Cap. 8
- Qual a sua idade:
- 16
Instantaneamente me lembrei do Leo, ele tinha a mesma idade dele quando ele morreu. E olhando pro Alberto, era impossível não me lembrar dele.
- Senhor- ele perguntou, percebendo que eu havia me calado
- Ah, nada, vamos continuar...
Ao fim da entrevista, havia gostado do garoto( literalmente), e já havia o contratado.
- Você começa na segunda- falei olhando pra ele- e você, vai passar a trabalhar com a Silvia- era uma das acionistas da empresa.
- Mas senhor- falou ela
- Começa na segunda-feira
E entrei de novo no quarto. Voltei pra casa, e depois de por o Leo pra dormir, fui me deitar. Mas não conseguia dormir, não parava de pensar no Alberto. Como assim, eu não podia estar pensando naquele garoto. Mal o conhecia. Ah, já que estava sem sono, decidi sair. Peguei o carro, e fui andando. Mas quando passei numa rua, acabei vendo um garoto jogado, no meio da rua. Parei o carro, e fui ver quem era. Mas antes de eu chegar, uns engraçadinhos chegaram antes.
- Olha quem vemos aqui, a bichinha dos Silva. Eu não acredito nisso- falou um dos garotos, rindo
- Me deixem em paz- falou o garoto que estava prestes a ser agredido, que se levantou na mesma hora, e de longe eu pude ver o brilho nos seus olhos, e o reconheci na hora. Era o Alberto.
- Calma ai- falou o garoto, que o empurrou
Na mesma hora eu apareci, com uma barra de ferro, e acho que pelo susto, eles correram. Fui chegando mais perto do Alberto.
- Sai, não chega perto- falou ele, assustando
- Calma, sou eu, Felipe- falei
- Felipe- falou ele me olhando agora- que bom que o senhor apareceu, eles iriam fazer mal pra mim.
- O quê faz aqui- falei, agora o olhando, e sentado ao seu lado.
- O Senhor não vai querer saber, é uma longa história- falou ele, com os olhos cheios de lágrimas.
- Senhor está no céu garoto, vamos, venha comigo- falei, dando a mão, e o chamando.
- Mas, pra onde vamos
- Pelo que vejo, você não iria pra nenhum lugar, então, vamos pra minha casa.
- Ah, eu não quero dar trabalho, eu me ajeito por aqui mesmo- falou ele, de forma gentil
- Quê isso, você não vai dar trabalho, vamos logo- ele pensou e disse
- Tá bom
Logo ele entrou no carro, e eu dei a partida...
- Você vai me contar o que estava fazendo ali- perguntei
- Ah, eu não quero falar sobre isso- falou ele, suspirando...
- Poxa, fala logo, eu gosto de ouvir as pessoas, e eu não vou falar pra ninguém, eu juro- falei
- Tá bom. As vezes é muito difícil de falar sobre isso- falou ele já querendo chorar- eu não queria ter nascido assim.
- Assim como- perguntei
- Assim, diferente !!!!!
- Diferente como- quanta inconveniência ein.
- É que, bem, eu sou gay- falou ele, de uma vez.
- E é esse o motivo de você estar assim.
- Não. Eu já tive alguns namorados, e, um deles, resolveu arranjar bagunça pro meu lado. Acabou contando da nossa relação pro meus pais, e eles não me aceitaram- falou ele, aos prantos
- Não chora, eu já passei por isso- falei, em solidariedade
- Como passou.
- A minha história, essa sim, é digna de filmes. Eu acabei me descobrindo gay, um pouco antes de você, acho que eu devia ter uns 15 anos. E pode acreditar, eu acabei me apaixonando pelo meu irmão- falei, por fora sorrindo, mas por dentro, já prestes a chorar, me lembrar dele, doía- nós éramos felizes. Até que acabaram nos descobrindo, depois de um acidente que eu sofri. E o pai dele, encheu a cabeça dele de coisas. Dizia que ele era aberração, que ele era doente- falei, já aos prantos
- Como assim, pai dele, ele não é seu pai não
- Não. Meu pai era separado da minha mãe, também já falecida. Depois ela se casou com o pai dele.
