Boys don't cry - Meninos não choram! - 25

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Homossexual
Contém 1355 palavras
Data: 06/09/2013 23:11:07
Assuntos: Homossexual, Gay

Minha mãe alimentava mais afeição pelo André do que pelo Gabriel. Ela sempre citava que o André tinha ajudado muito a família, que tudo seria mais difícil sem e ele. E nessa noite ela revelou que o André tinha ajudado a pagar a minha estada no hospital, disse que meus pais o pagariam depois, já que não eles dispunham de bons recursos financeiros naquele momento, afinal o hospital do coração era um hospital de alto custo.

Jantamos na casa do Gabriel. Foi um jantar muito bom, a comida estava ótima. Mas minha mente não estava ali, minha mente vagueava num universo onde só existiam duvidas e indagações. Eu não agüentava mais sofrer, eu tinha que da um fim naquilo tudo. Infelizmente eu não conhecia nenhuma formula mágica para solucionar os meus problemas, nem uma borracha para apagar o passado. A vida é muito diferente da ficção.

- O primeiro nome dito pelo Gabriel foi “Pedro”. Disse Lucilene.

- Eu gosto da amizade de vocês dois. Disse meu pai ainda. Estávamos na mesa do jantar.

Eu sorri para o Gabriel, não tinha muito animo para falar qualquer coisa, e nem saberia o que dizer. Apenas sorri, na verdade queria chorar, mas era necessário segurar as lagrimas, as pessoas sempre seguram as lagrimas, sejam meninos ou meninas.

- O André também foi no quarto do Gabriel, ele torceu muito para a sua recuperação – disse minha mãe para o Gabriel – Ele é um grande amigo de todos, é sim. Ele me disse que queria muito que você se recuperasse, ele sabia que a amizade de você com o Pedro é muito importante para o nosso filho, e se acontecesse o pior... – ouve um breve silencio na mesa – eu não saberia o que seria do nosso filho.

Depois das palavras da minha mãe todos se calaram durante o jantar. Só podia-se ouvir os ruídos produzidos pelos talheres. Finalmente aquele jantar acabou, depois de um tempo meu pai nos chamou para voltarmos para casa. Nós nos despedimos da família do Gabriel e fomos embora. Antes de eu sair do prédio o Gabriel me seguiu até ao hall de entrada e falou baixinho, ele estava muito cansado:

- Por que você está estranho meu amor?

Eu fiquei calado.

- Responde, estou agoniado, pensei que ficaria feliz com a minha melhora.

Continuei calado, apenas olhava para ele.

- Seu amor por mim acabou, é isso? Perguntou-me.

Ainda estava calado, e assim continuei.

- Outro dia conversaremos, vou te deixar só.

Ainda calado eu me virei e fui embora.

Uma semana depois

Eu já tinha decidido, ficaria com o André. Agora eu tinha quase certeza de que o que o Gabriel tinha feito era apenas por interesse em quitar a divida. O André tinha me mostrado umas fotos que ele tirou em que o Gabriel se acompanhava de uma mulher muito bonita. Em uma delas eles estavam se beijando.

Eu chorei muito. Desde o dia em que falei com o Gabriel na recepção ele não tinha mais tentado falar comigo, não tinha respondido as minhas mensagens offline ou aos meus torpedo, nem mesmo as minhas chamadas telefônicas. Eu estava muito triste. Todos os meus amigos perceberam isso, ele queria saber o que se passava. E eu contei a todos. Contei sobre o que se passara com o Gabriel, mas não contei a ninguém sobre a chantagem do André. Eu estava decidido a namorá-lo.

Eu oficializei meu namoro com o André três semanas depois de o Gabriel não ter me procurado mais. Claro que não contei aos meus pais, mas todos os meus melhores amigos sorriram. Lembro do dia como se fosse hoje:

O restaurante estava lotado, mas não havia ninguém conhecido. Era um restaurante razoavelmente bem estruturado. Tinha bons e bonitos garçons. Ali na mesa estava André, Luan, Fabrício, Augusto, Ricardo e Saulo, ainda tinha vindo de Mossoró a garota mais magnífica que conheci em toda minha vida Ana era seu nome. Levantei-me e me pronunciei enquanto todos olhavam para mim.

