inverno nunca mais seria o mesmo.
– Odeio quando você me deixa ganhar – briguei com Enzo no final daquela tarde de domingo.
– Me desculpe? – pediu sem nem me olhar.
Ele estava visivelmente desconfortável com algo. Tremia compulsoriamente, mas não pelo frio e sim pelo medo. Medo de algo que eu não entendia.
– PUTA QUE PARIU! – ouvimos Nelson (pai de Enzo) esbravejar do lado de fora do quarto.
– Acho que o Figueirense tomou um gol – o provoquei sabendo que ele era fanático pelo mesmo time que o pai.
Enzo ignorou o que eu disse completamente me deixando furioso. Levantou-se da cama, abriu a porta sanfonada de seu quarto para espionar a sala de estar onde seu pai assistia ao jogo com mais três amigos.
– Ele ainda está bebendo – Se sentou na cama mais nervoso que nunca.
Por alguma razão que eu desconhecia, Enzo ficava nervoso todas as vezes que o pai bebia, e eu não sabia o motivo. Sempre que perguntava ele dizia que o pai ficava malvado, mas nunca explicou o motivo de dizer isso. Geralmente, ele me mandava ir para casa quando o pai bebia, mas desta vez me permitiu ficar. Talvez procurando conforto em uma migo, ou talvez não achasse que comigo ali seu pai seria malvado com ele. Um completo engano.
– Vem aqui mamar sua putinha – seu pai apareceu na porta de seu quarto segurando uma lata de cerveja suada na mão. Sua voz soava embolada por conta do álcool que o embriagava completamente.
O jeito com que ele falou com o filho me surpreendeu de tal forma, que eu arregalei os olhos. Meu coração começou a pulsar em um ritmo frenético.
– Eu não quero – Enzo começou a chorar como um bebê.
O sorriso sádico de seu pai desapareceu deixando em seu rosto uma careta de desaprovação.
– Não perguntei se você quer sua bichinha! – e deu um tapa na cara de seu filho o fazendo chorar mais ainda.
Enzo se ajoelhou em frente ao seu pai e com as mãos trêmulas desabotoou a calça jeans de seu pai e a puxou para baixo junto de sua cueca. O pênis ereto de Nelson saltou da caça bem em frente ao rosto de meu amigo. Era grosa e cheia de veias saltadas. Sua cabeça rosada e robusta, pulsava de tesão.
Para minha surpresa, Enzo colocou aquele pênis de dezenove centímetros na boca com uma habilidade impressionante. Não conseguia colocar tudo na boca, pois ela era muito pequena, mas mesmo assim fez seu pai gemer de tesão.
– Isso! Chupa meu cacete! – dizia entre os gemidos.
Enzo chupava o pai de uma forma tão competente, que denunciava sua experiência. Uma experiência que ele adquiriu com o tempo.
Nelson segurou a cabeça do filho e a empurrou para fazer com que mais de seu pênis entrasse na boca de Enzo, mas isso só fez o pobre garoto tossir engasgado. Ele segurou na base do pênis do pai e continuou a chupar, porém de forma mais intensa arrancando mais gemidos de seu pai bêbado.
Com um urro de prazer, Nelson gozou na boca do filho abundantemente. Aquele liquido espeço e braço escorreu pelo canto da boca de Enzo quando ele tentou engoli-lo.
– Muito bem viadinho – Nelson elogiou o trabalho do filho que continuava a chorar enquanto limpava a porra de seu rosto a impedindo de pingar em sua roupa.
Eu fiquei ali estático assistindo toda aquela cena de olhos arregalados. Deveria correr? Deveria gritar? Deveria continuar ali parado? Eu realmente não sabia. Então escolhi a terceira opção.
– Merda! – resmungou ao me ver ali no canto do quarto – Esqueci do moleque!
– Ele não vai contar nada – Enzo prometeu ao pai ainda chorando.
– Claro que não! – Nelson veio até mim fazendo meu coração pulsar de forma ensandecida como se fosse saltar de meu peito – Ele também quer!
Recuei alguns passos em direção a parede ficando encurralado por ele. Seu pênis exposto voltando a ficar duro. Tentei dizer algo. Tentei gritar por socorro, mas não encontrava minha voz. Era como se tivesse fugido dali para um lugar que eu não poderia alcança-la.
Ele esfregou aquele pênis húmido pela boca de Enzo em meu rosto me fazendo tremer. O cheiro de urina misturado com esperma exalando.
