Olá leitores do CDC! Estou acompanhando o feedback de vocẽs, mas não posso comentar pois não dá tempo de postar e comentar aqui. Saibam que eu fico feliz pela repercussão!
Eu levantei a cabeça e fiquei surpreso. Era ele, o Hugo, parado bem na minha frente! Olhei pro lado e vi a Faby com o mesmo semblante que o meu. Não era um sonho, ele estava ali, na sala de aula e parece que ele veio pra ficar.
Inconscientemente eu dei o meu melhor sorriso e ele retribuiu. Estou custando a acreditar!
EU: Hugo! Quanto tempo, amigo?
Eu me levantei e o abracei; um abraço bem apertado. Logo a Faby se juntou ao ato. Parecíamos com aqueles casos de desaparecimentos, quando o tal se encontra com os familiares que o buscavam incessantemente. Eu senti uma felicidade tão grande emanando de mim...
Tivemos que nos soltar pois a professora já estava na sala de aula, e queria prosseguir com a matéria do dia. A aula passou voando e já estávamos no horário do intervalo.
FABIANA: Hugo... Meu Deus! Quer dizer que você voltou para essa escola mesmo?
HUGO: Voltei sim. Esses seis meses que passei fora daqui foram bons para fortalecer a minha personalidade e perceber que eu enfrentaria os atos de preconceito em qualquer lugar; então teria que me fortalecer.
EU: Quão bom é ouvir isso de você! Eu senti muito a sua falta.
FABIANA: NÓS sentimos a sua falta!
HUGO: Muito obrigado, amigos! Eu também senti muita falta de vocês dois! Vocês são os meus melhores amigos que já tive. E como ficou essa escola durante a minha ausência?
FABIANA: Foi normal pra o restante da turma, mas pra nós foi um período de muita saudade. Aquele discurso que você fez repercutiu muito. A diretora reuniu o colégio inteiro para dar outro sermão sobre tolerância e bullying. Infelizmente não descobriram quem foi que fez aqueles panfletos.
EU: Ainda bem, porque se eu descobrisse o idiota que fez isso, cara, ele iria ficar irreconhecível (fiz um gesto batendo meu punho fechado na minha mão aberta)!
HUGO: É melhor deixar pra lá, pois não quero ficar revivendo o passado. (o Hugo se virou para mim) Ô Bruno? Você conseguiu passar na apresentação sobre Grande Sertão Veredas?
EU: Sim. Tirei a nota máxima! Só consegui isso por sua causa. Obrigado (Fiquei vermelho de vergonha).
HUGO: Por nada, querido! Eu sabia que você tinha potencial, só precisava de uma ajudinha. E o Diogo, Faby? Ele ainda é aquele idiota que eu conheci antes de me mudar de escola?
FABIANA: Infelizmente sim, meu amigo. (Ela suspirou) Infelizmente sim.
EU: Mas não se preocupe! Se ele tentar fazer algo de errado contigo, eu terei uma dolorosa conversa com ele. (Disse isso para que ele soubesse que eu estaria ali por ele.)
HUGO: Obrigado, Bruno!
E passamos o intervalo assim, nos atualizando de tudo o que aconteceu conosco durante o período em que Hugo passou fora da escola.
Desde que eu me conheço, eu nunca me senti tão vulnerável quanto eu estava junto do Hugo. Meu coração queria gritar pra todo mundo que eu estou apaixonado por ele. Mas a minha razão me fazia lembrar de que se eu assumisse meu amor por ele, uma tempestade de dificuldades viria sobre a minha vida. Eu não estou pronto para isso ainda. Mas de uma coisa eu tenho certeza: eu irei proteger o meu amado do que ele precisasse! Eu tentarei ser tudo o que ele quisesse.
Mal entramos Faby, Hugo e eu na sala de aula e uma manifestação de discriminação estava escrita com o giz no quadro negro, com os dizeres: "Bem vindo de volta, viadinho de merda!" Quando eu vi aquilo, meu sangue ferveu e eu já ia ameaçar a sala inteira quando eu olho para o Hugo. Eu vi duas gotas de lágrimas percorrerem o rosto dele, uma em cada olho, enquanto seus olhos miravam aquela saudação idiota. Ver aquela cena me desarmou. Eu não pensei em nada mais, somente me dirigi até onde ele estava e o abracei.