- Nossa, que esquisito, mas vocês ainda estão juntos- nessa hora, balancei a cabeça, em sinal de negativo- porquê
- Porquê, ele, se matou, no diaEle se jogou de uma ponte. Acho que a maior parte da culpa foi do pai dele.
- Eu sinto muito
- Ele ainda era muito novo, tinha 16 anos, igual a você. Eu amava ele mais que tudo- falei passando a mão nos olhos-mesmo sendo meu meio irmão. Depois que ele morreu, eu passei semanas em depressão. Emagreci muito. Passei praticamente 5 anos da minha vida, entre idas e vindas de um hospital. A beira da morte. Essa era a minha vontade, eu não queria ficar longe dele. Mas, acabei tirando forças de não sei da onde, pra me recuperar. Adotei meu filho, Leonardo, em homenagem ao meu irmão. E é assim que eu vivo.
Depois de chorar um pouquinho, acabei quebrando o gelo
- Puxa, nunca achei que iria falar isso pra uma pessoa que eu mal conheço- falei rindo
- Nem eu, nunca achei que estaria aqui, ao lado de Felipe Lima, meu deus do céu. Um dos mais poderosos do nosso país.
Depois de tanto papo, acabamos chegando em casa. Saímos, e logo estávamos lá dentro.
- Alberto, eu não sei de onde, mas eu consegui confiar em você, como eu nunca confiei em ninguém. Espero que você não quebre minha confiança. Já que você está sem casa, pode ficar aqui quanto tempo quiser. A casa é sua. Eu não vou me importar não viu. Você pode ficar no quarto de hóspedes- falei, mas acho que ele nem prestou atenção- Alberto, ALBERTO.
- Ah- agora ele tinha acordado- desculpa, mas eu nunca tinha chegado nem perto de uma mansão assim, é tudo tão lindo. Eu nem acredito que eu estou aqui, eu nem sei como te agradecer.
- Um abraço já ajuda- falei rindo, e ele me abraçou. Repeti todo o discurso acima.
- Pode deixar, eu não vou quebrar a sua confiança. Eu juro.
- Me diz uma coisa Alberto, de onde você vem. Perdoe-me a audácia, mas eu estou meio curioso.
- Eu disse que eu nunca estive perto de um lugar desses. Eu nasci, e fui criado numa favela. Minha mãe, deu muito duro pra me criar. Meu pai, era um bêbado, que batia nela. Eu não podia defende-la. E estou pensando, no que aquele maluco vai fazer com ela.
- Toma- falei tirando, um bolo de 1.000 reais, da minha carteira.
- Que isso Felipe, eu não posso aceitar
- Aceita, não me faça a desfeita. E, pode avisar sua mãe, que eu vou tirá-la de lá, ela vai pra um flat, apart, sei lá. O que ela achar melhor- então ele pegou, e sorriu.
- Eu não sei nem como te agradecer- falou ele, que com tanta euforia, me beijou. Não um beijaço de língua e tals. Mas um selinho, que acabou deixando ele todo sem graça- Me desculpa.
- Não foi nada, venha, eu vou te mostrar aonde você vai poder ficar- falei, o puxando.
Depois de ele se instalar, vi se estava tudo bem com o Leo, e fui dormir. A noite fiquei pensando.
“ Como é que eu estou fazendo isso. Eu mal conheço o garoto, e já estou praticamente mudando a vida dele. Será se eu não estou fazendo mal. Eu nunca fiz isso por ninguém”.
Nessa hora, me peguei pensando no selinho que ele tinha me dado. Sabe aquela hora, que você pensa no momento por diversos ângulos, assim era eu. Depois de tanto pensar, acabei pegando no sono
Continua
Um novo amor no coração de Felipe, será. Votem e Comentem por favor. Valeu