– Para pai! – Enzo pediu em prantos – Deixe ele ir embora!
Por um momento pensei que ele fosse atender ao desejo do filho, pois ele se afastou dois passos de mim, mas foi somente impressão. Ele me segurou pelos cabelos e me arrastou para a sala de estar onde seus amigos assistiam ao jogo de futebol.
– Olha ai pessoal! – todos se viraram para o homem de alças arriadas segurando uma criança pelos cabelos com olhares de incompreensão – Essa putinha aqui vai dar pro viado do meu filho!
E me atirou no chão, fazendo meu queixo bater com força na cerâmica fria e dura. Senti meu crânio inteiro tremer com a força do impacto.
Ele voltou até o quarto e trouxe Enzo pela camisa, já que seu cabelo era curto demais para que pudesse arrasta-lo da mesma fora que me arrastou. Segurou-me pela cintura me pondo de quatro no chão. Tentei levantar, mas um de seus amigos – um homem alto de pele bem escura – me segurou e impediu que eu saísse. Nelson puxou minha calça de moletom com força de meu corpo junto com a minha cueca deixando minha bunda branca, lisinha e redondinha exposta. Com a mão fria, ele a acariciou sentindo a textura e gemendo de tesão.
Virei à cabeça para trás para vê-lo tirar a calça do filho pela metade e o colocar de joelhos atrás de mim. Enzo chorava diante daquela situação desagradável.
– Mete nele! – um homem loiro no sofá gritou para Enzo erguendo sua lata de cerveja com tanta animação, que parte do liquido derramou no chão.
Ele segurou em seu pênis parcialmente ereto e o encostou em minha bunda. Senti seu membro roçar entre minhas nádegas e encostar em meu ânus que se contraiu diante daquele objeto estranho. Sinceramente, senti prazer com seu pênis tentando penetrar meu ânus, mas sentia ainda mais medo pela fora como aquilo estava acontecendo. De maneira forçada.
Senti as mãos grandes de Nelson segurar minhas nádegas e forçando meu cu a se abrir. Comecei a gemer de dor e prazer quando o pênis ereto de Enzo começou a entrar em meu ânus. Podia sentir que a penetração estava complicada. Meu ânus era pequeno demais mesmo para o pênis pequeno de Enzo. Nelson empurrou o filho para cima de mim forçando a penetração de maneira tão dolorosa que me fez gritar.
O vai e vem começou devagar. O homem negro em minha frente me soltou e agora com as mãos livres, tirou seu pênis duro da calça e começou a se masturbar. Os dois homens do sofá fizeram o mesmo e Nelson pois o dele na boca de Enzo o fazendo chupar novamente.
O homem negro em minha frente pôs o dele em meus lábios forçando a entrada em minha boca com tanta brutalidade, que eu permiti.
– Chupa viado! – ordenou me dando um tapa no rosto.
Foi horrível sentir seu pênis ereto em minha boca. Senti-lo indo de encontro a minha garganta me causava ânsia de vômito.
– Ele gosta! – o homem de cabelos castanhos no sofá exclamou com os olhos arregalados – Olha só como ele chupa!
Sabia que estava falando de mim, mas não era verdade. Odiava aquilo como nunca havia odiado nada. Era degradante e errado.
Senti a dor destroçar meus minha alma enquanto a minha confiança nos seres humanos era atirada em um incinerador. Vê-la queimar diante dos meus olhos era a pior parte.
O homem tirou o pênis da minha boca antes de gozar. Agradeci a Deus por isso. Não queria sentir seu esperma em minha boca e ser forçado a engoli-lo como Enzo foi.
– O pai dele precisa ver o viadinho que criou – o homem disse vestindo a calça jeans.
Nelson tirou o seu pênis da boca do filho e sorriu com a ideia. Vestiu a calça e ordenou que eu e Enzo fizéssemos o mesmo. Os dois homens no sofá pararam de se masturbar e também vestiram suas calças.
Meu ânus estava dolorido, mas não da forma como pensei que ficaria no momento que o pênis de Enzo forçou a entrada. Era uma dor latejante que não me fazia chorar, mas causava um enorme desconforto.
Nelson pegou o filho pela gola da camisa e o homem negro me segurou pelo braço com estrema brutalidade me fazendo guinchar de dor. Fomos arrastados sobre protestos para fora de casa.
