Boys don't cry - Meninos não choram! - 33

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Homossexual
Contém 1125 palavras
Data: 07/09/2013 10:15:05
Assuntos: Gay, Homossexual

Pensei, andei de carro circulando a cidade, vendo as pessoas que passavam. Que história elas tinha para contar? Qual era seu sofrimento? Suas alegrias? Seus amores perdidos? Eu pensava na melhor escolha a ser feita. Fui até Genipabu.

Estava em deitado em uma duna, ainda era manhã, mas o sol já era muito forte ali. Pensei em vários momentos que tive com o André.

Ele era carinhoso comigo;

Tentava me agradar ao máximo;

Tinha um costume de vendar meus olhos com suas mão sempre que chegava, e não soltava até que eu disse: “É o André”.

Lembro-me que uma vez fomos comprar perfumes, escolhi o meu, gostei muito daquele perfume, uso até hoje. Então eu disse ao André enquanto ele ainda escolhia o seu:

- Que tal esse? Era o perfume que o Gabriel usava.

Ele cheirou-o e disse:

- Tudo bem, quero esse senhora! Disse para a atendente.

Eu sabia que ele estava ciente que aquele era o perfume usado pelo Gabriel, mesmo assim o comprou, sabia que eu ficaria um pouco mais feliz com aquilo. A partir dali sempre que o André chegava perto de mim para me abraçar eu sentia o cheiro do Gabriel.

Lembrei de vários momentos com o André, de sua personalidade e se valeria a pena realmente eu me encontrar com o Gabriel, afinal foi o André quem fez tudo por mim. Mas essas coisas do coração são sempre muito complexas, são sempre muito difíceis, não existe racionalidade quando se fala de amor, é o que o coração escolheu e pronto. Eu sabia que se continuasse com o André sofreria ainda mais. Sabia que o Gabriel ainda me amava, decidi então, olhando para o céu, me lembrando da canção que cantara ali mesmo para o Gabriel.

Milhões de pensamentos e frases iam e viam na minha mente, acontecimentos passados, pequenos detalhes, olhares e lugares, tudo via na minha mente, somente com o intuito de me atormentar. Meu coração estava a ponto de explodir, tudo aquilo era demais para mim, era demais para um ser humano.

Me lembrei do sofrimento que passei sem a presença do Gabriel aqui, não foi totalmente inútil já que essa viagem tinha feito algo bom para ele, mesmo assim foi o maior sofrimento que passei. Eu não sabia ainda o que faria, mas quando me levantei dali e fui para casa já tinham ciência de que iria me encontrar com ele naquele aeroporto, mas o que iria acontecer ali era um mistério até para minhas predições.

No caminho de volta para casa eu não conseguia para de pensar no Gabriel, em como ele estava, como seria escutar a voz dele novamente, conversar com ele, olhar profundamente em seus olhos verdes.... Eu estava perdido em devaneios. Só existia o meu encontro com o Gabriel, nada mais. Por que ele tinha que ter avisado justamente um dia antes? Por que ele tinha avisado em um momento que eu não tinha tempo para pensar em mais nada? Amanhã chegaria rápido.

Noite desse mesmo dia

O carro do André corria rápido pela estrada, era possível ver que ele estava muito nervoso, como jamais estivera. André era uma pessoa muito centrada, e na maioria das vezes conseguia segurar suas emoções, com muito mais eficácia que eu, mas naquele dia ele estava diferente, ele chorava sem emitir som algum. Senti-me a pior pessoa do mundo, eu não queria que ele sofresse tanto. No caminho ficamos calados, não sabia para onde ele me levava.

Chegamos a Ponta Negra, logo percebi onde estávamos, era o lugar onde eu e o André tínhamos nos beijado pela primeira vez. Ele desceu do carro ainda calado, eu fiz o mesmo. Ele desceu para a praia, eu o acompanhei. Ele se sentou na areia fria da pra, eu fiz o mesmo.

A brisa trazia gotículas de água salgada oriundas do mar, era possível sentir a salinidade no ar, estava frio. O mar estava negro, o céu muito cheio de estrelas, André ainda chorava ao meu lado, não sei se ele fazia barulho ao chorar, pois o ruído gerado pelo quebrar das ondas era bastante alto ali. Seria uma noite romântica, se não fosse a iminência do amanhã.

Eu o abracei. Não iria ficar calado ali, então quebrei o silêncio:

- Eu não sei o que vai acontecer amanhã, não sei qual será minha reação após rever o Gabriel. Disse.

Ele ficou calado, mas eu continuei a falar:

- Ficar com você todo esse tempo não foi tão duro quanto eu esperava, não foi o demônio que eu tinha feito em minha cabeça, a gente se surpreende com as pessoas, eu me surpreendi com você. Sentia o amor que você me dedicava, sentia a devoção que você tinha e ainda tem por mim. Eu o abraçava, era acalentado pelo calor do seu corpo, pelo cheiro de sua roupa, do seu cabelo, mas não é você quem eu amo, você sabe disso.

Ficamos calados por alguns segundo, eu apenas olhava para ele, sua cara era de um sofrimento interno sem igual. Voltei a falar:

- Eu sou extremamente agradecido a você por tudo que você fez a mim André. Não posso negar que tive meus momentos de felicidade, claro que eles estavam encobertos pela crosta de tristeza que tinha se formado com a saída do Gabriel, estou aqui a te agradecer, dizer que você foi sim, importante em minha vida.

Eu o abracei, deitei no seu colo. André era muito mais uma figura amiga do que uma paixão, coisa que jamais senti por ele. Ele afagou meus cabelos, olhávamos o mar extremamente negro, o horizonte.

Quem disse que eu consegui fazer o desjejum? Ou almoçar? Ou comer qualquer outra coisa? Existiam milhares de formigas que transitavam em meus órgãos vitais, nem sei se eles estavam ali, eu não sentia mais nada dentro de mim. Apenas um frio constante. Eu estava feliz, finalmente o dia que eu mais sonhara na vida tinha chegado.

Acordei com um grandioso sorriso no rosto, abracei meu pai, minha mãe. Depois de mais de um ano imerso em trevas finalmente eu via cores em todos os lugares que olhava, tudo estava mais vivo, mais pulsante, mais alegre.

Sai de casa muito cedo, corri para o Aeroporto Augusto Severo, que ficava na cidade ao lado, Parnamirim, O avião pousaria quase que no finalzinho da tarde, as 15:00 eu já estava lá, esperando.

Eu sabia que não era para ter ido tão cedo, mas quando a gente esta agoniado acha que se chegarmos mais cedo todo mundo também o faz. Eu esperei uma hora, olhando para o tempo, olhava as pessoas que chegava e saiam. Senti fome, sede, vontade de urinar, de instante em instante eu sentia alguma dessas três coisas, acho que era só o nervosismo. Então resolvi relaxar.

Continua...

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