NARRAÇÃO DO GUSTAVO
Saí daquele hospital cego de ódio. Meu único filho tinha virado uma bicha, se tornou um ser que sempre desprezei. Voltei para o hotel que estava hospedado e fui direto tomar um banho. Na minha cabeça não entrava o fato do Ricardo estar casado com outro homem, aquilo me fez até esquecer sua doença. Para mim o fato dele ter se tornado homossexual era mais grave o que o câncer. Após o banho deitei na cama ainda com o roupão. Minha cabeça estava um turbilhão, não conseguia organizar meus pensamentos. Em meio aquela confusão mental caí no sono.
Durante o sono tive um sonho. Um sonho que parecia real de tão detalhado, nele estava minha amada esposa Sara. Ela era e ainda é a mulher da minha vida. No sonho estávamos na nossa antiga casa antes do Ricardo nascer, ela estava com 7 meses de gestação. Sara estava sentada entre minhas pernas e juntos acariciávamos sua barriga.
Sara - Guh! Já escolhi o nome do nosso filho.
Gustavo – Eu pensei que fossemos escolher juntos.
Sara – Eu tenho certeza que você vai gostar.
Gustavo – Qual é?
Sara – Ricardo!
Aquele nome me soou tão agradável, tão perfeito.
Gustavo – Gostei! Então será Ricardo. Do jeito que meu amor quer.
Sara – Esse nosso filho vai ser muito amado. Tenho sonhado com você a minha vida toda.
Ela dizia essas palavras olhando e acariciando sua barriga.
Sara – Independente de qualquer coisa você sempre será meu orgulho.
Gustavo – Nosso orgulho. Vou te amar incondicionalmente meu menino.
Acordei assustado com aquele sonho. Na verdade não era um sonho, aquela cena realmente aconteceu. Foi daquela forma que escolhemos o nome do Ricardo. Como éramos felizes naquele tempo.
Sara e eu sempre fomos apaixonados por crianças, era nosso sonhos ter vários filhos. Infelizmente ela tinha um problema no útero que a impossibilitava ter filhos, fizemos diversos tratamentos, mas nada dava resultado. Tentamos até um tratamento fora do país, mas os médicos não nos davam certeza de nada.
Por um milagre ela conseguiu ficar grávida do Ricardo, mas a gestação era considerada de risco. Nós estávamos nas alturas, finalmente iriamos realizar nosso maior sonho. Quando soubemos que era um menino, fiquei extasiado, meu primeiro filho seria um menino.
Quando finalmente chegou o dia do parto eu não me aguentava de tanta ansiedade. Tivemos muito cuidado durante a gestação, seguimos a risca todas as recomendações médicas. Naquela sala de espera parecia que o tempo não passava. Após algumas horas o médico veio trazer notícias.
Doutor – A criança nasceu saudável, estamos fazendo os primeiros atendimentos e logo ela será lavada ao berçário.
Todos na sala deram pulos de alegria. Eu por impulso abracei o médico que ficou assustado de início, mas depois retribuiu o gesto. Quando me soltei do dele vi que seu rosto estava triste.
Gustavo – O que foi, Doutro? Que cara é essa?
Doutor – Infelizmente não tenho boas notícias em relação a sua esposa. Ela teve um séria hemorragia durante o parto, tentamos controlar, mas ela não resistiu. Sinto muito!
O mundo parecia ter parado naquele momento, senti que tudo se movia em câmera lenta. Minha vida virou um completo inferno a partir daquele momento. Sem Sara ao meu lado não havia razão para eu viver. Chorei até não ter mais forças.
Os dias que se seguiram foram os piores da minha vida. Ver o caixão sendo baixado na cova foi a cena que me marcou até hoje, aquela lembrança ficou gravada em minha cabeça. Depois de todo aquele sofrimento eu entrei em uma profunda depressão, cheguei a tentar suicídio duas vezes, mas os empregados me impediram de por fim ao meu sofrimento. Quando finalmente consegui me recuperar, o Ricardo já estava com 5 anos. Eu havia perdido 5 anos da minha vida e da vida do meu filho para a depressão. Esse tempo ele foi criado pelos meus pais e empregados. Eu estava tão preso na minha tristeza que o deixei de lado completamente. Parecia que havia uma barreira entre nós, não conseguia passar muito tempo com ele. Sempre que via aqueles olhos verdes iguais os de Sara, meu coração doía como se algo o apertasse. Sei que ele não tinha culpa de nada, mas eu não conseguia me aproximar dele. Isso me matava por dentro, pois aquele filho foi tão desejado. Para tentar não ficar doido de vez enfiei a cara no trabalho. Era uma forma de ocupar minha mente para não pensar besteiras.