Naquele momento, ali, abraçado ao Hugo, eu me senti um homem de verdade, não um macho sexual, mas um homem de personalidade: que tinham direitos e deveres, de responsabilidades. E a mais importante delas, naquele momento,é fazer o Hugo feliz. Me conscientizei de que eu amo o Hugo. Amo-o a ponto de sacrificar a minha felicidade pela dele. Eu sou capaz de morrer por ele, e isso é o sinal do amor que eu sinto por ele.
HUGO: Obrigado Bruno! (Ele me olhava, e eu consegui captar diversos sentimentos só pela negritude da íris dele) Você tem sido o meu melhor amigo que tive. Um homem tão lindo como você vai encontrar a felicidade logo logo. Que pena que você não gosta de mim da mesma forma que eu gosto.
Ele se soltou de mim e foi apagar o quadro negro com aquela frase idiota. Aquela era a minha chance! Ele precisa saber que eu gosto dele mais do que ele imagina. Eu sei que o que eu irei fazer agora vai parecer um ato arriscado, mas eu preciso fazê-lo.
Quando Hugo terminou de apagar a frase, eu agarrei o antebraço dele, o que fez com que ele voltasse o seu rosto para mim. Depois disso eu me aproximei, segurei a nuca dele por trás, fui aproximando cada vez mais o meu corpo com o dele e os nossos rostos também. Até que, rapidamente junto os meus lábios com o dele. Eu comecei a beijá-lo.
Naquele momento era só eu e ele. Imagine a cena: um armário de músculos, alto e aparência de machão estava beijando um homem magro e de estatura mediana. Éramos dois seres diferentes e estávamos juntos, com os lábios colados.
Quando nos separamos, e eu olhei para ele, eu vi uma cara assustado, em estado de choque! Ele não esperava uma atitude daquela e isso me machucou, me assustou. Isso quer dizer que ele não sentia o mesmo sentimento que eu sinto. Comecei a chorar e saí daquela sala e fui correndo pro banheiro - aquele banheiro que eu chorei quando a Fabiana se separou de mim.
Fiquei ali, chorando. Eu me sentia humilhado, e era por minha culpa. Eu me expus de uma forma em que nunca fiz antes. E eu não fui correspondido!
De repente, eu vi uma miragem, era o Hugo estava na minha frente, sério, ele se aproximava de mim e passou a mão pelo meu rosto, enxugando minhas lágrimas. Eu cocei os meus olhos, tentando ver se o que eu via era uma miragem, mas ele ainda estava ali. Ele está aqui! Ele se sentou ao meu lado, no chão.
HUGO: O que aquele beijo representa, Bruno?
EU: Aquele beijo representa... O que eu sinto... (Eu comecei a chorar. Eu estava com medo da reação do Hugo ao saber o que eu sinto por ele. Eu não sabia que ele era gay; ele não tinha trejeitos gays. E naquele momento EU era gay) Hugo, me desculpe por ter te beijado, mas eu estou apaixonado por você! Desde aquele dia em que você me consolou aqui, há seis meses atrás, quando a Fabiana me largou, que eu senti um sentimento estranho nascer aqui (coloquei minha mão no meu peito, na região do coração.), e eu achava que era gratidão pelo seu ato de empatia para comigo. Na noite em que Faby me rejeitou pela segunda vez, eu tive um sonho estranho, em que estávamos nós três juntos, e ela me disse que a vida estava me dando mais uma chance no amor, e você era essa minha chance...
Vi que o Hugo me ouvia atento a tudo aquilo que eu falava.
EU: Quando estudamos o romance juntos e percebi que você se esforçou para me fazer entender o romance, eu senti aquele sentimento aqui germinar. E quando você foi embora por causa da humilhação que você sofreu, eu senti a sua falta mais do que eu imaginava senti por alguém que um dia amei. Neste momento eu percebi que te amo.
EU: Estava me acostumando com a ideia de nunca mais te ver, até que você volta pra escola, volta pra gente. Esses sentimentos voltaram tudo de uma vez só! Eu tentei me controlar, mas não consegui, e acabei te beijando. (Baixei a cabeça) Me perdoa.
Ficou alguns segundos de silêncio no local, quando Hugo pega no meu rosto e o levanta em direção ao rosto dele e começa a falar:
HUGO: Olha Bruno, eu realmente fui pego de surpresa pelo beijo que você deu. Eu não sabia que você nutre esse sentimento por mim. Quer saber? Eu amei o seu beijo! Você esteve ao meu lado sempre. Aliás, você e a Faby. Talvez você não saiba, mas eu sou gay. E realmente gosto muito de você. Podemos tentar nos conhecer melhor e quem sabe, nos apaixonarmos um pelo outro?!
