Acordei e fiz minha higiêne. Fui até o quarto do Breno e lhe dei bom dia, seguido de um beijo nas bochechas. Disse que se fosse usar meu lar como motel, que respeitasse meu quarto.
– dorme lá e eu te jogo pela janela. São dez andares, pense bem. Ah, desligue o gás quando sair, vou deixar anotado na geladeira pra você não esquecer. Outra coisa, só me ligue se alguém morrer. Não quero resolver negócios pelo telefone. Te amo, fique longe do meu reino.
– rsrs, ta bom, entendi tudo. Vão com Deus mano.
– fique com ele. Ah, se eu fizer DNA na cama e o esperna não for nem meu ou do Ricardo, tu ta fodido. Esqueço que você é meu irmão e te arrombo o cu.
– kkkkk, que ameaça mais nojenta pow. Já entendi. E não tenho ninguém pra trazer aqui. Vá tranquilo.
Me despedi e fui até o outro quarto. Os irmãos ainda dormiam. Isso que disse ao Rico pra me esperar pronto. Acabei ficando com pena e o acordei com beijos.
– já?
– já, levanta e vá se arrumar, acorde o nosso pimpolho.
– rsrs, porque você é tão perfeito heim?
– porque tenho você. Agora levante e acoda o anjo. Vou arrumar nosso café.
Fui pra cozinha e em vinte minutos eles se arrumaram Trouxeram consigo as malas. Uma cada. Era o suficiente.
– tomem café e vão ao banheiro. Ricardo, vem comigo, preciso que me ajude.
Ele me acompanhou até o quarto e fechei a porta. O abracei e o beijei. Segurei em seu quadriu e o prensei contra a parede. Nos beijamos por uns dez minutos, seus lábios estavam inchados e vermelhos. Pedi que me ajudasse a levar tudo pro carro.
– pegue traveiros e duas mantas finas.
– ta. Mais alguma coisa?
– não. Acho que podemos ir.
O caçulinha cochilava no sofá e acordei o garoto. Descemos e colocamos tudo no porta malas. Avisei ao porteiro que só ficaria meu irmão em casa e que lembrasse a ele das correspondencias.
Fomos pegar meu carro e a loira de farmácia veio abrir a porta e disse que o Evandro havia saido com o guincho. Fomos até a oficina e peguei meu carro, deixei o do Rico e colocamos tudo no porta malas.
– Edu, coloca uma música pra gente ouvir? – disse o Miguel ainda com uma cara de sono.
– só tenho um cd aqui, e é de música clássica.
– pode ser, eu gosto.
Coloquei Mozart e o Ricado me olhou rindo.
– o que foi Rico?
– não sabia que ouvia Mozart.
– rsrs, ouço. Me faz pensar na vida. É como um calmante pra alma, me deixa em paz comigo mesmo.
– verdade, eu também gosto.
O Miguel dormiu e fomos conversando. Lembrei do nosso saudoso Renato Russo, que com suas poesias em forma de música, elevou o status da música brasileira, conseguindo mudar toda uma geração nos fazendo questionar " Que país é esse". Penso que até hoje não sabemos a resposta correta. No meio da conversa, ainda sobre o Renato, disse que seria o máximo poder ver na telona, a história de Faroeste Caboclo e hoje ela está aí. Renato ainda tinha muito a nos dizer, muito o que escrever, mas ficará vivo em nossos corações.
Engraçado como são as coisas, você escreve uma música sem pensar na importância e sentido que ela dará a alguém.
Eu todo empolgado com o discurso sobre o meu ídolo, disse muitas outras coisas,mas quando me viro, vejo o meu amor dormindo. Fiquei puto kkkkk, imaginando onde me perdi na conversa que não percebi o seu cair no sono. Cobri o Ricardo com a fina manta e liguei o ar frio do carro.
Três horas depois ele acordou, veio até mim e me beijou. Senti seus lábios quentes. O Ricardo é assim, sua pele é estremamente quente, não importa o frio que esteja. No inverno dorme sem camisa e fica sem camisa dentro de casa. Digo que ele é meu aquecedor natural, ele consegue suar e molhar o lençol, mesmo com o ar frio ligado.
– onde estamos? – ele disse.
– falta um tanto ainda, quase em Ponta Grossa.
– rsrs, vou mandar sms pra ninha mãe, o Miguel ainda está domindo? Não acordou nenhuma vez?
– não. Dorme feito pedra, até parece o Breno.
– quer descansar? Quer que eu dirijo um pouco?
– não, to bem. Fale com sua mãe.
Senti um solavanco. Era só o que faltava. Parei o carro no acostamento, liguei o alerta e desci. Havia furado o pneu de trás. O Miguel acordou e pedi que eles decessem do carro.
– vou sinalizar a pista, fiquem longe do asfalto.
– você sabe trocar pneu? – disse o Rico deboxando.
– hahah, claro né. Acha o que? Só por causa desse comentário, não vai ganhar sobremesa. Vi o Miguel distraido e apertei o pau.
Safado, ele disse baixinho. Troquei o pneu num sol escaldante e seguimos viajem. Paramos em Ponta Grossa, fomos ao banheiro, comprei refrigerante para o caçula e de novo pé na estrada.
– querem almoçar no caminho, ou quando chegarmos na pousada?
– na pousada Edu, quero chegar logo. – disse o Miguel.
Faltava três horas de viajem. Os meninos foram comendo no carro. Lembrei da sorte que tivemos em conseguir uma reserva. Havia acabado de desocupar dois quartos.
