Depois de um tempo que a Sra. Freitas ficou imóvel sobre o pequeno sofá, Ismael aproximou-se empurrando David para o lado. De frente para ela, ele começou a massagear seu peito. Sem outro coisa em mente David correu para a porta para ver se o socorro iria demorar a vir. Na situação que ele estava os segundos eram anos, sua ansiedade o fazia andar de um lado para o outro, ouvindo Ismael contar baixinho “” e a cada contagem que ia até o três ele apertava as palmas das mãos no peito da Sra. Freitas que ainda estava inconsciente.
― São eles?! ― gritou David se levantando.
David saiu correndo para a porta e ao ver as luzes da ambulância sentiu um peso sair de suas costas. Ele voltou à mãe que agora tentava abrir os olhos.
― Mãe... Mãe a senhora vai ficar bem ― eu tinha que acreditar nas minhas palavras, no fundo eu sabia que ela iria ficar bem. Minha mãe tinha que ficar comigo para sempre.
Rapidamente dois homens de branco entraram na casa de David. A porta caída do lado dificultou a entrada da maca. Mas David correu e a jogou para o lado. Quando voltou para dentro eles já haviam coloca sua mãe deitada sobre a maca, ao ver a Sra. Freitas respirar com ajuda dos aparelhos ele sorriu para Ismael que estava do outro lado da sala. O sorriso de David não foi apenas de alegria, mas também de gratidão.
― O que aconteceu? ― perguntou uma mulher ao entrar na sala.
O vestido branco valorizava seus olhos castanhos e dava destaque no seu cabelo preto e ondulado que caia sobre os ombros. Ela segurou a tampa da caneta entre os dentes e uma prancheta na mão esquerda e com a direita ficou com a caneta em punho esperando a resposta dos rapazes que se fitavam.
― Eu só sou o vizinho, ele... Ele é o filho ― explicou Ismael olhando para David com um sorriso.
Os fios do cabelo ruivo de Ismael estavam todos bagunçados, diferentemente, de dois minutos atrás. Estavam todos em um só penteado que ele vez antes de ir para a biblioteca fazer seu trabalho. Ismael não hesitou em ir ajudar David, pois assim ele conseguiu o que mais queria ― se aproximar de David.
― Eu estava na cozinha pegando um pano úmido para limpar o chão porque eu... Eu deixei o mingau cair ― eu jamais iria dizer que minha mãe tentou se levantar. ― Ai quando voltei a encontrei no chão ― David sentiu uma bola de fogo se formar em sua garganta, que o vez parar de falar.
Desde que encontrou sua mãe ele não começou a chorar, mas nesse momento ele estava preste a cair no choro.
― Entendo... o senhor? ― a mulher perguntou levantando os olhos da prancheta e fitando David que compartilhava olhares com Ismael.
― David Freitas ― ele se apresentou deixando o olhar de Ismael.
― Senhor Freitas sua mãe esta bem, mas vejo que ela sangrou.
― Sim, ao tossir.
― Nesse caso ela deve ir para o hospital imediatamente.
Depois que a mulher chegou perto da maca e olhou a pulsação da Sra. Freitas ela começou a caminhar rumo à ambulância parada na frente da pequena casa, que o pai de David construiu. Os dois homens de branco que a colocaram na maca a levaram atrás da mulher de branco que já estava dentro da ambulância quando David cruzou a porta. Ele lançou um rápido olhar nos vizinhos curiosos que estavam ao lado de fora de suas casas vendo a ambulância.
Duas mulheres paradas na cerca viva do lado esquerdo da casa de David olharam entre si e cochicharam alguma coisa.
― O senhor pode ir para o hospital junto com ela ― avisou a mulher de branco colocando a cabeça para fora da ambulância.
― Mas e a casa ― ele disse para si mesmo em um tom de voz baixa, não era pra ninguém ouvir esse comentário, mas Ismael o ouviu.
― Você pode ir eu cuido de tudo e vou para lá assim que puder.
― Ismael eu... ― a frase de David foi interrompida com a mão de Ismael segurando seu braço.
― Vai ― ele repetiu olhando nos fundos dos olhos de David.
Não queria deixar minha mãe ir sozinha, mas era nossa casa. Se fosse outra pessoa eu jamais iria deixar olhando a casa. Mas era Ismael meu vizinho e recém-amigo, não sei por que, mas algo dentro de mim confia totalmente nele, acreditava que ele não faria nada de mal contra mim.
Diego andou com passos firmes e pesados até chegar dentro do banheiro. Antes de entrar totalmente ele empurrou a porta e analisou o lugar. As quatros portas estavam a fechadas, na ultima uma placa dizendo “não entre” estava pendurada.
Se as portas estão fechadas quem me chamou aqui? Ele se perguntou dando dois passos e meio para trás. A luz estava apagada e isso não agradou muito a Diego. Quando ele começou a se virar ouviu o som da descarga sendo dada. Ele se virou repentinamente e viu um vulto sair do terceiro banheiro. De repente ele viu a imagem do seu primo, Bruno.
