Voltei dirigindo, mesmo sem conhecer nada da estrada daquele lugar, e Cris, como de costume, me guiaria. Fomos até a pousada, onde ela me deixaria e assumiria a direção até sua casa. Já era fim de tarde, estava muito cansada, precisava dormir um pouquinho para me recuperar da intensidade que foi aquele dia.
Chegando, tomei praticamente uma garrafa d'água, tomei banho e me deitei. Dia seguinte, trabalho normal e, como sempre, morta de cansada, cochilei em torno de 2h, sendo acordada pelo toque do meu telefone. Era uma mensagem da Cris: "Acordada ou se espreguiçando na cama? Chego daqui a pouco." Foi o tempo de fechar os olhos e ela chegar. Ah, como ela adivinhou que eu estava com preguiça? Mal tinha forças para me levantar e abrir aquela porta.
Cris: Oi! (Que sorriso lindo!)
Julia (juro que tentei dar um sorriso estimulado pelo seu, mas...): Oi! Entra.
Cris: Oh, Ju! Que carinha é essa?
Julia: Nada, só sono mesmo.
Depois de fechar a porta, corri para a cama que me esperava de "braços" bem abertos para me receber. Ela deitou sobre mim, me encheu de beijos e segurou meu rosto entre suas mãos.
Cris: Não acredito que vai me trocar por essa cama!
Julia: Oh, Cris, e tenho que escolher, é?
Cris: Melhor não, corro risco de perder...
Julia: Fica aqui comigo... quietinha. (abracei-a, acariciando seu corpo e nos beijamos)
Cris: Sabe que se eu ficar aqui contigo, certamente não é pra ficar quietinha... (já estava a tirar minha blusa)
Julia (rindo): Você é um perigo, não para nunca, heim?!
Cris: Nunca... com você, nunca!
Cris: Uns amigos me chamaram para ir a uma festa que vai ter numa boate na sexta-feira. Vamos comigo?
Julia: Sexta, pode ser. Hoje, nem amarrada.
Cris: Oh, Ju, vim te chamar para sair, não queres?
Julia: Hum... para onde?
Cris: Janta comigo?
Depois de muito relutar uma saída um tanto agitada para os meus planos, concordei. Fui tomar meu banho. Saí super empolgada de passar minha noite ao lado da Cris. Ela estava com uma cara horrível, segurando meu celular nas mãos. Olhou para mim com ódio nos olhos, nem sabia o que estava acontecendo, mas só pela sua expressão meu corpo todo foi tomado por um gelo absurdo.
Julia: O que foi?
Cris (aos berros): O que foi! Quer me fazer de idiota, Julia? Que merda é essa...
Julia: Cris, calma! Deixa eu ver.
Cris: O que você tá me escondendo? Fala logo...
Julia: Não tô escondendo nada, o que está acontecendo?
Ela, num impulso, me prendeu contra a parede tomada pela raiva que surgira não fazia a menor ideia de como.
Cris: Não olha mais na minha cara! Nunca mais quero te ver.
Largou-me e foi embora. Meu celular ficara jogado em minha cama, corri para ver o que estava lá, o que levou a deixá-la transtornada daquele jeito. Nele, estava aberta uma mensagem: "Ju, minha linda, estou louca de saudades. Preciso te sentir de novo, ter você em meus braços e acabar com todo esse desejo que tenho por você." Caralho, tudo errado. Ela entendeu tudo errado. Fiquei desesperada, como fazer para que ela me escute e acredite no que tenho para falar. Eu só queria a Cris, estar do lado dela, eu só desejava ela. Caí no choro descontrolado, parecia uma criança em prantos. Acabei dormindo em meio aos farrapos que Cris havia me deixado. Dias se passaram sem qualquer notícia dela. Nos primeiros dias até enviei mensagens para ela pedindo para encontrá-la, falar com ela, tentar explicar. Não tive um sinal sequer dela. Super braba, minha Cris! Como faço para vê-la novamente? Estava tomada pela angústia que, a essa altura, fazia parte da minha rotina.