O Daniel não olhava sério para o Kadu, e este pareceu disposto lutar por ele.
- Será que não se lembra de tudo que este cara te fez passar? Eu sou o cara certo pra você Dan!
- Kadu, eu já lhe disse... Eu amo o Ricardo, e é com ele que eu quero ficar! Não confunda as coisas. Meu Deus! Será que é tão difícil para você entender isso?
- Eu não sei o que este cara falou para você, mas tenho certeza que ele poluiu a sua mente. Por acaso, quer voltar a ser como era antes? Hein?... Um cara triste, sem alto estima, e cheio de mágoas?
Daniel ficou atônito perante as palavras dele. O Kadu estava sendo ridículo e infantil, e isso ele não admitia.
- Escuta aqui cara! Eu sou maior de idade, e sei o que é certo ou errado pra mim. Agora, se você não estiver afim, de que eu me aborreça com você, pare de encher o meu saco, porque eu estou cansando e quero dormir! – ele levantou da cama, foi ao banheiro, e na volta, se jogou nela com um edredom, deixando o Kadu estático diante dele.
Kadu iria estragar o relacionamento dele. Ele não ia aceitar perder o Daniel para o Ricardo, ainda mais depois do que rolou entre ambos, quando o Daniel morou em Vitória. Kadu estava disposto a mostrar umas fotos íntimas entre ele e o Daniel, para o Ricardo. Ele guardava aquelas fotos, como forma de lembranças... Na verdade, o Kadu não esperava que o Daniel fosse se envolver novamente com o Ricardo, deixando brechas para ele, só que ele estava enganado.
No dia seguinte, Não haveria aula, tão pouco trabalho. Era feriado, e o Daniel aproveitou para sair com o Leo. Ele até chamou o Kadu para ir junto com ele, mais este, mentiu uma dor de cabeça, para fazer outra coisa.
- Eu não entendo o Kadu, Leo. – dizia o Daniel, enquanto dava um gole no seu suco de abacaxi.
- Amigo, você sabe que ele te ama, e pra ele ta sendo difícil... Dá um tempo para o Kadu se acostumar com a idéia.
- É, você tem razão. Agora mudando de assunto, eu estou te achando com uma cara estranha. Aconteceu alguma coisa?
- Você quer ouvir a boa ou a ruim primeiro?
- A boa. Pelo menos ameniza a notícia ruim.
- Bom, de uns dias pra cá, eu percebi que o Victor anda me olhando meio estranho. Na sexta-feira passada, ele me convidou para ir até a casa dele, para fazermos o trabalho de administração, e eu percebi que ele estava dando em cima de mim.
- Que babadoo! Logo o Victor que se diz o machão, que odeia viado... Eu bem que te falei, que são esses que acabam soltando a franga. – Daniel riu. – Mas de conta, e você? Tá afim? Se joga amigo, porque vamos combinar, o Victor é uma delicia!
Eles riam dos comentários feitos.
- Eu quero ver a cara do Ricardo, quando souber que o amiguinho dele, curte outros homens.
- Você não vai contar nada. Eu ainda não tenho certeza.
- Ok. Agora me dá a notícia ruim. – Daniel olhou para ele, sério.
- Dan, eu ouvir uma conversa do Kadu, com o Diego, e eu acho que...
- Que o quê? Fala, Leo!
- Eles estão usando drogas!
- O quê? Você ta brincando né? O Kadu? Claro que não. Ele é atleta, faz academia, é professor de educação física.
- Tá! E por acaso isso impede de ele usar drogas? Eu ouvir os dois combinado de pegarem o pacote, naquele bairro meio perigoso.
- Não dá pra acreditar! O que eu faço agora?
- O melhor é você conversar com ele, e dizer que não dá mais para ele ficar na tua casa. Já pensou se os seus pais descobrem?
- Não quero nem pensar. Estou decepcionado com ele. – dizia o Daniel, com a voz triste.
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- Ricardo, tem um rapaz aqui na porta, querendo falar com você. – ele veio dos fundos, ajeitando a camisa.
- Quem é mãe? – ele tomou um susto, quando viu a presença do Kadu,parado na sala de sua casa.
A mãe dele se retirou rumo a cozinha, deixando-os sozinhos.
- O que posso ajudar? Foi o Daniel que mandou você vir aqui? – Ricardo estava com um semblante sério.
- Não. Na verdade eu vim até aqui, para te pedir, que fique longe do Daniel. – ele falou tão alto, que o Ricardo temeu, a sua mãe ter ouvido. – ele pediu para que o Kadu, o acompanhasse até uma praça, perto de sua casa.
- Eu posso saber com qual razão, meu rapaz, você vem até a minha casa, pedir uma paranóia dessas?
- Simples! Você está enganando o Daniel. Eu sei que você não o ama.
- Vai se fuder! Eu não tenho que te dar explicações de nada! – o Ricardo ia dando as costas, quando o Kadu gritou.
