A gente transou no chão mesmo, porque colchão é para os fracos. O pior é que a câmera gravou tudo hahaha.
- E não é que isso gravou tudo.
- Deleta isso.
- Tá.
- Não. Deixa.
- hahah Se decida.
- Haha Vem, vamos tomar banho.
- Cê tá ciente que já são mais de meio-dia né?
- E??
- Poxa, fiz até torrada.
- Deixa pra mais tarde.
- Vais ficar aqui.
- Pior que não. Ah, amor. Hoje tem reunião do grupo de formatura. Vamos?
- O que eu vou fazer lá?
- Vamos. Vai ser na pizzaria, é só pra acertarmos uns detalhes.
- Não sei, melhor não.
- Por favor. – ele dizia passando as mãos nas minhas costas.
- Tá.
Ele ficou todo alegre e terminamos o banho. Pedimos almoço num restaurante e minha irmã chegou logo depois que havíamos feito o pedido.
- Tá melhor, Matheus?
- Uhum.
- Isso é só frescura, Julia.
- Também acho.
- Amo vocês também. E Julia, já almoçastes?
- Não o que a mamãe fez?
- Nada. Deixou tudo por minha conta mas a gente pediu comida, a gente divide, quebra uns ovos e tá tudo resolvido.
- Tá.
A relação deles dois sempre foi a melhor possível, bem diferente do meu irmão que não falava muito com o Léo, e isso é assim até hoje. A gente passou a tarde jogando vídeo game até uns dois vizinhos nossos bater lá em casa.
- Oi?
- Fala, Matheus. A Ju tá aí?
- Tá sim, entra.
Eles estavam conversando e do nada me veio a ideia de jogar porrinha.
- Hey, seus cachaceiros. Vamos jogar porrinha?
- Vai mexer nas bebidas do papai?
- Nem, eu prezo pela minha vida. Vai ser com água mesmo.
- Assim é muito fácil. – disse o Ivan
- Ah, então vai ser moleza pra ti.
Fui à cozinha e trouxe um copo e uma jarra d’água. Já havia brincado muito disso com a Julia e o Pedro e sabia que muito água no bucho dói pacas. Julia e eu éramos os que menos bebiam, a gente manja muito e o Léo foi o primeiro a reclamar.
- Ai, minha barriga tá doendo.
- Hahaha Guenta, homem. Agora que eu bebi duas.
- Porra, já bebi umas 7.
Pra ele chamar palavrão é porque a coisa tá séria.
- Tá bom, chorão. Vamo parar.
Ele ficou um tempo deitado passando a mão na barriga e eu morria de rir, longe dele é claro. Fica puto se rir muito da cara dele. Deu umas 18:30 h a gente foi pra pizzaria encontrar o pessoal da turma dele, confesso que eu não tava nada empolgado, até porque só tinha visto eles uma vez e foi ultra rápido. Eles estavam um pouco estressados, dinheiro faz isso com qualquer um. Eles já haviam atingido a meta mas queriam acertar os detalhes da festa, e havia muita discordância e tal e eu só na Coca e fuçando o celular quando sinto tocarem o meu ombro.
- E aí pessoal. – falou
Eu só olhei pra cima pensando “Vai já levar o dele”. Mas ele me olhou e viu que tinha se confundido.
- Foi mal, pensei que fosse o Gean... Matheus, né?
- Aham.
Ele estendeu a mão e eu o cumprimentei, era o Maurício. Foi ele chegar pra paz reinar na mesa, parecia que ele e o Léo botavam ordem naqueles baderneiros, mas o Léo ainda tava preocupado. Ele chamou o Maurício pra um canto e ficaram conversando por um tempo e quando voltaram fizemos pedido das pizzas.
- Quer dizer que tu cursa civil?
O Maurício era o único que se preocupava me manter um papo comigo.
- Uhum, e acho que tu fazes fisio né?
- Hahaha É o que parece. Lembro de ti do niver do Léo.
- Desculpa mas eu não lembro de ti, pelo menos não de falar.
- Relaxa.
Eu já tava até mais “solto” mais tinha uns ali que teimavam em falar sobre o curso, professores e tal, me repelindo da conversa. Peguei meu celular e fui para área de jogos, fiquei no flip até o Maurício me encontrar.
- Tu não foi com a cara deles né?
- Nem um pouco. Desculpa se são teus amigos mas eles são muito chatos.
- Haha Um pouco.
- Escuta, o que vocês conversavam... Tu e o Léo?
- Sobre a missa. Tem gente que discorda de gastarmos com “isso”, mas assim como a minha e a família do Léo, há muitas que gostariam que ela fosse celebrada, mas pra alguns isso é um gasto desnecessário.
- E por que vocês não dividem as despesas só pra quem quer participar?
- Pois é, mas tem mais tumulto aí.
- Ixi, problemas.
- Pois é.
