Olá parceiros do CDC! Hoje saiu mais um capítulo desse conto maluco (kkkk)! Agradeço a todos vocês pelo feedback dado em meus contos e espero que gostem desse. Reconheço que está um pouco longo, mas tenho que acelerá-lo porque está no fim. Ah, e obrigado pelo feedback do meu outro conto!
Eu estava vendo um rosto similar ao quadro O Grito, de Edvard Munch: O Michal com os olhos bem arregalados, boca aberta e lábios e maçãs do rosto bem pálidas. Acho que ele viu um fantasma -eu!
Ele se sentou no sofá e eu me sentei ao lado dele. Eu preciso sair da casa do Michal com a resposta à pergunta que habitou a minha cabeça durante a noite anterior. Precisava saber o porquê dele ter me dopado e ajudado a sacana da Érica a me separar do meu namorado - que não funcionou por sinal.
EU: Michal, eu quero ouvir a verdade de você. Eu preciso saber o por quê você se aliou à Erica para me separar do Bira. Por quê?
MICHAL: Eu não sei te dizer, cara. Eu não sei como te falar isso. Eu não sei... (Ele falou a última frase com a voz embargada pelo choro)
EU: Olha Michal, por mais vergonhoso que isso possa parecer, é melhor que você me conte. Você é um dos meus melhores amigos que tive, e por isso preciso ouvir a verdade de você, cara.
Michal não disse nada e já soluçava devido ao choro. Pela primeira vez em toda a minha vida, eu perdi a paciência com um amigo meu quanto estava naquele momento. Ele preferia ficar calado em vez de me confessar o erro e reatarmos a amizade.
EU: Quer saber de uma coisa, Michal: pra mim já deu! Eu vim até aqui hoje, depois de ter a prova do que você fez (balancei o pendrive aonde armazenei o vídeo do ato do Michal), acreditando na sua inocência e te dou a chance de se confessar comigo e nos acertarmos e você, o que faz? Fica com esse maldito bico fechado! Quer saber? (Falei com raiva) Quando eu sair por aquela porta, esqueça que eu existo, esqueça que eu fui seu amigo na faculdade quando todos te achavam estranho! Me esqueça pra sempre!
Eu me virei e comecei a caminhar em direção a porta da casa dele. Saber que ele prefere ficar calado ao invés de ser sincero foi um duro golpe para mim. Eu fiz o trajeto quase que marchando, devido à raiva que sentia. Quando estou prestes a passar pela passagem da sala para o jardim da mansão, eu sinto uma mão segurar o meu antebraço direito. Eu me virei para ver quem é e sou surpreendido com um beijo - o de Michal!
Eu senti meu lábios serem chupados de uma forma muito intensa, como se ele quisesse absorver o meu fôlego e me deixar sem ar. O corpo dele se aderiu ao meu que nem fita adesiva no papel. Eu senti um misto de sensações que nunca senti antes, mas eu sabia que nenhum deles era amor. Podia ser tesão, surpresa, carinho, raiva e tantos outros sentimentos dentro de mim que foram despertados com aquele beijo. Mas o amor não está nesta lista.
Após pararmos de nos beijar, eu vi um outro rosto nele, um rosto de dor e tristeza. Eu já desconfiava o porquê dele estar se comportando assim, mas eu queria ouvir isso da boca dele.
MICHAL: Era por isso que eu não poderia te dizer o porquê de ter ajudado a Érica. Eu estou apaixonado por você! (Ele respira fundo e aos poucos Michal vai controlando o choro) Eu fiquei apaixonado por você desde o dia em que tivemos a nossa primeira conversa, lá na faculdade. Eu iria me declarar pra você, mas o seu coração pertencia ao Bira. Então tive que sofrer calado para que você pudesse ser feliz. Mas não sei como, a Érica descobriu esse meu segredo e resolveu me chantagear. Foi por isso que eu te dopei e ajudei aquela desgraçada a te separar do Bira.
MICHAL: Eu estou tão mal daquele dia em diante. Eu sumi da escola por vergonha de ter que olhar nos seus olhos e ver que eu tenho uma parcela de culpa nisso.
Eu sabia! O Michal só foi um instrumento da Érica para fazer o que ela bem entendesse. Ele, coitado era mais uma vítima dela, assim como eu.
EU: Eu imaginava que era assim. Ela te usou para me separar com o Bira. E eu te perdoo, cara. Você é tão vítima quanto eu. Vamos passar uma borracha nisso tudo e vamos recomeçar a nossa amizade como antes?
Os olhos de Michal brilhavam ao me encarar.
MICHAL: É sério isso, Paulo? Você me perdoou?
EU: Claro, né Michal! Você não tem culpa de ter feito isso comigo. Você foi chantageado e você não faria aquilo intencionalmente. Não é?
MICHAL: Claro que não! (Ele me abraça) Obrigado por ter me perdoado! Obrigado...
EU: Por nada, meu amigo. Mas não volte a me beijar, pois eu amo o Bira, né?!
MICHAL: Tá certo! Apesar de estar apaixonado por você, prometo não insistir nisso pela sua felicidade.
EU: All right! Agora preciso dar uma lição àquela maldita da Érica. Só preciso pensar em como fazer isso?
Eu parei de falar comigo mesmo e olhei pro Michal. Ele estava com um sorriso malandro no rosto, e isso queria dizer que uma ideia brilhante surgiu na cabeça dele.
EU: O que foi? O que se passa por essa cabeça cheia de ideias?