Como sempre, nossa rua estava vazia. Era uma rua pouco movimentada onde carros e pessoas quase não circulavam. E isso era ruim. Ninguém nos viu sermos arrastados para a casa do lado. Ninguém tocou a campainha. O homem de cabelos castanhos e o de cabelos loiros, arrombaram o portão da frente e entraram. Não precisaram arrombar a da frente, pois meu pai a abriu ao ver que éramos nós. Em seu rosto a expressão de medo e confusão ao nos ver.
– Viemos comer seu filho viado – Nelson disse com a voz enrolada enquanto os dois homens que arrombaram a porta o seguraram pelos braços.
Mesmo que meu pai se debatesse, os dois homens eram fortes demais. Ele foi arrastado para dentro de casa seguido por mim e Enzo que fomos atirados no chão da casa. Minha mãe desceu a escada apressada ao ouvir o barulho dos nossos corpos batendo no chão.
– Chama a policia Ana! – Meu pai conseguiu dizer a minha mãe antes que o homem louro desse um soco em seu rosto arrancando sangue de seu nariz.
O homem negro correu até minha mãe que deu um grito de angustia ao ver meu pai apanhar e a segurou. Ela se debateu muito e também gritou muito fazendo com que o homem a deixasse rolar metade da escada até que caísse no chão. Ela não levantou de inicio, o que deu tempo do homem segura-la.
Nelson foi até o andar de cima e voltou pouco tempo depois trazendo lençóis e cobertores com os quais amarrou meus pais com bastante dificuldade. Agora não podiam gritar mesmo que quisesse, pois estavam tampadas.
Os colocou em uma cadeira virados para a mesa de jantar. Em todo aquele tempo, não tentei fugir uma única vez. Não podia deixar meus pais ali com aqueles monstros. Eles poderiam mata-los se eu o fizesse. Só fiquei ali deitado no chão da mesma forma que Enzo, Chorando baixinho.
O homem loiro me segurou pelos cabelos me puxando para cima me forçando a levantar. Gritava de dor o que o fez perder a paciência e me dar uma joelhada no estômago. Tentei me contorcer de dor, mas o homem não me permitiu. Inclinou-me por cima da mesa e tirou minhas calças. Ouvi um barulho baixo vindo de meus pais amarrados. Eles tentavam gritar e sair dali, mas não conseguiam. Estavam presos.
Vi Enzo ser colocado na mesma posição ao meu lado. Nossos olhos se encontraram em desespero. Sabia que mesmo que seu pai o tivesse feito chupar seu pênis antes, nunca havia passado disso. Agora Nelson estava indo longe demais.
O homem loiro tirou as calças e acariciou minhas nádegas enquanto gemia de desejo. Introduziu seu pênis em meu ânus com tanta força, que me fez gritar tamanha era à dor. Senti meu corpo lutar contra aquele ser estranho que me invadia e me fazia chorar de dor a cada estocada. Ardia demais ser penetrado daquela forma.
– O moleque tá sangrando pra caralho! – Ouvi o loiro exclamar enquanto aumentava a força de suas bombadas.
– Daqui a pouco para – Nelson o tranquilizou começando a se masturbar.
Enzo gritou de dor quando o homem negro começou a penetra-lo da mesma forma violenta e brusca que eu havia sido. Doía ver seu sofrimento assim como eu sabia que doía nele me ver sofrer. Senti milhares de espadas perfurarem meu coração me fazendo chorar ainda mais. Uma dor intensa me dominou. Milhares de vezes maior que minha dor física. Capaz de me matar rapidamente se o torpor não tivesse me dominado naquele momento.
De repente, era como se eu não estivesse realmente ali. Parecia estar preso em um pesadelo que a qualquer momento eu iria acordar. A dor física não existia mais assim como qualquer outra sensação. Não tinha mais tato, paladar ou olfato. Só o que me restava era a visão e a audição.
Via tudo acontecendo e não reagia mais. Sem choros, sem gritos e nada mais. Tudo passava em flash rápidos. Vi Enzo chorar ainda mais enquanto os gemidos dos quatro homens entoavam pela sala como uma marca fúnebre. Os vi revezar para penetrar nós dois. Os vi tirar a roupa de minha mãe e a violentar da mesma forma que faziam conosco sem desamarra-la. A vi chorar, não por ela, mas por mim. VI meu pai chorar também de ódio e de tristeza ao ver aquilo. O vi fechar os olhos e esperar que acabasse.
