Depois que o Breno foi embora, me arrumei e fui pra boate. Sabia que o Robson estava chateado, mas sei ser bem convincente quando quero. Fui direto pro seu escritório e me armei colocando um sorriso no rosto e bati. Pediu que entrasse, mas não sabia que era eu a lhe dar boas novas. Ele ergueu o olhar e quando me alcançou, se ajeitou e pediu que eu me sentasse. – vamos Edu, dê o seu melhor. – pensei.
– antes de qualquer coisa, quero que saiba que segui seu conselho. O Ricardo está morando comigo.
Ele ficou me olhando e mesmo não expressando sentimento algum, eu sabia que ele vibrava por dentro envaidecido, ainda mais por dizer que havia seguido um conselho seu. Sabia que estava orgulhoso de si por sempre me dizer o que devo ou não fazer e quase sempre eu o ouvia. Ele se levantou e se sentou na mesa bem a minha frente.
– bela tentativa seu puto, fazer eu me sentir o tal e fazer com que minha raiva de ti passe somente por me fazer olhar pra esse seu sorriso sacana.
– deu certo pelo menos?
– Eduardo, você é um grandessíssemo filho de uma puta. Some e não me avisa, não me da notícias e me aparece agora com essa cara lavada e dizendo que está casado. Mas chega de enrolação, venha cá seu sacana e deixa eu te abraçar.
Me levantei e abri os braços, ele me tomou pra si e me cumprimentou, me xingou e me desejou felicidades. Pedi deaculpas sinceras pela falta e por não atender seus telefonemas.
– como está aquele leke safado, agora que conseguiu segurar pra sempre o melhor partido gay dessa cidade?
– kkkkkkkk. Ta feliz né véi. Pensa num garoto que está com um sorriso de orelha à orelha, é o meu garoto.
– caramba Edu, até que enfim tomou coragem. Mas deixa eu te mostrar um coisa, preciso da tua ajuda.
Ele pegou no armário a planta de um imóvel e desenrolou sobre a mesa. Explicou que queria comprar e abrir um Bar, mas um bar mais sofisticado dos já que haviam na cidade. Me explicava cada ideia que queria por em prática, caso fechasse a compra. Uma coisa me intrigava, ele me mostrava tudo como se eu fizesse parte de seus sonhos e me explicava como se eu tivesse interesse absoluto naquilo.
– Rob, seja mais claro, pare de rodeios e diga o que está pensando.
– tudo bem. Quero que entre comigo nesse negócio, quero que sejamos sócios.
– e a boate?
– vai funcionar normalnente. Aqui atendemos somente o público GLS, mas pensa Edu, lá vamos atender a todos, mais público, mais lucro. Além do mais, essa cidade ta precisando de lugar decente. Tudo aqui é igual, sempre o mesmo serviço oferecido com um nível baixo de sofisticação. Acho que as pessoas procuram uma extenção de suas casas, um lugar que se sintam bem e possam voltar sabendo que ali serão bem tratados. Você sabe lidar com isso muito bem. O sucesso dessa boate depende do modo que você a dirige, nunca tivemos problemas com as autoridades, você nunca permitiu baderna. Pensa bem.
– e vou trabalhar aonde?
– onde você preferir. Mas já pensei em tudo, fica no Bar, sei que está cansado das madrugadas e não gosta de ficar durante o dia em casa, por isso se interna aqui, mesmo quando não é preciso. Lá você pode ficar durante o dia, até as dez da noite, folga os domingos, o que acha?
– você já pensou em tudo seu sacana. Vou pensar, te dou uma resposta na segunda-feira, pode ser?
– pode sim.
– sorte sua eu ainda não ter mexido naquele dinheiro que ganhei do meu avô. Acho que encontrei uma forma de investir a grana.
– você topa?
– disse que "acho", não me apresse, mas prometo que semana que vem te aviso.
– pensa com carinho, será um bom negócio Edu, senão, não te faria essa proposta.
Fui pra minha sala com aquela ideia na cabeça e realmente eu havia balançado. Com o Ricardo em casa, eu teria mais tempo com ele nos finais de semana e não ficaria durante o dia sem fazer nada. Mas precisava pensar com cuidado, não queria entrar numa canoa furada e ainda perder dinheiro, perder dinheiro não, isso eu não podia arriscar.
Os dias foram passando e era domingo, acordei com meu celular tocando sobre a mesa de cabeçeira e fui atender na sala, o Ricardo ainda dormia.
– bom dia, ainda dormia?
– bom dia Fernando, sim, mas pode falar.
– liguei pra confirmar a presença de vocês no churrasco de hoje, vocês vem?
– vamos sim, mas o Rico ainda dorme. Vou esperar ele acordar e vamos.
– tudo bem então, esperamos vocês.
Desliguei e ainda era nove da manhã. Fiquei puto por instantes, havia chegado ás cinco em casa e morria de sono. Lembrei do nosso aniversário de namoro e que não havia comprado nada ao Ricardo, falha a minha.
Fui para o quarto pé por pé e peguei minha agenda no closet. Na sala liguei pra uma floricultura e encomendei uma cesta gigante de café da manhã e um buquê de rosas vermelhas, sei que pode parecer estranho para dois homens, mas na hora não pensei em nada melhor que isso. Fui tomar um banho e assim que saí o interfone tocou, atendi rápido e era a entrega. Esperei no corredor o elevador subir e ainda questionei o tamanho da cesta.
