Oi.
Sinceramente não sei por onde começar, nunca tive vontade de escrever as minhas experiências até certo tempo atrás. E agora estou receosa que eu seja mal compreendida. Quanto a minha escolha (sim, eu sei que este se trata de um site do contos eróticos), é pelo fato de que não quero deixar de lado a parte sexual das minhas histórias.
Meu nome é Beatriz. Hoje tenho 19 anos e 1,67 de altura. Tenho olhos azuis, o que é até comum na minha região (sou de Blumenau) mas nasci com o cabelo escuro, igual ao do meu pai, logo não sou o tipo “alemãzinha do sul”. Ainda sim sou muito pálida.
Ah, e eu sou lésbica.
Tipo, não é algo tão incomum assim, apesar de muitas pessoas (a maioria mais velha) fazer um alarde gigantesco quando descobre. Certo, meus pais não aceitaram muito bem, acharam que eu estava na época de rebeldia da adolescência, me mandaram inclusive pra um psicólogo.
Só que na época eu já estava bem ciente da minha sexualidade pra ficar escondendo, meio que já sabia a muito tempo. Sempre me excitei mais quando via pornô lésbico, e até mesmo antes de começar a ver pornô (antes dos 12 anos) eu sempre tive mais amigos homens, preferia brincadeiras lógicas as românticas, me espelhava mais nas heroínas duronas as princesinhas babacas, lembro de uma vez ter feito muita birra muito para ter um aniversário de Indiana Jones ao invés de um de Diários de Princesa.
Pronto, agora já estão falando: Mas cadê a parte com sexo? De boa, não ia escrever aqui se não houvesse nada a ser contado. Acontece que tenho muito mais a contar do que apenas relatar como é ser chupada por outra garota. Tenho de contar como é erótico para uma menina em dúvida uma troca de olhares num momento constrangedor, como o simples toque inesperado pode desencadear tesão e como as mulheres são realmente o sexo mais erótico.
Para estrear bem, vou contar sobre Sabrina.
A época do ensino fundamental. Durante a maior parte dele eu não era de me misturar com as outras garotas, simplesmente não tínhamos assunto. E além disso eu estudei todos os 8 anos do ensino fundamental numa escola católica, não que houvesse muita opção de escola particular para os meus pais terem me colocado (das três de maior renome, duas são católicas).
Eu fui até a sexta série a menina nerd que andava com os garotos. Não que eu esteja reclamando, eu realmente não me importava com as coisas de garota naquela época. Preferia mil vezes jogar Magic no recreio a ficar conversando sobre a novela e fofocas sobre alguma das irmãs.
Foi mais ou menos nesta época que as brincadeiras param de ser brincadeiras e começam a virar insinuações. Cheguei a presenciar amigos meus falando das meninas. Lembro particularmente de um dia de chuva no qual ficaram falando de como os peitinhos delas apareceram em baixo do uniforme branco.
Creio que foi por este tipo de influência que comecei a ver pornô na internet. Eles comentavam abertamente e para não ficar de fora eu tentava participar, e nesse momento foi que passei a ser excluída do grupo.
Sério, vocês não sabem como isso foi traumatizante, toda a minha vida acostumada a não haver distinção entre eu e meus amigos e agora falavam na minha cara “Não, você não pode participar da conversa, é só para homens”.
Me tornei realmente forever alone durante uma boa época. Homens sendo homens e eu não conseguia me aproximar das garotas, pois apesar de eu as admirá-las elas pareciam ser muito estranhas para mim. As coisas tomaram um rumo certo só depois que tive minha primeira menstruação e minha mãe falou comigo pela primeira vez “de mulher pra mulher”.
Começou na aula, passei a me juntar aos grupos de garotas nos trabalhos. Pelos sete deuses, apesar de serem legais elas eram muito superficiais, estupidas até, e mesmo sabendo disso eu ficava extremamente nervosa quando estava com elas.
A principal alavanca para mim foi minha mãe. Depois de culpar meu pai por eu viver “só nos videogames e não no mundo real” passei a realmente aprender como me maquiar, como me vestir, como me comportar e assim foi.
Logo eu fazia parte das garotas da sala. Era de longe considerada a mais inteligente da turma, e preferida das irmãs como líder de sala. Me destacar assim na sexta série fez com que fosse passada da turma B para a turma A (sim, eles faziam essa distinção).
Não me arrependo, pois foi na sétima série A que conheci a Sabrina.