Meus olhos ficaram bem abertos, quando eu acabei de ouvir que ele quer me conhecer melhor.
HUGO: Você quer me conhecer melhor?! Que tal andarmos até a praia hoje a noite e conversarmos sobre o que sentimos um pelo outro. Eu passo em sua casa e saímos para a praia. Certo?
EU: Certo... (A distância entre a minha casa até a praia é de meia hora caminhando. Acho que teremos tempo suficiente para conversarmos.)
Então Hugo me oferece a mão para me ajudar a levantar. Ele tem o coração de ouro por estar sendo bom naquele momento. Já em pé, ele olha nos meus olhos fixamente e diz:
HUGO: Um agradecimento por estar ao meu lado quando eu precisei.
Assim que ele falou isso, Hugo pegou em meu queixo, aproximou o meu rosto ao dele, e me deu um selinho demorado. Ao ser tocado por aqueles lábios, eu senti uma corrente elétrica percorrer o meu corpo todo, meu coração acelerou os batimentos e meus músculos pareciam amolecer por causa do beijo dele. Resumindo: eu entreguei os meus sentimentos de bandeja para ele. Espero que ele cuide-os com amor.
Voltamos pra sala de aula. Eu já estava calmo, minhas lágrimas haviam cessado. O mesmo podia-se dizer do Hugo. Quando estávamos a dois passos da porta da sala, Hugo segura a minha mão e entramos no local assim, de mãos dadas. O burburinho era geral pois todos comentavam o beijo que eu dei nele e quando entramos de mãos dadas na sala.
O restante das aulas do dia transcorreram na mais completa tranquilidade, embora o tema "Bruno & Hugo" ainda andasse na boca da turma. Apesar de existir homossexuais na escola inteira, nós fomos o primeiro casal assumido do mesmo sexo. Isso foi motivo suficiente para as fofocas de corredor durante toda a semana.
Tudo parecia ir pelos mares da tranquilidade até a hora da saída. Caminhávamos juntos Hugo e eu até o portão da escola, de mãos dadas, até que ouvimos o Diogo bater palmas devagar, e dizer:
DIOGO: Ora, ora, ora... Se não é o mais novo casalzinho do colégio (O tom de voz dele indicava sarcasmo. Aquilo estava me irritando.) E aí?! Quem mete e quem dá?
Meu corpo já tremia de raiva. O Diogo está merecendo uma boa surra, desde a época em que eles humilhavam o Hugo até aquele momento. Mas o meu namorado foi mais rápido na reação.
HUGO: Você quer parar de ser idiota, Diogo. Saber quem dá ou recebe, por acaso, é da sua conta? Por que o interesse nisso? (o Hugo dá um sorriso sacana enquanto Diogo demonstrava irritação) Será que você tá afim de experimentar?
Acho que isso foi o estopim para o ataque de fúria dele. O Diogo veio correndo até onde nós estávamos e tentou esmurrar o Hugo. Ninguém vai bater nele enquanto eu estiver aqui. Eu segurei o punho do Diogo a alguns centímetros do rosto do meu amado.
EU: Você não vai encostar nenhum dedo seu no meu namorado enquanto eu estiver aqui.
Ele me olha com raiva e, numa distração minha, eu recebo um soco no rosto, me deixando desorientado. Ele parte pra cima de mim e continuamos a nos socar caídos no chão.
Logo uma barreira - agrupamento de alunos - se formou em torno da gente, e acredite: tinha até aposta para ver quem venceria a briga. Bom, foi fácil saber quem foi o vencedor. Eu tenho porte físico de um lutador de muay thai e conheço muitos golpes de ataque e defesa. Já o Diogo só tem músculos de academia e nenhum conhecimento de luta. A luta foi uma moleza pra mim.
Paramos de brigar assim que um aluno gritou o nome da diretora. Tivemos que sair juntos dali, apesar de sermos, a partir daquele momento, inimigos declarados.
Assim que nos afastamos, nos olhamos com puro ódio. Ele me disse algo do tipo "Isso não acaba aqui". Não me importo, pois eu estou pronto para quaisquer outros combates com aquele magricela.
