- Sai da minha casa, agora! Espero nunca mais ter que olhar na sua cara, sua nojenta!
Este foi meu pai, me mandando embora de casa, só com a roupa do corpo e os meus documentos, nada mais. Meu celular, as outras roupas, sapatos, o carro, a moto, tudo que ele me deu ficou com ele. Se não fosse muita humilhação para o nobre advogado Dr. Cézar, eu tinha saido de seu luxuoso apartamento pelada.
O motivo disso tudo? Foi este: Me assumi como sendo lésbica. Ele contratou um detetive para me seguir e descobriu que eu estava ficando com uma colega de faculdade.
Cursava medicina, segundo ano. Ainda não sabia ao certo em que iria me especificar, ainda tinha dois anos para decidir. Foi clichê nosso caso, nos envolvemos a primeira vez em um trabalho da faculdade. Ela me beijou, eu deixei e a partir dali fomos ficando, sem cobranças de nenhuma parte.
O problema foi eu matar algumas aulas para ficar a Renata, no bosque atrás da faculdade, perto de um bar chamado O Point, aquele famoso bar onde todo aluno preguiçoso mata aula para beber e usar drogas. Então, depois de uns amassos no bosque, estavamos conversando no bar, uma ex-secretária do meu pai entra e me vê beijando Renata na boca. Eu logo pensei, ela vai contar para o meu pai, ixi ferrou, acabou a vida boa.
Também não imaginei o que viria, pensei que ele apenas me mudaria de faculdade, uma religiosa, daquelas bem severas talvez.
Ela contou para o meu pai e com isso conseguiu sua vaga de volta em um dos escritório dele. Embora ela tivesse contado, o detetive tivesse mostrado as fotos, Cézar quis ver com seus próprios olhos.
Notei a diferença no modo que ele estava me tratando, super frio. Convidou o filho de amigo dele de trabalho, sócio dele nos negócios. Estava mais do que claro que foi um encontro arranjado, pois mal o rapaz chegou o telefone do meu pai tocou e ele pediu desculpa e disse que tinha que ir.
Fui bem direta com o rapaz:
- Sou lésbica.
- Ótimo! Assim ninguém leva um fora aqui, né gata?
Tive que rir horrores, fui seguida por ele. Ele era gay e eu lésbica, o jantar foi muito divertido e acabamos a noite em uma boate gls.
No outro dia, um Domingo, fui ao shopping com a Renata. Saindo do cinema meu pai estava lá, segurou em meu braço, me arrastou até o estacionamento, me jogou literalmente dentro do carro e o motorista nos levou até em casa.
O que houve depois foi o papo ali de cima. Eu sai de lá vestindo um vestido preto, de salto, cabelo preso em rabo de cavalo, maquiagem borrada de choro, 22 anos, identidade, CPF, no bolso só os 10 reais do troco da pipoca no shopping.
