Quando cheguei na rodoviária da cidade de Guilherme, ele já estava lá me esperando, lindo, gostoso e charmoso como sempre, segurando dois capacetes de moto na mão.
Ele me abraçou forte e deu uma apertadinha na minha bunda. Eu olhei sobressaltado para os lados para ver se alguém tinha visto.
- Você fica lindo com essa carinha de preocupado! – ele exclamou.
Em seguida, antes que eu pudesse responder qualquer coisa, ele pegou em minha mão e agente saiu de mãos dadas em direção ao estacionamento da rodoviária.
O e-mail contava minuciosamente sobre a gravidez, falando sobre a transa no dia do velório, o fato dela descobrir que o anticoncepcional não evitava 100% da gravidez e diversos outros pontos que eu considerei relevantes. Fiz questão de dar um tom ao texto de como se Monise estivesse me pedindo desculpas por ter me seduzido no dia do velório, como se eu não tivesse tido outra opção naquela hora a não ser transar com ela...
É claro que isso era uma mentira. Embora ela estivesse meio tarada naquele momento e tivesse dado os primeiros passos, me provocando; o fato era que eu tinha, sim, consentido em fazer sexo. E portanto, a culpa também era minha. Mas nesse primeiro momento de impacto, achei que seria melhor empurrar um pouquinho da culpa para Monise, para que Guilherme assimilasse melhor a gravidez.
Apesar de tudo, eu queria continuar namorando o Gui, então eu precisava ter muito cuidado como eu ia contar isso tudo pra ele. Não que eu quisesse distorcer a verdade, mas seria bom ter uma certa cautela na forma de contar sobre a gravidez, eu sabia que isso iria mexer muito com a cabeça dele.
Depois de enviado o e-mail, me arrumei e tals e sai de casa como de costume, como se estivesse indo para a faculdade. Mas na minha mochila, ao invés de cadernos e livros, havia pijama, escova de dente e outros acessórios.
A viagem transcorreu tranquilamente. Sempre gostei de viajar de ônibus, vide Bolívia...rs...
Quando cheguei na rodoviária da cidade de Guilherme, ele já estava lá me esperando, lindo, gostoso e charmoso como sempre, segurando dois capacetes de moto na mão.
Ele me abraçou forte e deu uma apertadinha na minha bunda. Eu olhei sobressaltado para os lados para ver se alguém tinha visto.
- Você fica lindo com essa carinha de preocupado! – ele exclamou.
Em seguida, antes que eu pudesse responder qualquer coisa, ele pegou em minha mão e agente saiu de mãos dadas em direção ao estacionamento da rodoviária.
Num primeiro momento senti vergonha. Todo mundo olhando pra gente... Tive vontade de desfazer as mãos dadas, mas mantive firme.
Os olhos imperdoáveis das pessoas, primeiro olhavam para as nossas mãos dadas, logo depois olhavam para os nossos rostos. Alguns faziam cara de nojo, outros apenas de reprovação, mas havia aqueles também que expressavam alegria, alegria em ver dois jovens apaixonados, que não tinham medo de mostrar o amor.
Durante o caminho, a vergonha foi diminuindo. Eu não tinha por que ter vergonha! E no lugar da vergonha foi surgindo um sentimento grande, um sentimento bom, uma mistura de orgulho e felicidade.
Era indescritivelmente bom andar de mãos dadas com Guilherme.
Era como se desafiássemos a sociedade, e o mundo não tinha forças para subjugar a nossa felicidade.
Esses olhares podres e putrefatos das pessoas não conseguiam sequer nos arranhar. Era muito bom sentir essa força dentro de mim, como se nada pudesse nos atingir. Era muito bom ter conseguido superar essa vergonha.
O apartamento de Guilherme era pequeno, tipo quarto e sala, mas estava muito bem decorado e era fácil perceber que os negócios dele estavam evoluindo bem. Ele realmente tinha o dom de ser empreendedor, especialmente nesse ramo de produção de eventos e festas.
