Se pudesse voltar no tempo acho que não tinha brigado com Daiana e a mandado embora, talvez agora ela não estivesse à beira da morte.
Sei lá, você tenta de várias formas se pôr no lugar da pessoa, mas eu nunca dei motivos para tanto ciúmes. Por quê ela tinha tanto medo de me perder? Tanta insegurança?
Vendo Daiana naquele estado, percebi em mim um pouco daquele sentimento que sempre tive por ela, não tinha acabado. O amor não acabou, ele só ficou em um cantinho do meu coração, acuado, tenatando se esconder por trás de tantas brigas.
Talvez alguém que ela amou antes de mim a traiu, para ela ter esse trauma e descontrole no nosso relacionamento.
Jamais pensei um dia vê-la ferida, maguada de uma forma que desejasse a morte. Li a carta de suicidio umas 50 vezes, acho que não tantas vezes, mas eu queria entender. Não conseguia.
O médico veio me dar notícias, nada boas por sinal, ele estava com semblante de quando vai avisar alguém que o parente morreu.
- Me diz que ela não morreu.
- Não, mas o caso é grave. Ela tem um tipo raro de sangue, precisa de doadores, mas é difícil encontrá-los.
Podia ficar ali chorando, só que minhas lágrimas não eram o sangue que Daiana precisava para sobreviver. Sabia onde encontrá-lo, teria de aceitar muitas coisas, ir contra meu orgulho, pedir à mreus pais.
Bom a pergunta que não calar; Você não tem o sangue necessário, já que é filha deles? Não. Infelizmente, não. Genética maldita, eu, meus pais e meus irmão somos completamente diferentes.
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Dois anos sem ver minha família, tudo no nosso velho sítio tinha mudado, para melhor. Depois fiquei sabendo que um dos meus irmãos fez um casamento de conveniência bem sucedido.
Minha mãe estava estendendo roupa no varal, foi a primeira a me ver no quintal brincando com nosso velho cachorro, o Marlon.
Veio correndo me abraçar, até parecia ter esquecido nosso último encontro.
- Vem minha filha, entre.
Ela falou uma frase inteira de modo correto?!! Nossa, as mudanças aqui não foram só materiais, cultural também.
- Quer café? Vou fazer um novo para você, minha querida.
- As coisas mudaram por aqui, né? Veja a senhora, não fala mais errado e o sítio está muito bem equipado.
- Sim. Maicon fez um bom casamento de conveniência. A moça é muito rica, inclusive levou ele para Europa, estão viajando em lua de mel. Seu pai e os meninos estão em um sítio vizinho negociando umas cabeças de gado. Sim, mudou muita coisa. Fomos todos à escola, sabemos falar direito agora. Quando você se formar não terá um bando de caipira na sua festa para pegar o diploma.
- Fico feliz por vocês. Mãe eu não posso demorar muito então vou direto ao assunto, Daiana sofreu um acidente e precisa de doação de sangue, o sangue dela é raro assim como o seu e se papai, o-. Vim aqui implorar à vocês que venham comigo, doem o sangue à ela para que ela se salve.
- Bom, minha filha...
