Cap.10
NARRADO POR GABRIEL
Vejo o mesmo garoto que havia visto no avião.
- Gustavo- fala Garell, se levantando e saindo correndo em direção ao namorado
- Que saudade meu amor- fala Gustavo, se beijando com Garell- nessa mesma hora ele olha pra gente- Gabriel, que coincidência, o que vocês fazem aqui
- Ora, vocês já se conhecem- falou Garell
- Já, nós conhecemos no avião, né Gustavo. Ele- falei apontando pro André-é primo do Garell.
- Sério mesmo, quem diria ein.
E então eles contaram a história deles. A realidade era que eles estavam quase o mesmo tempo de namoro que eu e André. Só que o Garell foi obrigado a se afastar do Gustavo, porquê o pai dele descobriu a relação, e o obrigou a voltar pra o Brasil. Mas Gustavo completou 18 anos, e decidiu voltar pra Áustria, em busca de seu amor.
- O que o amor não faz- falei, rindo deles dois, e de como pareciam se amarem de verdade.
- E então, me contem a história de vocês.
E então contei do dia que nos conhecemos, lá no colégio, que eu ainda cheguei atrasado, de como ficamos muito amigos, das diversas vezes que prestei atenção nele sem querer, na casa dele, e de como eu não consegui mais esconder que o amava, e o pedi em namoro, perto daquela linda cachoeira. E desde quando a mãe dele descobriu, o meu pai, e de como os dois depois passaram a nos apoiar. Agora nada podia nos separar.
- Vocês tem muita sorte. Como eu queria que meus pais fossem assim-falou Garell
- Eu acho que eles vão mudar. Tenho quase certeza- falei- se eles te amam de verdade, vão ter que te amar de qualquer jeito, negro, branco, aleijado, sem cabelos, de qualquer jeito.
- É, pelo jeito a única pessoa que me ama é o meu branquinho- falou, se referindo ao Gustavo
- E eu não conto não- falou André rindo
- Ownt, é lógico que você conta primuxo. Vocês não sabem o bem que estão me fazendo. Faz tempo que eu não me divirto tanto. Só trancado naquele quarto, tendo que ouvir “Homosexuell, Homosexuell, Homosexuell”, milhões de vezes, desde quando meus pais descobriram essa história.
- Até meu pai aceitou, e eu queria que você visse o que ele fez no inicio. Os seus ao menos, ainda te deixam morar em casa, o meu me expulsou. Mas ele se desculpou, e agora nós estamos numa boa. Ainda bem.
- Como eu disse, é sorte sua. Muita sorte.
E então conversamos bastante, até que decidimos voltar pra casa. Fomos até uma certa parte, quando os pombinhos decidiram se separar, por acharem melhor assim. E nós voltamos pra casa, sem o Gustavo. Chegamos, e logo começou o interrogatório.
- Wo bist du gewesen?( Onde você esteve ?)
- Ich ging zu dem Platz mit dem Cousin und Gabriel(Fui a praça com o primo e o Gabriel)
- Sie waren nicht richtig mit diesem Jungen, Garell (Você não esteve com aquele garoto né , Garell)
- Und wenn ich sagen. Du wirst mich nie verlassen allein da. Sie sind die schlechtesten Eltern der Welt(E se eu estiver estado. Vocês nunca vão me deixar em paz não. Vocês são os piores pais do mundo)- falou ele, saindo chorando, e batendo a porta do quarto, quando entrou.
- Você tá vendo como é a situação aqui- falou o tio do André.
- Vocês tem que compreendê-lo. Só isso. Reprimi-lo só vai deixa-lo mais triste. Ele vai odiar vocês. Ele quer namorar com o garoto, e não quer ser reprimido por isso. Ninguém escolhe ser gay sabiam. Vocês não sabem, mas ele está a ponto de explodir, ele está confuso. Primeiro porquê todo mundo diz pra ele que gostar de homens é errado, inclusive seus próprios pais, que deveriam ser os primeiros a apoia-lo. Mas ao invés disso, vivem dizendo pra ele, que ele deve largar do garoto, que tem que virar homem. Pelo que eu saiba, ele é homem. A única diferença é que ele gosta de outros homens. Que mal há nisso. Ele está confuso, porquê quer ser amado por alguém, mas nem isso vocês deixam ele ter. Nem o amor de alguém. Pelo amor de deus gente, pensem melhor no que vocês estão fazendo. Eu digo por experiência própria, vocês devem amá-lo de qualquer jeito. Pode ser ele o que for, tem que ama-lo.
