Obrigado caros leitores pelo feedback do conto! É bom saber que os meus textos os agradam. Eu estou com uma ideia aqui para escrever um romance no site Romance Gay! Preciso de uma opinião de vocês sobre ele. Já já eu posto o projeto. Saibam que eu leio todos os comentários e vocês e aproveito as ideias na escrita da mesma!
Segue o capítulo 01
Fabiana ficou surpresa ao ver Bruno na porta da casa dela. Ele segurava um buquê de rosas brancas que ele comprou no caminho para a casa dela. Ela fixou o olhar nos olhos de Bruno, esperando o diálogo dele.
BRUNO: Fabiana, meu amor, me perdoa por ter sido tão idiota para não reconhecer que te amo. Não sei expressar bem o que sinto mas saiba que estou sofrendo muito por ficar longe de você... Eu sou uma droga mesmo! Eu te peço uma segunda chance para reconquistar-te! Eu quero provar a você que posso ser digno do seu amor.
Então Bruno ajoelhou-se aos pés de Faby e pediu:
BRUNO: Me dá uma chance Faby!
Faby já chorava pelo apelo emocional daquele pedido de desculpas. Mas ela parou de chorar e se ajoelhou no chão e ficaram os dois ali, falando de igual para igual.
FABIANA: Olha Bruno, eu estou emocionada e tudo com esse seu pedido sincero. Eu entendo. (Ela passou a mão no rosto dele e depois a tirou dali) Mas eu esperei um mês inteiro para ver se você mudava. Antes disso, quando ainda namorávamos escondidos, você me prometeu que demonstraria que me amava. E você não fez isso! Sabe, ficou parecendo que eu era igual a algumas daquelas meninas do colégio que babam por você, que ficavam na sua cola que nem cachorrinho adestrado. Só era a sua namorada na hora dos amassos, depois parecia que não era nada pra você! (Ela se levantou e deu a mão para ele, que se levantou também. Eu só acompanhava toda a cena.) Me desculpa também, mas eu não quero continuar assim. Eu não quero voltar a ser a sua namorada!
Puxa! Até eu fiquei bestificado com a decisão dela. Só resta agora ao Bruno lamentar.
BRUNO: Mas Faby...
FABIANA: Sem mais, Bruno. Por favor, vá embora e segue o seu caminho!
Bruno ia falar mais alguma coisa pra ela, mas eu pus a minha mão no ombro dele e disse:
EU: Bruno, você já ouviu: vamos embora.
Ele não tinha outra escolha. Ele me seguiu e voltamos pelo mesmo caminho que viemos. Ele estava sério, não esboçava nenhuma reação até o momento em que viramos a esquina da rua dela. Eu olhava para frente, com medo de encará-lo e ao mesmo tempo preocupado em como estaria o coração de Bruno.
Os meus pensamentos vão embora quando eu escuto um choramingo vindo de Bruno. Eu paro de andar e ele também. Ao olhá-lo, via as lágrimas deslizarem pelo seu rosto e uma careta de dor acrescentava o toque final ao sentimento que ele expressava.
Eu me posicionei na frente dele e abri os meus braços para ele. O brutamontes olhou pra mim e se acolheu no meu abraço. Eu sentia que ele realmente sofria com o fim do relacionamento com Faby. No entanto, eu me sentia como um pai abraçando um filho que caiu da bicicleta e vem chorar suas dores. Eu tinha que dar o conforto que Bruno precisava. Para mim, essa sensação era muito boa; estranha, mas boa.
Fomos para a minha casa e eu senti que deveria convidá-lo para ficar em casa. Então eu fiz a oferta:
EU: Bruno, eu sei que você não está com clima para nada hoje, mas gostaria de ficar comigo hoje a tarde aqui em casa?
Ele me olhou por um momento e sorri.
BRUNO: Eu posso ficar aqui contigo?
EU: Claro que pode! A gente aproveita para conversar, desabafar e se conhecer melhor.
Bom, ficamos a tarde inteira juntos. Conversamos, rimos, assistimos a uns filmes, Bruno chorou muito e eu o consolei e eu pude conhecer um lado do Bruno que não conhecia: o lado humano dele.
Quando deu o horário, Bruno se despediu de mim e foi embora pra casa dele. Eu cumpri a minha parte e ajudei como pude a reatar o namoro deles dois. Mas tudo acabou! Amanhã volta tudo ao normal e o equilíbrio na escola será restabelecido.
No dia seguinte vou pra escola e sou recebido pela Fabiana, que provavelmente queria falar comigo.
FABIANA: Oi migo!
EU: Oi Faby! Hum... Você esperando aqui na porta da escola eu chegar deve ter um bom motivo ou a coisa ficou séria.
FABIANA: (rindo de leve) Que mané coisa seria! Eu só queria conversar contigo sobre o que rolou ontem.
Ela vai me dar uma bronca por ter ajudado seu ex-namorado a voltar com ela. Fomos até o pátio da escola e sentamos em um lugar mais reservado dali.
