Chegamos ao quiosque e eu fui logo tentando puxar assunto com o garoto, mas não poderia dá bandeira, afinal, era hetero para todos alí.
- E aí, vocês fazem o que além de cair muito de skate? – perguntei rindo.
- Olha o mané tirando a gente, caímos mas pegamos muitas menininhas por aí, elas se amarram em skatistas – respondeu Marcelo se achando e Marcus apenas deu um sorrisinho, e continuou – mas eu só estudo, vou tentar a federal final do ano, sabe como é, pais...
- Sim, entendo. E tu marquinho? – sim, tava com intimidade pra cima dele.
- Eu só caio de skate mesmo haha – ah, não ri, garoto. Vou ser obrigado a te beijar, pensei.
- Olha o bom exemplo que o Marcelo é haha – disse o Vini.
Continuamos batendo papo, o de sempre: futebol, mulheres, futebol, skate, futebol, música. Marcus não estava bebendo, achei legal, tinha personalidade e não seguia os outros. Foi ficando tarde e já tava na minha hora.
- Me deem o número de vocês, a gente marca algo depois - pedi querendo apenas o número do bebê haha. Eles me deram e eu me despedir.
Isso era um sábado, o resto da semana passou normal, conversava por mensagens com o Marcus, nós estávamos com uma intimidade boa e eu mais gamado ainda, mas os assuntos estavam diminuindo, logo percebi que o certo era marcar outro “encontro”, mas não queria nem Marcelo e nem o Vini conosco. Marquei um cine com ele, gay e clichê adolescente, eu sei, mas eu era gay e adolescente haha. Ele aceitou, o que me fez transbordar felicidade. Aquele moleque me ganhou com um sorriso.
No dia do cinema me arrumei lindo se é que era possível ser mais do que já era hahaha. Lembro-me que era de tarde, umas 15h. Saí de casa - ainda morava com meus pais, minha irmã mais nova Amanda, 12 anos, e com meu irmão mais velho Juan, 26 anos, isso em 2011.
Quando cheguei no shopping fui direto para a praça de alimentação, ele já tinha chegado e mandado uma sms. Quando o vi sentado mexendo no celular, estava lindo, de boné para “variar”.
- Hey, demorei manin? – perguntei.
- Que nada, cheguei cedo porque moro aqui próximo – falou levantando e me abraçando -. E então, qual filme vai ser?
Decidimos assistir um qualquer. Na sala nem me concentrei, queria agarra-lo, mas teria que ser devagar, não sabia se ele era gay também. Quando a sessão acabou o convidei para ir na orla, onde tudo começou. Ele aceitou. Chegamos lá e a lua estava saindo. Comprei um sorvete para nós e nos sentamos em um banco.
- Sabe, tem acontecido umas coisas estranhas comigo... – comentei com ele.
- É? E você quer compartilhar? Somos parceiros, já te considero um amigo, trick – ele disse sorrindo, quase esqueci de responder.
- Eu tô apaixonado, mas não é qualquer paixão, ela é meio que proibida, me entende? – perguntei e ele confirmou com a cabeça. Então eu continuei – Eu tenho que te falar uma coisa, eu confio muito em ti e não sou de guardar o que sinto – ele olhou nos meus olhos. Era a hora, teria que confessar, não estava mais aguentando – Eu sou gay e estou muito na tua!
Vomitei tudo nele de uma vez. Na hora estava com muito medo. Logo depois ele fez uma cara de surpresa, olhou pra lua, levantou sussurrou um “desculpa, tá na minha hora. Falou!” e saiu andando. Comecei a me culpar, era para eu ser frio e cauteloso, mas o nervosismo não deixou.
...
Aqui está mais uma parte. Não sou escritor, pode ficar um pouco confuso, mas tentarei melhorar a cada conto. Obrigado aos que estão lendo. Não irei prometer nada, postarei assim que puder. Digam como está, se querem maior, menor, opinem.
Abraços, Patrick!