- Tenho uma grande novidade para contar a todos você, que são verdadeiramente especiais para mim.

Ouve murmurinhos na mesa, eu continuei:

- Todos vocês já sabem que eu acabei o namoro com o Gabriel – dizer aquilo foi como se uma espada de gelo perfurasse o meu ser – e sem perder tempo começo agora o meu namoro com o André!

Eu não queria dizer mais nada, não ia dizer que o amava, que ele era minha vida e aquela coisa toda, apenas anunciei isso. E todos os meus amigos ficaram felizes, exceto o Fabrício. Este fechou a cara durante todo o jantar, ele realmente não foi com a cara do André, era super a favor do meu namoro com o Gabriel, a que tinha uma grande admiração.

Todos brindaram, riram e se divertiram naquela noite, em especial o André. Eu nunca o tinha visto tão feliz, eu nunca o tinha visto tão alegre como naquela noite, parecia que ele tinha visto um pássaro de ouro que lhe mostrara a trilha para o “el dorado”. As únicas pessoas que pareciam não estarem se divertindo ali eram Eu e o Fabrício.

- Hoje será uma noite muito especial na minha vida. Disse o André em seu carro. Eu já tinha avisado a painho e mainha que iria dormir na casa do André, eles não fizeram subjeção.

- Só por que você finalmente conseguiu o produto que queria? Disse eu rispidamente.

- Não fale isso Pedro, você não sabe o quanto eu te amo, não sabe o quanto eu tenho feito para ter você em meus braços.

- Não faço ideia. Menti.

- Você vai aprender a me amar, vai se tocar que o Gabriel é uma péssima escolha.

Eu queria que meu coração fizesse o desejo do André, que também era o meu. Mas a gente não manda nas emoções, a gente pode até segura-las um pouco, mas a gente nunca tem controle sobre elas. E quando a gente tenta segurar ou prender ou inibir um amor, é pior, pois um dia ele explode dentro da gente como um rio que está sendo represado por finas paredes, e assim como as paredes todas as nossas estruturas se desestruturam completamente.

Quando chegamos na casa do André vi uma faixa presa no portão. Dizia: “Eu te amo”. Olhei para aquela faixa presa no muro. Senti pena do André, ele realmente fazia de tudo para me agradar, para ser romântico. Senti também ódio de mim mesmo, eu amava a pessoa errada, e por mais que tentasse amar o André eu não conseguia.

- Gostou? Perguntou ele abrindo clicando no controle para que o portão automático abrisse.

- Sim. Disse sem transmitir emoções alguma.

- Ainda tem mais, espera só.

Ainda na garagem o André me pergunta:

- O que o Gabriel disse ao ouvir você dizendo que iria terminar o namoro?

- Ele não disse nada, nem respondeu. Falei triste.

- Esse moleque não presta, ele te faz sofrer!

- Olha quem fala. Disse eu.

- Eu fico triste ao ouvir-te dizendo isso, as vezes uma coisa parece ser um grande sofrimento, mas poderia ser ainda pior se não fosse o vilão da história para amenizar tua dor.

- O que você quer dizer com isso? Perguntei na esperança de ele me falar aquilo que já tinha me falado no quarto do hospital.

- Nada, apenas estava pensando alto.

O interior da casa estava adornado de velas vermelhas e brancas, algumas flutuavam em pequenos recipientes de cera cobertos de água. Havaí pétalas vermelhas no chão. Um cheiro agradável de incenso subia no ar, produzido pólo queimar de algumas varetas. Era uma decoração muito bonita, acho que ele tinha contratado alguma empresa especializada, estava tudo muito perfeito. Eu me senti mal por não amar o André, senti que estava fazendo-o de bobo.

Fiquei parado perto do piano, olhando aquela decoração. Nunca esperaria que alguém fizesse aquilo por mim. Nunca tinha esperado que um dia fosse passar por tudo que estava passando. Eu estava encantado com aquela visão, e ao mesmo tempo triste. Como estivera nas ultimas três semanas.

André chegou por trás de mim e pôs as duas mãos de forma que cobrissem meu olho, perguntou:

- Adivinha quem é?

- Besta! Disse eu.

- Não seja rude com quem te ama...

Fiquei calado.

Continua...

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