Divida com o diabo
Marcinha,era como chamavam a Marcia da Silva e Souto,casada com um paraibano imigrante,que fugira da seca e se instalara em São Paulo; Era paulista,filha de um casal humilde e de classe baixa,teve uma criação cheia de honra e segurança. O paraíba se chamava Euclides, era um rapaz baixo,franzino com seus 35-40 anos,pobre,servente de pedreiro,viciado em bebida e jogo,gastava o pouco que ganhara com seus vícios,enquanto Marcinha se virava a lavar as roupas das madames do centro.
Não tinham filhos,viviam juntos a cerca de 2 anos.
Apesar dos vícios do marido,Marcinha nunca demonstrou infelicidade,nem infidelidade ,fora sempre uma esposa dedicada e estivera sempre ao lado do seu marido. Não era segredo nem surpresa de que Marcinha e Euclides (Mais conhecido como “Paraíba” ) passassem por crises financeiras,nada mais do que o esperado em um casal da década de 30. A cidade era cruel com o Paraíba; Certa vez o pobre coitado perdeu até as calças num jogo de carteado ,no bar do Francisco Turco.
O Turco,era conhecido por ser dono de uma das maiores casas de aposta. Era esperto,velho ranzinza ,governava os viciados e devedores com uma mão de ferro digna de Stalin. No bar,frequentavam desde pessoas ricas e de paleto a putas vestidas com roupas curtíssimas, moças de família que se perdiam e procuravam local para viver da “vida” ,malandros como o crioulo Menéco,e viciados como Euclides .
-Marcinha,precisamos conversar...
-Que foi ,homem de Deus?
Olhos apreensivos de Euclides,deixavam ela mais preocupada do que o de costume.
-Marcinha,preciso lhe dizer que ,posso estar em uns problemas...
-Ah meu deus,de novo? Não fique preocupado,meu filho,vamos consegui passar por cima de seja la o que for...
Dizendo isso,abraçou seu amado esposo,consolou sua cabeça em seus seios,mesmo assim não conseguiu afastar de Euclides a expressão sofrida que afligia o rosto duro do nordestino.
O sol já se ponha,e depois do pobre casal,ter almoçado um pouco de carne com farinha e um pão,beberem água em copos de alumínio e se sentarem sob a janela para conversar sobre a vizinhança do subúrbio, Marcia não pode deixar de notar no rosto do marido a mesma expressão de culpa,vergonha e aflição,quase como uma ansiedade...
Abraça seu marido,tira um fiapo da camisa de branca,de botoes, maltrapida e encardida.
-Se preocupe não,meu filho,eu já disse que vai dar tudo certo... Confie em Deus,ele não há de nos abandonar...
-Você me perdoaria por tudo,num é minha flor?
-Qual o que! Que conversa é essa,Paraíba?
-Nada,minha flor,nada!
-Ê,vai vendo....
A noite,chegara fria naquele dia. Euclides saiu como de costume ás 19:00 para jogar seu carteado e beber. Marcia sábia que ele voltaria pra perto da meia noite,logo pegou num sono,na cama,com seu vestido relativamente curto e florido que sua mãe havia dado de presente.
A rua estava tão quieta,tão fria... Tudo era paz e sossego,porém Marcia viu se ser acordada pelos pés pesados de Euclides . Ela se levanta e encontra Euclides sentado na mesa da sala,com as pernas cruzadas e os olhos vermelhos ,com uma garrafa de cachaça e um copo na mesa; Ela então percebe uma presença na sala. Um homem,bem vestido,com um belo terno preto,gravata também preta,sapatos granfinos,e um belo chapéu ,olhando através da janelinha improvisada do barraco. Ele se vira ,a olha dos pés a cabeça,ela percebe então um bigode fino e um sorriso irônico e maléfico. O rapaz tinha a pele branca e olhos negros,cabelo bem penteado e cheio de goma.
Marcia olha o rapaz,e depois olha para Euclides,que a olha com os olhos marejados de culpa e lagrimas,devia o olhar pro chão; Marcia assustada,tenta fugir,mas para onde? O barraco é pequeno demais pra isso,o desconhecido a agarra pela cintura. Ela grita:
-Não ! Não! Paraíba! Sai! Não!
Fuja Menina,Fuja! Mas toda sua força de vontade e honra é inútil,ela não consegue vencer o rapaz que a joga no sofá rasgado e velho da casinha... Marcia se debate! Luta! Grita ! Mas logo tem seu rosto comprimido contra o sofá,ela só consegue fica olhando para o Marido,que assiste a tudo,parado e sem expressar reação. Ela desiste de lutar,por um minuto aceita seu cruel destino,pobre mulher!
O homem tira seu paleto rapidamente,folga a grava e desensaca a camisa,abre a barguilha da calça. Marcia olha pra traz,pro córner do olho,vê o que ele pretende,tenta sair,mas novamente é suprida pela mão desconhecida.
Ele levanta o vestido dela com uma voracidade de bicho! Abaixa a calcinha branca e velha da moça,da uma ultima olhada no rosto em choque dela e invade seu corpo com força,sem que ela soubesse o porque.
Euclides assiste a tudo pasmo,entre um gole e outro de cachaça ,olhava pra a cena da violação de sua esposa e logo abaixa a cabeça. Olha pro chinelo velho,pra a casa,pro teto de madeira,pra suas unhas... Marcia por sua vez olha pra o sofá,pra o marido,imparcial,ela não exerce mais resistência;Tenta se isolar,imaginar que estava em uma parque,que o pai a levava aos domingos quando criança. Seu Martírio perdura por mais 10 minutos,até que um grito desafinado cessa seu abuso. O corpo do homem cai sobre ela,pesado,mas o que importa? Deixe ele pesar,deixe ele fazer o que quiser,você não esta la,não é verdade o que esta acontecendo...
Euclides olha para o homem,que o olha de volta,acena com a cabeça,engole mais um copo da cachaça.
-Ah paraíba essa sua mulher é muito gostosinha... Você não é homem o suficiente para um pedaço de mau caminho deste... Mas fique tranquilo que eu vou tratar de deixar ela bem preparadinha para você. No final você vai agradecer!
Euclides abaixa a cabeça. O desconhecido da uma tapa na bunda da moça,depois se apoia nela,lambe sua mão e depois passa por dentro das nádegas de Marcinha.
Um grito seco ,corta o silencio da noite na periferia,e assim se da,grito após grito, sete seguidos. Deflorada em frente ao próprio marido. Nunca tinha feito sexo anal,e agora se fia naquela situação. Nem mesmo seu isolamento mental pode afastar a dor que ela sentiu. Se sentia rasgada por dentro,gritava,dava grito atras de grito... O homem? Esse se ria,parecia feliz com o sofrimento da pobre coitada. Ela queria morrer... pensou em se matar depois...Sentia dor atras de dor,sentia seu cu ser destruído.
Não demorou muito. O homem estava se vestindo,Marcia começava a se erguer,de joelhos,abaixava o vestido,depois subiu a calcinha,sem se importar muito em se arrumar... Levantou muda,levantou morta por dentro,mancando foi aos poucos caminhando para o quartinho do lado da sala,fechou a porta e deitou.
-A Paraíba... Foi ótimo fazer negócios com você. Peça dinheiro sempre que precisar. Vou estar sempre disposto a dar um trato na sua mulherzinha. Qualquer coisa me ligue!
Deu um cartão com um nome. Deu um aperto na mão sem força do rapaz. Duas tapinhas no ombro e depois saiu assoviando.
No cartão,só Poucas coias escritas:
“Edward Portini e AdvogadosO destino é implácavel! “.