Meu amor escolar - 03

Um conto erótico de Hugo
Categoria: Homossexual
Contém 2261 palavras
Data: 28/10/2013 08:19:17

Esse ano será um ano para ser lembrado com certeza. Já se passou um mês desde o primeiro dia de aula e digo que muita coisa mudou aqui, no colégio. A minha amiga está namorando o Bruno, um dos caras mais assustadores que conheço - apesar de achar que eles estão passando por uma fase difícil no relacionamento deles, estão juntos por alguns fios -, aqueles perturbados do Diogo e a trupe pararam de gracinhas e tem se comportado bem. Eu estou contente pelo rumo que as coisas estão tomando.

Reconheço que não estou realmente feliz com o comportamento do Diogo. Não que eu queira voltar a ser humilhado por ele, mas agora ele age como se eu não existisse: passa bem longe dos locais aonde estou, senta-se bem longe do local onde eu esteja sentado, se estivermos na mesma fila para comprar lanches, ele sai dela e espera eu sair para voltar à fila. E isso me machuca muito porque eu gosto dele e essa distância que ele mantém de mim prova que eu perdi qualquer chance de conquistá-lo sem nem ter a oportunidade.

Eu perdi a chance de namorá-lo então vou me dar a chance de estudar e ser alguém na vida. Passei a ignorar os meus sentimentos e a focar nos estudos. Quem diria que os livros seriam o remédio justo para sarar as minhas feridas no meu coração. Eu encontrava nos livros relatos de pessoas muito parecidas comigo e com problemas similares aos meus. Entender o que se passava com eles nos livros me fazia refletir nos problemas que estava passando e nas alternativas possível no meu caso. Aquilo me preenchia a minha dor e tristezas de tal forma que virei rapidinho um CDF - crânio de ferro - e os colegas vinham me procurar para ajudar-los nos exercícios e matérias que não entendiam.

Passei alguns meses encontrando apoio para suportar a minha solidão amorosa nas páginas de um bom livro. Eu sentia que essa situação amorosa que vivia iria mudar.

Eu estava indo para a cantina, para lanchar e ler um romance em um site quando eu vejo as pessoas se afastando uma das outras de forma estranha, como se quisessem liberar passagem para alguém. Logo depois eu vi o por quê: Bruno, o brutamontes da escola.

Eu estava vendo um Bruno diferente passando na minha frente: ele chorava muito, aparentava raiva e dor similares aos de uma fera ferida. Ele ia correndo para o banheiro da escola. Ninguém queria vê-lo ali, pois tinham medo de virar um saco de pancadas dele. Todos tinham medo - inclusive eu. Entretanto o sentimento de compaixão e empatia cresceram dentro de mim de tal forma que sufocaram o medo que sentia.

Com toda a cautela possível, eu me dirigi ao banheiro aonde ele estava. Quando eu entrei, eu tive a pior visão possível do Bruno: ele estava sentado no chão do banheiro - que nojo 😣 - apoiando a cabeça e os braços nos joelhos, o rosto estava escondido dentro do espaço formado pelos braços dele e era possível ouvir de longe o choro dele.

Meu coração doía só de ver aquela cena. Então me aproximei dele e quando cheguei mais perto dele, eu o vi levantar o rosto e me olhar com aqueles olhos irritados e vermelhos de tanto chorar.

BRUNO: O que você está fazendo aqui?

EU: Eu? - eu estava nervoso e com medo - Estou aqui para saber como você está.

BRUNO: Já viu a minha desgraça, agora pode ir embora!

EU: Eu não vim aqui para te ver nessa situação. Vim aqui para te consolar, cara. Se fosse por qualquer outro motivo, eu nem aqui pisava. Mas eu não quero te ver desse jeito. Eu vim te dar um ombro amigo.

Eu vi o Bruno se levantar e ficar frente a frente comigo ficamos alguns segundos nos olhando, sem dizer uma palavra sequer. De repente eu sinto uma força apertando o meu pescoço e me levantando para cima. Meus pés não tocavam mais o chão - meu corpo estava suspenso no ar, sendo segurado pelas mãos de Bruno. Ele me olhava fixamente nos meus olhos e o rosto que eu olhava indicava raiva intensa.

BRUNO: Você está de brincadeira comigo? (Ele faz um movimento com a cabeça e eu ouvi o estralo dos ossos do pescoço.)