O guarda-roupa dele era cheio de roupas de marca e tals...
- Essa área que eu trabalho exige isso. – ele falou, explicando sobre as roupas. – As pessoas olham você por fora, ninguém olha ninguém por dentro... É lamentável... Mas é o que acontece... Tenho que estar sempre bem “vestido”.
- Mas você gosta de trabalhar com isso que você trabalha né!? – eu perguntei.
- Pow meuw, gosto muito. Muito mesmo. Estar sempre numa festa...
- Sabe... – eu falei meio encabulado. – As vezes fico com medo de você achar alguma garota nessas festas...
Guilherme sorriu.
- Ôoohh Dodói!!! – ele falou me abraçando e me enchendo de beijinhos no pescoço. – Você não precisa se preocupar com isso... Desde que eu cheguei na rodoviária da sua cidade há dois anos atrás e te vi lá, eu senti uma coisa diferente em relação à você, uma vontade de querer te impressionar, de querer que você me reparasse, de querer que você me desejasse... Só com o tempo que eu fui entender o quê que era esse sentimento... E eu comecei a sonhar coisas com você, sonhar futuros com você... Uma parte de mim lutava contra isso, uma parte de mim queria que eu fosse um pegador de mulheres... Mas fazer amor com você era tão bom... Possuir e ser possuído por você...
Nisso, Guilherme começou a chorar discretamente.
- Sabe ow... – ele continuou entre soluços. – Eu não consigo ficar com mais ninguém além de você... Eu só consigo ser seu, de mais ninguém... Eu vou te contar um segredo, eu nunca tinha feito com outro garoto antes... Só você me possuiu, em todos os sentidos...
Eu escutava tudo atento. Aquela informação pra mim era uma surpresa, eu sempre imaginara Guilherme como uma pessoa que já fizera de tudo na vida, que já experimentara de tudo... Obviamente essa era a imagem que ele gostava de passar, mas por trás disso, havia um garoto sonhador, romântico, talvez mais romântico que eu... E que nunca havia dado pra ninguém além de mim.
- Eu tento disfarçar o máximo que eu posso, mas a verdade é que me mordo de ciúmes de você e a Monise... – disse Guilherme e as lágrimas continuavam saindo de seus olhos, mas agora de forma mais contida. – Por sinal, você já terminou com ela?
A expressão no rosto dele era de expectativa e de cobrança ao mesmo tempo.
Eu engoli em seco e respondi:
- Sim, já terminei com ela. – eu falei, fingindo um sorriso de contentamento no rosto, me sentindo péssimo por estar mentindo para ele.
- Eu achei que esse dia nunca fosse chegar... – falou Gui todo alegre. – Agora você é só meu de verdade, do jeito que eu sempre quis!
A alegria na cara de Guilherme era comovente, mas também angustiante... Será que ele continuaria feliz desse jeito ao saber que, agora, os meus laços com Monise seriam eternos, que eu e ela teríamos um filho juntos? Adiantaria eu explicar para Gui, que ele era o amor da minha vida, mas que não haveria como eu excluir Monise da minha vida, porque ela seria, de agora em diante, a mãe do meu filho?
Vê-lo com aquele brilho de alegria nos olhos era torturante, fazia-me sentir culpado de tudo que eu fizera, fazia o arrependimento invadir as minhas têmporas e assolar cada pingo de consciência do meu ser.
Será que ele se sentiria traído?
Conforme o dia foi passando, eu fui adiando enfrentar esse assunto.
Estávamos no sofá, um abraçadinho ao outro, vendo televisão, um DVD que Guilherme havia alugado, um filme chamado “O Mercador de Veneza” (por sinal recomendo muito, filme muito bom), era um pouco antes do horário do jantar. Depois do jantar rodaríamos um pouco pela noite da cidade, talvez ir em alguma casa de show ou boate.