Fui jogado no chão como um boneco de trapos. Com o corpo completamente mole e ser vida. Não existia mais uma criança ali, só a dor. Os vi Nelson me levantar pelos cabelos me fazendo ajoelhar em sua frente. Eles se reuniram em volta de mim e me forçaram a abrir a boca. Os quatro se masturbaram em minha frente enquanto gemiam e eu ali sem reação. Não senti, apenas vi quando os quatro gozaram em meu rosto de forma abundante e errada.
E foi ai que tudo ficou confuso. Uma gritaria começou a tomar conta do lugar. A vozes de meu pai e de minha mãe se pareciam ser mais altas que as outras. Ouvi uma criança gritar ensandecida e o som de objetos sendo quebrados. Xingamentos e sons de tapas, socos e chutes se misturavam em meus ouvidos aumentando minha desorientação. Em minha frente somente imagens disformes se formavam como se eu estivesse embriagado. Embriagado pela dor. Meu coração retalhado batia debilmente e foi essa a ultima coisa que senti antes de tudo ficar escuro.
Acordei pouco tempo depois na ambulância. Meu pai estava ali ao meu lado, mas minha mãe não. O via falar comigo, mas não o ouvia. Não ouvia nada. A escuridão me tomou novamente e quando de por mim, era minha mãe que estava ao meu lado junto de uma mulher de jaleco branco onde lia-se: Médico.
– Ele não reage! – A ouvi gritar com a médica.
Não havia razão alguma para reagir. Minha vontade de viver havia sido estraçalhada naquele final de tarde. Lançada no mais profundo abismo do inferno para sofrer eternamente.
Passei quase um mês naquele hospital até que voltasse a reagir aos estímulos do mundo. Fui para casa e levou mais um até que voltasse a falar, mesmo que de forma esporádica. Pedi a minha mãe que não contasse nada a ninguém, pois não queria que ninguém soubesse de minha humilhação. Ela prometeu que nunca iria contar a ninguém. Tudo que todos sabiam, era que minha mãe e Enzo foram estuprados naquela noite e eu e meu pai fomos forçados a assistir. No fundo eu sabia que todos já sabiam da verdade, pois a gritaria que eu ouvi, tinham sido os vizinhos que invadiram a nossa casa e lincharam os quatro homens. O menino gritando tinha sido Enzo surtando. Três dos homens estavam presos menos Nelson que permanecia internado em estado grave. Os jornais noticiaram o que houve, mas meus pais proibiram de mostrar qualquer coisa que dissesse quem era o menino da reportagem. Não queria exposição assim como eu também não queria.
Sabia que minha mãe não estava apenas triste pelo que houve comigo. Ela estava gravida de dois meses quando tudo aconteceu. Ela e meu pai ainda não haviam me contado, mas eu tinha ou ouvido falar sobre isso dias antes do ocorrido. Nunca falei nada, mas a barriga da minha mãe nunca cresceu da forma como a de uma mulher gravida deveria crescer. Nunca um bebê saiu de lá. Nunca tive a oportunidade de conhece-lo e ele já tinha ido.
Tentamos prosseguir com nossas vidas, mas eu não consegui. Aquela casa estava cheia de lembranças. Lembranças de uma violência que me marcaria para sempre. Meus pais e eu decidimos arrumar nossas coisas e ir para o Rio de Janeiro tentar uma vida nova longe de tudo aquilo. Dois dias depois que chegamos minha avó ligou nos avisando que Nelson havia morrido. Não posso negar que me senti aliviado por isso, mas me senti triste por Enzo. Além de ter perdido a mão em seu nascimento, ter sido abusado e ter surtado, agora tinha também tinha perdido o pai. Mesmo que fosse um monstro, era seu pai.
YURI
Não tinha palavras para expressar meu choque por tudo o que Nicolas tinha me contado. Cada uma de suas palavras precisavam ser cuidadosamente digeridas por mim. Palavras de dor e tristeza. Palavras que tinham sido cuspida com tanto sacrifício.
Já havia passado por minha mente que ele tivesse sido abusado na infância, mas nunca pensei que pudesse ter sido dessa forma. Tão brutal que parecia surreal. Como a humanidade poderia ser tão cruel a ponto de acabar com a inocência e a sanidade de duas crianças? De causar tanta dor a duas famílias que nunca superariam completamente o ocorrido? Chama-los de “Monstros” seria um insulto aos monstros. Eles eram muito piores que isso. Eram demônios vindos do tártaro para destruir. Mesmo assim ainda parecia pouco.
Sentia-me indignado e ao mesmo tempo triste. Indignado por Nelson ter morrido e escapado da cadeia. Provavelmente os outros três homens foram estuprados na cadeia pelos outros detentos pelo que fizeram. Seria um bom castigo antes de morrerem e terem suas almas lançadas no fogo eterno para queimarem.