EU: Não... Bruno... Você... Está... Me... Sufocando... (A última palavra quase foi inaudível devido à falta de ar)

Ele me colocou no chão e largou o meu pescoço. Eu caí no chão após ele ter me soltado pois estava sem energias e sem ar. Depois de alguns segundos pegando fôlego eu me levantei. Poxa, se eu ficasse mais alguns segundos suspenso no ar pelo pescoço provavelmente teria desmaiado. Ele se aproximou de mim devagar e eu fiquei apreensivo pelo que aconteceria a seguir. Eu fechei os meus olhos, esperando o pior, quando sinto mãos nas minhas costas e lágrimas molhando a minha camisa: O Bruno estava me abraçando! Fiquei impressionado com aquilo, pois quem está acostumado a ver aquele brutamontes, grosso, rico, com personalidade forte nunca - nem um um mísero segundo - que o veria tão indefeso, desarmado, exposto. Seria fácil me aproveitar da situação para humilhá-lo, mas esse não seria eu. Eu sou uma pessoa não-vingativa. Agora era hora de ajudá-lo a passar pelo que ele está passando, seja lá o que for.

Ficamos naquela posição por uns dez minutos. Eu acariciava as costas dele e falava bem baixinho, no ouvido dele, expressões típicas para animar alguém, tipo "Você vai ficar bem", "Isso passa", "Tudo bem, tudo bem, shiii". Além disso, fui me balançando devagar, do mesmo jeito que se balança quando se quer colocar um bebê para dormir. Logo ele parou de chorar e a respiração dele ficou mais leve; o meu ombro esquerdo, porém, estava doendo devido ao peso que ele fazia ali. Eu o fiz sair do abraço e nos sentamos numas cadeiras que estavam do lado de fora do banheiro. Estranhamente não havia ninguém ali além de nós dois.

EU: Bruno, o que foi que aconteceu para você ficasse nesse estado?

BRUNO: Minha namorava me largou!

EU: Sua namorada... A Faby!

BRUNO: Isso! Tentei de tudo para continuar com ela, mas ela me disse que eu não a amava, que não queria saber dela. Eu a amo muito!

Eu sabia que a questão da comunicação iria afetar o relacionamento dos dois. Foi aí que eu tive uma ideia.

EU: Bruno, quantas vezes você conversou com ela desde que vocês estavam namorando?

BRUNO: Eh... Nenhuma, acho.

EU: Vixe! Então é isso! Talvez ela ache que você só a quer, não que a ame de verdade. Que tal você dizer isso a ela?

BRUNO: (Ele fez uma cara de curiosidade) Como assim?

EU: Que tal você expressar o que você sente por ela. Você não a ama?! Então deixe-a saber disso! Antes de você fazer alguma coisa, deixa eu falar com ela primeiro.

BRUNO: Promete que você vai falar com ela? Por favor, faça isso!

EU: Tá certo! Agora, levanta a cabeça, seja forte e vamos voltar a sala de aula, ok?!

O Bruno sorriu e seguiu junto comigo para a sala de aula. Ninguém daquela sala se atreveu a comentar o fato que aconteceu mais cedo. Depois daquele dia de aula, eu fui pra casa pois precisava visitar a Faby para ter uma ideia do que eu estava lidando.

Fui à casa da minha amiga e bati na porta. Foi ela mesma que abriu pra mim. O semblante dela estava sombrio, com as pálpebras inchadas de choro e um desanimo evidente na voz. Não consegui nem dizer uma palavra pois ela me abraçou e começou a chorar, da mesma maneira que o Bruno havia feito pela manhã, no banheiro da escola. Depois de um tempo assim, ela me soltou e me levou para o quarto dela e nos sentamos na cama.

EU: O que contigo, Faby? Foi por causa do fim do relacionamento entre você e o Bruno?

FABIANA: Foi sim, migo. Como você sabia disso?

Eu não iria contá-la o desabafo do Bruno.

EU: Eu desconfiei que era isso. Ora, não se lembra que a gente conversava sobre ele com regularidade? Então era de se imaginar que você estaria chorando porque o relacionamento entre vocês acabou.

FABIANA: Você tem razão. Mas quem acabou com o relacionamento fui eu! Ele só ficava nos amassos comigo,após isso eu parecia que não tinha namorado. Ele andava comigo mas sentia-o longe, ele preferia ficar com os amiguinhos dele ao invés de mim e acredite: ele nunca me disse "Eu te amo". Nunca! Ele disse que eu era gostosa, que me queria e tudo, mas nunca disse que me amava. Eu não quero namorar um cara assim, migo.

EU: Sei não, Faby, mas acho que ele te ama mas que não sabe expressar o que sente. Sabe como são os homens, né?!

FABIANA: Mas você sempre soube expressar os seus sentimentos e você é um homem.

EU: Mas a minha situação é completamente diferente: eu sou bem resolvido quanto aos meus sentimentos. E você sabe que homens como Bruno não estão acostumados a expressar o que sentem. Eu acredito sinceramente que ele te ama mas que não sabe como deixar você ver isso.

FABIANA: Olha Hugo, eu o amo, mas se ele não sabe expressar o que sente por mim, eu não irei namorar com ele. Ele tem que me provar que me ama. Agora eu não quero mais falar sobre isso.

