- Eu quero dormir com você. Me dá essa chance.
- O que você está me pedindo é arriscado.
- Eu quero correr o risco. – disse ele me beijando mais uma vez.
**************
- Para, Alexandre! – eu o empurrei. – O que deu em você? Eu não quero e não posso fazer isso com o Mauro. E além do mais, você me disse que é hétero! Por que isso agora?
- Sei lá! A minha cabeça da confusa. Eu acho que sou bi, não sei. A única certeza de que tenho, é que estou te desejando cada vez mais. Eu confesso que me bate um certo ciúme quando te vejo com o meu irmão. Não posso afirmar o que sinto, mais acho que é uma atração louca.
- Você só pode está de brincadeira comigo. Eu me declarei pra você, recebi um não bem grande e agora você me diz que está atraído por mim?
- Existem coisas que se passam na cabeça da gente, que não conseguimos decifrar. Quando eu te conheci, mesmo sendo quem você é...
- Era! – eu o cortei.
- Ok. Mesmo quando você era garoto de programa, naquele dia que te levei para aquele motel, eu na verdade fui à intenção de experimentar coisas novas. Os meus gostos mudaram ultimamente, e as minhas brigas com a Amanda, só me davam a certeza de que eu queria curti algo diferente.
- E porque quando eu quis me aproximar você não deixou? Olha, isso tá muito louco. Como você mesmo disse, é uma confusão da sua cabeça. A tua mulher está grávida e vocês vão voltar e vão se entender. Ok? Agora eu preciso ir para o meu quarto.
Eu saí dali o mais rápido possível, antes que eu cometesse uma besteira. Me joguei na cama, e a minha vontade era de chorar. Eu senti o gosto intenso da boca dele, e aquilo me deixou mais apaixonado. Mas por outro lado, existia o Mauro e eu não queria machucá-lo.
Eu acordei no dia seguinte e vi que a porta do meu quarto estava aberta. Levantei para trancá-la e vi um bilhete do Mauro numa mesinha. “Fui com o meu pai para São Paulo. Ficarei por três dias, onde vou fazer um curso de gestão empresarial. Tive que sair cedo para não perder o voo. Se cuida. Na sexta-feira estarei de volta”.
Ai meu Deus! Algo me dizia que sem a presença dele naquela casa, alguma coisa ia rolar. Bom, como eu deixei a minha vida nas ruas, tomei café com a Dona Lívia e o Alexandre, e depois fui procurar emprego. Ele queria saber onde eu estava indo e eu não respondi.
- Bom trabalho Alexandre.
- Obrigado. - ele me encarou sério, o que deixava ele ainda mais charmoso.
O que fazer quando se busca o primeiro emprego? Esta resposta eu não sabia, e andei sob um sol quente, pondo vários currículos. Eu não tinha experiência nenhuma, mas não me custava nada acreditar na esperança.
Quando me preparava para voltar para casa, bato de frente com o meu tio Alberto.
- Que coincidência hein? Me falaram que você tá de casinho com um cara rico, e está até morando na casa dele.
O Igor! Ele me traiu e contou tudo para o meu tio. Como ele teve a coragem? Eu ia matar ele, mas antes eu teria de despachar aquele encosto.
- Quem te contou está palhaçada? Hein? Seu cachaceiro ridículo?
- Olha que eu meto a mão na tua cara.
- Vai! Bate pra tu vê se eu não quebro você na porrada.
- Escuta só, filho da puta! Eu e a tua tia, estamos no maior rolo, e você vai ter que ajudar a gente.
- KKKKKKKKk... Eu tenho de rir, porque esta piada foi hilária.
- Tu tá rindo é? Tu sabe que eu não sou de dar vacilo... – ele falou num tom ameaçador. – Pra eu descobri onde tu tá enfiado e contar tudo para a outra bichinha com quem você se relaciona, é moleza.
- Eu mato você! Já não bastam vocês dois terem estragado a minha vida? Sabe o que é isso? A lei do retorno. Um dia vocês roubaram o meu pai, e hoje, estão pagando caro por isso.
- Teu pai era um babaca. Se não fosse a tua tia, ele nunca ia consegui erguer aquela loja.