Abracei Nicolas com tanto carinho, que toda a sua hostilidade de mais cedo foi destruída abrindo espaço para a angustia. Acariciava seus lindos cabelos ruivos tentando a todo custo fazê-lo parar de chorar, mas como poderia se eu mesmo estava chorando?
Compartilhava de sua dor de uma forma sobrenatural. Sentia meu coração despedaçado e seus cacos pontiagudos rasgando meu peito. Era demais o que ele carregou durante tantos anos sem dividir com ninguém. Nem seus pais compartilhavam de sua dor.
Naquela noite eu não consegui dormir. Fiquei pensando no que Nicolas me disse. Me contava a historia com tanta riqueza de detalhes como se estivesse acontecendo naquele momento. Sentia sua dor em cada palavra. Uma dor quase física e que eu não consegui acreditar que ele viveu com ela por tanto tempo sem dividi-la com mais ninguém.
Nicolas dormia profundamente como sempre. Já estava acostumado aquela dor e por isso conseguia dormir. Seu rosto virado para o meu a apenas três centímetros. Sentia seu hálito quente sem meu rosto enquanto ele respirava suavemente. Olha-lo daquela forma tão sereno e em paz era entranho depois de saber pelo que havia passado. Parecia uma mascara usada para esconder sua dor.
Me levantei da cama e sai do quarto. Nos fundos da casa, tinha um quintal grande com uma piscina e foi para lá que eu fui. Esperava estar sozinho, mas Dona Ana estava ali sentada na espreguiçadeira com um copo de conhaque na mão. A garrafa repousada na mesa branca ao seu lado.
– Não consegue dormir? – disse com a voz embargada. Ela estava chorando baixinho.
– Não – respondi da forma mais educada que pude, mas mesmo assim pareceu rude.
Sentei-me na espreguiçadeira ao lado da dela e olhei para seus olhos vermelhos e inchados.
– Nicolas me contou o que houve com vocês – murmurei chamando sua atenção – Me contou sobre Enzo, Os três homens e Nelson.
– Pensei que havia superado o que aconteceu, mas não – ela começou a chorar mais intensamente – Pensei que poderia voltar aqui e não lembrar o que aconteceu, mas estava errada. Ele tinha que vir aqui!
– Não foi culpa de Enzo – o defendi.
– Eu sei que não foi, mas ele trouxe tudo a tona de volta. Não via Nicolas tão transtornado desde que ele era criança. Quando ele finalmente tinha começado a ser feliz isso volta.
Eu a abracei tentando conforta-la.
– Nicolas vai ser feliz novamente. Eu vou fazê-lo feliz. Eu prometo a senhora que ele nunca mais vai ficar da forma como ele ficou hoje. Eu não vou deixar.
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Obrigado a todos que leram mais esse capitulo e espero que tenham gostado. Sinceramente acho que ficou mais pesado do que eu pretendia no início, mas acho que ficou melhor assim.
Achei interessante que a maioria de vocês prefira o Yuri assim como eu. Não por acha-lo romântico e fofo como vocês disseram, mas pelo fato de me identificar muito com ele. Apesar de tanto Nicolas quanto Yuri fazerem parte da minha própria personalidade, consigo pensar melhor quando estou escrevendo na cabeça de Yuri.
GB_atmen, eu não sou sacana, só um pouco malvado como o Rafael Guimarães disse kkkk.
Júnior25, vc nem sabe, mas meu nome também é Júnior rsrsrs (ops! Falei demais). Mas eu não vou abandonar esse conto agora que ele está chegando ao fim. Seria falta de respeito com quem acompanha e frustrante para mim que fiquei viciado em escrevê-lo.
Dericky, eu não tenho pressa para escrever, é que me acostumei a publicar um capítulo por dia e quando vi que não ia poder fazer mais dessa forma começou a me dar uma agonia. Rsrsrsrs. Vou tentar me conter e não ser apressadinho.
HPD, desde o início fico me perguntando o que significa seu nome e se puder me diga no comentário desse conto, pois estou curioso. Se não quiser, também não precisa. É só curiosidade mesmo rsrsrsrs.
Agradeço novamente todos que leram até aqui e saibam que mesmo que eu demore um pouco para publicar o próximo, saibam que eu não abandonei o conto não. Vou termina-lo e isso é uma promessa. Até o próximo!