EU: Tudo bem então.

FABIANA: Vamos falar de você. Como está esse coraçãozinho aqui? (Ela colocou a mão dela no meu peito, aonde fica localizado o meu coração) EU: Ele está triste e sozinho. Você sabe o quanto dói ver que a pessoa que amo me ignora completamente porque eu coloquei ele no lugar dele. Ele faz o possível para não nos cruzarmos na escola. Ele me odeia, e eu o amo! Maldita hora que eu me apaixonei por um hétero.

FABIANA: Eu sei, migo. Eu sei... É o mesmo sentimento que sinto quando vejo que eu me apaixonei pelo Bruno. (Ela para de falar por alguns segundos e depois sorri) Sabe o que é bom pra dor de amor ou paixonite aguda?

Eu sabia o que ela queria.

EU: Sorvete de napolitano!

FABIANA: Isso! Ele tem tripla ação: o branco dá paz de espírito e o rosa ajuda no combate à paixonite... EU: E o preto? (Lá vem...)

FABIANA: O preto é chocolate. E chocolate SEMPRE faz bem!

Rimos disso e passamos a tarde inteira juntos. Tomamos o nosso "remédio" e assistindo algumas comédias em DVD. Quando deu cinco horas da tarde, horário que normalmente volto pra casa quando fico na casa da Faby depois da escola, eu me despedi dela e fui caminhando pelo passeio e meditando em tudo aquilo que conversamos. Quando caminho pela rua aonde moro eu vejo uma silhueta sentada no chão da calçada, uma silhueta cheia de curvas. Quão surpreso fiquei ao ver o dono daquele vulto era o Bruno.

Apressei meus passos até ele, que ao me ver, se levantou e ficou numa posição que parecia um guarda-costas de famosos internacionais. Agora estou frente a frente com ele.

BRUNO: Hugo! Eu preciso falar com a Faby agora. Eu preciso dizer a ela que a amo. Eu não quero perdê-la.

EU: Você tem certeza disso?

BRUNO: Tenho sim!

EU: Então vamos. Mas saiba que ela pode te rejeitar pra sempre. Então não fique triste, nem encolerizado caso ela diga "não" a você.

BRUNO: Eu espero que isso não aconteça, mas caso ela não me queira mais eu prometo não ficar muito triste ou enraivecido.

EU: Certo. Então está preparado para falar com ela, cara?

BRUNO: (Respirou fundo e assentiu com a cabeça) Estou.

Então voltei para a casa de Faby com o Bruno. Ficamos em silêncio durante todo o trajeto. Ele estava muito ansioso por aquele momento que ele fazia movimentos com as mãos para tentar se acalmar. Eu simplesmente deixei minha mão apontada pra ele como se quisesse dar um aperto de mão dele. Acenei com a cabeça querendo dizer pra ele "Ei! Você não está sozinho, eu estou aqui para te ajudar". Ele ignorou o meu gesto. Eu baixei a mão pois não ficaria com a mão no ar, como um bobo. Quando ia colocar a dita mão no bolso da calça, Bruno agarra a minha mão. Eu sabia! Ele entendeu o meu recado e aceitou o meu apoio.

Andamos até a casa de Faby de mãos dadas, como se fôssemos namorados. Ele apertava firmemente a minha mão, demonstrando que queria a minha ajuda. Eu tentava pensar em como ajudar a um brutamontes daqueles a expressar o seu amor pela donzela, que era a minha amiga. Chegamos à casa de Faby e paramos na porta da casa dela.

EU: Bom Bruno, eu vou ligar pra ela e vou pedir pra ela descer. Assim que ela abrir a porta, você assume a situação.

BRUNO: Certo.

EU: Boa sorte cara.

BRUNO: Obrigado.

Eu peguei o meu celular e procurei o número de Faby na agenda de contatos e o disquei no telefone. Após alguns segundos ela atendeu:

FABIANA: Oi migo! O que foi?

EU: Eu tenho uma coisa para te falar. Estou aqui embaixo.

Faby foi até uma das janelas do quarto que fica para a entrada da casa dela. Ela só me viu, pois o Bruno estava posicionado propositalmente fora do campo de visão dela. Ela fez um sinal para que eu esperasse enquanto descia.

Quando ela abriu a porta, ele fica com a expressão de surpresa:

FABIANA: Você????

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Comentários

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Muito bom, ancioso pela continuação!

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Nossa to muito ansioso aqui para saber como o brutamontes vai se declarar pra Faby, nossa to adorando o conto, continua logo

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TOOOP. cara seu conto tá perfeito, tenta postar mais pooooor favor, eu sei que você tem sua vida e tem mais o que fazer, mas se tiver como poste mais. A história é muito boa =)

Abraço '-'

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