Eu(Feh):
Eu nunca fui bom com palavras ditas, mesmo pensando em como agir a todo instante sempre travo, fico nervoso e acabo falando tão rápido que nem mesmo eu entendo, não , não estou morto - só para constar.
Naquele dia seguimos para minha casa, cerca de 7 minutos devido ao transito e a chuva, Michel não queria causar um acidente, portanto, íamos devagar. Estavamos bem, pelo menos ja tinhamos feitos as pazes, mas depois de beijos e declarações, chegamos em minha casa, apesar de ser dia, estava totalmente escuro devido ao tempo chuvoso, nenhuma luz da minha casa estava acesa, o que era improvável, pois Lucas nunca saíria sem me avisar, e ele tambem, não ficaria na penubra.
Não estava sem luz, o poste ao lado estava aceso, mas menhuma luz provinha da casa, estranhei, até mesmo a lampada da porta estava desligada. Michel tocou em meu ombro, e sorriu.
-Talvez cortaram a energia da tua casa amor!
-Mas está tudo em dia, todas as contas!
-Ah, vai ver é uma festa surpresa, vamos logo!
Michel puxou minhas mãos , enquanto seguiamos para a casa, totalmente escura, até mesmo as cortinas estavam abertas, nao deixando a luz de fora entrar. Pus a chave e destranquei, ele devia estar de palhaçada, a porta não estava totalmente trancada, so da para abrir por dentro, por fora necessita chave.
Michel sumiu da minha visão, tatei lentamente pela parede a procura do interruptor, a luz piscou.
-Ahhh. LUCAS QUEM FEZ ISSO COM VOCÊ!
A minha frente meu irmão estava amordaçado com uma camisa, suado, seus braços estavam presos na cadeira enquanto eu via manchado de sangue, estava preso com uma corda de tucum, um fio áspero feito de uma palha. Ele lagrimava, e ficava mexendo os olhos para o lado. Desespero.
Corri até ele e o abracei, ver meu irmão assim doeu demais, comecei a chorar e.ficar nervoso, eu ia matar o fodido que fez isso com ele.
Retirei a mordaça dele, sem chance de ele gritar, havia duas camisas em sua boca deixando fazer apenas sons e grunhidos.
-Sai Feh, é uma armadilha! - Lucas falou baixo, mas percebi que queria gritar, percebi em seu braço avermelhado, todo ralado, ele puxava as cordas , mas feria-lhe a pele.
-Não ,ninguém vai te machucar Lucas! Eu prometo! Vou te ajudar.
Ouvi um baque abafado, Michel acabara de cair ao meu lado, morto, não, não podia estar , virei rapidamente e lá estava ele, o pai dele, seguido de Miguel.
-Ah Luquinhas, estragou a surpresa! - Ele disse com sua voz aspera e grossa, um tanto sádica.
-Miguel por que...- Senti um baque em minha nuca, uma dor desnorteante, ele estava com uma espingarda, havia acabado de me dar uma coronhada, ainda ouvi, e senti, cada acao que eles fizeram, antes de ver apenas o vácuo escuro...Apaguei.
...
Acordar, foi o pior, senti um maldito gosto amargo na boca, tentei tirar o suor da minha testa, mas para minha não surpresa, meus braços estavam amarrados na cadeira. Estou preso. Há uma maldita lampada amarela na minha cabeça focada direta em meu corpo. Quente.
-Michel! - Chamei seu nome em meio as lagrimas que caiam incansavelmente dos meus olhos, isso não era real, não podia ser real.
-Aqui! O que eu perdi? - Ele estava na mesma situaça que eu, mas havia o dobro de cordas prendendo-lhe na cadeira.
-Eu pensei que você tava morto! - Comecei a soluçar como um desgraçado e então...-Lucas, cadê você, Lucas, eu não te vejo. Lucas, fala comigo!
Comecei a chorar desesperado, meu irmão, maldito eu ia matar, uma coisa era eu estar envolvido, mas meter minha familia no meio, imperdoavel.
-Eu to bem, estou te vendo! Obrigado, por um momento achei que tu ia sair correndo e me deixar...E tudo minha culpa!
-Você não tem culpa de nada Lucas, seu pai que e um doido, junto com o meu! - A voz de Michel era pesada, eu via sua silhueta, sabia que olhava para mim, mas a luz me impedia de ver adiante, cegava, eu olhava para todos os lados a procura de Lucas, mas ele devia estar atras de mim.