Senti a mão direita de Guilherme começar a alisar minha coxa por baixo da minha bermuda, enquanto Al Pacino gritava no filme. Fiquei quieto, continuei assistindo ao filme, mas aquele carinho foi causando uma agitação dentro de mim, um calor, uma inquietude, por mais que eu tentasse continuar quieto.
A mão dele foi, mimosamente, subindo a minha coxa, me gerando calafrios na nuca. Olhei para ele. Ele continuava vendo filme, como se nada de diferente estivesse acontecendo. Por um centésimos de segundo pensei ter visto um sorriso safado no rosto dele, mas quando olhei de volta, ele estava compenetrado no filme.
A mão dele demorou, mas finalmente chegou na minha cueca, e nessa hora eu já não conseguia mais prestar atenção em nenhuma das falas do filme.
Porém eu continuava com os olhos na televisão, fingindo estar concentrado no filme, quando na verdade eu estava concentrado naquele carinho gostoso que ele estava fazendo.
Senti Guilherme tocar, por cima da minha cueca, na cabeça do meu pênis, que nesse momento já estava ereto e duro por causa daquelas carícias indecentes.
Ele continuou mimando a cabeça do meu pênis com carinhos gostosos. Ele queria era me tirar do sério e quanto mais eu fingia que estava vendo o filme, mais ele se empenhava nas caricias. Ele queria era me ver perdendo o controle.
As provocações dele faziam os pêlos dos meus braços se atiçarem e os batimentos do meu coração acelerar.
Ele se arrumou no sofá e começou a beijar a minha nuca. Dois segundos depois nossos lábios já haviam se encontrado e o calor do meu corpo se exarava para todas as direções.
O meu pênis pulsava louco dentro da cueca, molhando o tecido com aquele lubrificante que sai quando estamos excitados.
- Pede. – falou Guilherme, todo safadinho, no pé do meu ouvido. - Que eu faço. Aproveita que eu tô todo facinho...
Aquela voz fazia os meus tímpanos ficarem hipnotizados.
- Chupa... – eu pedi, todo candura.
Guilherme se inclinou para abrir a minha bermuda, em seguida, ele puxou minha cueca um pouco para baixo e meu pênis pulou para fora, todo afoito e duro.
Senti os dedos da mão de Gui envolverem o meu pau. Logo em seguida, ele arregaçou meu pênis, deixando a cabeça toda pra fora.
Ele pôs a língua pra fora e lambeu toda a superfície da cabeça do meu pênis, uma pontezinha de sêmen se formou entre a ponta do meu pau e a boca de Guilherme. Ele passou a língua por volta dos lábios, desfazendo essa pequena ponte feita por esse liquido translúcido e meloso que saia do meu pênis.
Guilherme novamente se voltou aos meus ouvidos.
- Agora implore. – ele mandou.
- Quem vai implorar é você. – eu falei, surpreendendo Guilherme.
Peguei-o com força e o coloquei de quatro no sofá, comecei a lamber o anelzinho dele“Se doer você fala”“Vai, não pára”“Issoooo”“Não tá doendo não, continua ow”“Nossa, eu não sabia que eu tinha um namorado cavalo”“Perai, meu joelho começou a doer, vamos sair do chão”“Ahh!!!”“Quer ficar por cima agora?”“Em pé eu não consigo, minhas pernas estão bambas”“Assim tá gostoso!”“Caralho, você dá muito gostoso”“Ops, desculpa”“Isso, mas cuidado com a sua perna no meu rosto”Caímos literalmente exaustos no sofá, os dois com lábios sujos de porra, felizes e aliviados.
Depois Guilherme falou que ia preparar o jantar, disse que queria cozinhar para mim, disse que ia fazer arroz com strogonoff, eu quis ajudar ele na cozinha, mas ele não deixou, insistiu para que eu ficasse esperando na sala, vendo televisão, enquanto ele preparava a janta.
