Como eu disse anteriormente nós nunca sofremos nenhuma forma de preconceito direito, de as pessoas se aproximarem e dizerem algo que nos ofendesse, mais preconceito maquiado, camuflado e de forma indireta recebemos o tempo todo, para terem uma ideia do drama já acordamos e na porta da nossa casa tinha terra, a nossa ajudante disse que provavelmente era de cemitério e tinha todo um ritual para tirar de lá sem que aquilos nos afetasse, o pior é que nem as câmeras de segurança ajudaram muito, enfim... Mas um dia na vida do casal gay, de todos os vizinhos que temos, tem cantor sertanejo, politico, empresários e evangélicos, logico que pensamos que foram os últimos citados, eles dão a entender que sim.
Vocês sabem que um hétero leu nosso conto e acabou por se tornar um amigo da família, pois a filha dele estuda com o Rodolfo, ele nos disse que uma das frustrações da maioria dos pais é que geralmente quando os filhos deles pedem alguma coisa a frase geralmente é – Mãe, o Rodolfo tem isso, eu também quero. E na cabeça deles isso é ruim pois se o garoto criado pelo casal gay tem algo e o filho deles não de alguma forma eles se sentem inferiores a gente, eu fico muito irritado com esse tipo de coisa, quero resolver na hora, mas o Frederico tem outra forma de pensamento e nunca me deixa agir de forma mais invasiva, sempre presa pela politica da boa vizinhança, a diretora da escola já sofreu pressão de outros pais por nos apoiar, disseram que ela incentivava a homossexualidade e que isso não seria aceito pelo conselho de pais da escola, entre outras baboseiras, se não me engano isso saiu até no jornal na época.
Isso me afeta e muito, me sinto vulnerável e incapaz mas o Frederico vê tudo com outros olhos, ele encara como um desafio, algo a ser superado da forma mais humilde e pacifica possível eu tento seguir a mesma linha, mas as vezes é difícil, ele sempre diz que agir assim é a melhor forma, e que se fizer de alguma forma o universo retribui e de fato isso ocorre, alguns perguntaram sobre a marca do Frederico nos comentários e a verdade é que: Nós fechamos o atelier. Mas tem um ótimo motivo, a marca dele foi comprada por um grupo de investimento, até eu fiquei surpreso com a proposta, como ele vai muito as semanas de moda em NY acabou fazendo alguns contatos, e algumas blogueiras norte americanas, duas de peso inclusive postaram fotos usando peças dele, e gerou demanda no mercado de lá, isso fez com que quisessem a marca para vender lá.
Com a venda ele teve que encerrar os negócios aqui, ficou apenas com a linha de noivas, que tem representação no Rio de Janeiro, São Paulo e Buenos Aires, já a street foi vendida, a marca fica fora do mercado um ano em um processo chamado de encubadora, depois é relançada lá, nesse processo só blogueiras terão acesso as roupas, ele continua como estilista da marca porém agora é contratado, com um contrato de 20 anos por sinal, a única exigência é que ele vá para NY e fique três meses direto lá, isso todo ano... para o processo criativo, ainda bem que é Dezembro, Janeiro e Fevereiro assim o Rodolfo e eu podemos ir junto e ficar quase todo o período.
Não gosto muito da ideia mas apoio, como eu disse a ele, é o melhor pra carreira dele, um estilista estourar no Brasil é difícil é mais fácil estourar fora, para depois ser absorvido pelo mercado nacional, ele é jovem tem tudo pra dar certo, eu vou junto até onde posso, quando não puder ir eu espero ele voltar, casamento é isso né ceder para o outro poder alcançar os objetivos, voltando ao conto... No dia 27 almoçamos com a família, e depois de muitas despedidas voltamos para Goiânia trazendo conosco alguns dos meus primos que iriam também para Floripa, fomos direto ao aeroporto, já que nosso voo sairia em breve, eu sempre fico pingando de sono depois de comer, seja comida ou o Fred, é uma coisa minha, fiquei calado dando alguns cochilos e ele lendo a Vogue, como sempre faz, acordei comprei pudim, eu adoro pudim, e ele ainda lendo a revista.
Embarcamos e tivemos uma escala em SP, mal descemos do avião ele já foi disparado para o DufryShop dizendo que precisava comprar algumas coisas, ele acelerado e eu atras tentando inutilmente convencer ele a não fazer aquilo, pois não precisava comprar nada, muito pelo contrario, precisava era vender um pouco de coisa pois já tinha coisas demais, como eu não poderia ficar sem comprar nada, acabei pegando duas garrafas de Whisky pra mim, e ele comprou um monte de coisas, eu paguei no final das contas, sou igual puta safada, depois de embarcarmos ficamos o trajeto todo conversando, quando descemos no aeroporto fazia um frio absurdo, ao menos pra mim estava muito frio, e ainda tinha gente que andava com camiseta naquele clima, não sou acostumado com climas frios, mesmo tendo morado no Canadá eu nunca me acostumei até meus ossos doem quando tempo mais frio, eu gosto pra ficar em casa e tudo mais, se for pra ir a rua eu prefiro um sol bem quente.