Os anos foram passando e o Ricardo cresceu. Meu filho era lindo e muito inteligente, um orgulho para mim, mas não conseguia expressar esse sentimento. Vivemos como estranhos dentro de casa. Depois de certa idade Ricardo começou a se comportar de modo muito estranho, saia quase todas as noites, faltava aos compromissos da empresa, até perdemos um grande contrato por causa de sua irresponsabilidade. Depois de adulto começou se comportar como um adolescente rebelde.
Em uma tarde quando passei no escritório, o encontrei bêbado em sua sala. Aquilo para mim foi a gota d’água. Naquele dia tivemos nossa pior briga. Eu estava tão exaltado que sem pensar direito o expulsei da empresa e de casa. Depois daquela briga saí do país, não queria mais nenhum contato com o Brasil. Nunca mais fui o mesmo depois da morte da minha esposa. Não tive notícias do Ricardo, o pouco que sabia era por parentes. Sentia falta do meu filho, mas meu orgulho sempre foi maior.
Depois de anos fora do Brasil, recebi uma ligação de um amigo do Ricardo. Depois de muito tempo àquela sensação de perda voltou ao meu coração. Ouvir que meu filho estava doente me doeu tanto que me fez lembrar a morte de Sara. Como um louco voltei para o Brasil. Estava disposto a qualquer coisa para ficar ao lado do meu filho. Aquela frase que diz que só damos valor quando perdemos, resumia bem o que sentia naquele momento. Estava prestes a perder meu filho, só assim comecei a dar valor.
Quando cheguei fui direto ao hospital. Corri até a recepção onde me informaram o quarto do Ricardo. Abri a porta do quarto bem devagar e vi meu menino deitado. Toda minha vida com ele passou diante dos meus olhos, vi como era distante do meu filho. Ele sempre buscando minha atenção e eu o ignorando. Cheguei perto da sua cama e passei a mão em seu rosto. Ele abriu os olhos e se assustou ao me ver.
Ricardo – Pai?
Gustavo – Oi!
Ricardo – O que o senhor está fazendo aqui? Pensei que estivesse nos EUA.
Gustavo – Você acha que eu ficaria longe no momento em que meu filho mais precisa de mim.
Seu olhar era de desconfiança. Não tirava sua razão. Nunca fui presente e do nada apareço como se nada tivesse acontecido.
Ricardo – Não precisava se incomodar, estou bem.
Gustavo – Me perdoa, filho?
Ricardo – Que?
Gustavo – Me perdoa por não ter sido o pai que você precisava.
Ricardo – A essa altura do campeonato você vem me dizer isso? Você só pode estar de brincadeira.
Gustavo – Sei que nada o que eu disser vai apagar os anos de falta como pai.
Me ajoelhei ao lado da sua cama e ali prostrado chorei incontrolavelmente.
Gustavo – Só não quero perder você como perdi sua mãe.
Estávamos muito emocionados, era uma situação em que feridas estavam sendo tratadas. O Ricardo chorava feito criança, enquanto eu ouvia aquele choro como uma forma dele colocar para fora todo o ressentimento que lhe causei. Ficamos algum tempo naquele silêncio onde só nosso choro era ouvido.
Ricardo – Você não sabe o quanto esperei para ouvir isso. Apesar de tudo que o senhor fez pra mim, nunca tive raiva. Algo dentro de mim dizia que atrás de toda aquela indiferença o senhor me amava.
Abracei meu filho como se fosse a primeira vez que o via. Lembro que não o peguei na maternidade, então aquele abraço era como se ainda fosse bebê. Ficamos abraçados por um tempo até sermos interrompidos.
O que ocorreu depois já é de conhecimento de todos. Saber que meu único filho havia se tornado algo que tanto desprezava era demais para mim. Saí daquele hospital completamente atordoado e com muito ódio daquele rapaz, o Luca. Provavelmente ele deve ter feito a cabeça do meu filho.
Passaram-se alguns dias após o ocorrido no hospital. Recebia notícias do Ricardo por meio de parentes. Quando soube que ele havia recebido alta meu coração se encheu de alegria e alívio. Decidi ficar no Brasil mais alguns dias para resolver os assuntos da empresa, fiquei tão envolvido que não via o tempo passar.