Fiquei assistindo “Friends” que estava passando na Warner Chanel.
Pouco tempo depois, comecei a sentir um cheiro gostoso de comida vindo da cozinha.
Guilherme se mostrou, ao final, um cozinheiro de mão cheia, confesso que de começo eu não estava com muitas expectativas em relação a comida dele... Mas sem querer puxar o saco do meu namorado, aquele jantar estava a melhor comida que eu já tinha comido.
- Quando a gente passa a morar sozinho, a gente tem que se virar... Foi assim que eu aprendi a cozinhar. – ele falou, todo se sentindo modesto. – Não gostava de ficar dependo de restaurante.
Depois da janta, Guilherme foi tomar banho, me chamou para ir tomar banho com ele, juntos, porém eu respondi que eu preferia tomar o banho sozinho depois dele, senão não íamos conseguir terminar o banho nunca e íamos ficar enjoados um do outro.
Ele pareceu desapontado com a minha resposta. Mesmo assim não mudei de idéia, o fato era que eu não queria ficar o tempo todo grudado com ele, um pouquinho de espaço, pelo menos durante o banho, seria saudável na minha opinião.
Enquanto Guilherme tomava banho, perguntei para ele se eu poderia ligar o notebook dele e ele respondeu que sim.
O fantasma da gravidez de Monise começou a me assombrar novamente, por mais que eu tentasse escapar desse assunto, ele vire-e-mexe tomava conta da minha respiração e tomava de assalto os meus pensamentos e o meu sossego.
A luz da tela do notebook reluzia sobre a face do meu rosto. O momento era ideal para pôr em prática o plano do e-mail que eu tinha bolado.
Eu sabia que aquilo seria uma bomba e que estragaria o resto da noite. Contudo, eu tinha ido visitar o Guilherme justamente para dar esta noticia para ele. Com sorte, tudo se resolveria da melhor maneira possível, era a minha esperança.
Escutei o barulho da água do chuveiro parar, isso significava que Guilherme tinha acabado o banho.
Ainda com muitas dúvidas e hesitação, digitei o meu loggin no site do Hotmail e em seguida digitei a minha senha. No mesmo momento entrou Gui no quarto, enrolado na toalha, todo lindo depois do banho, aquele corpo todo perfeito, em cada minúsculo detalhe.
- O que você estava fazendo aí? – ele perguntou.
- Nada demais. – eu respondi, com meu coração praticamente pulando da minha boca.
- Nada demais, tipo o quê?
- Tipo lendo sobre vícios redibitórios nos contratos comutativos. – eu respondi de improviso.
- An... – falou Guilherme, fingindo de forma muito porca que tinha entendido o que eu tinha falado.
- Mas bom... Agora que você acabou seu banho, estou indo tomar o meu. – eu falei, minhas pernas estavam tremendo de ansiedade e eu tentava a qualquer custo disfarçar o meu nervosismo.
- Está bem. – disse Gui. – Eu deixei uma toalha limpa pendurada lá pra você.
Eu dei um sorriso tenso, muito tenso, e caminhei em direção ao banheiro, deixando o notebook ligado e a página da internet logada no meu e-mail do hotmail.
Antes de sair do quarto, dei uma última olhada para trás, Guilherme estava com as portas do guarda-roupa abertas, analisando que roupa vestiria. Respirei fundo e prossegui meu caminho em direção ao banheiro, temoroso e apreensivo...
Meu banho não foi nada agradável. Eu mal conseguia me ensaboar. Será que Guilherme leria o e-mail? Será que eu deveria ter deixado o notebook mais a vista? Se ele não lesse, como é que eu faria para contar?
A água quente batia sobre as minhas costas, temperando o inverno medo que estava dentro de mim.
Terminei meu pseudo banho, fechei a torneira do chuveiro, peguei a toalha e me enxuguei. Preferi vestir minha roupa dentro banheiro mesmo.