- Eu e o Daniel, tivemos um caso, e foi muito intenso o que rolou entre nós dois.
- Hã, e você quer que eu acredite? Deixa de ser babaca. Eu nem te conheço direito, e vem encher o meu saco.
- Que tal esta prova. Essas fotos foram quando nós ficamos juntos. – o Kadu mostrou para ele, imagens, no qual ele o Daniel estavam na cama, abraçados, em outras, se beijando...
- Mais ele me disse que vocês nunca tiveram nada. Que eram apenas... – aos poucos, o Ricardo foi mudando a sua feição, dando lugar a uma decepção profunda. Ele mentiu pra mim.
- Não me interessa o que ele fez. A única coisa que eu posso afirmar, é que o Daniel, ainda se sente balançado por mim, e eu vou conquistá-lo.
- Saia da minha frente, antes que eu arrebente a tua cara. – o Kadu se glorificou, vendo o estado em que o outro ficou. Ele foi embora, na esperança, de que o campo ficaria livre para ele.
Quando chegou, foi direto para o quarto, e teve uma surpresa: o Daniel o esperava sentado numa poltrona.
- Você não ia sair com o Leo?
- Já voltei! E foi bom você ter chegado, porque eu preciso conversar seriamente com você.
- Pode falar.
Daniel levantou-se, e observou profundamente o Kadu. Ainda era inacreditável para ele, imaginar, que aquele homem tão bom e honesto, fosse capaz de estar metido com drogas.
- Fala! O que você tem a me dizer?
- Eu vou direto ao ponto. Eu descobri que você usa drogas. Porque escondeu isso de mim?
Ele se assustou...
- Quem te contou uma besteira dessas? Claro que não é verdade.
- E isso aqui, que eu encontrei dentro da sua bolsa? – Daniel estendeu a ele, um pacote de cocaína.
- Você não tem o direito de mexer em minhas coisas!
- E você não tem o direito de mentir pra mim! E eu pensando que você era diferente... Por quê? Me diz? Estas coisas não combinam com você, cara!
- Dan, me desculpa. Eu ia te contar...
- Ah, você ia? Kadu, eu não sou imbecil! Eu não vou aceitar um drogado dentro da minha casa. Da casa que eu abrir com carinho para você. Se quer usar as suas porcarias, que seja longe de mim.
- Você está me expulsando? É isso?
- Falta só mais uma semana, e suas férias acabam... Eu acho melhor você ficar num hotel ou pousada. Não dá mais Kadu. – o Daniel foi imparcial com ele.
Eles discutiram por alguns minutos, até o Kadu fazer as suas malas, e sair da casa dele. Daniel ficou tão triste, que segurou o choro. Ele adorava o Kadu. O tinha como um irmão, mas este, não fez por merecer a sua confiança.
Já era noite, quando o Ricardo enviou para ele, uma mensagem, marcando um encontro. Daniel se arrumou e saiu de casa.
- Oi meu amor. Eu estava morrendo de saudades de você. – Daniel se aproximou dele, grudando em seu pescoço, mas o Ricardo se afastou.
- O que aconteceu, Ricardo?
- Você mentiu pra mim. Porque não me disse, que aquele cara ficou com você?
- Mas...
- Não adianta mentir Daniel. Eu vi as fotos de vocês dois. O seu amiguinho, se é que eu posso chamar assim, foi até a minha casa esfregá-las em minha cara.
- Meu amor, eu posso te explicar.
- Explicar? – ele se exaltou. - Você me diz que o cara é teu amigo, põe ele na tua casa, e eu descubro que ele teve um caso com você? Isso é demais pra mim.
- Eu só não te contei, porque eu não queria te ver nervoso.
- Eu já estou nervoso! Eu nunca pensei que você fosse capaz...
- Eu juro pra você, que eu só me envolvi com ele, quando eu nem namorava você.
- Ah ta! Então o teu ex, se hospeda na tua casa, e vocês são apenas amigos. Eu não sou idiota! Eu não sou. – naquele momento, o Ricardo chorou.
- Eu não estou mentindo. Eu te amo. – Daniel também chorava.
- Eu não acredito num amor, que mente para o outro. Eu depositei minha confiança e o meu coração a você. Marquei um final de semana, pra gente se curtir... Ficarmos sozinhos... E o que eu recebo em troca? Uma mentira? Nosso relacionamento acabou.
O Ricardo estava tão desnorteado, que saiu em passos largos, pela avenida movimentada. Daniel correu atrás dele, e choro era constante.
- Não venha trás de mim. Eu estou triste com você. Você me magoou. – ele se virou para dizer aquelas palavras, e nem se deu conta, de que um ônibus vinha em alta velocidade, pela pista. Quando o Daniel gritou, já era tarde! O Ricardo foi arremessado longe. O acidente foi terrível!
- NÃOOOOO! – ele se desesperou, em prantos.
CONTINUA...