- Lava a tua boca de merda pra falar do meu pai. – eu dei um soco na cara daquele velho estúpido e fedorento.
- Isso não vai ficar assim. Eu vou te achar e quero só vê, quando o outro souber que tu já foi preso. – ele ria debochado. – Vai me dizer que tu contou pro namoradinho que ficou na cadeia? Hein?
Eu sentia um aperto no coração e um arrepio na alma. Eu nunca mais na minha vida pensei em ter de lidar com aquela situação. Eu tive os meus erros no passado, mas tudo que eu fiz, havia uma justificativa. Se eu fui parar na prisão, não foi por minha culpa.
- Suma da minha frente. E diga aquela mulher ao qual eu nunca considerei como tia, para ela me esquecer de uma vez! Eu quero que vocês dois vão para o inferno!
- Nós somos a sua família. Quer você queira, quer não! E você tem que ajudar a gente. É sua obrigação! Eu sei que prostituição dar uma grana boa. E nesses anos todos, você deve ter juntado um dinheirinho.
- Eu tenho tanto nojo de você seu verme, que só de olhar na tua cara, me dá vontade de vomitar! Volta pra tua favela. – eu virei às costas e deixei ele falando sozinho.
Meu Deus! Quanto mais eu rezava, mais assombração me aparecia. Eu sofri tanto nas mãos desses dois e nunca quis vingança. Porque agora eles resolveram me atormentar? O meu dia ficou triste. Eu cheguei à casa dos pais do Mauro e me tranquei no quarto. Chorei tanto que nem me dei conta que o tempo passara. Eu ouvi um barulho na porta e resolvi abrir. Achei que fosse a Joana me chamando para jantar. Eu não estava com fome. Sequei minhas lágrimas e abri a porta.
- Oi. Posso?
- O que você quer? Eu estou com dor de cabeça.
- Você estava chorando?
- Alexandre... Eu quero ficar sozinho. Aliás, eu quero ir embora daqui. Eu quero morrer! – eu desabei.
- O que aconteceu? – ele encostou perto de mim, e envolveu os seus braços em meu ombro.
- A minha vida é uma droga! Hoje eu tive a certeza de que não nasci pra ser feliz.
- Não diga isso cara! Todo mundo merece ser feliz. Eu não sei o que aconteceu, mas não fique desse jeito. Um dia eu te procurei para desabafar... Você não quer fazer o mesmo?
- Eu só queria que as pessoas soubessem, que tudo que eu fiz, é porque eu não tive escolha. Eu não sou um homem ruim. Mas também não quero que tenham pena de mim.
- Eu sei que você não é ruim. Eu sempre soube disso. Olha pra mim. – ele segurou o queixo do Sandro e o forçou a encará-lo. – Você é um rapaz bonito, inteligente, e eu quero te pedi perdão por algumas palavras que eu te disse.
- Não precisa pedi perdão. Eu sei que no fundo, você só estava preocupado em proteger o seu irmão.
- Eu consigo ver sinceridade nos teus olhos, Sandro. Eu sou um homem muito discreto e correto. Sempre dei valor às coisas certas e honestas. Quem sou eu para te julgar? Eu sei que no fundo, você deve ter passado por altos e baixos e eu quero que saiba que você pode contar comigo sempre! Eu estou do seu lado.
Eu fiquei tão comovido pela sinceridade e generosidade das palavras dele, que eu me joguei em seus braços, num abraço tão apertado. Eu estava carente de tudo!
- Não fique assim. – o Alexandre tocava nos cabelos cacheados do Sandro e este sentiu arrepios. Eles se soltaram um do outro e o beijo foi inevitável! Aos poucos, o Sandro ia desabotoando a camisa do Alexandre, e este, inundava a sua língua na boca do outro.
Certo ou errado, ninguém deve julgar ninguém! Os momentos em nossas vidas são únicos! E o mais importante é viver, pois no final, tudo dará certo. Talvez nem sempre o caminho que escolhemos, seja o certo, mas nunca devemos parar de caminhar em busca deles.
- Eu acho que estou apaixonado por você, Sandro.
- Não fala nada! Apenas curta a sua primeira noite, ao lado de um homem. – eu disse com a voz embargada de prazer. Eu queria tê-lo!
CONTINUA...