Boys don't cry - Meninos não choram! - 34 - Penúltimo

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Homossexual
Contém 1019 palavras
Data: 07/09/2013 10:30:29
Assuntos: Gay, Homossexual

Talvez o voo estivesse atrasado, é poderia ser isso, o voo estava atrasado. Peguei meu MP3 e pus no volume mais alto, agora eu não ouvia mais nada, exceto a musica que tocava muito alto. Como eu estava escutando Enya comecei a sentir sono, e a musica foi realmente me relaxando, eu já tinha esquecido que estava em um aeroporto, só conseguia prestar atenção na musica. Depois do que me pareceu umas três horas, eu já estava muito estressado, pus uma musica mais pesada, e fiquei com raiva, se passasse mais uma hora e o Gabriel não chegasse é porque ele não viria, tinha pregado uma peça, não seria de se estranhar.

A bendita hora passou, eu prometi a mim mesmo que esperaria apenas mais dez minutinhos. Estava sentado em uma das mesas de um restaurante quando o cheiro do André invade os meus narizes. Suas mãos taparam meu olho como de costume, ele viera me buscar, agora sim eu percebera que era uma peça, bem pregado para mim. Sem responder “É o André” eu me levantei, e me virei para fitá-lo.

Cambaleei para trás, não era o André que estava ali, olhando para mim, era o Gabriel. Seus olhos verdes adentraram no meu ser, parecia que liam meus pensamentos. Meu corpo gelou, depois senti um calor quase insuportável, cambaleei mais um pouco para trás, bati numa cadeira, todos que estava ali olharam para a gente. Gabriel sorria docemente, parecia mais velho, existia uma aura que não era a do Gabriel que eu me recordava, ele tinha mudado, muito. Todos ainda olhavam para gente.

Sem hesitar eu o abracei, senti seu cheiro, era o mesmo cheiro que o do André, me lembrei que eu tinha o feito usar o mesmo perfume que o Gabriel. Senti novamente o corpo do Gabriel, não era um sonho, ou um devaneio, ou um desejo, era real, eu podia sentir, podia abraçá-lo, como nunca fiz na vida. Lagrimas escorriam dos meus olhos, olhei para ele, ele também chorava baixinho, sem pensar em mais nada eu beijei sua boca, senti seus lábios. Meu coração fazia uma festa com os outros órgãos, meu corpo era só adrenalina, foi maravilhoso. As pessoas apenas olhavam para a gente.

Eu chorava enquanto nos beijávamos, ele fazia o mesmo. Ele estava mais alto que eu, parecia ter crescido muito nesse ultimo ano. Sentamos a mesa, pedimos alguma coisa para comer e beber.

- Estava com saudades daqui. Dizia ele. Não perdeu sua carinha de malandro.

- Eu num quero nem lembrar o que passei sem você. Disse eu me lamentando.

- Sai daqui com o coração apertado, tinha deixado o amor da minha vida, sem explicar mais nada eu sai – começou a falar, percebi que ele tinha muito a dizer, apenas fiquei calado então – Eu queria que você me entendesse, eu tinha meus próprios preconceitos, tinha uma moral que sempre é constituída, meus amigos eram assim, preconceituosos, eu não queria perder todos os meus amigos, mas existia um motivo maior. Meu pai era meio preconceituoso pelo que eu lembrava, ser preconceituoso comigo mesmo era uma forma de lembrar dele. Sim, parece loucura, mas a gente não pode esperar sempre atitudes normais por parte de nós, humanos.

Gabriel realmente tinha mudado muito, quem estava ali na minha frente não era uma pessoa marginalizado, nem um garoto mimado, não era o Gabriel que tinha saído do Brasil, era um novo rapaz, muito mais inteligente, mais culto, mais cheio de idéias. Ele continuou:

- Eu chorei muito no avião, estava deixando o meu amor, era dolorido para mim. Quando cheguei em São Francisco meu pai me esperava, me levou para conhecer a cidade, a Golden Gate foi o primeiro ponto. Percebi que ali iria começar uma nova fase na minha vida. Meu pai não era mais a figura que tinha deixado a nossa família, não havia mais nenhum pensamento conservador nele, era um homem renovado, bem diferente do que eu esperava encontrar. Conversamos muito, ele era um homem muito evoluído psicologicamente, tinha sabedoria, uma altíssima inteligência, eu passei a admirá-lo cada dia mais.

Gabriel agora tinha uma nova dicção, tinha mais propriedade no que falava, sabia o que falava, parecia mais centrado, certamente aprendera muito com seu pai. Eu não queria atrapalhar seu raciocínio, por isso fiquei calado enquanto ele continuava a falar:

- Ele e sua mulher me ensinaram a gostar de ler, de estudar, me proporcionaram uma nova visão do mundo. São Francisco é uma cidade muito evoluída no que se diz respeito à política de igualdade de minorias, lá os gays são tratados como gente, diferentemente daqui. Um dia eu e meu pai fomos ao Parque Nacional de Sequoias, um lugar extremamente belo, com arvores que daria para passar um carro em seu tronco, era um lugar bonito. Eu resolvi a falar a meu pai sobre você. Ele me aconselhou a voltar, disse que não faria bem deixar um amor assim, falou que no final do ano me mandaria para o Brasil, não com a obrigação de ficar aqui, apenas para ver você, e tomar a decisão que fosse melhor para mim.

- Eu te amo Pedro, - falou – sempre te amei, desde que te vi enquanto chorava naquela passarela, eu peço que você me entenda, que me perdoe por todo o mau que te fiz, mas vi aqui para dizer que te amo e que quero ficar com você para o resto da minha vida. Entenderei se você não quiser...

- Claro que eu quero! – Exclamei, até então estava calado – você é tudo para mim Gabriel, durante todo esse tempo eu sofri muito sem ter você aqui, e agora que estás não te deixarei partir, caso aconteça eu morrerei de tanta dor.

- Eu ficarei sim, e agora, quando vamos começar a namorar novamente?

- Agora mesmo! Disse eu.

A mãe do Gabriel quase teve um piripaque ao vê-lo ali, diante de seu nariz, sua irmã chorou muito em seus braços, foi um dia muito feliz para sua família. Deixei que ele curtisse sua família só. No outro dia ele foi lá em casa, meus pais o abraçaram muito, disse que finalmente veriam um sorriso em meu rosto.

Continua...

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Comentários

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Faço as palavras do HPD as minhas, um dos contos mais perfeitos que já li aqui, me emocionei demais, mal posso esperar pra ler o fim, só espero não me emocionar demais rs

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Não creio que já vai acabar. Nossa esse conto foi um dos mais perfeitos que já li aqui.

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Não creio que já vai acabar. Nossa esse conto foi um dos mais perfeitos que já li aqui.

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Não creio que já vai acabar. Nossa esse conto foi um dos mais perfeitos que já li aqui.

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Não creio que já vai acabar. Nossa esse conto foi um dos mais perfeitos que já li aqui.

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