Fomos conversando e o Miguel já ancioso. Rimos muito de suas piadas, ele é um menino muito divertido, é até hoje. Acho incrível como ele me respeita, nunca nesses quatro anos me tratou com falta de educação, brinca dizendo que sou o seu pai postiço. Sinceridade, se tivesse um filho, queria que fosse como o Miguel.
– na boa, quando chegarmos, vou dormir um pouco.
– deixa eu dirigir Edu.
– rsrs, já disse que não Rico. – disse e ele rosnou kkkk.
Meu carro estava cheirando a Cheetos. Alguem pode me explicar, como algo pode feder tanto? Hahah.
Os dois domiram mais um pouco e estávamos quase chegando. Gente bonita por todos os lugares, música alta, crianças correndo ou fazendo castelos de areia, enfim, praia.
Parei o carro e acordei os meninos.
– chegamos!
Saltaram os dois feitos desesperados e o Ricardo pegou o irmão pelo braço, atravessando a rua e indo até a areia. Me deixaram sozinho kkk. O gerente da pousada veio me receber.
– continua o mesmo. – ele disse me abraçando.
– não, estou mais bonito kkkk.
– vou te falar heim, só fiz sua reserva sem pagamento porque era você.
– eu sei, obrigado, e o maridão?
– vai bem, está trabalhando. Veio sozinho?
– vim acompanhado. Trouxe o namorado e o cunhado.
– você, namorando alguém?
– kkkk, pois é né. Mas depois te conto tudo.
O Ricardo voltou e apresentei ele ao Pablo. Levaram nossas malas até o quarto e me joguei na cama.
– preciso de proteína. – disse.
– to com fome também amor. Quem é esse Pablo?
– é o gerente da pousada. Nos conhecemos a anos, sempre vinha aqui com amigos e com os manos. Sorte ele ainda trabalhar aqui, sem pagamento adiantado eles não fazem reserva.
– ele é bonito. Não me diga que já ficou com ele?
– não, ele é casado hoje. Mas quando o conheci, ele namorava, depois terminou e engatou um romance com um Canadense metido a Texano, hahaha, maior figura, estão juntos até hoje. O era mochileiro, se conheceram em Floripa. O Pablo voltou e deixou o endereço da pousada com o estrangeiro. No ano seguinte o cara voltou e apareceu do nada. Pensa em amor a distância. Namoraram dois anos, ele no Texas e o Pablo aqui. Se viam duas vezes no ano. O Robert não aguentou a saudade e veio de vez pra cá. Abriu uma agência de turisto e casou com Pablo.
– caramba, isso que é amor rsrs.
– quando se ama de verdade não existe distância, mas estar perto é necessário, não é mesmo? Troquem de roupa, vamos almoçar. Depois, vão a praia se quiserem, vou ficar e dormir um pouco. Mas amor, me acorde em no máximo duas horas, quero aproveitar o horário de verão com vocês.
– tudo bem. Vamos Miguel?
– já estou pronto Rico. – ele disse sorrindo.
Fomos almoçar.
Nunca vi moleques pra comer tanto, quase dividi a conta com o Rico kkkk. Pediram a sobremesa, disse não comece muito pois ia demorar pra fazer digestão.
– Rico, eu vou dormir um pouco, não deixa o teu irmão sozinho.
– rsrs, claro que não. Vai tranquilo amor. Ah, já que vai bancar a viajem, passe aqui alguns reais. Vai que preciso.
Sorri dando a ele algum dinheiro, dei um beijo em sua testa e fui descançar. Eles foram comigo no quarto e trocaram de roupa. O Miguel foi ao banheiro e aproveitar pra namorar o Rico.
– vai deixar seu leke sozinho na praia?
O abracei por trás e beijei sua nuca.
– preciso me preocupar em te deixar sozinho? – disse em seu ouvido.
– você sabe que não, sabe que o que sinto aqui é só teu. – disse levando minha mão até seu peito.
– sei sim. Vai lá, brinque com seu irmão. Daqui a pouco vou também. – disse e o beijei.
Ouvi a porta do banheiro destrancar, soltei o Rico e o Miguel chamou o irmão pra ir.
Como sabia que o Rico ia perder a noção do tempo, coloquei meu celular pra despertar.
Fui despertado com um beijo na boca.
– acorda tiozinho rsrs.
– cadê o Miguel?
– no parque da polsada, está brincando com outras crianças. E não se preocupe, disse que viesse direto pro quarto se não quisesse mais brincar.
Olhei o celular e faltava dois minutos pra despertar.
– pensei que fosse esquecer de me acordar.
– rsrs, não. Posso deitar aqui?
– quer fazer carinho no homem que te ama? – disse e ele se deitou.
– uhum. Sabe Edu, nossa próxima viajem poderia ser só nós dois. Tipo lua de mel rsrs.
– prometo que a próxima, será só você e eu.
– você me ama muito?
– demais Ricardo.
– até que ponto?
– até o ponto de te querer só pra mim. Amor, quer me dizer alguma coisa?
– não, to de boa e você?
– não.
Nós dois estávamos mentindo, ele esperava um pedido, um pedido de alto que lhe fosse prova o suficiente de meu amor por ele, mas eu não estava em condições de fazer. Ele se aninhou em mim e com aquela voz grave disse que queria ir pra praia. Fomos pegar o Miguel e resolvemos fazer uma caminhadaContinuaMuito obrigado pelos comentários e a todos que leem. BEIJO grande... :)