- Que que vocês cochicham aí?
- Falando sobre o quanto a turma de vocês é chata.
- haha Deixa disso. Mas então, o que fazem aqui?
- Resolvi vir jogar, tô muito afim de ficar lá não.
- Então vamos embora.
- Não, fica aí e eu vou...
- Não, vamos todos lá pra casa.
Ele viu minha cara de surpresa.
- Hahah Não, todos eu digo nós três aqui.
- Ah bom.
- Até porquê eu tô afim de beber e dirigindo não rola.
- Concordo em grau e gênero.
A gente foi só acertar a conta e fomos pra casa do Léo. A gente entrou na garagem e o Arthur veio gritando pelo Léo.
- Dinho, aprendi a falar meu nome.
- Haha Mas você já sabe. – disse o Léo carregando ele no colo.
- Mas a professora ensinou, hoje.
Tava confuso, entender criança é um dom, mas logo o Léo ligou os pontos.
- Ahhhh tá. Teve aula de inglês hoje?
- Foi. My name is Arthur.
Claro que ele falou do jeito dele, mas deu pra entender hahha O Léo perguntou a idade dele e ele só ria não entendendo bulhufas.
- Arthur, diz “Oi” pro Matheus e pro Maurício.
- Hi.
A gente morria de rir, porque desde que ele fazia aula de inglês, tudo que falavam em português perto dele e ele sabia como era em inglês, saía repetindo, foi uma luta tirar isso dele.
A gente foi entrando e ele tagarelando, a mãe deletava na sala e foi me ver pra ela subir pro quarto. O Maurício foi ao banheiro e ficamos nós três na sala.
- Matheus, o que você é do meu tio?
- Um amigo.
- Mas não pode.
- Por que?
- O Maurício que é. O João é meu melhor amigo e o meu tio disse que o Maurício é o melhor amigo dele.
Pronto, o que eu ia falar pra ele? Mas logo ele puxou o Léo e cochichou no ouvido dele.
- O Dinho (ele chama assim porque o Léo é padrinho dele) disse que você é um colega mas não é a mesma coisa?
- É...
- Então posso te chamar de tio?
- Arthur...
- Igual a minha professora. Eu chamo ela de tia mas ela não é minha tia. Minha mãe que me disse. Ela disse que pessoas mais velhas a gente pode chamar de tio. Mas você não é velho.
O menino não parava de falar. Deduzi que ele queria me chamar assim por eu ter começado a frequentar um pouco mais a casa do Léo mas se fosse por isso, o Maurício também mas depois eu vim descobrir que ele também tentou chamar o Maurício assim mas ele disse pro Arthur que era o “brother” dele, aí ficou. A mãe dele logo o chamou pra dormir e a gente ficou bebendo até o sono chegar. O Maurício dormiu em um colchonete no quarto do Léo.
Quando acordei de manhã só o Maurício tava no quarto mas eu enrolei na cama e voltei a dormir e acordei de novo com alguém fazendo barulho. Eu poderia ter ido lavar o rosto, escovado o dente mas minha curiosidade não deixou e fui pra escada ver o que era. Até porque eu ouvia piano mas até onde eu sabia quem tocava era mãe do Léo. Quando cheguei na sala o Léo tocava até que o Arthur começou:
- Canta, tio.
- Senta.
“Posso te falar dos sonhos Das flores
De como a cidade mudou
Posso te falar do medo Do meu desejos
Do meu amor...”
Ele cantava e o Arthur acompanhava baixinho sentado no braço do sofá balançando as perninhas curtas. Fui saber que o Arthur adora Ivete Sangalo, Djavan, Roberto Carlos. “Aki é otro nível, kirida!” hahahaha
O Arthur logo me viu e veio correndo.
- Tiiio, eu não fui pra aula. Meu tio disse que o senhor saber fazer lanche gostoso.
Senhor? Hahaha Achei estranho e fofo ao mesmo tempo e acabou que eu fui fazer o “lanche gostoso” pra ele. Deixei o garoto comendo na mesa e o Léo me puxou.
- Léo, como a mãe dele deixou ele faltar aula?
- Nem eu sei.
- Ela foi na casa do Thiago. – disse o Lucas.
Thiago é o pai do Arthur.
- Na casa deles né?
- Não, acho que ele largou ela.
O relacionamento deles nunca foi um dos melhores. Basicamente ele carregava a irmã do Léo nas costas, ela nunca trabalhou e quando teve o Arthur aí que ficou mais relaxada. O pior é que em toda essa onda de separação que iria sofrer mais era o Arthur, pois eu sabia que o Thiago ia querer a guarda e isso ainda ia dar merda.
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Esse ainda é um dos contos que eu havia preparado quando a gente viajou mas eu só achei ele ontem no PC hahaha Organização mandou lembranças hahaha
Mais tarde volto com outro lol
Até...