Quarta Feira, 11 de abril de 2012.
“Querido diário,
Essa manhã começou diferente! Houve uma mudança, eu consigo perceber, sentir. Estou acordado, me sinto total e inegavelmente acordado. A dor que me anestesiava e me deixava dormente sumiu. Hoje eu não estou maldizendo o dia antes dele começar, recebo bem o dia... Pois eu sei: que vou vê-lo de novo. Pela primeira vez - em muito tempo, eu me sinto bem!”
Naquele dia minha noite foi ótima, sem lembranças, sem lágrimas.
_ Filho, sua aparência está ótima! _ Minha mãe diz quando eu me sento-me à mesa para tomar meu café da manhã.
_ Obrigado, mãe.
Meu pai como sempre não dirige uma palavra a mim. Quando ele descobrir que eu estou namorando ele vai pirar.
_ Seus olhos estão tão... Brilhantes! Fazia tempo que eu não te via assim. Eles ficaram ainda mais bonitos.
Elogios logo de manhã deixa qualquer mais animado. E meus olhos é a única coisa que eu acho bonito em mim, são azuis. Igual aos de... Christina. Minha mãe biológica que trocou meu pai, e a mim, por um modelo internacional.
Mas não vou me preocupar com isso, eu já superei esse abandono faz tempo.
Chegando à escola só tem duas pessoas na sala de aula: Vic e Pedro.
_ Bom dia pessoal. Dormiram bem? Porque eu dormi!
_ Qual é o nome dele? _ Vic pergunta.
Será que está escrito na minha testa: “Estou namorando”?
_ É o Henrique! _ Pedro responde por mim.
_ É isso mesmo! _ Eu digo sorrindo.
Alguém joga a mochila numa mesa perto à nossa com força. Vixi, era o Ricardo! Será que ele ouviu a conversa? Eu estava de costas para a porta. Mas quer saber? Não tô nem aí!
_ O viado mal chegou e já tá colocando o rabo de fora!
Ricardo faz esse comentário e saí da sala cuspindo fogo.
_ Eu vou quebro a cara desse idiota! _ Pedro diz isso e se levanta.
_ Calma aê, campeão! Eu não importo com isso... _ Eu digo isso o segurando.
_ Tem certeza?
_ Sim!
Pedro se senta e começamos a falar num assunto aleatório. Até que eu sinto vontade de fazer xixi.
_ Pessoal eu vou no banheiro e já volto, ok?
_ Vai, mas não demora que a aula já vai começar. _ Vic diz, antes de eu sair.
Chegando ao banheiro encontro Ricardo encostado na parede parecendo pensar na vida. Dou meia volta e penso em ir embora, mas ele é mais rápido e segura meu braço.
_ Por que, hein?_ Ele me pergunta com a aparência assustadora. Ele era o retrato do ódio.
Ele me arrasta paro banheiro, fecha a porta e se põe na frente dela, impedido minha passagem.
_ Por que o que? _ Eu pergunto a ele.
_ Por que você tá namorando ele?
Ele pega o meu corpo, me vira e me imprensa na parede.
_ Porque eu quero, agora me solta!
_ Não! EU gosto de você muito antes dele!
_ Tá louco?! Se você gostasse de mim não teria me humilhado daquele jeito. Meu pai nem olha na minha cara e a culpa é sua!
_ Você mereceu por não ter me dado bola. Você vivia com aquele chato do Pedro! Você vai ficar comigo e ponto final!
Ele tenta me beijar, mas eu viro o rosto.
_ Ah é? Então você acha que eu sou vilão. Pois bem, eu serei o vilão! Eu poderia ser um bom namorado, mas sei que serei um carrasco melhor. Eu adorava te humilhar e dar aqueles sacodes em você, isso me excitava. E ver esses olhos azuis acuados ainda me excita muito. Mas não se esqueça: Você será MEU!
Ele me liberta e vai embora. Eu posso dizer com toda certeza que não fiquei balançado quando ele me disse que gostava de mim, e também posso afirmar que não fiquei com medo da ameaça dele. Eu tinha o Henrique, eu confiava nele!