-Ele tem razão! A culpa e dele por ter nos deixado entrar! - Ouvi uma terceira voz , essa eu conhecia bem, era meu pai.
-Como pode fazer isso com seu próprio filho! Ele te ama! Seu monstro! - Gritei alto, sentia a dor aguda em minha garganta.
-Ele não é meu filho! Você que é Fernando! Lucas como nos sabemos é filho de outro, assim como seus outros irmãos, ah eu adoraria ver o Eduardo aqui, ele me odiaria mais.
-Deixe eles fora disso seu psicopata!
Não tinha como ter calma, ele ameaçava meus irmãos, meu próprio pai, meu pai, nao era mais meu pai, meu pai havia morrido quando eu tinha oito anos.
- Mas eu sinto um tesão tão grande quando eu vejo essa tua cara de desesperado e indefeso!
-Não toca nele seu fodido! - Michel gritou alto, ouvi uma pancada forte, e quase gritei, mas uma mão forte pressionou minha boca. O gosto do suor tava na não dele.
-Não grita! Se tu gritar teu maninho ali paga o preço. - Ele falava baixo, sussurrando perto do meu ouvido.
-Pai por favor! Solta ele! - Pedi, rezando para que Deus me atendesse e jogasse um pouco de perdão naquele homem, e o fizesse deixar meu irmão ir.
-Eu não quero ser teu pai!
Gritou comigo, como assim, ele ( apesar de ser um monstro) continuaria a ser meu pai.
-Sabe como e difícil para um pai, sentir tesão pelo próprio filho, adorar ver aquela carinha de sofrimento dele quando vinha chorando quando se machucava, eu sentia isso por você Fernando, queria te jogar na cama e meter forte. Mas não podia, tu so tinha oito anos, eu queria muito te foder...Entao eu fiquei louco, não podia mais olhar para ti que meu pau ficava duro...Foi quando...
-Decidiu forjar uma morte! Abandonou seus filhos e foi viver a vida loucamente! Tu é filho da puta mesmo, espera eu sair daqui , vou lavar essa tua boca com soda cáustica, para tu nunca mais falar assim com meu namorado!
Michel veciferou, então eu ouvi outro baque abafado , Michel gemeu de dor, eu via tudo, todas as coronhadas que ele levava, seu rosto estava inchado e seu lábio cortado. Mesmo com a fraca luz eu percebia aquilo.
-Hoho! Meu namorado! Que romantico! De hoje tu não passa seu moleque atrevido. O meu filho e meu, nenhum homem vai tocar nele alem de mim.
O tapa ecoou, ouvia Lucas.chorar baixinho, desesperado, ele assistia tudo. Puxava minhas mãos mas eu sentia o atrito começar a ferir meus pulsos.
-Pare! Para com isso! Deixa eles em paz!-Falei em um tom desesperado.
-É, e o que eu ganho com isso? Não tem muitas coisas a oferecer! - O pai disse confiante cheio de si, eu sentia nojo daquele homem.
-Eu faço qualquer coisa, se deixar eles irem embora! - Falei baixando minha cabeça , doia, doia muito.
-Feh, não! - A voz do Michel foi dolorosa, ele chorava, mas o que mais me doia e que meu irmão esta ali, atras de mim, sendo um espectador desse show bizarro com incesto.
-Miguel! Cala logo a boca desse teu irmão!
Outro baque abafado, dessa vez ouvi um risinho da parte de Miguel, eu achei que ele tinha melhorado.
-Qualquer coisa você diz! Deixa eu foder com você! Mas na frente dele! - Apontou para Michel, via apenas a silhueta me olhando. A luz estava mais forte
-O que?
-Não se faça de desentendido! Miguel falou de como você e quente! Ele disse que tem que ter controle porque se não , goza rapido demais. Eu vou adorar foder essa tua bunda, meter forte, fazer você gemer alto, depois eu vou fazer você tomar o mesmo que fez tu nascer. - Pai disse alto, rindo ironico.
-Como pode falar isso, na frente do Lucas...Seu...-Senti um ardor, sua não se chocara contra meu rosto.
-Pouco me importa...-ele fez um sorriso de escárnio, ouvi desabotar o cinto. Não , ele ia me foder a força. - Mas se você me fizer ter um orgasmo eu ate posso liberar teu namoradinho e teu irmão.
-Fernando, não faz isso! Você mesmo disse que ele nunca ia parar! - Michel gritou, mas foi baixo, falta ar em sua garganta. Ele se movimenta mas e inútil, essa corda retrai, quanto mais puxa, mais ela fere e aperta.
