Eles dormiram na mesma posição, e três horas depois, o Sandro acordou novamente na madrugada, com o Alexandre totalmente agarrado a cintura dele. - Será que ele está me confundindo com a Amanda?
- Ai meu Deus! Assim eu não vou resistir. Quê isso Sandro? Você trasou com o irmão dele e já o quê também? – eu tive que ir até o banheiro lavar o meu rosto com água fria.
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Voltei pra cama e fiquei um pouco pensativo. – Isso não está certo Sandro! Você precisa se afastar deste homem. – eu dizia a mim mesmo. Muitos mistérios cercavam a minha vida, e quanto menos eu me aproximasse das pessoas, era melhor. O pior de tudo era ter de resistir, ficar longe de um homem tão tentador e gostoso como o Alexandre. Eu entendia que ele era hétero, mas mesmo assim, eu me imaginava na cama, fazendo mil loucuras com ele. Virei para o lado, e a minha intenção foi deixar ser roçado pelo membro dele... Realmente eu estava pirando!
Acordei cedo, e tomei um banho. De repente levo um grande susto.
- Opa! Desculpa cara. Eu vi a porta aberta.
Eu estava completamente nu, saindo do Box e me agachando para pegar a droga do pente que havia caído. Com certeza ele teve uma visão privilegiada da minha bunda.
- O erro foi meu. Achei que ainda estivesse dormindo. – eu disse já enrolado numa toalha. – também não precisamos ficar com estas caras de bobos né? Afinal, somos dois homens.
- Claro. – ele deu um sorriso meio sem graça. O short que eu havia emprestado a ele para dormir ficou um pouco apertado, o que destacava o volume do seu pau, e a atenção dos meus olhos.
- Eu vou preparar alguma coisa pra gente tomar café.
- Não precisa se incomodar Sandro. Eu só vou tomar um banho e voltar pra casa.
- Não será incomodo nenhum. Fique a vontade. Eu coloquei toalhas limpas no banheiro e tem sabonete no suporte.
- Obrigado mais uma vez.
Eu deixei que ele tomasse banho e fui para cozinha. A minha geladeira estava quase vazia. O Igor mais uma vez esqueceu-se de passar no mercado e fazer as compras da semana. Tive que improvisar uns ovos mexidos e torradas com manteiga.
- Não é um banquete dos deuses, mais fome a gente não passa. – eu ri para ele, e quando o Alexandre retribuiu o riso... Nossa, que sorriso mais lindo! Meu Deus o que estava acontecendo comigo? Como aquele homem conseguiu em pouco tempo, desestruturar a minha cabeça? Não Sandro, você só deve estar deslumbrado. Só isso!
- Tá delicioso o café. Vou te confessar que nunca me senti tão em paz, como estou me sentindo agora.
Eu olhei nos fundo dos olhos dele, e via um homem frágil, exausto de brigas, cansado de cobranças... A mulher dele devia estar mesmo maluca. Como não valorizar um cara feito o Alexandre?
- Vocês brigaram de novo, não é? – ele assentiu com a cabeça.
- Eu fiz de tudo. Lutei até onde eu pude para salvar o meu casamento... Mas esse ciúme doentio da Amanda extrapolou todos os limites. Sabe Sandro... Eu nunca tive tempo para sair a lugar algum. Sempre era do trabalho pra casa e vice versa. Como ele pode desconfiar tanto assim de mim?
Ele ficou triste por um momento...
- Você é um homem rico, bonito. É natural que a sua mulher fique com ciúmes. Claro que não justifica o comportamento dela, mas...
- Não tem mas. Eu vou me divorciar da Amanda.
- Seus pais sabem o que se passa com você?
- Não! Eu não quero ficar levando queixas para a minha família. Isso é um problema que eu como homem, devo resolver.
- Eu te entendo. Oh, não fica com essa cara não. Tenho certeza que a decisão que você tomar, será a melhor.
- Poxa cara, eu nunca esperava ser tão bem acolhido porGaroto de programa? - Hum, vocês pensam que a gente não tem sentimentos né?
- Não, claro que não! Não foi isso que eu quis dizer.
- Mas é o que você pensa. Eu tenho os meus motivos para estar nesta vida, e uma vez que você entra no mundo da prostituição, não tem mais volta.
- Eu não consigo te enxergar assim.
- Mas os meus clientes conseguem. Eu não sou rico como você. Preciso sobreviver a tanta desigualdade.
- E se eu conseguir um trabalho pra você? Hein?
Fiquei surpreso com a proposta dele. Por mais que ele tivesse boa vontade, eu não podia aceitar.
- Eu agradeço a sua gentileza, mas não precisa se preocupar comigo.
- Você não quer sair desta vida?
- Alexandre, vamos mudar de assunto?
- Ok. Eu respeito a sua decisão.
- Se você se sente tão ofendido em ter de conversar com um garoto de programa, não precisa vir mais aqui em casa.
- Calma. Eu gosto de conversar com você. Posso matar algumas curiosidades minhas?
- Iiiii... Lá vem você com suas perguntas. Vai lá, manda.
- Como é uma transa entre dois homens? Quero dizer... Você...
- Já entendi. Bom, eu faço o ativo ou passivo. O cliente que vai escolher a preferência.
- Você já saiu com caras velhos?
- Cada um pior do que o outro. Ai, eu me sinto constrangido em falar estas coisas com você.
Eu ficava preocupado com a visão dele, em relação a minha pessoa. Aquelas perguntas eram um pouco indiscretas.
- Faz parte da profissão. E você já se apaixonou por algum cliente seu?
Foi à pergunta mais difícil que ele fez. Na verdade eu não queria admitir, mais eu estava apaixonado por ele. Existem tantas pessoas que acreditam em amor à primeira vista, e o meu, era resumido em uma semana.
- Tá demorando a responder... – quando ele lançou o seu belo sorriso largo, aí eu não tive dúvidas.
- Teve um cliente sim. Ele é um homem lindo, bacana, sério... E tem o sorriso mais encantador do mundo. – eu estava feito um bobão dizendo tudo aquilo. Sei que as minhas chances era nulas, até porque, pela minha profissão, nunca eu teria um relacionamento sério.
- Com tantos adjetivos, eu poderia saber o nome deste felizardo?
- É... – a minha voz travou. Eu não podia dizer para ele que eu o desejava. Meu deus! Eu tinha que eliminar este sentimento do meu coração. Eu não estava me reconhecendo.
- Alexandre... Eu estou atraído por você.
O silêncio reinou por uns segundos. Nenhuma das partes se pronunciava.
- Sandro... – antes que o Alexandre abrisse a boca, ele foi surpreendido por um beijo na boca.
CONTINUA...