Nos afastamos e eu fui ao banheiro. Logo após chega o meu amado com uma maleta com pequenos curativos.
HUGO: Bruno, você está aí? (Diz ele ao entrar no banheiro. Ele se impressiona com as feridas no meu rosto. Dava pra ver, pela expressão do rosto dele, que eu fiquei com um machucado bem feio. ) Meu Deus, Bruno! Você está bem machucado. Vem aqui!
Eu fui até onde ele estava sentado, e me sentei ao lado dele. Ele abriu a maletinha e retirou um chumaço de algodão e uma garrafinha de cor marrom, umedeceu o algodão com o líquido - álcool - e começou a passá-lo nas minhas feridas. A cada cara de dor que eu fazia, mais carinhoso Hugo era comigo. Quando ele terminou a limpeza com álcool e colocou pequenos curativos em meu rosto, ele me deu um beijo bem suave nos meus lábios e disse:
HUGO: Obrigado!
EU: Pelo quê?
HUGO: Por ter me defendido. Normalmente eu não apoio brigas pois acredito que o diálogo pode ajudar a resolver desavenças. Mas eu me senti vingado quando você me defendeu daquele idiota. Obrigado.
EU: Por nada. Você sabe que eu faria o que estivesse ao meu alcance para te defender. (Após falar isso, eu o abracei e na mesma hora senti uma ardência nas feridas do rosto, mas nada que me afastasse daquele abraço.
Voltamos pra sala e assistimos as aulas finais na tranquilidade. De vez em quando o peste do Diogo me olhava com raiva, mas ele sabe quem é o melhor nos "paranauê" daquela escola.
Saímos dali após o sinal do final da aula, e fomos pra casa. Antes eu resolvi conhecer melhor o meu namorado.
EU: Hugo?!
HUGO: O que foi, meu herói?
Herói?! Me senti. U_U
EU: Que tal se a gente saísse mais tarde? Para, quem sabe, nos conhecermos melhor?
HUGO: Seria um prazer! Pode ser depois das oito da noite?
EU: Pode sim. Mas por quê?
HUGO: Eu tenho que fazer minhas atividades atrasadas. Mas estarei te esperando lá na praça.
EU: Combinado. Até de noite!
HUGO: Até de noite. (Ele me abraça e me dá um beijo rápido.)
Voltei pra casa. Pode parecer estranho, mas eu me sentia livre quando eu estava com o Hugo. Talvez seja a hora de me assumir para a minha família. Esse é o primeiro passo que eu tenho que dar para construir a minha felicidade ao lado do Hugo.
Confesso que estou com medo da reação de meus pais quando souberem, mas prefiro que eles saibam disso pela minha boca do que pela dos outros. Então vou pra casa para revelá-los o que eu sinto.
Eu avisei aos meus pais que queria falar algo importante para eles, e que faria isso no jantar. São oito e meia da noite agora. Eu estava no meu quarto, tentando me acalmar. Estava com muito medo de meus pais me rejeitarem. E quem gosta de ser rejeitado pelos pais devido à opção sexual? Ninguém. Mas eu preciso fazer isso.
Nisso o meu celular recebe uma chamada - era do Hugo.
EU: Alô!
HUGO: Oi meu amor. Que voz tão desanimada. O que está acontecendo?
EU: Eu vou me assumir para meus pais. E estou com muito medo de eles me rejeitarem.
HUGO: Se assumir? (O tom de voz dele era de surpresa) Mas por quê?
EU: Sim. Cara, eu nunca fui de esconder os meus sentimentos dos meus pais e eu tenho certeza de que sou gay, então eu quero que eles saibam por mim do que pelos outros.
EU: Eu estou completamente apaixonado por você desde o dia em que você me ajudou a tentar reconquistar a Faby. O que me tocou profundamente foi quando você foi ver como eu tava, lá no banheiro. A partir daquele dia eu o olhei com outros olhos. Agora eu sei que eu te amo. Agora eu quero que meus pais saibam disso...
HUGO: Então... Boa sorte com isso! Saiba que eu estou aqui com você no que precisar.
EU: Obrigado amor! Qualquer coisa, me liga.
E desligamos a chamada. Já está na hora de enfrentar os meus medos. Desci até a cozinha, onde fica a mesa de jantar. Meus pais já estavam sentados, esperando por aquilo que iria dizer, e isso me causou um frio na barriga. Mas lá estava eu, face a face com meus pais.