– é a maior seu Eduardo.
– não estou reclamando, só estou assustado, não pensei que fosse tão grande.
– quer trocar?
– claro que não. Fico com essa, está linda demais.
– acho que seu namorado vai gostar.
– e como sabes que tenho namorado?
– rsrs, desculpa, mas quem não te conhece? Toda a cidade sabe que você namora o filho do Dr. Fernando e frequento a boate também, sempre vejo vocês lá.
– e eu pensando que estava no anonimato kkkkk.
– rsrs, não está não. Bem, está aqui o que pediu, quando precisar, é só ligar.
Dei uma gorjeta ao garoto e entrei para arrumar a mesa mais uma vez meu celular tocou e era minha mãe. No dia que liguei para contar a novidade, ela estava aacompanhado meu pai em um jantar e não falamos muito. Enquanto arrumava a mesa ficamos conversando, desliguei e ouvi um barulho no quarto. Fui ver e o Ricardo estava caido no chão.
– o que foi que aconteceu? – disse desesperado.
Ele se virou de barriga pra cima e começou a rir.
– cai da cama!
– como assim caiu?
– cai ué, fui me virar pra te abraçar e já estava na beirada, não percebi, me virei e cai. Caramba, que tombo!
– seu moleque, que susto. Pensei que tinha passado mal. Olha minha mão, estou tremendo.
– calma, achou que ia ficar sem seu leke safado?
– não brinca com isso. Vem, levanta.
Ele me estendeu o braço e o puxei, seu corpo veio de encontro ao meu e o envolvi em meus braços. Senti seu cheiro da manhã, seu suor era de uma fragrância adocicada. Levantei seus braços e lambi suas axilas. Desci pelo seu tórax e no seu umbigo, fiquei por instantes. Queria sentir seu cheiro, sua essêcia. Abaixo, senti sua rola vibrar.
– tesão de mijo. – ele disse envergonhado.
– tesão de Edu.
– kkkkk, também.
– vá tomar seu banho. Te espero pra tomar café.
– não vai tomar comigo?
– já tomei, não me olha assim, seu pai me acordou as nove, ainda são dez e vinte. Faça o que te pedi, tome seu banho.
– tudo bem.
Fiquei no quarto e em quinze minutos ele voltou, somente de boxer branca. Eu vestia um shorts e me desfiz dele ficando como o Ricardo. O levei até a sala e pedi que se sentasse no sofá.
Fui até a sala de jantar e voltei com o buquê de rosas.
– feliz um ano de namoro. – disse e entreguei a ele.
– pra mim? Edu, isso é uma floricultura inteira. Que rosas lindas. Te amo Grandão. – me abraçou e me beijou apaixonado.
– gostou?
– caramba, que lindo. To envergonhado, com essa nossa correria por causa da mudança, acabei me esquecendo.
– não se envergonhe, eu também me esqueci, mas seu pai ligou pra confirmar o churrasco e me lembrei. Mas amor, você é o meu maior presente, te amo garoto.
Ele segurava as rosas e o levei até a sala de jantar, quando viu a mesa posta, seus olhos encheu-se de lágrimas. Beijei seus olhos e sentindo o gosto de sua emoção, o abracei.
– fez tudo isso hoje pela manhã?
– rsrs, sim. Na verdade, encomendei tudo isso pela manhã.
– rsrs, eu sei, mas fez enquanto eu dormia. Você não existe sabia?
– existo pra você. Senta aqui ao meu lado, vou te alimentar, notei que você está perdendo peso.
– acho que estou mesmo. Ta tudo lindo, e que sofisticação é essa?
– hahaha, a ocasião merecia amor. Vamos tomar café e nos arrumar pra ir a casa dos seus pais.
– que amor.
– falei que ia cuidar de você, não falei?
Tomamos nosso delicioso café da manhã e nos arrumamos para o churrasco. Saimos e no caminho pediu que eu parasse o carro.
– o que foi?
– sei lá, queria dizer que to feliz. Besteira né?
– claro que não, gosto de te ouvir dizendo que está feliz. Gosto que me lembre o quanto te faço feliz, posso te dizer que também sou feliz contigo, feliz em ter você comigo.
Ele sorriu e tudo nele era agradável, sincero e me encantava. Dizer isso faz de mim um bobo, talvez! Mas foi essa paixão inesperada pelo garoto de 22 anos que me fez ver e vida de uma forma diferente. Mesmo com a diferença de idade, tinhamos certeza que erámos um do outro e que nem mesmo o tempo poderia interferir.
Seguimos até a casa do Fernando que nos recebeu de braços abertos e num abraço coletivo vieram o caçulinha e mãe. Me senti em casa, me senti querido por pessoas que há um ano me tinham como filho, amigo e genro. Não sei explicar, mas tenho um respeito exagerado pela família do Rico.
Entramos e fomos pra piscina que já nos esperava. Vestimos sungas e logo chegou o tio chupador de rola, a esposa esnobe e a prima querida. Família unida e um cardápio do jeito que o Eduardo gosta, muita carne e suco e laranja, porque cerveja é mals.
Continua....
Pessoal, muito obrigado pela atenção e carinho. Sou muito agradecido, de verdade. Grande abraço e um beijo todos que leem. :)