Eu tenho um fraco por garotas tímidas, parecem frágeis, feitas de porcelana, é como se eu precisasse protege-las no meu peito. Como eu havia acabado de chegar a uma nova turma, encarei aquilo de forma fria, eu precisava encontrar um grupo para me estabelecer, e me juntar ao grupo fechado das patricinhas estava fora de questão.
Nas primeiras semanas conversei com poucos dos meus colegas. Todos pareciam tão mais velhos e tão distantes de mim que me assustava. Continuei sendo extremamente participativa e atenciosa nas aulas, mas quando chegou a votação pro líder escolheram uma das garotas extremamente maquiadas (sim, sétima série e elas se maquiavam para ir a aula de manhã) para ser a líder.
Já era o segundo mês de aula quando a garota apareceu, fazia parte daquela turma, possuía já algumas amigas e por sorte, ou talvez a irmã que era a nossa professora regente percebeu que eu estava extremamente sozinha, fui escolhida para passar a matéria para ela.
Sabrina cheirava bem, isso é o que me lembro mais dela. Tinha um perfume doce mas não enjoativo que eu sentia sempre que chegava mais perto dela para explicar equações de segundo grau mais detalhadamente. Também tinha mãos pequenas, mas sabia tocar piano e violino com elas. Seus olhos eram castanhos e profundos combinando lindamente com seus cabelos bem compridos também castanhos. Tinha um sorriso incrível, abria-o apenas o suficiente para mostrar um pouco de seus dentes bem alinhados, havia tirado o aparelho no ano anterior mas ainda ficava tímida e cobria a boca com a mão quando ria. Os meninos faziam graça dela porque mesmo com o cabelo cobrindo ainda podiam ser vistas as pontas de suas orelhas. Eu achava aquilo simplesmente encantador.
Começamos a andar juntas. Eu confesso que fazia de propósito com que eu e ela nos separássemos durante o recreio das outras duas amigas dela (Mariana e o nome da outra não lembro), até porque eu sentia bastante ciúmes da atenção de Sabrina.
Eu ficava horas falando sobre jogos, quadrinhos, músicas e filmes. E ela ouvia com atenção e fazia piadas e comentários inteligentes.
Lembro de uma vez em que compramos um lanche juntas e o atendente trocou, eu dei uma mordida no meu e percebi que tinha ganho o de milho. Trocamos os lanches e ela continuou comendo de onde eu havia dado a primeira mordida.
Pode não parecer, mas aquilo para mim foi na época extremamente erótico. Fiquei olhando embasbacada para ela enquanto ela terminava o lanche e o meu esfriava na minha mão.
Numa sexta-feira quando fui me despedir dela ela simplesmente me abraçou, sim ela era bem de fazer essas coisas, falava algo que lhe vinha a cabeça e depois se desculpava por minutos, fazia comentários inocentes quando a Mariana comentava que um garoto estava de olho nela (e eu ficava queimando por dentro). É claro que na hora ela se envergonhou, mas aí eu a abracei mais forte e ela finalmente relaxou.
Foi quando houve o aniversário dela. A maioria dos colegas de aula do convidado. Ficaram de fora aqueles que eu e ela considerávamos ou muito-chatos ou que ficavam zoando com as orelhas dela (dumbo foi o apelido que fez meus pais serem chamados na diretoria, por algum motivo eles achavam que eu só usaria minhas aulas de Aikido para auto-defesa, beijo pro Sensei Valdecir)
Meu pais eram bem de vida, talvez é exagero chamar eles de ricos, mesmo porque para sustentar a vida que levávamos os dois trabalhavam bastante. Os pais da Sabrina eram ricos.
O apartamento ficava no Jardim Blumenau e era muito grande, maior do que muitas casas. Afora isso o espaço da piscina e churrasqueira era imenso, cheio de vidro (acabamos quebrando um naquela tarde). Eu já havia ido no apartamento dela algumas vezes para fazer trabalho ou só passar a tarde, mas por algum motivo daquela vez com todos os nossos colegas ali a sensação era muito diferente. Sem dizer de que a Sabrina havia praticamente requisitado que eu e as outras duas amigas dormíssemos ali naquela noite.
Crianças e piscina, não há mais o que dizer. Eu me joguei na água, estava com um bonito maiô azul que combinava com meus olhos e até fazia meus pequenos peitos parecerem um pouco maiores.
