O caminho até a casa de Alisson foi incrivelmente tortuoso para mim, ficava pensando se a mãe dele não era uma pessoa perigosa, no que meu pai não iria dizer quando soubesse e coisas assim. Mas não externalizei nenhum desses pensamentos, apenas o segui lentamente por uma vereda oposta à que eu costumava utilizar. Saímos em outro ponto da cidade, um que eu não conhecia muito, onde ficava uma lagoa enorme da qual afluía o riacho em que nos conhecemos. Aquela lagoa era conhecida na região, porque haviam muitas mansões construídas em seu redor. Era o lar das famílias mais tradicionais da cidade. Só que, exatamente por ser a parte mais antiga, havia lá também um grande agrupamento de moradias extremamente pobres, inclusive em áreas que alagavam durante o período de chuvas.
Logo imaginei que o Alisson iria me encaminhar para algum daqueles barracos extremamente pobres onde a mãe dele provavelmente venderia substâncias ilícitas. Estava pensando em como podia estar sendo idiota, quando ele me puxou para subir em um ancoradouro de uma mansão. Era uma propriedade enorme, que ia da rua até o barranco onde começava a lagoa, saindo da mesma havia um caminho de pedras que levava até um ancoradouro alguns metros dentro da lagoa, foi nele que subimos. Era visível uma mansão estilo sobrado (2 andares) que dominava toda a propriedade e devia ter uma linda visão. Alisson entrou pelo muro, que era bem baixo e caminhou até a mansão.
- Essa é sua casa? - Indaguei.
- É sim. Porque?
- Nada, é muito linda. -Elogiei.
- Tá vendo o que tá perdendo se não me aceitar em namoro? - Zombou ele.
- Deixa de ser ridículo, não tô atrás de dar golpe em ninguém não.
Rindo, entramos na propriedade e nos encaminhamos para a enorme varanda, parecia uma casa de veraneio e não um lugar onde alguém morasse o tempo todo, devia ser um sonho morar ali com aquela vista. Fiquei ansioso por ver a mãe do Alisson, minha possível quase futura sogra ou algo assim. E não tive que esperar muito, tão logo entramos na varanda havia uma mulher sentada na varanda olhando o tempo e tomando café.
- Filho. Ela chamou o Alisson assim que o viu.
- Oi mãe. - Respondeu Alisson se encaminhando até ela e me chamando com um gesto para acompanhá-lo.
O Alisson tinha muito dela, para começar, a cor da pele era idêntica, os dois pareciam tomar sol com frequência. Nem arriscaria qual era a idade dela, pois parecia bastante jovem, mas devia ser uns 35 ou 36. Era alta e elegante, estava vestida de forma simples, com roupas bem a vontade e dava pra ver como seu corpo era bem cuidado, as unhas estavam pintadas de vinho, que era a mesma cor predominante na roupa que ela usava. Fiquei curioso de saber se ele sempre se vestia bem assim ou se se arrumou pra conhecer seu possível genro. Falando nisso, nem tenho palavras para descrever como me sentia estranho em ser apresentado por outro garoto como namorado para sua mãe.
- Mãe, esse é o Matheus, que eu te falei. Matheus, essa é minha mãe. Carla.
- Prazer Matheus. - Ela me estendeu a mão. - Obrigado por me fazer essa visita.
- Que é isso Dona Carla. Prazer é meu.
- Por favor, não acabe comigo, nada de “dona” por aqui. Pode me chamar só de Carla, se não quiser ser meu inimigo. - Riu ela enquanto nos cumprimentávamos com beijinhos do lado. - MARRTA!!! - Gritou ela chamando uma empregada. - Traz um café aqui pra todo mundo.
Logo a empregada veio trazendo uma bandeja com café e bolinho bem pequenos. Estava realmente delicioso e comi com gosto. Enquanto comíamos, Carla falava amenidades sobre o dia a dia e eu esqueci completamente o medo que senti dela antes de conhecê-la. Cortando um pouco o ar leve da conversa, ela me encarou séria e falou:
- Olha Matheus, eu queria te dizer que eu amo meu filho de todo o coração. E isso isso incluí tudo dele, inclusive sua orientação sexual. Nós vivemos em um lugar que é mais atrasado ainda que os outros, poruqe as pessoas em interior são mais arcaicas, são ligadas a tradições de forma mais forte que as da capital. Fique sabendo que pode confiar em mim que eu sei que seus pais não sabem de você, torço muito pelo namoro de vocês e meu filho tem realmente muito bom gosto. Você é lindo.
- Obrigado. - Respondi completamente envergonhado.
- Mãe. Não assusta o moço cedo demais né. - Falou Alisson rindo ao levantar-se. - Vamos matheus, te mostrar a casa.
Me despedi de Carla e segui o Alisson. A casa era cheia de móveis antigos e quadros, assim como muitos objetos regionalísticos, como uma estátua de vaqueiro montando um cavalo de madeira em tamanho real que ficava em um dos cantos da sala. Mas o Alisson não estava interessado em me mostrar objetos de decoração. Me puxou pela mão e me levou ao segundo andar da casa. Que era completamente dominava por varandas de todos os lados, com uma sala de estar, mais alguns quartos e uma cozinha extra também, talvez para ser usada em churrascos, comemorações ou coisas assim. Caminhamos por um corredor e logo ele abriu a primeira porta. Era um quarto bem amplo com uma enorme cama de madeira e um guarda roupa igualmente enorme. Vi vários objetos de madeira, jangadas, vaqueiros e etc. Achei o estilo parecido com o do barquinho e perguntei.
- Foi você que fez todos?
- Foi sim.
- Nossa. Você se garante.
- Não tenta me enrolar me elogiando.
- Como assim?
Ele então me agarrou me cintura e me deu um beijo bem demorado, enquanto me jogava na cama e caia por cima de mim.
- Está na hora. Tira essa angústia do meu coração vai. Diz se aceita meu pedido que não aguento mais esperar.
Continua....