― Primo? ― ele perguntou se sentindo confuso.
― Oi, eu estava apertado. Demorou em me responder então vim no banheiro.
― Há quanto tempo está aqui? ― David entrou no banheiro e se aproximou de Bruno, um rapaz moreno, com a pele um pouco mais claro que a de Diego, lábios pequenos e delicados e olhos estreitos, mas com um forte brilho verde que se refletia em cada olhar.
― Desde que meu pai me arrastou pra cá, há quase meia hora ― ele abriu um pouco a torneira e deslizou os dedos entre si deixando que a água levasse o sabonete liquido que estava entre seus dedos. ― Não sei de quem gosto menos do meu pai ou daquele homem idiota ― ele acrescentou passando a mão no cabelo.
― O Aparecido é um demônio vivo ― eles riram juntos, depois Diego continuou. ― Sorte sua que ele não é seu diretor.
― Deus me livre. E então como vão as coisas?
― Meus pais vão mal, eles estão brigados hoje e...
Mesmo Bruno não vendo os tios a mais de um mês, desde que ele tirara férias de ano novo, ele não estava interessado neles.
― Não perguntei deles, mas de você ― ele se virou e encarou Diego. ― Como vão as coisas?
― Não sei. Tem hora que acho que vou explodir e contar tudo a eles...
― Mas...
― Eu sei que: se eles descobrirem vão me mandar embora de casa ― Diego deu uma pausa e colocou a mão no peito sentindo uma sensação ruim. ― Estou com medo.
Bruno é um dos poucos que sabe do segredo do primo. E desde o inicio jurou guardá-lo para sempre. E ele vez bem isso. Agora ele estava sendo o amigo que Diego precisava.
― Entendo isso, eu não sinto vontade de falar de mim para meu pai, mas sei que quando eu me apaixonar vou ter que falar.
― E você já falou para seu amigo o que sente por ele? ― perguntou Diego se aproximando a torneira para lavar o rosto.
― Quem o Yuri ― Bruno levantou a sobrancelha direita e deu um pequeno sorriso. ― Eu gosto dele e acho que ele sabe disso, mas não disse nada até hoje então não falei nada também.
― Se ficar enrolando ele vai encontrar alguém e se afastar de você.
― Olha quem fala. Não sou eu que transo com um primo apaixonado.
― O Paulo sabe o que sinto por ele ― disse Diego pegando o celular.
Ele olhou a hora e viu que já estava afastado dos pais a tempo de mais era hora de voltar.
― Bom tenho que ir ou a senhora ira vai-me por de castigo ― ele jogou o celular no bolso.
― Até mais primo. A gente se vê por ai.
― Tchau.
Bruno sempre gostou do Yuri, e as namoradas que ele arruma nunca chegaram a fazê-lo gozar como Yuri o fez uma vez há anos atrás. Nem mesmo anos depois daquela noite Bruno conseguiu esquecer o toque do seu amigo.
Diego saiu andando com passos mais rápidos do que chegou. Ele já estava atrasado, mas arrumou um tempinho para parar na porta e deslumbrar os rapazes que entravam no banheiro. Heitor, Mateus e Guilherme.
Ah Guilherme, como você é lindo seu cabelo, seu sorriso que sempre esta nesse lindo rosto, seu modo de andar você é perfeito, se ao menos olhasse para mim eu já estaria me sentindo o melhor gay do mundo.
David quase ficou louco depois de assinar os papeis que lhe entregaram. A médica disse que iria ficar tudo bem com sua mãe. Ra, ele só ira acreditar nisso quando a ver de novo, só depois que conversar com ela, ele vai ficar calmo. Ele ficou parado no saguão por um tempo que ele não marcou. Ao olhar no relógio que tanto o incomodava, ele ficou pensando nas amigas, já passavam das dez e meia. Pelo menos devo ligar, ele pensou, ai droga deixei meu celular em casa.
Apalpando o short ele não sentiu o volume do celular. Desanimado ele colocou a cabeça sobre as mãos que estavam apoiadas ao joelhos. Ele ouviu passos andam rapidamente ao seu encontro. Quando se levantou viu que era suas amigas Eduarda e Victória e logo atrás Ismael.
― Ah amigo, você deve estar mal ― disse Eduarda, o abraçando assim que se aproximou.
Ela o envolveu em seu braços e o apertou forte, os seis fartos de Eduarda quase deixaram David sem ar. Quando ela se afastou Victoria chegou com mais calma e abraçou o amigo.
Elas eram totalmente diferente. Eduarda é alta, branca, cabelo castanho claro ― quase loira―, um corpo carnudo. Já Victoria é baixa, morena, cabelos negros como a noite, magra. David sempre achou que ela perde feio para Eduarda quando o assunto é carne.