MICHAL: A maior alegria para Érica seria reconquistar o Bira, ne?! (Eu assenti.) Então vamos fazê-la ver que ela o perdeu para um homem, que ela o perdeu para você!
EU: Parece uma ótima ideia! Desenvolva-a em um bom plano. Que tal se formos tomar um sorvete lá na pracinha? Aproveitamos para conversar melhor.
Fomos para uma praça que fica a uns quinze minutos andando, partindo da casa de Michal. Compramos dois sorvetes de casquinha e nos sentamos em um banco que ficavam perto de um matagal.
MICHAL: Cara, será que o Bira vai me perdoar por ter ajudado à Érica a te separar?
EU: Eu não sei. Talvez ele te perdoe, talvez não. Pensando bem e comparando com o jeito que ele me tratou quando achou que eu o tinha traído, eu acho pouco provável.
MICHAL: Eu imaginava... É difícil acreditar que eu fiz tudo aquilo porque tinha medo que Érica te contasse que eu sou apaixonado por você e tinha medo de perder-te.
EU: Mais o importante é que eu já te perdoei e que o Bira e eu voltamos a namorar e aquela intrigueira nunca mais ira nos separar.
Terminamos de tomar o sorvete e voltamos, cada um pra sua casa. O que a gente não sabia era que tinha alguém nos observando e ouvindo toda a nossa conversa.
VOZ: Vocês não perdem por esperar!...
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Já se havia passado uma semana inteira e as coisas tinham se acertado entre o Bira e eu, o Michal voltou a ser o meu amigo de antes - apesar de que o meu namorado não confiava tanto nele -, as aulas na faculdade estavam se encaminhando como era de se esperar. Mas existia uma coisa anormal na rotina que estou vivendo: a Érica tinha desaparecido até hoje. Sabendo da batalha dela para voltar a namorar com o Bira, esse sumiço era preocupante. Mas foi bom que ela sumisse para poder sentir que eu realmente amo o Bira.
Hoje, domingo, será o dia mais importante para o nosso relacionamento. Decidi dar o passo mais íntimo que poderia dar. Fui ligar para ele:
EU: Alo, Bira!
BIRA: Alô meu amor! Qual o motivo de eu receber a honra dessa ligação?
EU: Posso saber se eu posso passar aí em sua casa agora?
BIRA: Agora? O que foi que aconteceu?
EU: Por enquanto nada, mas pode acontecer algo muito bom pra nós dois! Isso se você quiser.
Ele captou o recado.
BIRA: Opa! Pode vir! Mas tem certeza? Tem certeza que quer fazer isso que eu estou imaginando agora?
EU: Tenho sim, Bira! Eu te amo e você me ama. Então eu estou pronto para nos amarmos de verdade.
Eu pude ouvir a sua risada de alegria e tom de voz dele mudou para um sensual.
BIRA: Então venha! Estarei aqui, ansioso pela tua chegada!
Nos despedimos e fui tomar um banho muito gostoso. As vezes eu acho que o gaydar não serve somente para identificar outro " familiar", mas também para te alertar para algum perigo eminente. E hoje eu sentia que algo ia dar errado hoje.
Eu saí de casa e fui andando para a casa dele. O trajeto é de trinta minutos caminhando, mas poderia-se caminhar pela orla da praia, o que não dá para se sentir. Mas eu continuo sentindo algum perigo ali.
Eu cheguei na fachada da casa do meu namorado e toquei a campainha e esperei ele abrir. De repente eu sinto uma pancada forte na minha nuca e vi tudo escurecer e depois disso eu apaguei.
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Narrado por Bira
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Eu estava abrindo o portão da minha casa quando vejo alguém vestido de preto se aproximar do Paulo e dá uma paulada (#PiadaFail) e o coloca dentro de um porta-malas de um Novo Uno preto. A placa do carro estava coberta com um plástico preto.
Eu abri aquele maldito portão, o seqüestrador entra no carro e foge em disparada rumo ao desconhecido. Eu não tive outra reação no momento a não ser chorar, chorar copiosamente por ter o meu amor raptado.
Eu não iria deixar isso assim, sem mais nem menos. Eu fui fazer o que se fazer quando isso acontece: registrar um Boletim de Ocorrência na delegacia mais próxima. Eu ainda estava triste e assustado com toda essa situação. Por que sequestraram o Paulo? Eu não conseguia entender. A resposta já estava a caminho.
Duas horas depois de ter registrado o B.O., eu recebo uma ligação no celular de um número oculto.
EU: Alô!
VOZ: Ora ora ora... Como é se sentir com a "sua namoradinha" (falou em um tom agudo") agora?
Meu Deus! Está falando do Paulo!
EU: Quem é você e por que sequestrou o meu namorado?
VOZ: Calma... Pra que tantas perguntas? Se você quer saber e se quiser ver o Paulo novamente, é bom vir aqui... (Ele me dá um endereço do local aonde estão. A calma no tom de voz dele me irritava e me dava medo, pois eles estavam agindo com frieza.) E não preciso nem dizer que não chame a polícia, caso contrário o próximo lugar pra onde ele vai é pro necrotério.
E desligou a chamada antes mesmo de eu dizer alguma coisa. E agora? Eu estava com o local do cárcere do meu amor nas minhas mãos, mas eu sabia que aquilo era uma armadilha. Eu vou lá, disso não tenho dúvidas, mas como salvá-lo das mãos desses marginais com segurança?