Particularmente cruel era o olhar do Lucas naquela noite. Cabeça raspada,barba por
fazer,comprimidos e bebida. Seus olhos azuis se destacavam no denso ar cinzento de Smug
da cidade.
Industrias em todo lugar. O ar parece o cheiro de merda que você sente ao entrar no
banheiro quando alguem acaba de sair. Bolas. Mais uma parte nojenta,de uma cidade
nojenta,de um mundo nojento. As prostitutas vendem seus corpos ,como quem distribui os
irritantes panfletos de planos odontológicos: “Nossa empresa fornece manutenção grátis” .
Burocratas. Só o barulho da faca que eu uso pra arranhar o chão me distrai. Risca
como giz. Uma vez ,quando eu era criança ,conheci uma mulher que vivia com um homem que
batia nela; Ela apanhava todo dia,certa vez ele cortou o rosto dela pra que ela não pudesse ser
bonita pra mais ninguém. Um dia ,mais tarde,ela jogou uma panela cheia de macarrão
escaldante encima do pau dele. Ele nunca mais bateu nela,pra falar a verdade,ela que passou a
a bater nele constantemente. Essas coisas me fazem pensar,cheguei á seguinte conclusão:
Assustar alguem é uma arte. Se você assusta pouco,a pessoa não muda,se assusta demais
,ela se revolta e fica cheia de coragem, no modo “foda-se” ,Mas se você assusta alguem na
medida certa,pode fazer com que essa pessoa faça o que você quiser que ela faça. Eu fiz isso.
Com a Rachel , Paola,Bratonele…. Todas putas. Todas sem amor e mesmo assim muitas
vezes amadas. Eu assustei elas e as fiz fazer as coisas que fizeram. Consegui faze-las
aceitarem meus desejos e minhas necessidades. A primeira foi minha prima. Deal,Era uma
menina branca,tinha seus 13 anos,eu tinha 14,a gente sempre se pegava nas reuniões de
família e a coisa foi esquentando. Depois de um tempo perdeu a graça e eu tive que convencer
ela a fazer umas coisas novas. A principio ela não quis. Então,eu torci os braços dela e
sussurrei aquelas palavras no ouvido dela. Aquelas palavras certas que fazem qualquer pessoa
fazer o que você quiser. As palavras que mais assustam . Comecei com um arranhão na coxa
dela;do bumbum até o joelho… Depois que ela não sentia mais tanta dor,arranhei a outra coxa.
Tudo isso usando uma lamina velha… Assim se deu por mais uns dois anos. Eu fingia que
amava ela nas reuniões convencionais e ela sustentava meu desejo. Fazia por amor,mas no
fundo sabia que era errado. Todos os meses Deal surgia com um corte novo… Com grampos
grudados ao corpo,com a roupa rasgada… A principio os pais dela acharam que era briga com
outras garotas,depois interpretaram que ela seria uma suicida em potencial. Depois de um
tempo,fingir que nada acontecia era o melhor . Ignoravam os cortes no braço dela… As roupas
manchadas de sangue. Nos encontrávamos em galpões abandonados. Fazíamos no chão,nos
colchoes velhos. Encima de toneis enferrujados… Deal ia para satisfazer seu desejo de mulher
e seu amor por mim. Eu ia pra satisfazer meu desejo por sangue. Não que a imagem de Deal
dobrada para mim,com seus glúteos batendo em minhas virilhas não fosse bom…. Mas ver
isso com o sangue dela escorrendo era muito melhor… Colocava um saco na cabela
dela,puxava ela pelo saco,fazia ela sufocar até o máximo que aguentasse… Mas quem
diria,quem não aguentou fui eu. Ela estava amarrada,mãos para trás. Coloquei o saco em sua
cabeça,como de costume. Puxei,mas dessa vez,não levei uma lamina velha a suas coxas.
Levei uma gillete a seu pescoço… Ela retorceu. Tentou pronunciar palavras que não passaram
de grunidos de garganta aberta… Respirava pelo corte… Sangrava. Foi ficando mole e
desfaleceu. Foi meu apogeu. Deixei que ela caísse sobre a cama,sangrando,uma poça de
sangue…Continuei a usar aquele corpo morto. Foi bom. Acabei por chegar a um prazer que
nunca havia atingido