PAI: Filho, nos diga o que tanto quer falar!
Eu respirei fundo e disse:
EU: Pai, mãe: eu sou gay.
PAI E MÃE: O QUÊ?????
EU: É verdade! Eu gosto de homens, e tenho um namorado. Me perdoem se eu não sou o filho que vocês queriam ter, mas esse sou eu! (Lágrimas já corriam pelo meu rosto. Eu chorava por medo de que meus pais me rejeitassem.)
PAI: Você acha que eu vou te abandonar só porque você namora um homem? Não, meu filho. Você é e sempre será o meu filho e eu te amo do mesmo jeito.
MÃE: É meu filhinho! Nós te amamos desde sempre e mesmo que você não nos dê netinhos, nós estaremos aqui pra você!
PAI: Apesar de estar um pouco decepcionado contigo, eu prometo digerir essa verdade... Meu filho, namorando um homem! (Parecia dizer isso pra si mesmo)
EU: Obrigado, meu pai! Obrigado,minha mãe! - Eu chorava cada vez mais forte. Então minha mãe se levantou, se aproximou de mim e me deu um abraço. Me senti protegido de tudo nos braços da mamãe. O que eu não esperava era que meu pai faria a mesma coisa. Pronto, eu tenho a família mais amorosa que existia.
Logo escutamos a cigarra tocar. Fui até a porta e abri: lá estava ele, de camisa roxa e calça jeans escura e tênis.
HUGO: Boa noite, Bruno! Você se esqueceu de alguma coisa?
Alguma coisa?... Ih! Eu esqueci que a gente combinou de sair agora a noite. O.O
EU: Desculpa cara, eu esqueci completamente. Eu vou me arrumar...
HUGO: Não! Pode ficar em casa. Pelo que eu estou vendo, você não está em condições de sair. Marcamos para outro dia.
Quando o Hugo já estava indo embora, meu pai gritou de lá da cozinha:
PAI: EI!!! ESPERE!
O Hugo parou de se mexer e ficou esperando o meu pai. O nervosismo emanava da pele dele. Então eu o segurei pela mão.
Meu pai se aproximou dele, o olhou por alguns segundos e pediu-o para entrar. Ele o fez e se sentou no sofá. Meu pai se sentou ao lado dele e começou a dizer:
PAI: Então você é o cara por quem meu filho está namorando... Me fale sobre você.
HUGO: Bom... Me chamo Hugo, estudo na mesma escola que Bruno. Eu me apaixonei por seu filho desde o dia em que eu fui ajudá-lo a reconquistar a ex namorada, que também é a minha amiga. Eu vi o quão bondoso, verdadeiro e positivo era o amor deles. Eu tentei juntá-los novamente, mas acabou que não deu certo. Eu senti que o Bruno era alguém muito especial pra mim. Quando o ajudei com o exame de literatura, eu realmente me apaixonei por ele. Mas eu resolvi não investir nesse sentimento porque ele foi namorado de Faby, e eu acharia uma traição da minha parte namorar ex da minha amiga; e ele era hétero até então.
HUGO: Mas aí eu me afastei da escola por seis meses e quando voltei eu descobri que o Bruno me amava. Eu resolvi aceitar o que eu senti por ele e começamos a namorar.
Essa história que o Hugo contou vem como um filme na minha cabeça de vez em quando.
PAI: E você o ama?
EU: PAI!!! Para de interrogatório! - Falei envergonhado.
HUGO: Não tem problema, Bruno. Eu o amo de todo coração e desejo construir uma vida junto com Bruno.
Ali comecei a chorar. Você ouvir a pessoa que ama dizer que quer construir uma vida contigo é emocionante! Uma onda de felicidade invadiu o meu corpo.
PAI: Eu ouvi o suficiente. Eu aceito o namoro de vocês. O que acha, Eduarda?
MÃE: Olha Roberto, eu vejo nesses dois o mesmo olhar que eu vi em você quando tivemos o nosso primeiro encontro. Era um olhar de paixão com respeito. Se nós estamos casados e felizes até hoje, eu acho que eles também serão, mesmo sendo dois homens. Eu aceito o namoro de vocês também.
A noite não poderia terminar melhor do que está agora: eu estou namorando o homem que eu amo, minha família aceitar a minha opção sexual e ainda por cima abençoar o meu namoro com o Hugo. Tudo caminha na mais perfeita tranquilidade, mas as coisas estavam prestes a mudar!