Capitulo 8 – Unwanted
- E depois Rô??? Exclamava a Ceci com ansiedade e exaltação enquanto eu contava pra ela como tinha sido a noite anterior na casa do Luís.
- E depois ele voltou pra sala e se deitou e ficou vendo o filme. Eu fiz o mesmo. Acabou cafuné, acabou o clima, acabou tudo, eu falei abaixando a cabeça.
- Que merda Amigo, respondeu ela me consolando. Porém já sabemos que ele pode sentir algo por você não? Então e mais fácil se desculpar pela merda que você fez e tentar algo de novo não?
- Sim... Eu acho... falei procurando achar um pouco de animação.
- Bem Rô eu tenho que ir pois ta com cara de chuva...
Nós olhamos pra janela e o tempo tava bem nublado e estranho. Era incomum chover no meio do ano aqui em Uberlândia. Pois estávamos no fim do outono. Eu levei a Ceci até a porta e me despedi dela.
- Fica bem tá Rô, ela disse antes de me abraçar e ir embora.
- Eu vou ficar Amiga. Pode deixar, respondi sorrindo.
Eu voltei pra casa e fiquei pensando na noite de ontem. Depois que o Luís voltou pro quarto ele trocou poucas palavras comigo. Vimos o fim do filme, que eu não entendi nada pois perdi mais da metade dele, demos boa noite e cada um foi pro seu canto dormir. Eu passei a noite toda em claro, eu olhava pro teto no meio da escuridão e só queria me encher de socos por ser tão idiota. Eu tinha certeza que tava amando ele, por que diabos eu fui dizer que não. Eu fiquei fritando no colchão enquanto repassava na minha cabeça tudo que tinha acontecido aquela noite. Tudo que tinha acontecido na última semana. Todos os eventos que tinham culminado naquele beijo, tava tudo indo perfeitamente bem até eu fuder com tudo. Como eu era babaca meu deus.
Então eu me sentei pois já estava ficando com dor de ficar deitado e não consegui dormir, eu liguei meu celular pra iluminar o quarto um pouco e eu pude ver o contorno do corpo do Luís dormindo tão serenamente. Eu senti um aperto no peito. Eu queria tanto ta dormindo abraçado com ele. Seria tão bom isso. Dormir sentindo o calor dele, o cheiro dele que me acalmava e reconfortava. Eu me segurei se não ia fazer aquilo que eu mais odeio, desabar no choro :C.
Eu fui em silencio na cozinha na cozinha pra não acordar o Luís e bebi um copo de agua, quando voltei pro quarto ele continuava na mesma posição, no mais profundo dos sonos. Eu continuei iluminando o quarto com o celular e fiquei ali olhando pra ele. Tentando ver o momento que tinha começado a gostar dele, foi tão repentino e bom. Eu olhei as horas e eram quase cinco da manhã e eu nem tinha pregado os olhos. Então fiquei mais uns minutos olhando pra ele dormir, ele tava virado com o peito pra cima e a mão pousada sobre a barriga dele. Eu me aproximei então, e medi a respiração dele pra ver se tava pesada, e sim ela estava. Então cheguei mais perto e dei um selinho nele. Ele não esboçou reação nenhuma então me afastei e disse:
- Eu te amo sim cara... Desculpa.
Nisso eu me deitei de costas e bem afastado dele. E tentei dormir pois eu estava começando a chorar. Que era a mesma coisa q eu tava fazendo agora no meu quarto, tava deitado e chorando silenciosamente. Eu então pensei nas palavras da Ceci e fui buscando uma animação. Aquilo tinha concerto, era só eu agir certo agora e mostrar pra ele que eu amava ele. Sim era isso que eu faria. Eu ia mostrar pra ele que eu amava ele. Isso faria nos dois ficarmos juntos né? Sim faria, eu respondi meu próprio questionamento.
O fim de semana passou sem eu nem ver, quando me toquei já era segunda feira. Eu acordei então animado pois sabia que veria o Luís logo cedo, e isso seria o início do meu plano se mostrar pra ele que eu amava ele :D. Eu tomei banho, me arrumei e tomei café e na hora de sempre peguei a Ceci no rumo da escola.
- Bom dia Rô!!! Falou ela me dando um beijo na bochecha. Você ta melhorzinho?
- Tô sim Ceci, fiquei focando no que você disse, não é o fim do mundo né? E só eu mostrar pra ele q eu amo ele que pode dar certo isso não, respondi animado!!!
