- Essa é minha primeira vez. - disse ele com um jeito de garoto.
- Não, essa é nossa primeira vez.
- Mas por que...
- Shiu.
Calei.sua voz enquanto cobria seus lábios com dois de meus dedos. Pus minha mão sobre seu ombro e apertei-o com vigor. Queria mostrar a ele o quanto aquele momento significava para nós dois.
Aproximei-me de seu pescoço. Senti o seu aroma que tanto me inebriava. Quantas vezes me vi em seu quarto após nossas partidas de futebol, enquanto ele tomava banho, abraçando suas roupas e decorando seu cheiro com meus olhos fechados temendo que ele aparecesse.
Deveria provocá-lo. Toquei seu lábios com os meus, porém não permiti que ele os possuísse. Fiz seu corpo vir de encontro ao meu enquanto nossos peitos iam de encontro. Sim. Eu queria fazer dele meu, juntos num só corpo compartilhando da mesma energia vital. Não pude mais conter minha ereção.
- Sabe o que eu mais gosto em você? - Disse Caio no meu ouvido.
- O que? -Exclamei quase suspirando.
- Seu corpo esguio junto do meu, seus cabelos loiros, seus olhos.
- Eu gosto do seu jeito marrudo e tímido, fechado e cortês todo inesperado. Amo seus cabelos ruivos e a maneira como você anda, cada uma das suas sardas. Amo quando seu rosto fica vermelho e você desvia o olhar. Exatamente como está fazendo agora. Tudo em você me faz querer beijar sua boca.
- Então por que você não a beija?
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Oi. Eu sou o Vini. Acabei de completar 18 anos. Sim, ando mais preocupado com minha habilitação do que com minha vida de fato. Tenho um cachorro chamado Bobby. Sou loiro, baixo e magrinho. Diz-se que tenho um belo dote, não gosto de me gabar, mas tenho o maior namorado do mundo. O Caio, sim. O Caio tem 1,90 ruivo, fortinho por conta da natação e do fut, que claro jogamos juntos com o pessoal do nosso condomínio.
O Caio é aquele cara tímido e fechado. Calado, misterioso e com uma cara de safado, que não é pra qualquer um. Não posso esquecer de como a gente se conheceu. Eu havia acabado de mudar para aquele condomínio. Com meus recém completos 15 anos era um muleque. Virgem de tudo, só havia beijado algumas garotas. Eu era menor do que sou hoje, e eu tenho 1,66 hoje em dia, então era minúsculo. Quando mudei, eu ja tinha amigos por lá e eles me levaram pra conhecer os outros garotos. Todos com idade entre 13 e 17. E lá estava o maior de todos eles. Com 16 anos e 1,84m lá estava o Caio, todo ruivo, magrinho, cheio de sarda, sem camisa, descalço sentado sob a trave da quadra. Dividimos os times. Eu queria muito ficar no time dele. Primeiro porque ele era o maior de todos os garotos e eu o menor, eu seria esmagado caso ele decidisse tomar-me a bola. Ele me intrigou um pouco com aquele jeito meio alheio a tudo e todos. Mas a sorte estava ao meu favor. Naquele sol escaldante de janeiro, aquele cabelo ruivo brilhando no sol veio até mim.
- Você é nosso.
Curto e grosso. Ufa. Suspirei aliviado. Não teria nenhuma fratura naquele dia. Na verdade formamos uma ótima dupla. Por ser menor eu era mais ágil, e claro faço meu jogo, o ataque é minha praia, já um moço daquele tamanho todo ficava bem na zaga.
- Passa a bola, passa..
GOOOL.
Jogamos praticamente a tarde toda. Bendito horário de verão, 7 horas e ainda de dia. Óbvio que GANHAMOS! Sim. Não podia negar que fui artilheiro. Eu sempre gostei de futebol, e eu curto camisas de times estrangeiros, naquele dia eu estava usando a camisa do Dínamo de Kiev, uma das minhas preferidas. Enquanto me despedia de um dos meus amigos alguém se aproximou
- Camisa legal, do Dínamo?
- Poxa, você é o primeiro a acertar.
- A escalação deles tá mais forte nessa temporada.