FABIANA: Eu quero saber o por quê de você ter ajudado o Bruno a tentar me reconquistar.
EU: Olha Faby, eu fiz isso porque eu vi que ele estava arrependido. - e contei tudo o que aconteceu desde que eu encontrei o Bruno no banheiro da escola até a tentativa dele de pedir perdão a ela - Eu senti que ele merecia uma chance de se redimir. Desculpe por não ter te falado antes.
FABIANA: Tudo bem. A intenção foi boa. Aliás seu coração é de uma bondade sem tamanho. Eu ainda não sei como você ainda não arranjou um namorado ainda.
EU: Vai saber os caminhos do coração?! O cara que o meu coração bate mais forte é um idiota homofóbico. E nesse panorama eu fico sozinho.
FABIANA: Ah, migo. Você tem razão. Espero que você encontre um cara que te ame, mesmo com seus defeitos e qualidades. Você sabe que eu quero o seu bem. Me promete que vai me apresentar o seu futuro namorado antes de aceitar namorar com ele?
Eu estranhei a pergunta. Por que será que ela quer o meu pretendente a namorado?
FABIANA: Digamos que quero verificar a idoneidade dele para prevenir que você se machuque mais pra frente.
EU: Tá certo então. Agora vamos pra sala que a aula já vai começar!
E assim fomos para a sala de aula. Nós nos sentamos juntos desde a terceira série do ensino fundamental, então somos realmente íntimos, como irmãos de pais diferentes. Compartilhamos segredos, fofocas, histórias e experiências de vida, dinheiro e até a cama, às vezes (nada de sexo entre a gente, viu?! U_U )
Mal sentamos nas nossas carteiras, a professora de literatura chegou e já aterrorizando nas atividades. Ela nos apresenta grandes escritores da nossa terra, que souberam tratar de uma forma tão poética questões sociais, como os menores em conflito com a lei com os "Capitães da Areia" de Jorge Amado, entre outros. O primeiro livro que a professora mandou-nos ler como atividade de apresentação individual foi....
EU: Grande Sertão Veredas??
PROFESSORA: Sim, Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa. (Ela dizia balançando o livro que estava na sua mão direita para a inteira sala de aula.) Eu quero que vocês apresentem um panorama da época do romance e o que mais puder acrescentar. Vocês terão um mês inteiro para estudar e todos terão 15 minutos para fazê-lo.
A turma inteira resmungou, desaprovando a atividade, mas se era para fazer a atividade, assim o farei - e todos talvez pensaram da mesma forma.
PROFESSORA: Se vocês quiserem, podem pegar o livro na biblioteca da escola. Sugiro que façam isso logo, pois existem poucos livros disponíveis.
Mal acaba de dizer isso, quase a turma inteira saiu em direção à biblioteca para pegar um exemplar lá. Eu sabia que eu encontraria essa obra nos sites de torrents pela internet.
No intervalo eu vi a cara de decepção dos colegas ao ver que o "livrinho" tem centenas de páginas. Até a Faby não curtiu a atividade da professora:
FABIANA: Poxa migo. A professora pegou pesado com a gente com essa atividade! Você já viu quantas páginas teremos que ler? AFF ¬_¬
EU: Deixa de preguiça Faby (dei uma risada leve)! Apesar de grandinho, vale a pena a leitura. Lembre-se que essa atividade deve valer uma boa pontuação na matérias dela.
FABIANA: Você é um pé no saco, viu?!
Rimos um pouco e lanchamos uns sanduíches com refri. Voltamos à sala e terminamos de assistir as outras aulas até a hora de ir embora.
Bem, quando fui cruzar o portão de saída da escola, ouvi uma voz grave e ofegante dizer "Espera!". Ao me virar dei de cara com o brutamontes da escola, o Bruno.
BRUNO: Ei! (E ele para ao meu lado. Estava arfando muito, como se estivesse correndo há algum tempo.) Você está indo pra casa?
EU: Sim. (Eu ainda estou com medo. Quem conhece a fama de bad boy do Bruno ficaria assustado se ele vem falar com você. E eu conheço essa história.)
BRUNO: Bem... Eu preciso de ajuda com essa atividade e você é de longe o cara mais inteligente que conheço. Por favor, me ajuda cara.
EU: (Com os olhos esbugalhados) Eu?
BRUNO: Sim, você. Por favor, me ajude nessa!
EU: Eu te ajudo, mas eu preciso de 100% de você para que isso dê certo. Você promete se esforçar?
BRUNO: Prometo!
EU: Então vamos começar. Você deve ler o primeiro capítulo do livro para amanhã.
BRUNO: Pô cara. Se eu for pra casa eu não vou ler nada. Lá não é o lugar para se ler algo. Que tal lermos aqui na escola mesmo?
EU: Seria uma boa ideia, mas eu preciso relaxar para ler. Passe lá em minha casa às três da tarde para lermos juntos. Tudo certo pra você?