- É assim que se fala amigo!! Nada de deprê ok!!!
- OK!!!!
Quando chegamos na rua do Luís ele não tava na esquina como habitual. Ficamos uns dois minutos esperando e nada.
- Uai, será que ele vai na aula hoje?
- Eu não sei Ceci, calma que eu vou ligar pra ele, respondi enquanto pega meu celular e ligava pra ele.
Chamou chamou até cair, eu tentei de novo e tive o mesmo resultado.
- Ele não ta atendendo, falei colocando o telefone no bolso do casaco, Vamos então?
- Vamos!
Quando chegamos na escola o Luís já estava no lugar dele. Eu e a Ceci o cumprimentamos
- Bom dia cara, você veio mais cedo foi? Falei sorrindo sentando atrás na cadeira da sua frente enquanto a Ceci sentava na carteira do lado.
- Sim, acordei mais cedo... Falou ele meio seco.
- Ah ta. Você podia pelo menos ter me atendido né? falei na defensiva.
- Você ia chegar aqui uma hora não ia? E iria me ver então não precisava eu ter atendido. Respondeu ele ainda seco e agora um pouco irritado.
- De boa eu falei me virando pra frente e trocando olhares com a Ceci. Ela tava bem puta eu podia ver, ela odiava ver as pessoas sendo grossas comigo, assim como eu com ela. Sempre nos defendíamos quando algo assim acontecia. Porém não era qualquer pessoa que estava me distratando, era o Luís. Nosso amigo, quer dizer MELHOR AMIGO. De repente ele levantou de forma agressiva que até empurrou minha cadeira pra frente e saiu da sala. Eu virei em choque pra Ceci.
- O que diabos aconteceu com ele?
- Eu não sei, mas ele ta passando um pouco dos limites né, falou ela irritada, eu pensei q ele ia jogar a mesa dele pro alto pela forma que ele saiu.
- Eu vejo o que aconteceu com ele? Perguntei com duvidas.
- Acho melhor não Rô. Deixa pra ver se ele esfria a cabeça até a hora do intervalo ai você conversa com ele.
- Ok, assenti triste.
O professor de Geografia chegou na sala e iniciou a aula. O Luís entrou em seguida quando ele passou por mim eu sorri pra ele mas ele fingiu que não viu [ou ignorou mesmo] e sentou no lugar dele. Aquilo me deixou tão triste. Eu ficava tentando focar na aulas pra não ficar me chateando com aquela atitude estranha dele, e sem motivo nenhum ao meu ver, porém foi muito difícil. Quando dei por mim o intervalou chegou. Ele se levantou saiu sem nem da oportunidade pra eu falar um ai com ele. Eu olhei pra Ceci e ela deu de ombros, eu vi que ela tava muito irritada com ele, a ponto de socar o dedo na cara dele e perguntar o que diabo tinha acontecido pra ele ta tão babaca assim. Saímos da sala então e fomos para ao pátio do colégio.
- Você vai procurar ele? Falou Ceci desconfiada
- Acho que sim? respondi na defensiva. Você vem?
- Não Rô, pois sei que vou acabar brigando com ele se ele ficar com aquelas patadas desnecessárias
- Tudo bem Ceci. Me espera aqui. Falei enquanto ia andando pelo pátio procurar o Luís. Fiquei procurando olhando por entre os grupos e depois de uns 3 minutos encontrei ele com uns garotos da nossa sala e os dos outros primeiros anos. Cheguei na rodinha e tinha 5 pessoas com o Luís. Eram eles: Lucas, Pablo, Guilherme e o Alex.
Cumprimentei todos e tentei entrar no assunto que era se alguém tinha pegado alguém na festa da Rafaela. Cada um falou que pegou fulana e beltrana e tudo mais até que o Alex perguntou.
- E você Roberto pegou quem?
- Bem eu... quando de repente me cortaram.
- Ele não faz isso não caras... falou ele rindo ironicamente.
- Como assim Luís? Falou Alex assustado. E todos os outros garotos olharam pra mim.
Será que ele espalhou e mim pra todo mundo? Ele não ta nem louco, isso implicaria em falar dele também, e ele também não tem provas. Eu sempre fui reservado então ninguém, absolutamente ninguém desconfia ou já desconfiou de mim. Eu pensei tudo isso em poucos segundos, o nervosismo das duas uma ou me fazia pensar super rápido ou super lento, dessa vez ele agiu certo e me fez pensar muito rápido. Até que o Luís calmamente termina.
