Minha mãe veio me visitar inúmeras vezes nos outros dois dias que sucederam à vinda do Gabriel, ela disse que desde o dia em que o Gabriel veio aqui André não tinha mais aparecido, fiquei pensando sobre a questão. Quando minha mãe vinha aqui ela me perguntava inúmeras vezes às mesmas coisas. Eu estava adorando ficar naquele hospital, era tão bom lá...
Gabriel não tinha aparecido, mas mandou a seguinte mensagem:
”Hei boy, tô com saudades viu? Não estou podendo ir ai no hospital, por que estou muito cansado com o trabalho e a escola, como já falei. Mas quando esse homem tiver em casa eu apareço lá ok? Vlw boy, melhoras ai pra tu”.
Fiquei tão feliz com a mensagem de Gabriel, eu adorava falar com ele. Ele parecia sofrer muitos problemas psicológicos, familiares e interpessoais, eu estava disposto a ajudá-lo a superar todos eles.
André não havia aparecido mais lá em casa nem no hospital Minha mãe disse que ele estava muito ocupado com a sua loja de informática, afinal ele era o gerente de uma grande rede de informática aqui em Natal, eu compreendia, mas fiquei preocupado com a possibilidade de ele não querer mais me ver, eu queria lhe pedir desculpas.
Fabrício e Luan, assim como o resto da minha sala tinham aparecido no penúltimo dia de minha estada naquele hospital. Todos os garotos diziam que iriam quebrar a cara do boy que me bateu, eu ria juntamente com eles, tinha recuperado meu humor depois daquela vista deles, quando a sala inteira foi embora Fabrício e Luan ficaram mais um pouco.
- Parece que o André te ajudou num foi? Disse Fabrício encabulado.
- Foi! Disse Eu.
- Parece que alguém deve desculpas ao cara não é Pedro? Luan falou olhando pelo canto do olho e apontando para Fabrício.
Todos nós rimos um pouco, falamos algumas coisas meio desconexas, Fabrício retornou ao assunto, disse:
- Eu tenho que me desculpar, ele parece ser um cara legal, mas saibam que eu ainda não vou com a cara dele.
- Eu não sei não, acho que é coisa da sua cabeça, sei lá. Disse eu.
- Não, acho que não, essa historia num acabou não viu Pedro? Disse Fabrício com um ar profético.
- Menino, esse homem já ta agourando a vida do boy é galado? Falou Luan, nós rimos.
- Não é isso po, sei lá, algo me diz que ainda vem muita onda pela frente.
- Também sinto a mesma coisa. Disse eu.
Nesse momento a porta do quarto abre e Augusto, Saulo e Ricardo entram no quarto. Eles começaram a falar comigo, cada um citava um assunto diferente, logo a sala se encheu de vozes acaloradas, que brincavam, riam e se agitavam De repente todos eles subiram na cama e me abraçaram, foi um abraço mutuo muito gostoso, me senti muito querido naquela hora. Senti que se as previsões do Fabrício estivessem certas eu teria as pessoas certas para lutar contra todo e qualquer desafio que surgisse dali para frente. E eu sentia que alguns novos problemas viriam com todo gás.
Na outra semana eu já estava indo para o colégio. Na escola todos me cumprimentavam e diziam que a Cristiane não tinha mais aparecido desde o episodio que ouve com seu namorado. A rádio patroa já tinha inventado algumas historias, como sequelas da surra que eu levei, mas eu resolvi não revidar aos boatos, deixei que falassem de min a vontade.
Com o passar de mais uma semana recebo um telefonema do Gabriel.
- Alô. Disse eu ao atender ao telefone.
- Oi Pedro, tudo beleza boy?
- Tudo massa po, e com tu galado?
- Também, queria marcar uma parada ai para a gente se ver po.
- Venha aqui na minha casa. Propus.
- Quando? Indagou-me
- Amanhã, pode ser?
- Tudo bem. Vlw boy, tchau.
- Tchau.
Sorri. Parecia que tudo estava voltando ao seu estado natural, a relação em família tinha melhorado muito depois da minha estada no hospital, o Gabriel tinha voltado a falar comigo, meus amigos estavam frequentando mais a minha casa... Faltava apenas conversar com o André, e pedir desculpas pelo que eu tinha lhe dito. Era o começo de uma nova era, mas infelizmente essa era de felicidade não iria durar muito tempo.
Continua...