- Mas nós o amamos- falou Salvador
- Mas não é o que parece. Você acha que dizer pro próprio filho que não vai aguentar ter um filho gay, é sinal de amor. Se toquem, vocês estão fazendo com que ele fique cada vez mais deprimido. Pra uma depressão, é um pulo. E vocês sabem o que vem depois disso. Repensem todos os seus atos. Eu sugiro assistir este filme- falei, tirando uma cópia do filme “Orações para Bobby”, que servia, exatamente para o que eles estavam fazendo com o filho deles- e depois disso, me procurem e digam se vão continuar fazendo o que estão fazendo agora com ele- e então me levantei, e trouxe André pro quarto, assim que comecei a subir a escada, o vi ligando o DVD, e o filme começava a rolar.
Logo tomei um banho, e comi alguma coisa. Em seguida, me preparei para dormir. Mas enquanto estávamos deitados, ouvíamos o barulho da porta.
- Quem é
- Sou eu- era o Garell
- Pode entrar
- Eu só queria agradecer por você estar tentando me ajudar
- Pode contar comigo, e com o André- falei
- Tem sido tão ruim passar esse tempo aqui. Sem ninguém pra desabafar, pra dizer realmente o que eu sinto
- Eu estou aqui- falou André. E então Garell deu um longo suspiro.
- Vocês não sabem a animação que eu fiquei quando descobri que vocês viriam pra cá. Justamente por achar que poderiam me ajudar a contornar essa situação. Eu amo aqueles dois velhos demais. Mas esses últimos meses eles tem me fazendo a pessoa mais infeliz do mundo. Eu já não aguento mais. Eu não tenho nenhum amigo, ninguém pra conversar. Sou extremamente sozinho aqui nessa casa, e quando acho uma pessoa que me entende, que me dá carinho, amor, coisa que está em falta aqui nessa casa, ai o preconceito no coração das outras pessoas fala mais alto. Eu sinceramente achei que nunca mais veria o Gustavo. Achei que ele não teria coragem de enfrentar o pai por um garoto tão cheio de problemas como eu.
- Ai que drama, você nem é tão cheio de problemas assim.
- Não. Eu tenho bipolaridade, tenho síndrome do pânico, tenho miopia, asma, e ainda sou gay. Você acha que eu não tenho muitos problemas.
- Tá eu retiro o que eu disse. Pode continuar falando
Continuamos a conversar, e quando víamos já tinha se passado quase uma hora de papo. Então ele foi para o quarto dele, e se ajeitamos para dormir. Dormimos bastante, estávamos cansados. Acordamos eram umas 11h horário local. E por muita insistência, pois eu ainda estava com sono, pois eram 06h no Brasil ainda. Tomamos um banho, e descemos para ajudar no almoço. Enquanto o Garell estava limpando a piscina, os pais dele nos chamaram.
- O que houve- perguntei
- Nós vimos ontem o filme- falou a mãe do Garell
- E então
- Eu fiquei extremamente emocionada ao final do filme. E fiquei com muito medo de que o Garell seja capaz de fazer o que o Bobby foi capaz de fazer. Eu não suportaria perder meu menininho.
- Vocês precisam entende-lo, e amarem ele assim
- É o que faremos- nessa hora eles chamaram o Garell
- O que foi mãe, eu já estava quase no fim da limpeza- então ela o abraçou com todas as forças, e o soltou- porquê o abraço- perguntou ele
- Nós te amamos muito filho. Saiba disso. A partir de hoje a nossa vida vai mudar. Pra melhor. Diga a seu namorado. Que eu quero ele hoje aqui. Conosco, almoçando. Eu soube que o pai dele o expulsou de casa. Diga pra ele, que nós vamos recebe-lo. Eu só quero a sua felicidade filho. A sua.
Continua
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