Não era possível, ele sabia a escala de um time ucraniano! Iriamos nos dar bem, com certeza!
- Meu pai também gosta de futebol europeu, me influenciou um pouco haha. -Disse ele.
- Meu pai não curte futebol haha, ironia não?
- De onde vem essa inspiração toda?
- Eu tenho um tio que joga profissional na Europa. Ele morou conosco quando eu era mais novo e sempre me levava pros jogos quando jogava aqui no Brasil. Como ele não tinha filhos me arrastava pras festas dos filhos dos amigos
- Caraca maluco, que legal!
- Ano que vem eu vou visitá-lo, ele tá na Rússia.
- Mas então; você é novo por aqui. Onde você tá morando?
- Na rua 4 e você?
- Na 5. Caraca. Não me diga que você.. Vocês compraram aquela casa azul enorme?
- É essa mesmo cara.
puxa acho que agora somos vizinhos também. Sua casa fica logo atrás da minha. Muro com muro.
Coincidência demais! Aquilo era improvável. Mas era sério.
- Meu nome é Vinícius e vc deve ser o Caião.
- Isso. - Sorriu meio tímido.
- Pode me chamar de Vini, eu não preciso de um nome muito grande mesmo haha.
- Haha. Também pequeno desse jeito né.
- Bem, tenho que ir agora.
- Tchau Vini, foi um prazer conhecer vc cara.
Apertei sua mão e fui em direção a minha casa.
- Qualquer hora a gente faz algo.
- Pode ser, amanhã na quadra mesmo horário?
- Ok.
Me senti super seguro, já tinha me enturmado e conhecido meu vizinho.
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As férias. Ah. Dormi tarde, acordei na hora do almoço, tomei aquele banho demorado.
- Boa tarde Sr. Vinícius. - Disse minha mãe.
- Oi mãe.
Dei um beijo estalado em seu rosto. E ela definitivamente odeia beijos estalados.
- Lá vem você com a sua bobeira hein garoto.
- Relaxa velha.
- Velha?
Levei uma frigideirada na bunda. Muito forte, minha mãe é bruta nas brincadeiras.
- Pelo jeito você já está se adaptando. Chegou tarde da quadra ontem.
- Pois é, o Lippe me apresentou uma galera legal.
- Vc toma cuidado Vinícius, tem várias histórias de que por aqui tem uns jovens da pesada.
- Mãe, eu sei me cuidar. E vc e o pai não gastaram todas as economias da vida num lugar da pesada.
- Bem, eu sou sua mãe, é meu dever te avisar.
Terminei de almoçar e tomei meu suco num gole só. Pus minha chuteira, meu shorts de fut. Poxa, como eu era magrinho. Só tinha as pernas Um pouquinho grossas, eu flutuava na camisa. Peguei minha bola e fui caminhando em direção à quadra. Quando cheguei percebi que não tinha ninguém. Espera.. O Caio estava sentado sob a trave de novo. Bem talvez ele fosse um pouco fechado. Mas ele me pareceu tão comunicativo no dia anterior.
- Oi Vini. Beleza?
- Koé Caião, beleza e vc?
- De boa.
- Cade o pessoal?
- Devem estar chegando.
- Vamo tirar uns dribles?
- Bora!
Sim meus caros, apesar do tamanho o Caio era meio descoordenado. Haha, me deu várias cortadas, e só tinha posse de bola usando jogo de corpo. Por fim ele tropeçou em mim, nós caímos juntos.
- Hahaha.
- Caio, se vc tivesse caído em cima de mim teria me matado!
Ele se levantou primeiro, estendeu-me uma mão e me ajudou a levantar. Sim, rolou uma troca de olhares muito interessante, rapidamente ele desviou o olhar e ficou com o rosto vermelho. Eu fingi não ter percebido, mas por ele ser tão tímido fazia sentido. Seus cabelos ruivos no seu ombro, o jeito como ele observava tudo. Eu me sentia bem ali com ele.
-Bem já que não vem ninguém, a gente podia fazer algo longe desse sol. Bora ir lá pra casa?
Disse Caio.
- Pode ser cara.
- Vamo então. A gente entra na piscina.