Abri a porta do banheiro, estranhando que Guilherme ainda não tivesse vindo falar comigo, talvez ele não tivesse lido o e-mail...
Com passos cautelosos, fui me aproximando do quarto.
Guilherme estava assentado na cadeira em frente ao notebook, de costas para a porta. Ele parecia normal.
Entrei no quarto. Ele continuou de costas.
- Oi? – eu falei, anunciando minha chegada.
Guilherme se virou, o rosto dele estava melecado de lágrimas e a respiração dele estava completamente ofegante.
Ele definitivamente tinha lido o e-mail.
- Como você pôde esconder isso de mim? – ele perguntou, exasperando indignação.
- Esconder o quê? – eu falei, tolamente sonso.
Guilherme se levantou da cadeira, aos prantos e apontando o dedo pra mim.
- Você mentiu pra mim!!!
- Gui, aconteceu sem querer... – eu falei. – Isso não muda o meu amor por você.
Guilherme fez uma expressão de desgosto na cara.
- É CLARO QUE MUDA! – ele gritou, com gotículas de salivas sendo cuspidas no ar.
- Não, não muda. – eu respondi, tentando manter a calma. – A gente vai conseguir dar um jeito nisso.
Nesse momento, Guilherme começou a andar de um lado para o outro no quarto, passando a mão no rosto e gesticulando os braços.
- Cara... – ele dizia chorando. – Eu te odeio! EU TE ODEIO!!!
Nisso, eu tentei me aproximar dele.
- Não chega perto de mim! – ele bradou.
- Guilherme, por favor, tenta entender...
Ele olhou pra mim, com cara de ódio e mágoa.
- Marcos, poxa, eu tinha te perguntado e você tinha dito que não!
Eu olhei sem entender para ele.
- Não faça essa cara ridícula de desentido, seu VIADO ESCROTO! Eu tinha te perguntado e você falou que não. - ele repetiu
Guilherme começara a ficar agressivo.
- Você não perguntou nada! - eu respondi.
- PORRA moleque! Assim você me tira do sério! Você vai dizer que eu não perguntei? – ele indagou, perdendo o controle e pegando uma capa de CD e tacando no chão, estraçalhando-a. – PUTA QUE PARIU VOCÊ!!!
Nessa hora eu comecei a chorar.
- Poxa Gui, eu não quero que você duvide do meu amor. Eu te amo!
Guilherme também continuava chorando em meio ao ataque de nervosismo. Em seguida, aproximou-se de mim.
- Então me diga só uma coisa. – ele pediu, segurando meu braço, o corpo dele estava tremendo e eu estava suando frio.
- Pode perguntar. – eu falei, meio amedrontado
- Você deu pra ele? Ele te possuiu? – perguntou Guilherme.
- O QUÊ? – de repente a pergunta dele não fazia sentindo nenhum.
- Ele te possuiu? – ele repetiu a pergunta.
- Do quê que você tá falando?
Eu fui olhar o notebook e vi que havia um e-mail novo do Ferdinand aberto... Provavelmente eu tinha acabado de receber esse e-mail e ele estava por cima do e-mail da “Monise”.
Coloquei a mão na minha testa e respirei fundo...
- Guilherme, quando isso aconteceu nós não estávamos juntos. – eu expliquei.
- Claro que estávamos! – ele exclamou. – Eu estava lá na Irlanda, dando duro, ganhando dinheiro para garantir o nosso futuro!
- VOCÊ FOI PRA IRLANDA SEM ME FALAR NADA. PRA MIM, VOCÊ TINHA ME ABANDONADO. – eu gritei, começando a perder a paciência.
- Não importa! Quando eu voltei, eu te falei que não tinha ficado com ninguém e eu te perguntei se você tinha ficado com alguém e você me respondeu que não tinha ficado com ninguém a não ser a Monise... Esqueceu disso?
- Eu achei que não valia a pena contar isso. Óbvio, olha como você reagiu.