No dia em que chegamos não fizemos nada, nem sexo teve, ficamos apenas deitados eu estava morto de cansaço e ainda com aquele clima só queria dormir, no outro dia acordei cedo, o Môrr ainda dormia, dei uma olhada pela sacada e vi todo mundo de camiseta e shorts, e coloquei na minha cabeça que se eles usavam eu também usaria, e assim o fiz, coloquei regata, shorts e desci, conheci um pessoal no restaurante que iria jogar tennis como faltava um me chamaram eu aceitei na hora, tudo que queria era esquentar meu sangue, subi coloquei um tênis e o Fred ainda dormindo, desci e fui me exercitar um pouco, foi ótimo, alem de eu gostar do esporte me fez esquentar, deu até para transpirar.
Depois do jogo eu voltei ao quarto para tomar um banho procurei o Fred e as meninas e nada de encontrar eles, tomei um banho dei um olhada no quarto e a carteira dele não estava lá, ou seja, ele tinha ido gastar dinheiro, coisa que adora fazer, comi alguma coisa enrolei um pouco dando umas voltas e fui para piscina nadar sozinho mesmo já tinham se passado algumas horas desde a saída dele e eu estava preocupado não demorou muito depois de eu estar na piscina chega ele de sunga junto com o pessoal pula na água e veio de encontro a mim, depois de algumas brincadeiras, ele me disse que tinha ido comprar lingerie com as meninas, eu achei interessante, mas mulher não é muito minha praia, nunca foi, ficamos um tempo ali brincando e conversando, o Fred me chama para ir ao quarto arrumar nossas coisas para irmos a praia.
Eu peguei um pacote de bolachas e fui pra varanda olhar o movimento enquanto ele arrumava tudo, pois eu não gosto mesmo de organizar mala ou mochila sempre deixo coisas para trás, e geralmente coisas importantes, quando entrei ele me pediu para colocar uma bermuda, mesmo eu dizendo que iria de sunga, ele ficou insistindo pois não queria ninguém olhando para o que era dele, ou seja, eu. Fui reclamando colocar a bendita sunga para podermos ir logo para praia, quando descemos todo mundo já estava esperando para irmos, escolhemos uma praia, por indicação de um pessoal que estava hospedado no mesmo hotel e fomos curtir o dia, sem fazer nada, isso já era mais ou menos 14:00.
Chegamos a praia eu já fui correndo pro mar, para tirar logo o medo da água gelada, dei um salto e o pessoal em seguida, o Fred enrolando com medo de entrar na água, cheguei perto dele abracei e entramos juntos, ficamos um tempo e eu finalmente convenci a ele a dar um mortal na água, apoiei ele nas costas e tentamos algumas vezes, na verdade varias vezes e nada de ele conseguir realizar o salto com perfeição, tatinho ficou com as costas vermelhas por conta dos tombos na água, ele saiu e ficamos os meninos e eu, um tempo depois eu olho pra trás e tem um carinha conversando com ele eu já ia chegar junto pra resolver mais o Andre meu primo me disse pra ficar tranquilo e me contou a historia...
– Pode ficar de boa Marcelo, aquele cara é o mesmo do shopping que ficou cercando o Fred, mas ele deu um fora com classe no cidadão, e vai fazer a mesma coisa agora, pode ficar sossegado.
– Tenho uma raiva desses caras folgados, já fico com vontade de chegar no soco pra aprender a respeitar os limites, se o Fred já deu o fora nele ele tinha que desconfiar e sair.
– Pode ficar aqui, eu vó lá salvar o Fred.
O André foi de encontro ao Fred e os dois sairão de lá indo em direção a um quiosque, e o cara ainda ficou parado encarando o Fred, olhando ele pelas costas enquanto ele andava, eu fiquei com o sangue fervendo, com muita raiva mesmo, mas fiquei na minha, ficamos até alta madrugada na praia, ainda misturamos com um pessoal que tocava violão e ficamos tomando vodka e cantarolando a noite toda, cheguei tão bêbado mais tão bêbado, que capotei na cama, nem tomei banho... E para minha surpresa fui abusado enquanto dormia, o Fred, aproveitou que eu estava vulnerável para me chupar e usar meu corpo, engraçado que eu sonhei que ele tinha me amarrado e abusava de mim, acordei no outro dia preocupado com o sonho e contei a ele, como ele tinha começado a rir eu desconfiei da situação.
Acabamos rindo de tudo, eu já tinha uma historia de abuso sexual para contar para meus netos quando tivermos os nossos, tomamos café da manhã juntos planejando o que iriamos fazer durante o dia.
continua...