Mais alguns dias passaram. Eu estava no meu escritório quando escutei vozes alteradas do lado de fora da sala. Era a voz da secretária e de um homem. Resolvi ver o que estava acontecendo.
Gustavo – Sônia, o que está acontecendo aqui?
Sonia – Seu Gustavo, este homem quer vê-lo, mas não tem hora marcada.
Homem – Então você é o Gustavo?
Gustavo – Sim!
Homem - Temos muito que conversar e vai ser agora.
Aquele homem veio para cima de mim e me agarrou pela gola da camisa.
Homem – Vamos ver se você homem o suficiente para bater em alguém do seu tamanho.
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Dou um bombom pra quem descobrir quem é esse homem? kkkkkkkkkkkkkk
Oi meus amigos! Mais uma parte para vocês. Está cada vez mais difícil escrever, não tento pelo tempo, mas pela inspiração mesmo. Demorei para postar essa parte, pois não gosto de fazer as coisas pelas "coxas", gosto de fazer algo bem feito. Escrevi e reescrevi esta parte umas quatro vezes..kkkkkkkk. Espero que gostem.
Edu19>Edu15 - Foi com muita dor no coração que fiz isso, mas logo a felicidade vai reinar para eles. Obrigado pelo carinho. Bjos
Augusto3 - Oh meu amigo! Vc que é queridão, adorei nossa conversa. O pai do Ricardo ainda vai causar um pouco...rsss. Obrigado pelo carinho. Bjos
NandoSexy - Obrigado pelo carinho. Bjos
FabioStatz - Amigão do meu coração. Obrigado pelo carinho. Bjos
agatha1986 - Obrigado pelo carinho. Bjos
hyan - kkkkk...vai ter casório. Vou ser padrinho! Obrigado pelo carinho. Bjos
Cândido - Obrigado pelo carinho. Bjos
Angelmix - Minha miguxa...triste mesmo, mas logo isso vai passar. A realidade é 1000 vezes pior, só quem já passou por isso sabe. Obrigado pelo carinho. Bjos
Pyetro_Weyneth - Meu irmão de coração! Fiquei muito feliz e emocionado com suas palavras. Tbm não esperava fazer amizades pela net, mas fui surpreendido. Você que pode contar comigo a hora que precisar, amigos são pra isso. Um grande abraço!
diiegoh' - Obrigado pelo carinho. Bjos
PANDINHA - Logo vira a felicidade para os dois. Realmente amar e ser amor deve ser tudo de bom, infelizmente não sei o que é isso ainda. Triste né?! Enquanto não vivo um amor na vida real, vivo nos meus contos...rssss. Obrigado pelo carinho. Bjos
Ru/Ruanito - aaaaaaaaaaaaaaa...sim mano...rssss. Calma que tudo se ajeitará, confia em mim. Obrigado pelo carinho. Bjos
Marinho bahia - Adorei seus recadinhos no skype. Obrigado pelo carinho. Bjos
elizzs - Que bom está gostando, fico muito feliz. Obrigado pelo carinho. Bjos
Obrigado pelo carinho. Bjos
Gossip Boy - Cara! Me diz como você consegue escrever um conto tão gostoso de ler? É maravilhoso. Obrigado pelo carinho. Bjos
Yld - Amigo lindo! Obrigado pelo carinho. Bjos
ametista - Minha amiga maravilhosa, tbm gosto de vc por demias da conta. Seus comentários me dão mais vontade de escrever. Muito obrigado por tudo, vou sentir saudades quando o conto terminar. Bjão lindaaa!!!
kattymoreninha - Foi muito bom poder desabafar com você por e-mail. Fico feliz pela confiança mútua que estamos desenvolvendo. Adorei o "vem cá meu puto", rolei de rir. Bjão nesse coração lindo q vc tem!
Plutão - Oh sumido! Não faz mais isso comigo. Vou começar a postar o Segunda Chance só depois que terminar minhas aulas, em dezembro eu acho. Obrigado pelo carinho. Bjos
Dr. Romântico - Meu amigão! O sofrimento logo terá fim, daí será só amor...rssss. Meu amigo que sempre me ajuda quando preciso, você tem parte neste conto. Obrigado por tudo mesmo. Bjão amigo!!!!
Bjos e abçs para todos!!!!