Corri em casa, tomei meu banho, avisei a mamis que ia pra casa dos vizinhos, peguei um shorts e uma toalha e atravessei minha rua e procurei a casa descrita por ele que também se encontrava ao fim da rua. Bati à porta.
- Oi Vini, chega aí cara.
Pedi licença, entrei. O Caio tem uma casa bem legal, sua mãe é arquiteta e o pai engenheiro civil, o tio e a tia. Sim, é assim que eu chamo os pais dos meus amigos. Um sobrado com uma janela enorme e 3 andares. O Caio dorme no sótão justamente porque tem mais espaço e ele toca bateria e guitarra e precisa de um espacinho.
- Bem, essa é minha humildade residência.
- E aquele é seu humilde videogame?
Ele já tinha um XBox, na época não era tão comum e aimda centenas de jogos, todos espalhado pelo tapete.
- Mas me fala, onde vc morava antes? - Disse ele enquanto me entregava um copo d'água.
- Eu morava numa cidade vizinha, em apartamento. Ntes de vir pra cá meu pai precisou vender nossa antiga casa e ficamos provisoriamente lá e sério minha sala de estar é do tamanho do meu antigo apartamento haha.
- Bem, eu sempre morei aqui.
- Eu até compre um cachorro, um pitbull.
- eu também gosto de cachorro. Tenho uma rusky, e um fila. Quer ver?
- Claro. -Eu sou apaixonado por cães, então fui todo afoito pra conhecê-los,
- A Rusky é a Cora, o Fila é o Max, quer dizer, Maximiliano. Haha.
- haha, sim, eles são maiores que eu.
- Como se fosse difícil né. Mas eles gostam de criança, vão gostar de vc.
Ele tinha esse jeito provocativo que me intrigava, seus comentários geralmente era ácidos, e ele nem percebia que os fazia. O moço era malvado às vezes.
Imediatamente eles vieram brincar comigo. O canil deles era enorme, e o Caio passeava com os dois todos os dias. Ele realmente amava os seus cachorros. Assim como eu amava meu recém chegado Bobby.
- Vini, vou pegar coca cola pra gente. Esses dois não vão querer te soltar mais haha. Dizem que se o seu cão gosta de alguém que visita sua casa, essa pessoa é de confiança.
Bem, eu devo ser de confiança.
- Vamo lá pro meu quarto eu tenho que me trocar.
Subimos dois lances de escada e como ele morava no sótão ainda tínhamos que baixar uma escadinha que vinha do teto, e ele só esticava a mão pra puxar. Eu devo ter complexo de altura. Enfim.. Chegamos. O quarto era imenso, dava pra jogar um gol a gol ali! Era tudo meio afastado, a cama em um lugar, guarda-roupa em outro, mas imagine um garoto organizado em relação ao quarto. Quando vi seus jogos espalhados não cogitei a ideia de que ele talvez fosse tão nerdinho! Sim, ele era muito nerd. E lá no canto, estava sua guitarra vermelha, sua bateria e seu violão.
- Eu vou me trocar. Espera aí, pode mexer no que quiser.
- Tá, não vou mexer em nada porque vc tem TOC e vai me bater, olha que quarto impecável.
O quarto era suíte, e o banheiro ficava na outra extremidade do quarto. Aquele sótão poderia abrigar 11 famílias do MST! Aproveitei que o Note estava ligado. Quando o abri a página era do facebook e estava no meu perfil. Me perguntei porque ele não havia adicionado, como eu sou mal educado e curto mexer nas coisas dos outros enviei o pedido de amizade! Fiquei vendo suas fotos, até que minimizei a tela, e lá estava! Dois ruivinhos brincando no balanço.
Ouvi a porta do banheiro se abrir e lá veio ele de shorts e chinelo!
- Esse é meu irmão, o Tavinho. Ele faz facul no interior. O orgulho do papis.
- Poxa ruivo, vcs são muito parecidos.
- Nós somos irmãos, apesar de que, de vez em quando eu acho que sou adotado!
- Claro Caio, tem um milhão de crianças ruivas pra adoção!
- Às vezes eu acho que não sou tão perfeito quanto o Otávio. Sei lá.
- Vc é perfeito assim, desse jeito. As pessoas tem que ver o Caio, e não o Tavinho.