Guilherme soluçava, eu nunca tinha visto ele nesse estado.
- Tudo bem, Marcos. – disse Guilherme se acalmando. – Só me responde se você deu pra ele. Se ele te possuiu.
- Eu não vou responder isso! – eu exclamei. – E acho o cúmulo você me cobrar essa pergunta.
- EU TENHO O DIREITO DE SABER!!! – gritou Guilherme nervoso, totalmente fora de si, gotículas de saliva novamente sendo arremessadas da boca dele. – EU TENHO O DIREITO DE SABER SE O MEU NAMORADO É UMA PUTA!!!
Nesse momento, uma raiva descontrolada subiu a minha cabeça, controlando cada faísca da minha alma, controlando cada gota do meu sangue. Eu nunca tinha sentindo isso antes.
Eu poderia ter mentido, ter respondido que não e tudo teria ficado bem. Mas, naquele momento, eu estava com total aversão de Guilherme, sentindo muita raiva dele e completamente indignado com essas cobranças que ele estava me fazendo.
- Dei, dei gostoso pra ele. – eu respondi friamente, olhando diretamente nos olhos de Guilherme.
Nessa hora, Guilherme me olhou com nojo e cuspiu no meu rosto. Nesse momento, a única coisa que eu consegui sentir foi pena dele. Lentamente limpei com a minha mão esquerda o cuspe da minha cara.
- E quer saber? –eu falei provocando e mentindo. – O cacetão dele me fudeu muito melhor do que esse seu pirulito de criança que você tem aí... Só não foi melhor do que o cara que me arregaçou na semana passada, a pica dele tinha 24 cm... Se bem que teve também o pessoal da academia, tinha um lá que a piroca era do tamanho...
- CHEGA!!! – gritou Guilherme, virando um soco na minha cara e eu cambaleei em direção ao chão.
- EU TENHO NOJO DE VOCÊ!!! – berrou Guilherme.
Eu me levantei devagar, com o lado esquerdo do rosto dolorido.
- Você é desprezível... – eu falei.
Peguei minha mochila e saí do apartamento de Guilherme.
Na rua, meio desnorteado, tentei procurar algum ponto de taxi. Já eram 23h30min da noite. Demorei a achar. Eu estava fisicamente e mentalmente arrebentado. Pedi ao motorista para que me levasse à rodoviária.
O primeiro ônibus para a minha cidade só saia às 06h15min. Fiquei lá, sozinho, deitado num banco da rodoviária, esperando longas 7 horas que demoraram a passar, entre pequenos cochilos e súbitas acordadas, pensando em tudo que acontecera, e em como tudo acontecera incrivelmente rápido...
Estava triste. Não queria que nada daquilo tivesse acontecido. Queria que o bom senso tivesse prevalecido, o diálogo, a conversa. Não queria que tivesse terminado daquele jeito
Um sentimento de vazio atormentava os meus neurônios... Guilherme havia deixado um gigantesco buraco dentro de mim. Todo aquele sentimento lindo que eu tinha se dissipara ao vento e eu sentia falta de ter esse sentimento dentro mim.
Foi então, ali, mal e porcamente deitado num banco da rodoviária, que eu resolvi que eu dedicaria a minha vida à Monise. Ela sim merecia toda a minha dedicação, amor e carinho.
Garoto nenhum presta... Eu nunca mais ia querer saber de outro garoto, prometi a mim mesmo.
Eu ia, com toda a minha força de vontade, me concentrar para ter uma vida feliz ao lado de Monise, ela estava grávida de um filho meu, ela me amava, e isso pra mim já bastava. Eu não precisava de paixões secretas avassaladoras... Eu precisava apenas de uma vida normal, pacata, sem grandes aventuras. Esse seria meu plano para o resto da vida!
Eu iria estudar feito um condenado para passar num concurso e até lá os meus pais e os pais de Monise nos ajudariam com as responsabilidades que um filho traz. Daria tudo certo, eu estava confiante!
