Como Chamas 3x07: NÃO MEXA COM UM CARA DE CORAÇÃO PARTIDO!
Me sentei em minha cadeira de serviço um pouco cansado. Leon e eu havíamos dormido juntos na noite passada, eu dormi em cima dele no meio de soluços e lagrimas e acordei nessa manha do mesmo jeito.
- Você finalmente tinha parado de chorar e parecia estar tão cansado. Achei que você merecia descansar.
Foi tudo o que ele disse antes de eu começar a correr pelo apartamento para me arrumar e ir trabalhar. Leon ainda havia sido superfofo e me deu uma carona até aqui.
- E então, Baby, como foi a conversa com seus pais? Perguntou Felipe se aproximando.
- A mesma coisa que eu imaginava. Eles estão melhor sem mim.
- Isso quer dizer que vai ficar fora por mais quanto tempo?
- Sinceramente, Felipe, eu não faço ideia.
- Oi, Dan. Tem um garoto querendo falar com você na recepção. Disse Alice entrando na sala e me lançando um sorriso simpático.
- Quem é? Perguntou Felipe.
Alice o ignorou completamente e então ele se voltou para mim. Não fazia ideia de quem poderia ser, mais torcia para que fosse Leon. Eu não tive tempo de me desculpar por babar na camisa dele a noite toda ou chorar feito um bebe. Pensei que ele nunca mais fosse querer falar comigo. Mas se está aqui quer dizer que estou errado.
Me levantei e desci correndo, pelas escadas, queria muito vê-lo.
Mas quando cheguei na recepção, vi Jordan parado olhando para mim e sem querer meu sorriso se desfez.
- Estava esperando ver outra pessoa? Ele disse, parecendo decepcionado.
Jordan usava o jeans justo e escuro que eu havia feito ele comprar no lugar daqueles shorts de ginastica que ele geralmente usava para tudo, uma camisa polo azul e branca e tênis Adidas. Seu cabelo estava caindo sobre a testa, mas brilhavam como recém-lavados e não coberto de suor como sempre.
Abri um pequeno sorriso.
- Oi.
- Dan, vou falar logo, que história é essa de que você se mudou? Sei que as coisas não ficaram ótimas entre nos, mas precisa pedir para seus pais mentirem por você?
Mordi o lábio e suspirei. Mais uma vez eu teria que repetir minha longa e triste história.
- Eu realmente me mudei. Sai de casa.
- Porque? Você contou a seus pais sobre... Disse ele quase parecendo animado.
- Sim, mas não foi por isso.
- Então foi pelo o que? Perguntou a voz de Felipe atras de mim.
Ótimo, pensei, era só o que faltava.
- Você está morando com ele? Perguntou Jordan.
- Não. É que...
- Não muda de assunto- Disse Felipe mais firme desta vez - porque saiu de casa?
Jordan cruzou os braços e me encarou, como se esperasse a mesma resposta que ele.
Me senti acuado, não queria entrar neste assunto agora. Na verdade, fazia dias que eu nem mesmo pensava em Felipe ou Jordan. Talvez eu estivesse me libertando, afinal.
- Não tenho que dar explicação das coisas que faço para nenhum de vocês dois.
- Isso não quer dizer que não nós preocupamos com você.
- Eu não pedi por nada disso. Falei me virando e saindo, deixando os dois para trás, como se um dia eu nunca tivesse chorado por eles.
Jordan correu atras de mim e segurou meu braço.
- Dan, eu quero você. Que de dane seus segredos e todas essas confusões. Eu te amo e te quero de volta.
Me virei sorridente para ele, isso estava começando a ficar bom.
- Você terminou comigo, lembra? Falei.
- É mais...
- Como dizem, o que vem fácil, vai mais fácil ainda.
Jordan entendeu o que eu realmente quis dizer e me mandou mais um daqueles sorrisos safados que ele costumava fazer quando nós nos provocávamos.
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Naquela noite, eu estava sentado no pátio da escola, em minha segunda mesa favorita. A primeira estava sendo ocupada por Jordan, Marcie e Gregori, que lançavam olhares para mim o tempo todo. Jordan sorria de modo selvagem, fazia tempo que eu não via aquele sorriso.
Marcie sorria de modo um pouco tímido e acolhedor, Gregori apenas sorria.
Eu sentia tanta falta deles. As outras pessoas que queriam se sentar e conversar comigo não era a mesma coisa. É nessas horas que vemos que popularidade não é tudo.
Como agora não era segredo para ninguém que eu era gay, se é que um dia foi, eu recebia olhares cada vez mais simpáticos de alguns garotos do futebol e alguns outros, alguns ainda foram corajosos em me convidar para estudar na casa deles. Hà! Como se eu estudasse!