- Ele tem a Cecilia, ele deve dar uns pegas nela escondido, não é Roberto?. A não ser que ele seja burro e nunca tenha feito isso. Falou ele respondendo ríspido e grosso
- Não eu não dou pegas na Cecilia, por que ela é somente minha amiga e não garota de dar “Pegas”. Falei encarando o Luís bem nos olhos e com raiva circulando nas minhas veias.
- Então você é um burro apenas isso. Falou ele rindo de uma forma malvada [?] e fazendo todos rirem.
- Vai ver e isso então né. Falei mais puto do que tudo. Gente vou ali comprar comida, respondi enquanto saia da rodinha. Ninguém respondeu nada mas quando eu olhei pra trás eu podia ver os olhos do Luís em mim. E ele parecia extremamente outra pessoa. Até no olhar. Isso só me fez ficar com raiva e extremamente magoado. Então fui pra cantina me perguntando o que diabos tinha dado nele pra ele ter agido assim o dia todo. E uma hora eu ia ter um explicação dele e ela teria que ser muito bem dada.
O dia passou rápido, pro meu bem, e eu não troquei uma palavra com o Luís. E na hora da saída sai pisando pesado da sala acompanhado pela Cecilia. Quando eu voltei pra companhia dela após o intervalo eu desembuchei tudo que tinha acontecido e eu tive que, com muita dificuldade, ela não tinha que partir pra cima dele pedindo explicação pois isso era algo que envolvia somente eu e ele, por agora pelo menos, mesmo com ela tendo sido citada. Ela concordou e disse que não ia se intrometer por agora. Cheguei em casa Cumprimentei meus pais e meu irmão, almoçamos e depois fui pro meu quarto.
Minha mãe perguntou se estava tudo bem comigo pois eu tava calado eu disse que sim, que era só preocupação com as provas que estavam chegando. Fui pro quarto e desabei na cama esperando que aquele dia terminasse logo. Fiquei o dia todo absorto e apático. Com a cabeça cheia de pensamentos. Ele tava todo ridículo assim por que não falei que amava ele? Ele me pegou se surpresa ora, eu tava confessando algo muito importante pra ele, eu não tava no meu normal, não poderia responder algo assim tão facilmente.
Será que ele não tinha a capacidade de discernir isso???
Que droga isso só torna pior eu me aproximar dele, será que ele é babaca e não vê isso???
Que ódio.
Logo já era terça feira e eu não estava disposto a ir pra escola e ter mais um dia com o Luís tendo aquele tipo de atitude :/. Porém em eu não tinha motivo pra faltar então fiz o habitual matinal [péssima rima :P] e fui pra escola, encontrei a Ceci como sempre e ela começou.
- Rô não fica assim, vai ver foi uma surtada por que ele te viu...
- É... pode ser, respondi cabisbaixo
- Quem sabe hoje ele não ta normal já, e você pode chegar nele e conversar. E até quem sabe se acertarem. E depois ele escrever um pedido de desculpa formal pra mim. Falou ela rindo tentando me animar.
- Isso mesmo Ceci. Vai dar certo respondi me animando um tiquinho.
Quando passamos pela rua do Luís ele não estava na esquina nos esperando. Então presumi q ele não estava normal ainda. E eu tava certo. Infelizmente. Ao longo da semana ele sempre me dava altas cortadas e era super grosso comigo ou a Ceci se ela tivesse comigo. Aquilo tava me fazendo criar raiva dele, pois já tinha passado do limite já as idiotices dele. Porém maior que a raiva era a magoa que tava crescendo em mim de ver o garoto q eu era apaixonado ficar sendo um imbecil comigo sempre que podia. Quando chegou sexta feira eu já tava no meu limite. Eu falei pra Ceci que voltaria só pra casa e ela já sabia o porquê disso. Eu ia confrontar o Luís e sabe de uma vez por todas o que tava acontecendo. E isso tinha que ser só entre nós dois.
Quando o sinal tocou eu sai voejado da sala pois queria chegar na rua dele antes dele. Dito e feito eu consegui :D. Passou uns 15 minutos e eu ele virou a esquina, ele me viu e ficou meio assustado. Quando ele passou por mim eu pensei que ele não ia parar. Então segurei no braço dele
- Você vai passar por mim sem falar comigo? É serio eu falei irritado, Pois não você vai parar e conversar comigo agora. Eu terminei e encarei ele bem no fundo dos olhos dele.
- Ok então Beto. Vamos conversar. Respondeu ele serio.
