DUAS CARAS
Capítulo 16
- Tudo bem cara. – Falou ele se levantando do chão e me estendendo a mão para levantar também. – Só vê se presta mais atenção. – Falou rindo.
- To procurando minha sala. – Falei. – Por isso não prestei atenção, foi mal.
- Qual curso? – Perguntou-me.
- Direito.
- Primeiro dia hoje?
- Sim.
- Ótimo. – Falou ele.
- Ótimo por quê?
- Vamos estudar juntos. – Falou. – Agora me siga que te mostro nossa sala. E ainda evito que você atropele mais alguém.
- Muito engraçado. – Falei fechando a cara, e o seguindo até a sala.
Estava mais perto do que pensava, inclusive havia passado por ela uma vez, não sei como fui capaz de me perder desse jeito. Não falamos mais nada, apenas entramos na sala que já estava praticamente cheia, me sentei em uma das cadeiras vazias e ele se sentou na cadeira ao lado. Ainda não havia adentrado nenhum professor. Nisso ele me cutucou.
- Cara, nem nos apresentamos.
- Pois é. Sou Bruno. – Falei.
- Me chamo Diogo.
- Já sabia seu nome.
- Como? – Perguntou.
- Talvez você seja uma das poucas pessoas que ainda escrevem o nome na mala. – Falei rindo.
- Ah, nem me lembrava disso. – Falou virando sua a mala com a parte do nome para baixo.
Nisso entrou na aula, uma mulher alta e loira, muito bonita, junto com outros dois homens bem mais velhos, um careca magro bem vestido com terno e gravata e um barrigudo vestindo uma camisa roxa que parecia querer estourar os botões.
Aquela bela loira pediu silencio e começou a falar:
- Sejam todos bem vindos. Pra quem ainda não me conhece, sou Renata coordenadora do Curso de Direito. Esses aqui ao meu lado, o Doutor Reinaldo e o Doutor Julio Cesar. Eles que serão seus professores ao decorrer desse ano.
A Renata ficou mais alguns minutos explicando mais sobre a Faculdade e sobre o Curso, passou alguns vídeos e nisso se passou praticamente uma hora. Ela saiu da sala e deixou para o Reinaldo continuar. E nisso se foi mais meia hora explicando sobre a faculdade e o curso, parecia uma repetição do que a Renata já havia falado. “Que chatice” – Pensei.
- Peguem seus cadernos, quero que anotem algumas coisas que irei passar no telão. Sobre nossos planos de aula e a matéria que iniciaremos. – Ordenou Dr.Reinaldo. – Quero que anotem o nome de alguns livros que deverão ler ao longo do Curso, vocês podem o encontrar na nossa Biblioteca, ou em algumas bibliotecas publicas, alem de encontrar nas Livrarias.
Assim se passou demoradamente o primeiro dia de aula, quase não tivemos intervalo, tamanha era à “empolgação” do velho careca.
Num curto intervalo de tempo que tivemos, fiquei conversando com o Diogo, nisso duas garotas que também começavam o curso veio conversar conosco. Uma morena muito bonita a Stephanie e uma loira com um belo par de olhos azuis a Jennifer. Em poucos minutos de conversa, e já tínhamos um “grupinho” formado. Voltamos para a sala, onde o professor nos passou as primeiras matérias, falando muito sobre Filosofia e estava achando de inicio um saco. A aula terminou por volta das 22:30 e fomos nos 4 saindo.
- Vocês vão embora como? – Perguntou Jennifer.
- Eu vou de carro. – Falou Diogo.
- Eu vou a pé mesmo, moro aqui perto. – Falei.
- Como moro longe pacas só de Condução mesmo. – Disse Stephanie.
- Te acompanho então. – Falou Jennifer.
- Tchau meninos. – Falaram as duas praticamente juntas.
Eu fui andando pra fora da Faculdade, e o Diogo me disse:
- Você disse que mora perto, eu te levo.
- De jeito nenhum. Não se preocupe. – Falei.
- Aff cara, não me custa nada. – Me encarou. – Além de ser perigoso andar a pé essas horas.
- Já percebi que não adianta eu querer discutir.
- Nem um pouco. – Falou rindo. – Vamos.
Fomos até o estacionamento da Faculdade.
- Onde você mora? – Perguntou quanto entrava no carro.
- Aqui na Asa Norte mesmo. Perto do Autódromo. – Falei.
- Perto mesmo.
- Falei que eu poderia ir a pé mesmo.
- Não né, é perigoso do mesmo jeito. Não me custa nada mesmo te levar, é caminho para mim.
- Obrigado. – Disse timidamente.
No caminho fomos conversando mais um pouco e ele parou com o carro na frente de casa. Agradeci por me trazer, me despedi dele.
Abri o portão e entrei dentro de casa. Abri a porta e estava tudo escuro, a única iluminação que tinha era de algumas velas que decoravam o ambiente, um cheiro delicioso de comida penetrou por meu nariz fazendo minha barriga roncar mais ainda de fome. Acendi a luz e procurei pelo o Arthur. A casa estava muito bem arrumada, a mesa posta pra duas pessoas com algo cheirando muito bem, velas e flores decoravam o ambiente. Se era um velório eu já tava procurando pelo defunto. Deixei minhas coisas em cima da cama, e as luzes se apagaram novamente. Senti alguém se aproximar de mim, me segurar pela cintura, beijar minha nuca, massagear minha barriga, meu peito por baixo da camiseta, um cheiro de perfume, que ganhou do cheiro da comida que estava na mesa, eu conhecia aquele perfume.
- Arthur. – Suspirei.
Continua...