A avó de Abel, dona Carmem entrou em seu quarto:
- Acorda, Abel! Já passou do meio-dia.
- Me deixa, vó. Quero morrer.
- Para de falar besteira, menino.
- Vó, eu passei a pior vergonha da minha vida.
- Meu bem, ninguém tem nada a ver com suas escolhas...
- Quais escolhas, vó? Espera, a senhora não está pensando... Vó, eu não sou gay! Aprontaram pra mim. E, quer saber? Vou resolver isso agora. - Abel levantou-se.
- Cuidado com o que você vai fazer.
- Isso não vai ficar barato.
- Engraçado. As coisas não tem sumido daqui de casa ultimamente. Com que dinheiro você está sustentando o seu vício?
- Quantas vezes vou ter que dizer? Eu não sou um viciado.
- Ok. Continue negando. Toma cuidado com essa tua vida, Abel. Procura colocar ela nos eixos. Algo ruim pode acontecer.
- Bruxa velha. - exclamou Abel depois que sua avó saiu.
***
- Oi. - disse Cauê para Felipe quando chegou no trabalho.
- Oi. - Felipe respondeu sem olhá-lo nos olhos.
- Quero te agradecer pelo que fez ontem.
- Não precisa. Eu também tinha pendências com o Abel. Mas, obrigado.
- Por que não me avisou?
- Não queria que estragasse tudo.
- Mas estraguei.
- Não estragou, não. O plano deu certo.
- Estraguei nosso relacionamento.
- Sejamos sinceros. Você nunca esqueceu o Joaquim.
- Eu estava tentando. Achei que verdadeiramente gostasse de mim.
- E gosto.
- Não. Você sempre quis o Abel. Eu também era uma distração. Mas, olha pelo lado bom. Você conseguiu tirar uma casquinha dele. Safadinho.
Felipe riu:
- Mas não valeu. Foi forçado.
- Você acha que ele vai revidar?
- Com certeza. Mas agora ele sabe com quem está mexendo.
- Mais uma vez, obrigado. Foi um grande plano. E, você me desculpa?
- Por quê?
- Pelo tapa. Se bem que, considerando as circunstâncias, foi bem merecido. Ninguem me trai assim e fica intacto.
- Sim, eu te perdoo, mas quero algo em troca.
- O quê?
- Um beijo.
Cauê riu e deixou com que Felipe o beijasse.
***
Quando a noite caiu Abel foi até a igreja. Estava vazia.
Abel tinha a chave das portas laterais e conseguiu entrar sem chamar a atenção do zelador.
Arrombou a porta da sala da tesouraria, roubou mil reais e um cálice de ouro que era usado nas cerimônias.
Saiu sem chamar a atenção de ninguém.
***
Janaína havia ido visitar Cauê e não levava boas notícias:
- Cauê, preciso da sua ajuda.
- O que houve, Jana?
- Você tem que tirar da cabeça do Joaquim essa ideia de trabalhar fora. Ele está indo em bora. Por favor, convença-o.
- Mas como assim?
- Ele não te disse nada?
- Não.
- Ele vai abandonar tudo. Já está de malas prontas. Eu também não sabia... Ele não contou nada pra ninguém. Por favor, Cauê, faça alguma coisa.
***
- Qual é o plano, Joaquim? - perguntou Cauê que estava parado na porta.
- Seguir meu caminho sem olhar para trás. - Joaquim respondeu.
- Esse "trás" me inclui?
- Sim.
- Então você está fugindo de mim?
- Não estou fugindo. Você apenas faz parte de tudo o que eu quero e vou deixar para trás.
- Mas e a escola? E a sua família?
- Posso terminar a escola lá e a minha família não liga para o que eu faço. Ninguém tem que ligar. Muito menos você.
- Eu não quero que vá, Joaquim. - Cauê diisfarçava a voz chorosa.
- Preciso trabalhar, Cauê.
- Não é só por isso, eu sei. Você não precisa mudar de cidade para arrumar um emprego.
- Já está decidido. Viajo amanhã.
- E não ia se despedir de mim?
- Já me despedi de você. Para sempre. Não preciso fazer de novo. Agora, por favor...
- Não precisa me expulsar uma segunda vez. Lembro bem onde fica a porta.
***
No dia seguinte o pastor convocou uma reunião com os lideres da igreja para comunicar o roubo:
- Agora é oficial. A polícia vai investigar esse caso. A porta foi arrombada e foram saqueados mil reais e mais um cálice de ouro.
Todos se espantaram. O pastor continuou:
- Creio que o ladrão esteja entre nós. Foi um roubo rápido, ninguém viu.
- Que absurdo! Quem faria isso? Não existe nenhuma pista? - perguntou Cauê.
- Eu sei quem foi. - apresentou-se Abel para a surpresa de todos.
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Oi, pessoal! Desculpem o enorme hiato de mais de um mês.
Farei o possível para não deixa-los na mão outra vez.
Continuemos com nossa amada história que promete muitos conflitos.
Um abraço e me adicionem no Face:
facebook.com/flavio.carlos.7798.
Até a próxima.