Se eu fosse cardíaco eu teria tido um enfarte devido ao susto que não só eu, mas o André também e sinceramente ate então ainda não havia pensado em nossa situação e como seria a reação dos meus irmãos e do meu pai, mas acho que a resposta estava por vir.
M:Eu não estou acreditando no que estou vendo.
A:Calma Marcelo agente pode explicar.
M:Explicar o que André, que você ta se aproveitando do meu irmão.
G:Não é nada disso Marcelo eu gosto de verdade do André.
M:Vocês são gays?
A:Não interessa o que somos, o que importa é que agente ta junto e você vai ter que aceitar.
M:Você só pode estar louco cara, ele é homem e eu te conheço a anos e sempre te vi pegar as minas e agora você ta me dizendo que ta pegando meu irmão?
G:Marcelo nenhum de nos dois planejou isso, só aconteceu eu amo ele e ele me ama, tenta entender.
A: Cara como você disse que me conhece a anos, eu jamais disse na vida que amei alguém e agora eu te digo que eu amo o Gaell, não sei viver sem ele, é da mesma maneira que você gosta da Mariana.
M:Só que a Mariana é mulher.
A:E daí? Me diz uma coisa você deixaria de gostar dela se ele fosse diferente da gente, tipo se tivesse um pé a menos ou coisa parecida?
M:Uma coisa não tem nada haver com a outra.
G:Claro que tem mano, você ama a Mari assim que eu amo o André, não estamos cometendo nenhum crime, só queremos que aceite.
M:André tu já me viu pelado nos treinos, por acaso alguma vez já ficou me olhando esquisito?
A:TA LOCO IRMÃO?
G:Marcelo que pergunta é essa?
M:Ga somos gêmeos esqueceu? Vai que uma hora ele acha que eu sou você e vem querer me beija?
A:Você só pode estar louco. Vocês podem ser iguais por fora, mas só o meu Gaell tem aquele charme especial que eu amo. É impossível confundir vocês.
M:Cara não sei como você pode deixar de gostar de uma xana quentinha gostosinha pra preferir uma rola.
G:Affs Marcelo nem adianta entender, só preciso do seu apoio.
M:Por mais estranho que seja como se fosse ver eu mesmo beijando um cara, por mim tudo bem, só não fiquem de agarração na minha frente ate eu me acostumar com a ideia.
Ainda ficamos um bom tempo conversando e o Marcelo parecia fazer um grande esforço para entender, pelo menos isso, ao invés de me julgar, mas tinha certo receio unto ao meu pai e ao Daniel, mas como pedi aos dois que não contasse que iria com cuidado e estava pensando em contar para eles depois que passar essas consultas com o psicólogo. Quanto ao Marcelo eu entendia seu receio, por sermos gêmeos era como se ver fazendo algo que ate então jamais pensou na possibilidade e acredito eu que era como um pesadelo me ver beijando ou tranzando com seu melhor amigo, acho que o tempo é o melhor remédio para ele se acostumar.
Os dias foram passando e chegou a hora da primeira consulta, meus irmãos queriam me acompanhar, mas eles tinham seus compromissos e assim meu pai me acompanhou e o André disse que estaria presente.
G:Mas eles não vão estranhar você estar presente?
A:E dai? Primeiro que sou amigo da família e segundo sou dono do Hospital, quer mais?
G:Ok senhor fodão... Mas...
A:Que foi amor.
G:Já passei por isso tantas vezes, cada vez que eu entro em um consultório medico ou diante de um psicólogo me encho de esperanças de voltar a ver, até cirurgia já fiz e nunca encontraram nada de errado comigo, meus olhos simplesmente não funcionam e nenhum medico sabe explicar o porque, há somente teorias e mais teorias, me faz ter esperanças e depois não dá certo.
A:Fica calmo, eu imagino que não deve ser fácil, mas não pode desanimar, e hoje eu vou estar lá com você.
G:Promete?
A:Eu prometo.
Quando o relógio marcou duas horas da tarde estávamos na sala de espera eu e meu pai e o André, aguardávamos a psicóloga terminar de atender um paciente e assim seria a minha vez. Após esperar um pouco fomos chamados e entramos em seu consultório e a psicóloga se chamava Doutora Rosana.