Tocou em meu rosto e beijou minha bochecha, sentia seus dedos passearem por meus braços, apenas sentia nojo e repulsa, uma ansia de vômito. Deixei todo o ódio que havia reprimido esvair, eu estava quase me desligando da sanidade.
Cortou as corda e me puxou brutamente.
-Primeiro, vou te foder na frente dele, depois vou fazer voce gemer meu nome, e quem sabe até foder teu irmão, sabe, ele disse a mesma coisa que você..."Deixa meu irmão em paz, faço qualquer coisa!", ele e virgem né...
"Ele nunca vai parar"...uma única chance, nunca vou deixar tu tocar no meu irmão, era o que eu tinha, o cinto estava no chão, ele me apoiou na cadeira, frente a frente com Michel, ele iria ver tudo. Ouvia seu choro, desesperado, eu queria fugir e abraçar ele, mas meu irmão estava no meio. Eu nunca o abandonaria.
Peguei o cinto sem ele perceber, vi seu membro fazendo volume na calça.
-Michel!
Ele olhou para mim, percebi o brilho das lágrimas...Merda, não chora grandão. Mas era isso que estava me dando coragem, o odio por meu pai estar fazendo isso com eles, eu podia salvar-los, eu tinha.
-Desculpa! -Disse rápido-E você tem razão, ele nunca vai parar...
Virei rapidamente, enquanto escutei o eco do cinto.chocando contra o rosto daquele que um dia fora meu pai.
Peguei a faca que ele usou e pulei em cima de Lucas, me olhou amedrontado, passei a faca cortando todas as cordas, estava amolada afinal, mas senti um baque nas minhas costas, seguido de um crash e um pedaço de madeira caindo ao meu lado.
-Corre, Lucas, pede ajuda!
Empurrei, e ele correu, saiu pela janela avoado, estava a salvo, pelo menos isso, mas eu não conseguia me mexer, vi Michel fazendo movimentos suspeitos, pare, você vai se machucar idiota.
-Malcriado,você vou te castigar seu moleque. - Puxou meus cabelos e me fez olhar em seu rosto, cuspi no seu olho, ele apenas deu um sorriso de escarnio.
Foi tudo rápido, senti seu muque batendo contra meu rosto enquanto ele prendeu meus braços acima da minha cabeça, sua maldita lingua passeou pelo meu pescoço.
Estava imóvel, sentindo minhas lágrimas escorrendo,mas seu corpo foi retirado brutalmente de cima de mim, graças a Deus, Michel havia soltado. Mas espera, ele ainda estava lá.
-Miguel, o que está fazendo seu burro!
- Eu te aturei demais seu corno, tu roubou nosso pai, depois diz que tem um tesão pelo teu filho, e tenta estrupar ele, eu ja fiz merda demais por tua causa, quase matei ele, mas agora, eu quero e te matar seu viado.
-Espera, ei calma ai, vamo pensar bem.- A risada dele foi nervosa, ele era da minha altura, e logo Michel e Miguel eram gigantes na frente dele.
-Tu matou meu pai seu fodido! - Ele gritou - Ele te amou, abandonou a gente por tua causa! Como tu pode seu fodido, ele fez tudo por ti, até ajudou a pegar o Michel, e tu estrangula ele...
Uma baque surdo, eu vi quando Miguel socou o rosto dele, sorri com aquilo, mas não conseguia me mexer. O corpo dele caiu, talvez morto, eu espero que sim. Não me importava.
Miguel tocou no meu rosto e pediu desculpa por tudo que ele tinha feito, me ajudou a ficar em pé e me levou para junto de Michel, cortamos a corda , mas ainda não havia acabado. Enquanto ele me carregavam para fora, eu ouvi um clique, destravou a arma! A arma fora destravada.
-Se tu não vai ser meu Fernando, esses dois também não vão te ter, te vejo no inferno meu filho!
Um choque no meu corpo, seguido da dor e do baque, junto com a barulho alto.
Merda, era cano duplo. Minha barriga sangrava, ardia, mas e o outro, a minha frente ele caiu por cima de mim no impacto, respirando descompassadamente. Dois tiros na barriga, que otimo, um terceiro furo.
-Miguel! - Cai ajoelhado pondo-o em meu colo, sua respiraçao era descompassada e rapida, como se o ar fosse faltoso no ambiente. Eu podia percebe os dois furos nele, um no peito e outro no ombro havia atravessado. Michel deu um chute no queixo do meu pai, o outro caiu desacordado.