BRUNO: Fechado! Três horas, na sua casa com o Grande Sertão Veredas!
Depois disso que pude voltar pra casa. Fiquei pensando: "Olha como a vida é uma caixinha de surpresas! Eu vou ensinar literatura ao brutamontes da escola, que foi namorado da minha melhor amiga. Sempre as linhas das nossas vidas se cruzam. E de todos eles, sou o único solteiro. O cara que eu amava foi um homofóbico desmedido." Espero que eu tenha mais chances no amor, assim como a Faby também teve.
Cheguei em casa, almocei, descansei. Quando deu duas e meia da tarde eu me levantei e peguei o romance que leria com Bruno e coloquei na mesa da sala. Coloquei umas pipocas para estourar e fiz um suco de manga. Tudo ficou pronto em quinze minutos eu fui tomar um banho. Depois disso, me sentei no sofá e fiquei esperando ele chegar.
Três horas em ponto. Foi exatamente nesse horário que a campainha tocou e vi que ela o Bruno. Vi que aquilo que tinha de musculoso, ele tinha de pontual. Eu abri a porta e o vi vestido com uma camisa polo azul-bebê e uma bermuda cáqui que valorizava as pernas grossas dele. "Deixa de besteira, ô moleque!", pensei comigo mesmo.
EU: Por favor, entre!
Ele entrou e se sentou no sofá. Ele ficou bem comportado em minha casa. O sofá de casa é o que possui três lugares. Eu me sentei num extremo do sofá e ele, no outro.
EU: Bom (falei pegando o livro que estava na mesa da sala) Vamos ler o livro Grande Sertão Veredas, de Graciliano Ramos. Que tal cada um ler um parágrafo e fazer um pequeno comentário sobre cada um deles? Assim podemos tirar conclusões juntos.
Parei de falar quando o vi de cabeça baixa, coçando a cabeça de nervoso. Eu estranhei isso.
EU: Bruno. O que foi? Você não quer ler o livro comigo? Acha o livro chato?
BRUNO: Não. Na verdade é que eu tenho dificuldade para compreender textos. Eu leio e releio mas nada fica na minha cabeça. Me desculpe! (A cara dele era a de uma criança que confessa pra mãe que tirou nota baixa na escola.)
Não acredito que terei que ser o "tutor" de Bruno. Eu fiquei um pouco decepcionado, eu fiquei... Fiquei feliz por estar ali, ajudando-o. Nem eu me entendi agora.
EU: Não precisa pedir desculpas por ter dificuldade para compreender textos. Bom, vamos fazer o seguinte: pegue o seu caderno e vá anotando nomes, características dos personagens e palavras-chave que achar interessante durante a leitura.
BRUNO: Certo.
E comecei a ler o primeiro parágrafo do livro. Quando o terminei, eu fui olhar o que ele escreveu. Advinha: nada! Nem uma única palavra ele havia escrito. -_- Vixe, terei trabalho do cão para ajudá-lo. Eu olhei pra ele com um olhar de reprovação e conclui que nós 'teremos muito trabalho pela frente'. Já ele nem olhava pra mim de vergonha. Eu me lembrei que estava ali para ajudá-lo, não para condená-lo.
Eu me aproximei mais dele, me sentando no espaço do meio do sofá e disse a ele:
EU: Bruno. Não precisa ter vergonha porque não entendeu. Eu estou aqui para te ajudar, lembra? (Ele olhou pra mim.)
Bom, eu tive uma ideia (falei isso com um sorriso no rosto) você vai ler o parágrafo e eu vou encenar o que você leu. Leia o primeiro parágrafo.
Ele leu bem devagar o primeiro parágrafo e depois eu interpretei o personagem, um contador de história que contava tudo que MG (território do conto) viveu nessa época. Ele ficava atento, assistindo a minha performance. Ora ele ria, ora ele interagia comigo. Nessa atividade, lemos o primeiro capítulo do livro e passamos a tarde toda.
EU: Bem meu jovem ouvinte (ainda estava dentro do personagem) esse velho cangaceiro que vos fala precisa descansar... As coisas não são tão fáceis quando se envelhece. Amanhã eu te conto mais sobre esse Grande Sertão Veredas. Até amanhã.
E fiz a pose de encerramento. O Bruno batia palmas pela a minha atuação. Ele tinha um sorriso lindo no rosto.
BRUNO: Cara, você é show! Eu me vi dentro do sertão mineiro, acompanhando o personagem.
EU: (após sair do personagem) Por nada, Bruno. Eu me diverti por demais da conta com essa "aula". Então tá combinado para amanhã.
BRUNO: Combinado.
E nos despedimos e ele foi caminhando para o seu rumo enquanto eu ia pra cama, pois estava esgotado fisicamente. Amanhã tinha aula e ainda tinha as outras atividades da escola, mas eu merecia uma boa noite de sono. E assim o fiz!