E dois meses se passaram...
Eu nunca mais tive qualquer contato com Guilherme desde a briga no apartamento dele...
A vida seguia sua rotina, a sua monótona e entediante rotina.
Os meus pais e os pais da Monise já estavam sabendo sobre a gravidez. Tinha sido um alvoroço no começo, mas agora eles já tinham se acostumados à idéia e estavam, dentro do possível, felizes porque seriam avós.
- Obrigado, Marcos! Por todo esse apoio, eu acho que não conseguiria sem você. Eu te amo! - sorriu Monise. – Você vai ser o melhor pai do mundo!
- E você vai ser a melhor mãe... – eu repliquei. – Eu também te amo.
Ainda não dava para perceber muita diferença na barriga de Monise.
- A gente tem que começar a pensar num nome... – falou ela. – Se for menina, eu queria pôr Tais, pra homenagear minha irmã... Você se importa?
- Não. Tais tá ótimo. É um lindo nome.
- E se for menino... Eu pensei em Guilherme, acho Guilherme um nome bonito...
- Hm... Não gosto muito de Guilherme. – eu respondi. – Hm... Que tal Fernando?
- Eu gosto de Fernando... Pode ser... Se for menina, Tais; se for menino, Fernando.
- Decididoo. – eu falei sorrindo.
...
E mais dois meses se passaram...
Monise estava no 5° mês de gestação, a barriga dela já era evidente.
Foi então que veio a noticia de que ela tivera um aborto espontâneo.
Teria sido um menino...
Naquele dia, ninguém foi capaz de consolar a minha dor. Não adiantava música, não adiantava versos de Drummond, não adiantava traçar planos para o futuro, eu sabia que nada seria capaz de conter aquela agonia aguda e profunda que dilacerava o meu peito. Uma aflição amarga e desesperada. Uma vontade de sair correndo em direção ao nada. Um luto que eu me recusava. O meu filho... Eu tinha sonhado tantas coisas... Imaginado tantos momentos... Tantas alegrias... Tudo perdido, tudo oco...
O tempo passou e eu me mantive fiel ao plano que eu tinha traçado para mim, ter uma vida feliz ao lado de Monise, mesmo sem o nosso filho.
Já passaram dois anos desde o meu rompimento com Guilherme, hoje estou com 21 anos.
Não vou dizer que sou feliz o tempo todo com Monise, mas também não vou dizer que sou o tempo todo infeliz.
Eu não acredito que alguém consiga ser feliz 100% do tempo. Ninguém consegue ser feliz o tempo todo. As pessoas têm momentos de felicidade... O que não pode acontecer é a pessoa ser infeliz a maior parte do tempo... Se a pessoa estiver infeliz a maior parte do tempo, então ela tem que mudar de vida.
Não é o que acontece comigo. Eu tenho os meus momentos de felicidades ao lado de Monise, e aí eu penso que eu sou a pessoa mais sortuda do mundo por ter ela ao meu lado.
As vezes, porém, me bate uma tristeza densa e profunda e eu sinto saudade de levar uma vida de aventuras, de perigos, de viagens escondidas, de amores secretos... Sinto saudade de ter uma vida louca, cheia de surpresas.
É o preço que eu pago para ter uma vida comum...
E eu estou disposto a pagar esse preço, estou disposto a abrir mão das aventuras e ter uma vida politicamente correta.
Tem dois anos que eu não sei mais o que é beijar um outro garoto.
Continuarei com Monise e continuarei estudando.
Pelo menos assim, eu sei que eu não irei sofrer.
...
Esse era o meu plano para o final da minha história, era o plano para o resto da minha existência.
Mas quem disse que a gente pode planejar a vida?