-Miguelito! Por que? Você não pode morrer, eu ja te perdoei seu burro, então porque fazer isso...-Minhas lagrimas descem, enquanto passo meus dedos, acariciando seu rosto. Sinto minha barriga quente, estou sangrando com ele.
-E...isso que amigos fazem...e eu também sempre te amei...desde o início...fiquei louco quando Michel foi o que você ficou interessado...-Ele tossiu, uma poça de sangue...Merda, havia perfurado o pulmão.
-Você não pode morrer! Tu prometeu me levar nas Cataratas do Iguaçu lembra! Por favor. Michel liga pra ambulancia. Rapido. - O outro se levantou e procurou um telefone.
-Mesmo que eles cheguem, eu vou estar morto, eu sei, eu sinto, não chora Feh, você tem o Michel. Tem sua familia. Seus amigos...
-Você também tem familia! - Gritei alto, meu nariz fazia um som estranho. Caralho.
Ele olhou para o lado e sorriu.
-Talvez na proxima eu te levo lá, Feh, e um lugar bonito, a agua espirra, e sempre tem uma espuma branca, o barulho e alto mas se você...-ele tossiu de novo, mas uma porção de sangue. Ele lagrimava.-...Se você olhar bem a beleza do lugar compensa...Tem uma ponte, e você olha a agua desmoronando, é perfeito...
Beijei seus labios, eu sabia, que era um adeus, ele sabia...Michel chorava eu via. Ele se pos atras de mim, fazendo um torniquete.
-Eu te amo, Miguelito...você e meu melhor amigo.-Solucei e tentei forçar um sorriso, mas nao dava, minha garganta doia. Eu não conseguia esconder que estava sofrendo, toda a dor que eu ja tinha suprimido desmoronou.
-E como você Feh, as cataratas...elas são estranhamente perfeitas, igual a você ...Eu te amo, meu Belo Adormecido.
Lagrimas não paravam de rolar do meu rosto. Maldito, ele piscou, e ficou olhando para mim, abriu os olhos.
-Hey Feh!
-Fala Miguelito...
-Não me deixa sozinho não tá! Se não eu volto e puxo teu pé.
-Eu não vou...-respondi afagando seus cabelos. Sentia a dor em meu peito, doia mais que minha barriga, uma dor maior para esconder uma dor menor, mas não estava funcionando.
Michel apenas me abraçava soluçando, segurando a mão de Miguel, eu segurava a esquerda e ele a direita.
- Michel, a aposta ainda está de pé? - Miguel estava palido, eu nem me importava comigo. Nem com aquele sangue.
-Claro panaca! O primeiro que deixar de amar o FehVai se ver comigo! - Ambos disseram juntos. Forcando um sorriso, meio sem graça.
-Miguelito! Eu te amo, você sempre foi meu amigo, mesmo depois de tudo...! - Disse tocando-lhe e apertando forte sua mão. Ouvi o som da ambulância distante junto com a sirene da polícia mas eu podia ouvir, segurei em suas mãos e sorri.
-Hey Feh! - Miguel olhou em meus olhos, sorrindo, lindo como o irmão. Falando de um jeito infantil , de como quando tinhamos 10 anos e ele 16.
Mas não se via mais o brilho, do cara que era meu amigo, do cara que zoava comigo porque eu vivia com sono, do cara que eu chamava de Miguelito...Do meu amigo, que fora manipulado para o mal, do meu irmão de consideraçao, que, confessou que sempre me amou...E ele estava indo para sempre... Aguenta mais um pouco Miguelito.
Miguel me puxou para um selinho demorado, sorrindo daquele seu jeito infantil. Olhos vermelhos e chorosos
Apenas voltou a deitar em meu colo, sorrindo sempre, ficando cada vez mais frio...Ele estava sumindo.
-Hey Feh...-Michel sorriu baixinho - Quem sabe a gente se vê por ai...Meu Belo Adormecido...
Então eu apaguei.
E como eu desejei estar acordado com ele, mas eu não estava, havia apagado, antes dele, eu falhara a promessa... Ele morreu, uma pessoa que mesmo sendo louco, se redimiu. Meu amigo Miguelito, havia morrido, e a única lembrança que ficou foi sua voz infantil e sorridente dizendo...
-Hey Feh! A gente se vê por ai...Meu Belo Adormecido...
ContEu chorei escrevendo isso, foi como se eu estivesse lá vendo cada cena, :'( , cada detalhe da morte do Miguel, mesmo lendo isso, me da uma angustia danada...Obrigado por ler, esse e o penultimo cap.