Ele foi se aproximando cada vez mais do Sandro, e seus lábios se tocaram levemente. Foi muito rápido, porém, muito intenso.
- Você me beijou.
- Eu não sei o que deu em minha cabeça.
Ele saiu dali o mais rápido possível. E eu mordi os lábios, sentindo o gosto da boca carnuda dele.
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Meu Deus! O que foi que deu nele, pra me beijar do nada? Tudo bem que não foi um beijo, mas eu senti a boca dele na minha. Eu não criei nenhuma expectativa dentro de mim, pois eu sabia muito bem, que o Alexandre amava a Amanda, e se aquele episódio aconteceu entre nós dois, foi porque ele estava confuso. Era melhor eu voltar a arrumar as minhas coisas e parar de ficar pesando besteiras.
- Posso entrar? – perguntou o Mauro, parado na porta.
- Claro. Eu estou terminando de guardar as minhas coisas.
- Eu tô tão feliz que você tá aqui, sabia?
- Eu tenho que te agradecer. A sua família é muito legal e você mais ainda.
- Só isso?
- Isso o quê?
- Você só me acha legal?
- Claro que não. Para de fazer essa cara. – eu dei um beijo nele.
- Eu estou ficando cada vez mais apaixonado por você.
- Você é um rapaz incrível! Nunca, ninguém me ajudou tanto. Se não fosse a sua ajuda, eu nem sei o que seria de mim.
- Você pode contar comigo sempre. – ele pegou o Sandro e o encostou na parede, esfregando o seu membro nas coxas do outro.
- Para, Mauro! Tá doido? Alguém pode ver a gente.
- Pois que veja. – ele continuava a grudar no pescoço do Sandro e chupá-lo.
- Nem pensar! Quando você vem assim, eu já sei quais são as suas intenções. Anda mocinho, saia do quarto, que eu irei tomar um banho. A Joanna já veio até aqui, avisar que o jantar já vai ser servido, e eu quero ao menos, estar cheiroso.
- Humm... Tá bom, eu vou! Mas não demora. A minha mãe já chegou da rua, e eu quero que você converse com o meu pai.
- Eu estou com medo do seu pai.
- Pode ficar tranquilo, porque ele é uma figuraça! A voz, talvez dê certo medo, mas depois você vai ver que o meu pai é legal.
- Eu espero. Agora vai que eu preciso me apressar.
Eu expulsei o Mauro do quarto. Quando eu estava ao lado dele, eu sentia segurança e conforto. Mas ao lado do Alexandre, eu sentia arrepio, adrenalina, frio na barriga. Enfim, eu estava ficando louco;e com medo de não saber o que fazer.
Tomei um banho rápido e fui me juntar ao resto da família. Eu não estava acostumado com horários e tão pouco com jantar. Várias vezes eu ia dormir sem comer. Antes de sentar a mesa, cumprimentei o pai do Mauro e agradeci mais uma vez pela hospedagem. Ele se mostrou bem cordial e alegre. O único olhar de repudio que recebi, foi o do Alexandre, que não estava suportando a minha presença ali naquela mesa.
O jantar era servido, e várias conversas eram jogadas fora. Talvez pela minha humildade, eles me olharam, com a dúvida de que eu mal conseguia usar o talher ideal. Mas os surpreendi, afinal, os meus pais já tiveram dinheiro e antes de ter me tornado um garoto de programa, eu tive o prazer de desfrutar do luxo que a vida proporcionava. Mas aquilo era o meu passado e eu não podia revelá-lo a ninguém!
- Alexandre, hoje eu estive com a sua mulher. – a mãe olhava para ele.
- O que a senhora foi fazer na casa dela? Eu não quero saber nada sobre a Amanda. Ela morreu pra mim.
- Eu não teria tanta certeza assim. – ela falou com propriedade.
- Do que está falando mãe? Quer que eu perca o meu apetite?
- Concordo com o Alexandre. Você não tinha nada de visitar esta mulherzinha chata. – o pai dele tomou partido ao seu favor.
- Acontece , a Amanda me disse que está grávida, e o filho é seu.
- O quê? – o Alexandre se engasgou e eu mais ainda. Eu senti raiva e inveja ao mesmo tempo.
- Isso deve ser mais uma armação dela e de sua mãe doida. A Amanda não pode estar grávida.
- Pois está. E se esse filho for mesmo seu, eu exijo que você volte para sua esposa. Uma criança nunca pode ser criada sem pai, e estamos falando do meu neto.
- Um neto? Eu sempre quis um neto. – o pai dele ficou eufórico de uma hora para outra.
- A Amanda não está grávida! – ele saiu da mesa de forma brusca, quase levando a cadeira junto.
- Sandro, desculpe o jeito do meu filho. É porque está historia dele com a mulher é meio complicado.
- O senhor pode ficar tranquilo. E eu entendo a situação.
- O meu irmão não é um cara de sorte. O Xandi não merece o inferno outra vez.
No fundo, eu estava puto. Com um filho na jogada, o Alexandre nunca me aceitaria.
O Mauro foi conversar com o pai no escritório, e a mãe dele, resolveu descansar um pouco. A minha única opção, foi voltar para o quarto de dormir. Como todos eles, ficavam num enorme corredor; antes de eu entrar para o meu quarto, passei pelo do Alexandre e vi a porta entre aberta. Ouvi o barulho de choro e resolvi entrar. Ele estava de cabeça baixa, e chorava baixinho.
- Desculpa invadir o seu quarto. Eu posso te ajudar?
- Sai daqui! Você não pode ajudar nem a si mesmo.
Eu ignorei a grosseira dele e permaneci ali.
- Se esse filho for seu, pensa pelo lado bom. Você vai ser pai. E tenho certeza de que será um ótimo pai.
- Eu não quero ouvir a sua opinião.
- Porque você me ofendi sempre? Será que não consegue baixar a guarda?
- Porque gente como você, é igualzinho a Amanda. Só pensam no interesse próprio.
- Eu não sou assim! – eu alterei a minha voz. – Quer saber? Eu vou sair daqui!
- Espera. Fica. Eu preciso de você. – ele pediu de um jeito tão carente, que eu não resisti.
- Tá bom. Sabe Xandi, muitas coisas, precisam acontecer em nossas vidas. Se a sua mulher estiver grávida, isso não será o fim do mundo.
- O problema não é esse. A Amanda agora, vai infernizar a minha vida.
- Não fica assim não. – eu sei querer, coloquei a minha mão em cima da dele, e nos olhamos por um momento. Fiquei assustado, mas ele não pesou duas vezes, e me beijou novamente. Desta vez, eu pude sentir o gosto da boca dele. O Alexandre invadiu o céu da minha boca, e a sua língua era invasora.
- Eu não sei o que está acontecendo comigo. – disse ele, ainda olhando pra mim.
- Eu também não sei te dizer. – a minha voz quase não saía.
- Eu quero dormir com você. Me dá essa chance.
- O que você está me pedindo é arriscado.
- Eu quero correr o risco. – disse ele me beijando mais uma vez.
CONTINUA...