Aqui está mais um fragmento de minha história, espero que agrade. Ao conto!
Parte 77
Carol – os seus pais vêm passar o dia aqui Lucas? – ela falou enquanto mordiscava uns biscoitos que o Rafael havia preparado para o lanchinho. Estávamos na sala do segundo andar de onde poderíamos ver a chegada dos “convidados”.
Eu – é. Eles querem conhecer a casa do genro, mas sei que o verdadeiro motivo é ver se ele sabe lidar com a casa e deixar um mínimo de organização e saberem onde fica, assim, poderão aparecer de surpresa e continuar influenciando minha vida – falei com um sorrisinho no rosto.
Meus pais eram bem controladores se eu pensasse bem, quer dizer, davam sempre a entender que eu tomava todas as decisões, porem eram eles que me levavam justo para o que queriam que eu fizesse. Minha mãe com o jeitinho carinhoso e fazendo, às vezes, chantagem emocional, e meu pai, com o jeitinho de persuasão de quem trabalha nessa área (psiquiatria). Eu amava muito eles, o único momento que duvidei se era recíproco foi quando contei minha escolha (o Rafael).
Alex – E o que vocês vão dizer, sabe, sobre a biblioteca com o diamante gigante como teto? Vocês não podem simplesmente dizer que é vidro, porque é óbvio que vão desconfiar, principalmente quando virem o lago que fica em cima.
Eu – o que vocês sugerem?
Carol – acho que você pode falar que foi um vidro especial e muito caro e falar que a lagoa de cima é bem superficial. Eu vi algo parecido em uma revista de arquitetura que minha amiga mostrou um dia desses.
Alex – pode até dar certo, todavia ainda resta o problema do arsenal.
Eu – é verdade, mas eu pensei em falar que a casa é antiga e aquela sala estava trancada e não sabemos o que tem dentro.
Alex – eles vão falar que você poderia contratar um chaveiro, ou mandar arrombar, sei lá, mas vão desconfiar e um dia acabarão entrando.
Carol – para Alex! – ela falou fazendo uma cara de reprovação – você é muito pessimista e tá deixando o Lucas tenso – voltou seus olhos para mim com muita ternura – Lucas, você vai pensar em algo, mas a ideia de não poderem abrir a porta pode segurar por um tempo.
Alex – e depois?
Carol – fica quieto! Depois... Depois... Depois damos um jeito, sei lá tiramos tudo de lá e escondemos em uma sala.
Alex – são muitas armas, acho que levaria dias para colocarmos em outro lugar, alem do mais, eles acabariam vendo em outro cômodo.
Eu – vocês estão me deixando mais preocupado – falei.
Não era brincadeira, ao invés deles me acalmarem pioraram a situação e agora eu estava preocupado, porque tudo naquela casa era... Bem... Diferente. A coisa mais normal era a garagem, que tinha aquela coleção maluca de carros, mas fora isso nada fora do lugar. Antes que eles pudessem me deixar mais nervoso vi que Rafael estava chegando. Resolvi descer para encontrar meus pais. O Alex e a Carol ficariam pela casa, e não faria nada de “perigoso” ou algo que expusesse as particularidades do ambiente. Desci e encontrei o Rafael entrando pela subida da garagem e pela cara de meus pais já haviam visto a coleção de carros.
João – Lucas, não quero que você saia naqueles carros, sei que eles devem atingir alta velocidade e você já tem idade para dirigir, mas é perigoso ficar dirigindo sem experiência e em um veículo como aqueles – ele falou de um jeito calmo mas que falava: “não me desafie”. Meus pais nunca me deixaram andar de moto, carro ou mesmo bicicleta, tanto que nunca aprendi direito a pilotar um ou outro.
Eu – tudo bem, pai, prometo que treinarei bastante antes de tirar uma carteira – falei para confortá-los, mas era apenas faltava à vontade e o tempo dentro dessa minha vida conturbada para que eu obrigasse o Rafael a me ensinar e finalmente tirar minha carteira.
Maria – que cozinha mais linda você tem Rafael – falou já olhando na dispensa, armários, geladeira, frízeres e admirando o fogão de seis bocas com um forno imenso que acredito ser possível caber um porco inteiro.
Rafael – obrigado.
Maria – só queria saber o porquê tem tanta comida já pronta, você deve comer muito, mas nem parece – falou enquanto o Rafael servia um suco com alguns dos biscoitos que a Carol não enxergou, pois estavam escondidos em um armário.
Rafael – estamos com visitas.
Eu – ontem o Alex e a Carol vieram passar um tempo aqui, algo sobre o ar da natureza fazer bem para relaxar a mente depois de uma semana turbulenta como a que tivemos – falei omitindo, intencionalmente, a parte do medo que eles sentiam e da segurança dessa casa.
Maria – eles já falaram dos últimos acontecimentos? – ela disse de um jeito que mostrou que ai vinha bomba.
Eu – já, mãe.
Maria – bem, eu e seu pai achamos mais seguro vocês ficarem lá em casa, pois aqui vocês estão longe de qualquer forma de socorro, somado ao fato de vocês estarem sozinhos... Enfim, temos muito receio de que alguma coisa aconteça, afinal essa casa é bem afastada e quem cometeu aquelas atrocidades pode decidir se esconder aqui e fazer alguma coisa com vocês – falou preocupada.
Se olhássemos a situação pelo ângulo deles veríamos que ela tinha todos os motivos para se preocupar, mas essa não era a verdade. De todos os lugares que me vinha à mente esse era o mais seguro, uma vez que, além de ser completamente protegido de seres “monstruosos” e possuir paredes e portas mais resistentes que a de um banco, aqui havia o Rafael, que era meu “anjo da guarda”.
Eu – não mãe, eu estou bem aqui, vocês vão ver que a casa é bem segura.
João – e grande, parece um castelo, só a garagem é do tamanho de nossa antiga casa de praia.
Maria – é mesmo, você deveria sentir-se sozinho aqui não é Rafael – ela falou com ternura.
Rafael – um pouco.
João – bom, os biscoitos estavam ótimos, mas vamos conhecer o resto da casa, afinal daqui a pouco já é hora do almoço – falou levantando da cadeira.
Rafael – vamos começar por baixo, depois vamos subindo.
Ok, a primeira parada era, provavelmente, a adega. Depois é claro que eles iriam à sala de máquinas e ai estava outro porem: o que dava energia a casa. Começamos a ir para lá, mas ouvi uns barulhos... Parecia... Um animal? E vinha... Das escadas?
Continua...
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