R:Seja bem vindo Gaell tudo bem.
G:Oi Dra.
R: Pode se sentar aqui... Isso fique tranquilo, eu conversei com os médicos que cuidaram de você anteriormente e com alguns colegas para discutir o seu problema e sabemos que você já fez terapia então deu certo então faremos algo diferente dessa vez, Gaell como o Dr. Franco explicou para você em termos mais simples de entender que o seu cérebro por alguma razão desligou seus olhos, sus exames clínicos não apareceu nenhuma lesão ou acusou alguma doença que possa justificar a sua cegueira e por isso concordamos que como meio de se auto proteger sua visão foi desativada e para solucionarmos isso precisamos entender o porque isso aconteceu, então eu sugeri ao seu pai que fizéssemos uma terapia de regressão de memória, tentaremos através desse método encontrar a razão do trauma que o fez ficar cego, é um método já utilizado em vários países e em muitos casos deu certo e em outros não, só depende de você estar disposto a recorre a este tratamento, ninguém aqui vai te forçar a nada.
G:Vagner o que você acha?
Até então ainda não tinha o costume de chama-lo de pai e o mesmo entendia e parecia não se incomodar com isso.
V:Meu filho, eu acho válido tentar, é um método novo conforme a doutora me explicou, mas depende de você, eu não me importo desde que você esteja bem.
G:André?
A:É como seu pai te disse, todos vamos te apoiar seja qual for sua decisão.
G:Tudo bem doutora...
R:Ok eu preciso que você se deite aqui...isso mesmo agora relaxe... eu preciso pedir que durante a sessão que em momento algum se manifeste, é necessário todo bastante silencio.
Agora pessoal eu vou adiantar um pouco por que não é relevante a preparação que é quando estamos deitados a medica nos ensina posições e técnicas de respiração e relaxamento, então não é relevante para o andamento da historia.
R:Agora Gaell você esta diante de uma porta.
G:Sim
R:Quando você abrir ela levara ate quando você tinha nove anos, quando estiver pronto pode abrir.
G:Estou em casa.
R:Pode descrever?
G:Sim, era de manhã.
R:O que está fazendo?
G:Me arrumando, tenho que ir para a escola.
R:Tem mais alguém em casa?
G:Não sei, estou sozinho no meu quarto.
R:Pode sair do quatro e verificar?
G:Não.
R:Por que?
G:Tenho medo.
R:Medo de que?
G:De que ele esteja em casa.
R:Ele quem?
G:Tenho medo.
R:Tudo bem Gaell quero que respire profundamente sem pressa, fique calmo... isso... Pode dizer de quem você tem medo.
G:Meu pai.
R:Ok, você esta no seu quarto se arrumando para ir a escola, você pode ouvir algum barulho de fora do quarto?
G:Não.
R:Talvez esteja sozinho em casa, sabe me dizer onde esta a sua mãe?
G:Trabalhando.
R:Tudo bem, se estiver tudo bem, pode abrir a porta do quarto?
G:Eu abri.
R:E o que vê?
G:Um corredor.
R:Pode seguir o corredor?
G:Posso. Meu pai esta em casa.
R:Como sabe?
G:Ele chegou...
R:Tudo bem... O que ele esta fazendo?
G:Ele ta me chamando, mas eu não quero ir.
R:Porque?
G:Ele quer que eu faça coisas que eu não quero.
R:Tudo bem... agora quero que fique calmo...respire ninguém vai te machucar, você esta seguro, você entende?
G:Sim.
R:O que ele esta fazendo?
G:Na cozinha sentado na mesa bebendo alguma coisa em uma garrafa. Ele esta me chamando...
R:Tem mais alguém com ele?
G:Não... estamos só nos dois. Eu não quero fazer isso.
R:Pode me dizer o que ele quer?
G:Ele me mandou ajoelhar no chão... não quero não... pai nãoooo.
R:Gael fique calmo...
G:PAIIIIIIIIIII NÃO ISSO DOIIII...NÃO... NÃO.
R:Gael, quero que só escute a minha voz, seu pai não vai te machucar, volta para a porta e a feche...