Mais uma vez me pego distraído em frente ao espelho, eu realmente nunca sei porque isso acontece, é estranho estar ali parado não ver nem ouvir nada, apenas, fico ali imóvel. Eu saio do meu transe com meu pai me puxando para a realidade.
- Anda guri, se vai perder o Ônibus.
- Ta bom pai, só vou pegar minha mochila.
Isso era meio esquisito, meu pai mesmo trabalhando próximo a minha escola, não me levava até ela, me deixava no ponto de ônibus. Mais não me importava com isso, eu adoro andar de ônibus.
Quando desci do carro, Renata já me esperava, não demoraria muito para que o ônibus chegasse. Assim como eu Renata era homossexual, não nos assumíamos, porque tanto minha família quanto a dela eram muito machistas, por isso deixávamos a entender que nós namorávamos escondido e não queríamos assumir nosso namoro. Eu adoro esse lance de namoro escondido, facilita muito a minha vida, mais isso só funcionava no meu bairro para nossas famílias. Por incompetência troquei de escola no segundo ano, assim tive que recomeçar do primeiro nessa escola, onde comecei no primeiro ano novamente com a Renata, Hoje no terceiro ano não me importo muito com esse lance de ter feito o primeiro ano de novo.
Eu normalmente costumo ficar em pé no ônibus, acho que porque sou muito agitado pela manhã e não consiga ficar quieto sentado, mais eu estava cansado graças um extenso trabalho de português que me tomou quase minha madrugada inteira para o fazer, então como a Renata se sentou com um pivete, eu me sentei ao lado de um garoto, de devia ter mais que uns 15 anos, mesmo assim não desmerecia a sua beleza, seu corpo definido, aqueles cabelos lisos negros, com uma pequena franja para o lado quase que escondendo seus lindos olhos azuis, ele me deixou um tanto eufórico com sua beleza, eu olhei para Renata tentando fazer com que ela notasse o porque de eu estar com um lindo sorriso estampado no rosto, quando me levantei para colocar minha mochila no bagageiro em cima dos acentos, ela pode olhar ele, e como ela olhou, mais eu me pergunto como um cara lindo desse pega ônibus comigo desde o começo do ano e eu não o noto. ele estudava na minha escola, deve ser aluno novo não posso não o ter notado assim.
Quando descemos do ônibus eu peguei a Renata pela mão e a levei para nos sentar em um banco debaixo da copa de uma arvore, ela não relutou apenas deixou que eu a guiasse.
- Quem é aquele garoto?
-É o Nelson, achei que você conhecia ele, ele pega ônibus com a gente desde a 8º serie.
-Como um guri daqueles pega ônibus com a gente a tanto tempo e eu nunca notei ele.
-Isso que da ficar lá na frente agitando e não vir sentar comigo lá atrás.
-É que é mais forte que eu ficar lá na frente em pé do que sentar e fingir se civilizado.
-É te entendo... Só que não.
-Então Rê, se conhece ele?
-Em parte sim, eu costuma a conversar com ele algumas vezes, até que ele se veio para nossa escola, ai ele parece que ficou mais quieto do que costumava ser.
-Então se conhecia ele, E não me apresentou.
- Meu amor, tu tem 18 anos, ta na hora de procurar alguém mais velho ou das tua idade, ele é muito pirralho pra ti.
-Ai Rê não quero alguém mais velho, se sabe que o ultimo cara mais velho que eu peguei quase me fez transar a força com ele.
-Se ta julgando os outros caras por causa de um babaca.
-É eu sei.
Toca o sinal acabando com a nossa conversa, nós saímos de debaixo da arvore, e nos dirigimos para nossa sala, quando perto dos bebedouro eu esbarro com ele, eu fiquei vermelho.
-Ai, desculpa!
-Não foi nada!
-Não é serio, desculpa!
-Você é engraçado, não precisa fica se desculpando, é Lucas né?
-Sim, e me desculpa novamente, mais eu não sei o seu nome!
-É Nelson, e não pede mais desculpa não, nem precisa.
-Está bem, vou tentar não me desculpar de novo.
Cada um foi para sua sala, e acho que não vou conseguir prestar atenção na aula hoje, e não precisou muito pra mim me dispersar e ficar pensando naqueles olhos azuis. quanto sai desse transe já era hora da saída, eu estava sentado, nem sinal da Renata em lugar algum, quando alguém se sentou ao meu lado na escada, naturalmente eu olhei para o lado para ver quem se sentou ao meu lado, e ele estava ali sentado, sem dizer nenhuma palavra apenas se sentou ao meu lado, e eu também não sabia exatamente o que falar para ele, então apenas me mantive em silencio.
-Ei, Lucas?
-Oi.
-Tudo bem cara?
-Tudo sim.
-É que não muito comum te ver quieto, estranhei.
-Hahaha engraçadinho, mais é verdade.
-Viu, Eu estou certo você errado.
-Ata, Descul... é melhor não né.
-Não consegue se segurar!
-É que é mais forte que eu.
Pegamos o ônibus, nos fomos conversando o percurso todo, ele me contou bastante sobre ele, e meio que sem querer acabei conhecendo os dois irmãos mais novo dele, o Gabi e o Mica,, eu realmente gostei de conhecer o Gut, já o Gabi era uma criança mimada e insuportável, o Mica veio se sentar com o Nelson e eu já estava sentado, então ele se sentou no meu colo, e eu fui brincando com ele até que chegou na parada deles, e eles tiveram que descer.
Foi meio estranho porque o resto do dia no clube onde eu trabalhava passou voando enquanto eu pensava nele, é meio desconfortável saber que eu to começando a gostar de um pirralho. Eu imagino que quando eu chegar em casa não conseguirei dormir muito bem, o que não me deixa muito confortável, isso me faz parecer vulnerável, pelo menos no meu ponto de vista. Mais eu não vou me apaixonar de novo tão cedo, depois do que aconteceu entre o Renato e eu, foi muito doloroso terminar com ele, mais foi necessário não aguentava mais só eu me dedicar para manter nosso relacionamento, eu vou deixar que o tempo descida, a única coisa que eu tenho certeza é que eu não pretendo me envolver em nada serio por muito tempo.