Me levantei e comecei a andar. Eu iria falar com eles e recuperar minhas amizades.
Porém, tudo que eu ouvi foi um berro de "cuidado". Dei um passo para trás e esbarrei em Jeremiah, derrubando toda sua bandeja de lanche no chão. Jeremiah me olhou bravo e me empurrou. Por dois segundos, eu pensei em ignorar e continuar andando, mas então me ocorreu um pensamento: Eu já havia pagado pelo o erro que cometi com Jeremiah. Não tinha mais que agüentar toda a sua fúria de adolescência problemática.
Furioso, eu lancei os punhos na direção dele e lhe acertei um soco. A multidão da escola já cercava berrando e empurrando.
- Vou matar você. Ele falou.
- Pode vim. Respondi.
Jeremiah avançou e eu fechei os olhos, esperando o golpe. Mas não aconteceu.
Abri os olhos e vi Gregori e Jordan e mais dois garotos segurado ele. Eu não estava preocupado em levar uma surra dele, mas não iria mais fugir.
- Você me paga seu viado, vou acabar com você.
E então, algo que eu nunca estava esperando aconteceu: todos no pátio começaram a vaiar e a xinga-lo. Nomes como: Preconceituoso, homofôbico surgiram na multidão. Eles estavam no meu lado? Todo mundo? Era isso mesmo? Eu abri um pequeno sorriso, mas logo se desfez quando eu notei a cara de Jeremiah.
Parecia prestes a chorar, novamente estava sendo ridicularizado por minha causa.
- Chega pessoal, ei, para! Gritei alto o suficiente para que alguns parassem e notassem. Segundos depois todos havia se calado. Eu não devia de maneira alguma fazer o que eu estava prestes a fazer, mas algo me dizia que minha vida já estava ferrada demais para manter mais uma pessoa com ódio de mim.
- Jeremiah não é preconceituoso ou homofôbico. Ele está bravo comigo porque... - Dei uma breve olhada para Jordan e então continuei. - Na sexta serie, eu fui o culpado pelo incidente com o site pornô em celular. Não foi de propósito, simplesmente aconteceu.
Todo mundo me encarava pasmo. Eu sabia que aquele era um segredo velho demais para desenterrar, mas eu precisava.
- E não peguem pesado com ele. Jeremiah passou anos horríveis em uma escola militar por minha causa e ele não é a aberração que todos dizem. É só um garoto normal que teve o azar de me conhecer.
Todo mundo olhava de Jeremiah para mim e virse-e-versa.
No começo, pensei que o vaiado seria eu, mas ninguém dizia absolutamente nada.
- Bem, quem nunca cometeu um erro e guardou em segredo, não é? Falou Marcie se levantando de seu lugar e jogando seu longo e hoje ondulado cabelo loiro para trás e sorrindo. Todo mundo começou a murmurar coisas e alguns concordavam com a cabeça. Logo todo mundo estava rindo.
Uma menina se aproximou de Jeremiah.
- Eu sabia que você não era gay. Ela disse e ele sorriu todo bobo.
Olhei para Marcie e pisquei para ela.
Pelo menos desse segredo eu poderia seguir em frente.
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- Cara que bom! Falou Leon se soltando do cinto de segurança de seu carro e me abraçando.
No meio de toda a confusão na escola, eu havia escapulido para fora e ligado para ele e pedido uma carona.
Eu não sabia o que era, mas eu estava gostando cada vez mais de passar um tempo com Leon. Não era comparado ao que eu sentia por Jordan ou Felipe, mas era algo que me deixava feliz.
- Eu to muito feliz de ver você feliz. Parece que as coisas estão melhorando.
- Não tem importância. Eu to bem exatamente aonde estou.
- Mas não sente faltas dos seus pais ou do seu irmão?
- Sinto, mas estão melhor sem mim.
Meu celular tocou dentro da mochila e eu o peguei. Era Nick pela milésima vez. Depois do fiasco na casa de meus pais no dia anterior, eu ainda não havia atendido nenhuma ligação dele ou de minha mãe. Mas estava na hora de contar a eles.
- Alo?
- Aonde você está? Estou indo te buscar agora. Disse ele bravo.
- Nick, calma, esta tudo bem?
- É claro que não. Você não voltou para casa e seu pai me disse que você não quis voltar.
- Eu te explico outra hora.
- Não Dan, você vai voltar.
- Eu não vou. Cuide bem de minha mãe. Desliguei e já queria chorar de novo.
- Quer que eu suba? Perguntou Leon levantando meu rosto com o queixo.
- Não. Eu vou chorar sozinho esta noite.
Ele me deu um leve beijo na bochecha e eu então eu sai do carro. Torcendo para que Caio não estivesse me casa.