Ele sorriu. Sim, sorriu e..
- Ok a sessão casos de família já acabou? Vamo logo pra piscina.
Esse jeito meio bloqueado dele me deixou mais intrigado, por que essa preocupação em ser perfeito? Esse Tavinho devia ser o Deus do Caio. Melhor deixar ele pra lá.
- Sunguinha vermelha?
- Sim, e daí? - Respondi.
- Agora está parecendo um garoto de 10 anos.
- Como é?
- To te enchendo seu bobo, tá gatinho assim. Haha.
Acho que ele era bipolar. Provavelmente. Bem. Nadamos os resto da tarde.
Naquela noite conheci os pais dele. Acabei me agregando e até jantei. Eu sou folgado mesmo, mas me identifiquei muito com o Caio, achei ele bem legal.
- Meus pais chegaram!
Fiquei meio sem jeito.
- Mãe, pai, esse é o Vinícius nosso novo vizinho.
- Olá Vinícius, prazer em conhecê-lo eu sou a Rose. - Disse sua mãe.
- Oi Vinícius eu sou o Fernando pai do Caio.
- Prazer em conhecê-los. Ah, e desculpa pela invasão.
- Que é isso meu querido, mas pro Caio trazer algum amigo em casa, tem que ser alguém excepcional. Esse menino anda muito sozinho, bem depois que..
- Poxa mãe, se até você me acha esquisito como eu fico. Mas devo ter puxado de alguém.
- Deve ter sido seu pai que demorou dois semestres pra me dizer oi, e sentávamos um ao lado do outro.
- Pronto, vai começar a contar a pré história. Rapazes, fiquem a vontade que eu e a senhorita aqui vamos ao mercado.
- Nossa como ele está galante hoje, o que será que ele quer?
-Mãe! Poxa..
Eu não pude conter o riso, aqueles doisbera uma figura. E sim, entendia porque o Caio se sentia adotado.
E assim foram passando as férias. Nos víamos todos os dias. Alugávamos filmes de terror, e que diria qie uma coisa daquele tamanho tinha medo e tapava os olhos e os ouvidos durante o filme! Eu descobri que entre minha casa e a dele tinha um espaço na cerca viva, que eu passava por baixo para invadir a casa do Caio. Mesmo assim eu gostava de ligar pra ele avisando que tava indo causar na sua casa.
- Oi ruivo.
- Oi Vini.
- Ta fazendo o que?
- Na minha cama lendo. E vc?
- No telefone contigo.
- O que quer fazer hoje Vini?
- Algo diferente porque as aulas estão acabando.
- Tem uma festinha aqui no condomínio de uma garota que estuda comigo, eu tava no grupo do evento, acho que por engano. Se quiser ir eu faço esse esforço.
- Pode ser, que horas?
- Eu buzino aí na porta daqui meia hora.
(Ele dirigia mas só no condomínio)
Me arrumei direitinho, usei meu melhor perfume, que não é Jequiti ok, coloquei um bonezinho. E estava pronto pra fritar!
Ouvi a buzina, entrei no carro.
- Cara o pessoal é meio bagunceiro tá Vini, e eles nem falam comigo direito.
- Pode deixar, isso vai mudar.
Oi Vic, esse e o Vini, Vini essa é a Victória, nossa anfitriã.
Meu Deus, que menina linda. Por ser mais baixo eu sempre tive tara em garota alta. Loira, mais de 1,75 olhos verdes e um corpo perfeito.
- Oi Vini, fica a vontade, o Caio já é de casa mesmo ele te apresenta o pessoal.
- Antes de eu ficar estranho esses eram meu melhores amigos.
Bem, não queria perguntar nada sobre aquilo, já havia me acostumado com seu jeito fechado.
- Vic, onde posso deixar isso?
Eu não chegaria de mãos abanando, levei uma garrafa de vodka e uma tequila..
- Acho que gostei de vc! Disse Vic.
- Eaí irmãozinho? Tudo beleza?
- Tudo certo. E com você Daniel? Disse Caio com a expressão mais fria do mundo.
A noite só estava começando, e mais perguntas ja iam se formando em minha cabeça.