Como Chamas 4x04: VOCÊ E EU!
- Será que da pra parar de comer tanto doce? Não faz bem. Disse Felipe tomando o pacote de waffes da minha mão. Bufei e me sentei direito na cama. O acidente do dia anterior havia me custado um tornozelo torcido e um pequeno corte na testa. Agora, eu estava realizando minha fantasia bizarra de usar uma bota ortopédica e ser paparicado. Ate mesmo meus pais estavam dispostos a cumprir cada um de meus caprichos, que não eram muito além de um que ninguém além do medido podia fazer: Me deixar dar o fora desse lugar. Nos últimos meses tenho passado tanto tempo em hospitais que ate sabia quem era a enfermeira que fazia curativos e aquela que olhava com cara ruim e anotava milhões de coisas que ela não lhe dava ao trabalho de dizer o que era.
Detetive Jones entrou no quarto, com as mãos nos bolsos e sorrindo. Do mesmo jeito que Brad e Jordan entraram. Era tão fofo ver alguém constrangido.
- Você esta bem? Ele perguntou, parando timidamente perto da cama.
- Quero poder sair daqui.
- Isso foi um sim? Ele disse rindo.
Felipe beliscou minha bochecha.
- Ele ta de mal humor. Felipe falou.
- Trago boas notícias, Nick ou Samuel não foi responsável pelo acidente. Assistindo todo o dia da entrada e saídas as pessoas do estúdio e ele não passou por lá. Todas as pessoas foram checadas com identidade, então não tem como ter sido ele.
Eu sorri, ate ficaria aliviado se isso mudasse o fato de que ate sem querer eu corria risco de vida. Mas eu estava mesmo ficando paranóico. Havia essa homem no fim da terceira fileira que me encarava como se quisesse que eu morresse ou pegasse fogo. Por um instante, eu pude sentir a raiva dele quase palpável, mas então quando olhei para ele de novo, ele estava mexendo em seu celular como se nada tivesse acontecido. Talvez não tenha.
Eu estava surtando.
- Que bom, pelo menos não precisou de ninguém ser culpado para que um desastre acontecesse comigo.
- Cala essa boca. Falou Felipe rindo e me cutucando.
Jones ficou conversando com a gente por mais alguns minutos e depois saiu para atender uma ligação e não voltou mais.
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Duas horas, quinze minutos e alguns segundos que passavam rapidamente, depois, eu desci do carro do Felipe em frente a mesma pousada aonde eu o trouxe uma vez para perseguir Thabita. Do outro lado da rua, estava a praia, cheia de areia branca e uma água azul cristalina e super convidativa.
- Gostou? Felipe perguntou.
- Do sequestro? Felipe meus pais vão me matar.
- Porque amor? Está de castigo ou coisa assim?
- Não, eu só quase morri ontem a noite e deixei eles morrendo de preocupação. Só isso.
Felipe estacionou o carro e pulou fora dele. Vindo para perto e então passando os braços em volta de meus ombros. Por mais que eu quisesse que ele me levasse pra casa, tinha que admitir que amava o jeito destemido e aberto que era sobre nosso namoro.
Caminhamos juntos ate a recepção e pegamos um quarto. A recepcionista não parava de encarar o curativo na minha testa.
- Olha o marrentinho ai! Gritou uma voz grossa e sedutora atras de mim.
Me virei e dei de cara com o garoto gato-demais que me convidou para o lual na ultima vez que estive aqui. Ele não mudará nada. Bem, não havia o que mudar, era lindo daquele.
- Hum, oi. Falei.
- Veio pra minha festa, certo? Ele perguntou.
- Você não faz outra coisa da vida não? Falei.
- Sei uma coisa ou duas... Toma. Ele ergueu um folheto da festa para mim, mas a mão de Felipe surgiu do nada e o pegou, encarando o garoto de cima abaixo.
- Valeu pelo convite, mas meu namorado e eu vamos pensar.
Olhei incrédulo para ele. Serio? Ele ia ser o cara ciumento? Por mim tudo bem. Meu coração deu um salto mortal.
Felipe me puxou pela mão para o quarto e eu apenas deixei. "Desculpe" sussurrei para o garoto antes de sumir. Era tão fofo ter um namorado que não é uma total vergonha ou segredo.
- Tadinho do garoto. Falei quando ele fechou a porta.
- Sinto muito, o que é meu é meu.
Comecei a rir.
- E eu sou seu?
- Isso não sei, mas eu sou seu. Inteiramente.
Felipe pulou em cima de mim, me jogando na cama e mais uma vez me fazendo muito feliz.
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Last Goodbye da Kesha tocava nos altos falantes instalados na praia e eu dançava em volta de Felipe debaixo daquele céu estrelado e lindo. A noite não podia ser melhor.
É claro, minha cabeça doía, mas sentia meu corpo pelo efeito forte do analgésico, mas não conseguia parar de olhar para ele.
Lindo, sorrindente e entregue a mim. O que mais eu poderia querer?
Claro, eu também queria que Nick fosse preso, mas isso podia esperar. Afinal, eu estava em outra cidade, não haveria como ele ficar me seguindo todo o tempo, não com a policia seguindo ele.
- Vou pegar uma bebida, você quer? Felipe perguntou.
- Ta maluco, vamos embora daqui a pouco, você não pode beber.
Ele riu e segurou minha cabeça com as duas mãos, encostando sua testa na minha.
- Acha que eu faria uma coisa dessas?
- Bom...
- Não responde, já volto.
E assim ele se virou e sumiu no meio das outras pessoas da pista. Continuei dançando, ate que dia a mãos foram parar na minha cintura.
- Já volto?
- E eu estive aqui? Abri os olhos e pulei.
O garoto lindo sem nome estava atras de mim, sorrindo feito uma ave rapina.
- Ta me perseguindo? Perguntei.
- Se você gostar...
- Ando dispensando, olha, não quero problema. Meu namorado ta por ai e se ele vir você aqui...
- Vai fazer o que? Me bater? Acho que do conta dele.
- Enquanto você acha que dá, eu tenho certeza que não.
- Ah, qual é, fala que você não me achou no mínimo bonito?
- Você é lindo.
- Isso que quero saber. Sou gato, bi, o que ta esperando?
- Minha bebida? Falei e ele começou a rir.
- Você curte mesmo esse cara, não é?
- Amo ele.
- Então boa sorte, não vou dizer pra me procurar quando acabar porque não sou steep de ninguém.
Fiquei boqui-aberto, vendo o garoto bonito sair perambulando pela festa como se fosse o cara mais bonito dali.
Me virei e vi Felipe vindo em minha direção. Aquele sorriso, aquele rosto... Aquele amor que eu sentia por ele.
Não importa quantos garotos bonitos me atentassem. Nenhum deles nunca chegaria aos pés de Felipe. Nunca, nunca e nunca.