Boys don't cry - Meninos não choram! - 28

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Homossexual
Contém 1099 palavras
Data: 07/09/2013 09:28:56
Última revisão: 07/09/2013 09:33:37
Assuntos: Gay, Homossexual

Gabriel estava com a camisa desabotoada e cheia de marcas de beijo, seus olhos estavam vermelhos, ele estava visivelmente embriagando. A mulher estava um pouco mais sóbria que ele, era um palmo maior que Gabriel, tinha a pele muito negra, usava uma larga tiara amarela no cabelo e um vestido tipicamente africano. Alem de ela ser bonita tinha um estilo muito bem produzido. Senti inveja.

- Xiii, To atrapalhando alguma coisa? Perguntou a mulher.

- Está! Respondeu secamente a irmã do Gabriel.

- Já estou indo embora. Disse ela dando um beijo no rosto do Gabriel, a minha vontade era de voar para cima daquela mulher.

Ninguém fez subjeção à saída da moça. Que era a mesma que o André tinha me mostrado aos beijos momentos antes de irmos para o “nosso final de semana”.

- Quem é a moça? Perguntou Luciana ao Gabriel.

- Uma ficante minha.

- Você não tem vergonha de dizer isso na frente do Pedro? Perguntou Luciana mais uma vez ao Gabriel.

- Eu teria vergonha de namorar um homem.

Eu não acreditava no que acabara de ouvir, senti uma vontade tremenda de chorar, mas não foi isso que eu fiz. Me levantei, de repente meu corpo inteiro tinha ficado quente, meu sangue fervia dentro do meu corpo. E só havia um jeito de esfriá-lo. Olhei para o Gabriel, depois para sua irmã, e para Gabriel novamente. Luciana fazia uma cara de quem já sabia o que iria acontecer naquele momento.

Como se eu não mais tivesse controle sobre meu próprio corpo, corri em investida em direção ao Gabriel, joguei todo o peso do meu corpo contra o dele, como ele já estava muito embriagado caímos os dois no chão. Ele bateu com a nuca na parede. Mas antes que ele tentasse se levantar eu dei-lhe um soco em seu rosto, seu nariz espirrou sangue. Eu não sabia o que estava fazendo.

No momento eu não pensava em mais nada, exceto a voz de Saulo que dizia, Ponha o peso do corpo no soco, (ele tinha me ensinado a esmurrar com mais força) e assim eu fiz, esmurrava o Gabriel de todo jeito. Luciana gritava por ajudava.

Como que usando de uma agilidade felina o Gabriel me empurra para longe de si. Eu cai de costas as três metros de distancia dele. Ele se levantou, mas antes que conseguisse me chutar peguei um jarro que estava sobre uma mesa de centro e arremessei contra sua face, ele caiu desacordado no chão.

Minha raiva ainda não tinha passado. Eu não ouvia os gritos da Luciana direito, ela estava em desespero. Eu não lutava contra o Gabriel essencialmente, lutava contra toda a minha vida, como se ele fosse o precursor de todo o meu sofrimento desde o dia em que o encontrei chorando em um degrau da passarela. Aquilo me fazia bem, eu não estava me sentindo mal por fazer aquilo, ao menos não naquele momento.

Eu ia me levantando para bater ainda mais no descordado Gabriel, mas a Luciana me abraçou para impedir que eu o fizesse. Naquele momento de raiva eu tinha a força mais que suficiente para empurrar a Luciana para bem longe de mim, mas o abraço dela me fez muito mais do que impedir o que eu queria fazer, o abraço dela foi acalentador. E eu desabei a chorar em seus braços. O abraço dela me fez retomar a consciência de todos os meus atos.

Dois homens do mesmo andar vieram acudir o Gabriel. Eles me olharam com desprezo, não sabia o motivo daquela briga. Mas a Luciana alertou que ali não havia culpados.

Pediu para que os homens se retirassem, agradeceu a prontidão, e disse que dali para frente cuidaria do Gabriel.

Eu olhava horrorizado para o que acabava de ter feito. O nariz do Gabriel estava empapado de sangue. Havia cacos de um belo jarro quebrados por toda a sala. A desordem total havia se instalado ali. E o causador daquilo tudo tinha sido eu. Eu jamais me julgaria fazendo algo do tipo. Mas naquele momento eu só sabia chorar. E o choro foi me trazendo ainda mais racionalidade naquele momento.

Avisei ao meu pai que dormiria na casa do Gabriel naquele dia, pois a sua irmã iria me ajudar com os estudos pré-vestibulares. Ele concordou dizendo que deveria estar em casa durante há tarde do outro dia. A Luciana me acalmou com uma “garapa”* e logo em seguida começamos a cuidar do Gabriel, que a essa altura estava deitado em sua cama.

Perguntei a Luciana se poderia dormir com o Gabriel naquele dia. Ela relutou muito, disse que o Gabriel iria me bater quando acordasse, mas eu insisti tanto (ela viu que eu sofreria ainda mais se não dormisse ali) e concordou em me deixar lá, mas se “precisa-se de alguma coisa” bastava gritar pelo seu nome.

O efeito da bebida tinha ajudado o Gabriel a ficar desacordado por um bom tempo noite adentro. Eu me deitei na cama com ele. Tinha consciência que aquela seria a ultima noite que eu sentiria o seu perfume, tinha consciência de que nunca mais eu me deitaria com ele novamente, que ele jamais iria me querer depois do ocorrido, e que sofria grandes chances de apanhar no momento em que acordasse.

Fiquei abraçado com o Gabriel, demorei umas duas horas para cochilar, sentia o seu cheiro, chorava muito, tinha medo do que ele poderia fazer ao acordar. Mas estava ali, era minha ultima noite com o Gabriel. Até que dormir sentindo o seu perfume.

Acordei de madrugada com o Gabriel se mexendo, ele estava acordando. Fingi que estava dormindo, meu coração estava aos pulos, queria saber qual seria sua reação.

Ele se levantou de um salto. Sentou-se na cama e olhou para mim (que fingia que estava dormindo). Passou um tempo me olhando (ele disse que fez isso, eu não tinha visto, pois estava de costas para ele). Saiu do quarto. Voltou meia hora depois, eu sabia que ele tinha ido falar com a Luciana, a quão tinha lhe dado um bom remédio para dor de cabeça, um banho, soro caseiro e tinha mandado-o de volta para o quarto.

Ele sentou-se na cama, olhou para mim que “dormia”, ficou um tempo assim. Depois deitou-se, me abraçou pelas costas e disse baixinho no meu ouvido, acreditando que eu estava dormindo, assim como o André tinha feito.

- Você foi o único amor verdadeiro. Mas parece que existe uma maldição quanto aos amores verdadeiros. Eu te amo, vou te deixar, e isso será como acido em minha alma. Só nunca esqueça que eu amei você, mas eu não te mereço.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Aimee a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Hoje todos resolveram me fazer chorar, alguns como você de uma forma boa e outros de uma forme horrível, sabia, eu confiava no Gabriel

0 0