Há exatamente 15 dias atrás terminei o meu namoro com a Monise, por uma série de diversos motivos, um dos principais é porque temos ambições profissionais muito diferentes, incompatíveis entre si, e por isso a gente já sabia que no futuro teríamos que nos separar um do outro, então, para evitar dores maiores, eu resolvi antecipar o término.
Ainda estou sofrendo por causa desse término de namoro, mas estou conseguindo lidar bem com essa dor e com esse vazio, afinal eu já estou bastante calejado e já aprendi muito com as minhas experiências anteriores...
Mesmo assim, as vezes me sinto perdido. Monise era o que eu tinha de mais constante na minha vida... Foram 4 anos e meio de namoro... E eu achei de verdade que eu passaria a minha velhice ao lado dela...
Engraçado...
Quando paro pra pensar... Me sinto um velho, como se eu já tivesse vivido tudo que se pode viver... Como se eu já tivesse vivido mais de 100 anos e já estivesse pronto pra morrer, porque não tem mais nada pra ser vivido...
Outras vezes, parece que tudo que eu vivi foi mentira... Imaginação... Parece que não aconteceu comigo, que eu simplesmente criei esse personagem... E que tudo não passa de uma história que eu bolei na minha cabeça e que eu resolvi escrever...
Nome: Marcos “Pokémon Dodói”.
Altura: 1,78 m
Peso: 74 kg
Signo: Libra
Religião: Agnóstico
Qualidade: Sou muito paciente
Defeito: Ficar quieto quando deveria falar
Roupa: A que ficar confortável e for bonita
Cantor: Guilherme Arantes
Cantora: Vanessa da Mata
Mania: Arrumar o cabelo toda vez que passar por uma janela de carro estacionado na rua.
Último filme que viu e gostou: Robin Hood
Música predileta: Fast Car, da Tracy Chapman
Virtude que admira: Astúcia
Parte do seu corpo que você mais gosta: Os olhos
O que menos gosta em você? Minha timidez
Time: Vasco (mas nem acompanho...)
Drink: Vodka com energético
Ama: Empadinhas de pizza
Odeia: Os brocados em latim que as pessoas do Direito adoram usar
Projeto de Vida: Aperfeiçoar a aplicação do Direito na sociedade
Som: As bandinhas tradicionais e as excêntricas também
Perfume: Allure Sport, da Chanel
Prato favorito: Lasanha e Nhoque
Você não come de jeito nenhum... Batata-baroa
Dica de livro: O Encontro Marcado (Fernando Sabino)
Esportes que pratica: Natação e corrida
Mulher bonita: Natalie Portman
Homem bonito: Josh Henderson
Sonho de consumo: Um Mercedes Ml.
Cheiro predileto: De tangerina
O que te empolga? Os mistérios da vida
Você tem medo de que? De não achar sentindo pra vida
Um dia inesquecível? Quando fui campeão mineiro de natação, tinha 13 anos
Se tivesse que ser outra pessoa, quem gostaria de ser: Gostaria de ter sido algum revolucionário do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), na época da Ditadura Militar
Se tivesse apenas um pedido para o gênio da lâmpada... Pediria uma máquina do tempo
Outro país para morar sem ser o Brasil? Por quê? Bolívia... rs... Sem maiores explicações...
Frase: Fazer da queda um passo de dança (Fernando Sabino)
MSN: pokemondodoi@rocketmail.com xD.
Para mim foi um enorme prazer estar aqui com vocês.
Obrigado, de verdade, por terem acolhido a minha história, pelo prestígio, carinho e consideração.
Várias vezes eu tive vontade de parar a história, achei que não conseguiria escrever algumas passagens. Mas vocês me deram forças para eu continuar.
Meus sinceros agradecimentos.
Deixo a minha tarefa de escritor, para assumir uma tarefa ainda mais gostosa, a de ser leitor. Continuarei aqui na comunidade, lendo as histórias de vocês.
É um alivio e uma tristeza ter chegado ao final.
Repostado por Luís H. Obrigado a todos que acompanharam :)