- Alexandre... Eu estou atraído por você.
O silêncio reinou por uns segundos. Nenhuma das partes se pronunciava.
- Sandro... – antes que o Alexandre abrisse a boca, ele foi surpreendido por um beijo na boca.
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- O que é isso Sandro? Você ficou louco cara? – Alexandre o empurrou.
- Desculpa. Eu não sei o que deu em minha cabeça. Por favor, me desculpa. É... Eu pensei...
- Você não devia ter feito isso. Eu vou embora.
- Alexandre, eu agi sem pensar. Eu não devia ter de beijado.
- Mas beijou. Eu sou teu amigo. Ouviu? AMIGO!
- Eu acho melhor você ir. – eu disse, não suportando aquela rejeição dele. Eu sei que eu agi errado. Eu sabia que foi ridículo da minha parte, ter feito aquilo. Meu Deus! Onde eu estava com a cabeça? Na verdade, eu nem podia ter me aproximado daquele homem.
- Eu espero que você não faça mais isso.
- Eu pedi pra você ir embora. Vai Alexandre! A sua mulher precisa de você.
- Sou eu quem deveria estar chateado com você. Não faça esta cara.
- Alexandre, sai daqui! Eu já te pedi desculpa, agora eu quero ficar sozinho. E quer saber? Esqueça que um dia você me conheceu.
- Também não precisa exagerar, Sandro.
- Eu nunca devia me aproximar de você. Eu não sei o que está acontecendo comigo... Tô meio confuso, e acho melhor nós dois não nos vermos mais. Agora vai embora Alexandre!
O meu coração estava em pedaços. A rejeição dele me deixou tão mal. Mas o Alexandre não tinha culpa... Eu não devia ter beijado ele. As coisas foram longe demais. Nossos mundos são diferentes, e mesmo que ele curtisse caras, não tínhamos a menos chance!
- Tudo bem, eu vou embora. Talvez seja melhor assim. – o Alexandre abriu a porta e partiu.
O Sandro se jogou no pequeno sofá, e começou a chorar. A vida era muito ingrata com ele, e desde o dia em que perdeu os pais, nunca havia se sentindo tão sozinho e desprotegido no mundo. Ele teve de se virar, para não morrer de fome e lutar, para não entrar no mundo das drogas.
A aproximação entre os dois criou uma esperança, por mais remota que fosse, em seu coração. Ele era muito carente, e a solidão o perseguia por muitos anos.
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O Alexandre ia em seu carro, com a imagem do beijo em sua cabeça. – Será? Não, não pode ser. – ele dizia para si mesmo. Nem o próprio Alexandre, sabia explicar o que estava acontecendo com ele mesmo. Talvez a carência também o incomodasse... A única coisa que ele tinha certeza, era a de que, não queria perder a amizade do Sandro. Ele se sentia bem quando estava ao lado do outro, e ter de ficar longe do seu mais novo amigo, era algo que não estava em seus planos.
Ele chegou ao trabalho, com o semblante abatido. A sua vida estava turbulenta, com a Amanda o pressionando e o excessivo trabalho intenso.
- Oi. Que cara é essa? – perguntou o Mauro, ao vê-lo entrar em sua própria sala.
- O que você está fazendo aqui? Por acaso resolveu trabalhar? – Alexandre o ironizou, sabendo que o irmão não gostava muito da ideia de se tornar um executivo, tão pouco direcionar, junto a ele, os negócios do pai.
- Quê isso maninho? Eu fiquei tanto tempo longe, e você me trata assim?
- Desculpa! É que eu estou meio estressado.
- Meio? Você está extremamente estressado. Aconteceu alguma coisa?
- Não. Deve ser o trabalho. – ele não quis entrar em sua vida particular com o irmão.
- Alexandre, aquele teu amigo, que esteve lá em casa no dia do jantar... Eu queria o endereço dele. Você tem?
Ele olhou para o Mauro, com o olhar totalmente surpreso. Por qual motivo, o irmão queria saber onde o Sandro morava? – ele se perguntou.
- De quem você está falando?
- Como de quem? Tu leva o cara para jantar em nossa casa e não se lembra? Eu queria pedi desculpas a ele, por tê-lo atropelado.
O Mauro inventou aquela desculpa, como um pretexto para se aproximar do Sandro.
- Você atropelou o Sandro? Como?
- Isso não vem ao caso agora. Você vai ou não vai me dar o endereço do cara?
O Alexandre temeu que o irmão descobrisse que o Sandro era garoto de programa, e ficou meio receoso, pois ele era o único da família que não se importava para riqueza, e o Mauro poderia se assustar ao vê a humildade do local onde o outro morava.
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- Você se lembra do Alexandre? – eu me joguei na cama, enquanto desabafava a minha dor com o Igor.
- O ricaço que te deu aquela grana?
- Ele mesmo. Ele brigou com a mulher, me pediu abrigo, e eu cedi.
- Vocês...?
- Claro que não Igor! Ele é hétero.
- E daí? Quantos caras existem por aí que se descobrem gay?
- Não é o caso do Alexandre. O que acontece é que, eu um idiota me atirei na boca dele e o beijei.
- JURA? – o Igor fez uma cara de espanto.
- Eu não sei o que deu em mim. Eu não devia ter deixado este homem ter se aproximado tanto.
- Amigo você está apaixonado?
- De onde você tirou esta ideia louca, Igor?
- Sandro, olha pra mim. Você não pode se envolver com este cara e com nenhum outro. Ouviu bem?
- Eu sei! Não precisa você me lembrar.
- Agora muda essa cara, e vai tomar um banho que você precisa trabalhar.
- Eu só vou para rua mias tarde. Vou dormir um pouco...
- Ok. Eu vou ter que sair. Ah! Advinha o que o Renato me propôs?
- Vindo dele...
- Que eu, você e ele, fizemos... Suruba.
Eu não acreditava no que ouvia.
- Manda aquele filho da puta ir para o inferno! – eu quase gritei.
- Eu já fiz isso. O Renato confundi as coisas. Eu acho que deva passar pela cabeça dele, que nós dois temos um caso.
- Ai, eu odeio este cara. A sua sorte, é que ele paga bem e ainda te ajuda.
- Bom, deixa eu ir Sandro.
- Beijo amigo. Tá levando camisinha na bolsa?
- Nunca ando sem elas. – nós dois rimos.
Eu tranquei a porte e me virei para ir ao quarto, quando ouço a campainha tocar. Com certeza o Igor deve ter esquecido alguma coisa...
- Você? – eu quase cair pra trás, quando vi a presença do irmão do Alexandre, parado na porta da minha casa.
- O que veio fazer aqui?
- Eu vim ter outra transa gostosa com você. – ele me lançou um olhar sexy e tarado.
CONTINUA...