[Giuliano]
Minha cabeça doía, e aquele colchão era desconfortável. Demorei uns minutos para perceber que estava no hospital, minha perna estava ferida e um tanto roxa. Notei também um corte em minha testa.
- Hey hey, calma garotão. - disse Ricardo.
Ele é um amigo meu, o conheci no meio profissional há uns 4 anos atrás. Ele é alto, loiro e usa barba bem cheia, trabalha numa revista. Sim, ele é gay.
- O que eu tô fazendo aqui?
- Você foi atropelado.
Eu coloquei a mão na cabeça e realmente a lembrança veio à mente:
Lembro de desligar na cara do advogado maldito e estar atravessando um semáforo e do outro lado da rua lembro-me de chorar, não se pelo fato de mais um processo em minhas costas ou devido ter sido grosso com o Gabriel. A segunda teoria era mais válida, meu humor não andava um dos melhores depois que sofri o tal golpe. Enxuguei as lágrimas e fiz menção de voltar à padaria e daí não lembro mais.
- Você atravessou sem olhar, o semáforo estava aberto. O seu amigo, um tal de Gabriel viu e te trouxe para o hospital e ele não sabia que você tem plano de saúde e te trouxe para este aqui. Por sorte eu te liguei e a enfermeira atendeu e me contou tudo. O seu amigo saiu daqui assim que eu cheguei e vamos combinar, lindinho ele hein.
Caramba, mesmo eu sendo um grande idiota, ele me ajudou. Agora restava saber o porquê dele estar ali naquele momento. Será que ele estava indo atrás de mim? Bom, não fiquei mais do que 5 horas em observação, Ricardo me levou para casa.
- Cara, tua perna tá inchada. Vais conseguir ficar sozinho?
- Não sei. Mas você não vai ficar aqui, tem que trabalhar. Eu dou meu jeito, valeu.
- Ok. Amanhã de manhã eu passo por aqui. Tchau.
Passei praticamente dois dias apenas na cama. Pedia comida delivery e só levantava para fazer minha higiene. Queria muito falar com o Gabriel, agradecê-lo mas como eu quase não andava, isso se tornou impossível. Passado uma semana, Ricardo veio almoçar comigo. Na verdade ele serviu para eu desabafar, tudo isso acontecendo comigo me deixava muito triste, cheguei a pensar realmente em pagar a dívida feita pelo Pablo. Como não tenho muito contato com a minha família, eu me amparava totalmente no Ricardo e graças a Deus ele nunca me disse um “não”, sempre me ajudou no que eu precisava.
- Não, você não vai fazer isso. - dizia Ricardo.
- Eu sei, não devo. Mas as vezes parece ser o melhor a se fazer. Adoro meus empregados, mas é horrível saber que eles falam por trás de você e saber que posso confiar em poucos deles. Eu tô sem chão Ricardo. – dizia eu em meio as lágrimas.
- Ei, eu sou o que?
- Um grande amigo.
Nisso nós nos abraçamos.
- Eu mereço tudo isso, Ricardo? Será que eu sou predestinado a viver sem ninguém ao meu lado, sem um parceiro? E quando encontro sou traído e roubado.
- Hey, para de drama. Olha, você é um cara bonito, elegante...
- Ah não começa...
- Deixa eu terminar? Você é lindo, se porta bem, e chama a atenção de qualquer pessoa, isso é fato. Nem tente negar, pessoas interesseiras sempre irão se aproximar de você, bota isso na sua cabeça. Agora eu tenho certeza que dentre esses milhões de pessoas que estão aí fora, pelo menos uma irá se apaixonar pelo que você é independente da sua conta bancária. Se bem que dinheiro você não tem agora.
Nessa hora eu dei um soco nele.
- Sério, você vai encontrar alguém, alguém que verá o Giuliano como eu vejo: lindo, gentil e chorão.
- Valeu. Mas tomara que essa suposta pessoa não demore, porque se não eu terei que fazer de você essa pessoa. - disse eu dando um beijo na bochecha dele.
[Gabriel]
- Por que você quer terminar comigo?
- Eu não quero, eu estou terminando contigo.
- Por que Gabriel? Eu não sou uma boa namorada?
- É uma ótima namorada, não para mim.
Terminar com ela soou bem mais fácil na minha mente. Depois de sair do hospital foi a primeira coisa que eu fiz. Ela não me completava, não era a pessoa certa pra mim.
Eu e a minha boca, estávamos nos dando super bem com o novo vizinho e acho que acabei o ofendendo. Tentei pedir desculpas assim que ele saiu da padaria e o vi ali, jogado na avenida. Liguei para o hospital mais próximo e Só saí do lado dele quando um amigo chegou. Queria muito falar com ele, nem eu sabia o porquê de tanta vontade. Ele é uma pessoa bacana, é isso. Quem eu tô querendo enganar, acho muitos amigos meus bacanas, mas ele era diferente, sei lá, ele era atencioso mesmo me conhecendo há pouco tempo. Ah não, esse Cupido só pode estar de sacanagem, além de eu estar interessado em alguém que acabei de conhecer, era homem e 8 anos mais velho. Não não Gabriel, tira isso da cabeça, já se passou uma semana. Ele não te procurou, nem lembra de ti. Em meio aos meus pensamentos o telefone de casa toca.
- Alô!?
- Oi, gostaria de falar com Lorenzo.
- Sou eu.
- Gostaria de marcar um encontro com o senhor, seu Lorenzo Valle.
- Ahh, então você quer falar com meu pai.
- Desculpa. Vocês tem o mesmo nome?
- Sim, sou Gabriel Lorenzo Valle Júnior.
- Humm, então você avisa que o senhor Piazón ligou.
- Aviso sim.
- Obrigado.
Não sei porque, mas aquela voz me soou familiar.
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Thiago Silva: que bom que agora você pode acompanhar.
THII_RJ: pois é, ele conversa comigo e rolou a ideia de postar de novo e continuar.
RU/RUANITO: ele me passou o enredo todo e como pretendia finalizar e me deu liberdade de modificar algo.
sonhadora19: retirou sim e vai excluir sua conta. Ele me passou outro conto também.
fabi26: que bom que gostou.
Perley: as coisas estão apenas começando.
Agradeço imensamente aqueles que leem, já já tem mais.
BOA LEITURA!!!!