Quando vi Sabrina vindo para a piscina com seu biquíni foi como se o mundo inteiro parasse e a festa deixasse de existir. Ela havia se “desenvolvido” mais rápido que a maioria das garotas ali. Chega de enrolar, o que quero dizer é que ela estava com um peito grande para a idade. O biquíni era amarelo e comportado, mas ainda sim suficiente para deixar minha mente viajar.
Dois momentos me marcaram muito naquela festinha. Uma vez dentro da piscina, com todos os colegas mais agitados brincando passamos a jogar um jogo onde quem era atingido pela bola tinha de sair da piscina e tentar atingir os outros com a bola também, uma espécie de mata-soldado mas sem os dois times. Paralelo a isso, uma brincadeira começou a surgir entre eu e Sabrina, toda vez que passávamos perto uma passava a mão pela outra. Começou de início com uns beliscõezinhos na verdade, já era comum fazermos isso quando uma queria fazer a outra rir. Não sei como fomos capaz de ignorar a todos que estavam ali, os adultos talvez julgaram que era só uma brincadeira boba de meninas, os outros colegas estavam demais preocupados em suas próprias paixonites platônicas (eu garanti que nenhum que tivesse uma paixonite pela Sabrina aparecesse).
E entre eu e Sabrina ocorria uma espécie de tensão, nós duas já havíamos percebido que a brincadeira já estava longe de ser pela graça da coisa e que havia alguma estática na agua atravessando por nossos corpos.
E a segunda coisa que me marcou foi quando depois do almoço, um churrasco, foi servido sorvete de sobremesa, sorvete na casquinha. Sabrina pegou dois, um para mim e um para ela. Fomos andando pela piscina até onde Mariana estava e nisso desviei os olhos do meu sorvete para dar uma olhada rápida para Sabrina.
Você já viu um gato comendo algo que ele não conhece? Sabrina não aparentava ser orgulhosa, era poucas vezes que você a via realmente dando uma de riquinha babaca. Ali estava ela, usando seu melhor olhar de desafio e desdém para o sorvete, deu uma lambida e em seguida fechou os olhos e trincou o maxilar. Tinha os dentes bem sensíveis a frio. A questão foi que a cena, uma mistura de orgulho com uma fraqueza (e uma lambida deveras sensual) foi o suficiente para me excitar. Preferi entregar o outro sorvete na mão dela e ir pro banheiro por alguns minutos.
Depois que a maioria dos colegas foi embora e fomos ver um filme nós quatro. Tomamos banho e fomos assistir o Eurotrip, tivemos risos desconfortáveis, expliquei a elas algumas piadas que não estavam entendendo e vi todas as três rirem e quase engasgarem na cena da luta de mímica de robôs.
Já era tarde quando fomos “dormir”. O pai da Mariana preferiu buscá-la, então ficamos só nós três no quarto. Conversamos muito, a maioria era de assuntos mais picantes, a nossa outra amiga garantia que já havia beijado um garoto e visto um pau de verdade na frente dela. Eu meramente concordava, não era o lugar certo para ficar falando do tipo de coisa que eu já havia assistido.
Lá pelas tantas acabamos abandonamos a cama da Sabrina e fomos cada uma para um dos colchões. Eu não conseguia dormir, estava tão perto da garota que fazia meu coração bater enlouquecidamente que não conseguia me acalmar para descansar. Esperei até que a outra garota começasse a dormir, então comecei a cutucar repetidamente o colchão dela com meu dedão, como ela não pareceu se incomodar fiquei certa que ela já estava dormindo.
Me levantei e fui até a cama da Sabrina, já havia notado que ela ficava levantando a cabeça várias vezes para me olhar, então sabia que não estava dormindo.
– Oi, posso ficar aqui? – perguntei pateticamente.
Ela olhou e deu um sorriso, eu me deitei ali.
– Você acha que a (não lembro o nome dela, droga!) realmente já beijou um garoto? – me perguntou.
– Não sei – respondi – só não acho que já viu um pau.
Nós duas rimos baixinho, cumplices. Eu já havia falado para ela como fazer para ver vídeos pornô, e não duvidava que ela já tinha visto.
– É que tu sempre sabe de tudo – me falou como se desculpando, eu amava isso nela.
– Tem coisas que tu só aprende se fizer, como beijar.
– Beijar garotos?
Meu coração parou, o cérebro por outro lado trabalhava a mil. Era a deixa que eu precisava, percebi que estava deixando a frase morrer.
– Bem, não precisa ser com garotos, precisa?