Mas na hora de escolher a melhor amiga ele fica com as duas. Elas eram quase como uma segunda família para ele, desde que, ele começou a dar aulas de história na Jaqueline Carla.
― Deus vai curar sua mãe, amigo ― disse Victoria passando a mão no rosto de David, que era bem mais alto que ela.
― Eu sei ― ele disse com um sorriso.
― Quase tive um treco quando cheguei à sua casa e não encontrei nem você nem sua mãe.
― Como foi? ― perguntou a menor sentando na cadeira acolchoada.
― Ela caiu da cama ― ele mentiu com frieza.
Ambas fizeram expressão de dor, depois Eduarda disse:
― Você não tem sorte.
― Para Eduarda ― disse Victoria.
― Ela tem razão, não tenho mesmo ― disse David se sentando com os olhos tristes.
Do baixo Victoria lançou um olhar para Eduarda que dizia “esta vendo o que você fez”. Ismael ficou afastado do grupo até que as duas saíram para ir ao banheiro. Ele correu para conversar antes que elas voltassem.
― Aquela Eduarda é um furacão ― ele começou com uma risada baixa.
Furacão? Então a acha bonita. Penou David, desviando seu olhar.
― Ela é muito agitada não acha? Nem um furacão faz o barulho que ela faz.
― Não acha ela bonita? ― as palavras saíram da boca de David sem que ele percebesse quando deu por si já era tarde de mais.
― Não muito, ela é linda, mas não faz meu tipo.
― Qual é seu tipo? ― ele perguntou sentindo uma sensação ruim no estomago.
E se ele me xingar? Ou me mandar se ferrar? Eu gosto de mais dele, mas não quero perder nossa amizade.
― Outra hora eu conto.
― Ismael eu... ― David se preparava para dizer que estava gostando de Ismael.
Ou melhor, eu posso dar um beijo nele, assim não tenho que dizer nada.
Ele se inclinou para o ruivo que o fitava como da primeira vez, os olhos de Ismael estavam dizendo que era para David o beijar, mas isso poderia ser só sua imaginação. E, depois que ele o beijasse não teria mais volta.
Finalmente a reunião acabou a Diego poderia ir para casa e descansar. Ouvir tanta besteira o irritava. Ele saiu na frente dos pais e foi tomar água. Ele teve que esperar a fila acabar, quando a massa de pessoas se desfez do bebedouro ele se curvou e apertou o botão. Olhando Débora se curvar para tomar água ele se descuidou e deixou água cair na camisa.
― Droga ― ele penou correndo para o banheiro.
Não havia ninguém dentro do reservado, exceto, Guilherme, que urinava no mictório. Diego ficou parado olhando no espelho pegando papel higiênico para enxugar a camisa. Pelo canto do olho ele viu que Guilherme já acabara de urinar. “Se não esta fazendo mais barulho de nada porque ele continua aqui?” Ele se perguntou pegando um pouco mais de papel.
― Oi ― disse Guilherme de costas. ― Você é o Diego, não é?
Guilherme nunca havia conversando com ele durante o ultimo ano que estudaram juntos, apenas fez uma brincadeira de mal gosto uma vez, mas fora isso eles não tinham nada em comum. Então porque agora e porque no banheiro que ele foi dizer um oi? E porque não disse quando viu Diego mais cedo?
― Sou sim ― ele respondeu, vendo que sua voz estava agitada. E seu coração disparado
― Eu sou o...
― Guilherme... ― ele se sentiu idiota por parar a frase do rapaz que ainda continuava de costas. ― Desculpa.
― Tudo bem.
De repente Guilherme se virou ainda com o pau na mão. Não estava sem duro sem mole. Estava gostoso de ver. Diego respirou fundo e tentou não olhar para ele. Que ficava entre os dedos de Guilherme, era uma tentação aquele caralho branco para fora tão perto de Diego.
― Nunca conversamos direito ― ele colocou o pau para dentro da calça e fechou o zíper, Diego mordeu os lábios de cabeça baixa, ele queria ver mais, queria sentir aquele pau na sua boca e no seu cu. ― Mas não sei por que sinto uma simpatia por você... Cara.
Ata me engana que eu gosto. Fala logo o que ta querendo porque não estou de bom humor hoje.
― Serio? ― disse Diego com um sorriso irônico.
― É, e, eu também sinto ― Guilherme deixou a frase no ar quando virou Diego para ele e, o olhou com uma sobrancelha para cima. ― Que gosto de você.
Guilherme cortou a distancia entre os dois tentando beijar Diego.
Eu adoro esse cara ele é lindo, mas nunca falou nada comigo. Com certeza deve esta armando alguma. Mesmo sabendo disso como resistir a esse perfume a essas mãos que me acariciam com tanto desejo. O que eu mais quero e fundir nossas bocas. Será que devo?
Continua...
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