Ela arregalou os olhos, mesmo escuro pude ver suas pupilas se ditando ao ponto de quase cobrir toda a íris. Talvez eu tivesse ido um pouco longe demais, mas agora que eu já havia chegado a última fase as alternativas eram morrer ou vencer o boss.
– Eu te acho muito linda Sabrina, mil vezes linda, e inteligente e divertida. – meu coração martelava.
– Obrigado, eu também gosto de você Bia.
Nos duas viramos os rostos. Eu me levantei, não suportava mais ficar deitada, sentei na postura Seiza. Sabrina também se levantou mas preferiu sentar com as pernas cruzadas. Encaramos uma a outra ali na escuridão. O tempo ia passando.
Eu já não aguentava mais, na cabeça dela talvez também passava mesmas as mil duvidas que na minha. Lembrava de como as irmãs diziam que aquilo era errado, de como eu iria ser condenada, pensava o que diriam os meus pais e o que diriam os pais dela.
E mesmo assim, ela ali a minha frente me fazia querer apostar todas as fichas na mesa. O cheiro dela ali agora mais perto do que nunca deixava meu coração ir acalmando aos poucos.
Tomei as mãos dela nas minhas. Eu conseguia sentir o pulso, ainda mais acelerado que o meu. Entrelacei nossos dedos, uma vez havia lido que era um gesto importante de comprometimento e união. Me aproximei cada vez mais, ela não se afastou, na verdade começou a se aproximar também.
Nosso primeiro beijo foi breve e desajeitado. Estávamos as duas suadas com a tensão. Nossos lábios se tocaram e deslizaram um sobre o outro. Senti o cheiro da sua pele a centímetros da minha enquanto apertava mais meus lábios para sentir mais os lábios dela. Encerramos o beijo e encostamos uma a cabeça no obro da outra. Não sei como mas já estávamos abraçadas.
Fui sentindo seu coração junto a meu peito e seus seios apertando contra os meus. Percebi que estava colocando quase todo meu peso sobre ela então comecei a me afastar quando senti o abraço dela me prendendo. Nossos rostos novamente ficaram em paralelo.
Dessa vez demos um beijo mais intenso, mais demorado. Me veio à mente cenas de beijo de filmes e animes, comecei lentamente e explorar seus lábios com os meus enquanto minha mão subia. Fiz carinho em seu rosto e sentia o suor criando uma camada entre nossas peles. Ela estava de camisola, passei a mão lentamente do seu rosto para seu pescoço, com carinho. Fui até seu obro erguendo a mão conforme ia para ir a deixando arrepiada (algo que também já costumava fazer).
Eu meio a uma pausa para respirarmos nós nos olhamos uma no fundo dos olhos da outra, cumplices. Deitamos juntas e ficamos trocando beijos enquanto vinha o sono. Entrelaçada, livrei meu braço e passei a fazer carinho nos seus longos e belos cabelos compridos. Era tão sensual como eles desciam pelo seu corpo e pinicavam em mim, ficando grudados em meu suor.
Dei um beijo em seu pescoço e logo ela começou a dormir. Eu fiquei ali, zelando por ela, pela garota pela qual estava apaixonada, a menina dos olhos de avelã que me despertara.
Aos poucos também fui pegando no sono, pensando em como as coisas poderiam agora mudar para nós.
O receio bateu novamente, certamente não ia ser legal para nenhuma de nós se pela manhã nos encontrassem assim. Me livrei de seu abraço e a arrumei na cama para me dar espaço. Me deitei ao lado, mas não resisti e fiquei com uma mão ainda acariciando ela.
Esse é o meu primeiro relato. Ocorreu em maio de 2007. Escrever essa história para vocês foi muito mais intenso do que eu esperava que fosse. Lembrar desses dias me arremeteu a detalhes que a muito eu pensava ter esquecido. E também me trouxe todos aqueles sentimentos de medo, insegurança e paixão. Gostaria de ter seguido mais à frente na história, para dar a vocês as partes mais sexuais que devem tanto estar querendo, sinto muito que não vai ser dessa vez.
Gostaria aqui de deixar um beijo a Mariana e a outra garota, a amizade de vocês valeu muito. Um abraço ao Sensei, que com vontade disciplinou uma mente perturbada. Agradeço a você que leu até aqui, não sei ainda se devo continuar escrevendo, mas se escrevi até aqui é para que você pudesse entender como foi eu era naquela maravilhosa época. Só não agradeço a própria Sabrina porque sei que ela pensaria que fez algo de errado e começaria a se desculpar (brincadeira, não leve a sério).
E no mais, nada mais.
Bia