-assim como? Eu perguntei em tom desesperado
Ele colocou a mão no meu rosto, e eu descasei minha face nas suas mãos grande e quentes.
- tão... apaixonante...Eu nunca imaginei que fosse amar um homem,mas vc me faz deseja viver o resto da vida ao teu lado.
Ele colocou as duas mãos no meus pescoço e continuou.
-Eu te quero por inteiro Renato, não quero só o teu corpo físico, eu quero a tua alma, o teu coração comigo. E que se dane oq os outro pensem...QUE SE DANE O MUNDO...Se eu tiver vc comigo...o resto é só o resto.
Eu fechei meus olhos e aproximei meu rosto do dele, cada célula do meu corpo desejava pelo beijo dele, pelo toque das mãos quentes dele. Mas ele só me braçou...ele me deu um abraço forte e carinhoso e disse no meu ouvido-Deus sabe o quanto foi difícil negar o teu beijo, mas chega de ser guiados por impulsos...eu quero que vc pense sobre mim e sobre a Marília...e tome uma decisão.
-Não me pede pra escolher entre vcs dois...por favor
-Eu não sei se vc faz de proposito, mas as vezes vc dá esperanças pra mim, as vezes dá para ela. Vc não precisa escolher entre nós dois... só precisa escolher pra quem vc vai deixar claro que é só amizade!
Ele me soltou do seu abraço e caminhou e direção a porta, e eu fiquei na minha cama pensando. Ele estava certo...eu alimentava as esperanças dos dois esperando meu sentimento pelo Alex acabar.Mas a verdade é que o amor não é um sentimento que a gente pegue em um balde e use até acabar, o amor é uma construção e se bem edificado dura para sempre, mesmo que a forma como esse amor é visto mude, ele nunca acaba.
Era hora de fazer o passado parar de interferir na minha vida atual, era a hora de acabar com esse estranho triângulo amoroso insustentável. Eu precisava ficar um tempo sozinho, me concentrar no meu coração e entender a tempestade de sentimentos contraditórios que se debatiam ali dentro.
O final de semana foi bem diferente, sem sinal da Marília ou do Carlos, e a saudade da presença constante deles foi forte. No domingo a noite resolvi dar uma caminhada até a praça mais distante do conjunto, aquela onde meses atrás eu e a Marília conversamos sobre a viagem do Alex. A praça continuava a mesma com os Ipês dando um colorido especial ao lugar...as folhas enchiam o chão da praça e quando o vento batia causava redemoinhos de folhas. Aquele lugar me tranqüilizava, mas meus pensamentos continuavam a voar para longe, para perto de três pessoas: Alex, Marília e Carlos...imagens das mais diversas situações vividas com eles me vinham a mente, a música que emanava do Alex como se fosse o ar que ele espirava; o perfume doce de flores de laranjeira da Marília, a sua lealdade e confiança, as graças intermináveis do Carlos, o seu jeito sedutor, a voracidade com a qual me possuía, e os momentos de seriedade nos quais mostrava a sua verdadeira e majestosa face. Um deles eu sabia que amava, e esse amor já me fez sofrer o suficiente, era hora de deixá-lo de lado e viver o presente. Já os outros dois...Nossa, como era difícil separar as lembranças...parecia sempre que os momentos se misturavam...bom, eu já tinha feito sexo algumas vezes com o Carlos, mas para essa escolha isso não poderia interferir,pois para nós dois sexo e amor eram coisas diferentes. Já para a Marília, q era uma garota, o sexo estava indissociável do amor.
Como era difícil pensar sobre isso. Resolvi voltar para casa, e no caminho vi uma cena que me assustou, um cara que passou de bicicleta do meu lado abordou uma moça que estava andando um pouco mais a minha frente, armado com um revolver prateado. Ele ameaçava ela pedindo tudo que ela tinha. Fiquei congelado, não sabia que o nosso bairro estava tão perigoso assim.
O ladrão pegou o produto do roubo de pedalou em disparada por uma rua transversal logo a frente. Cheguei em casa ainda tremendo de medo e contei para minha mãe do acontecido, ela ficou muito preocupada, e começou a me dar uma série de recomendações que eu não ouvi pq estava com a cabeça no mundo da lua.
A semana iniciou a mIl por hora, aulas, feira de ciências, soluções, ensaios da banda, aulas de física, preparativos pro aniversário. Os ensaios foram bem tranqüilos, a Marília, fingia que estava tudo bem e falava comigo normalmente, mas fora dos ensaios eu reparei que ela estava falando comigo somente o estritamente necessário. Eu me esforcei e implorei o perdão dela e disse que nunca mais iria me meter com quem ela sai ou deixa de sair. Depois disso as coisas ficaram ok entre a gente, e eu me esforçava para esconder meu incomodo com aquele estúpido chamado Daniel que estava andando com ela para cima e para baixo.
As aulas de físicas,ficaram só na física, o Carlos tava me tratando super bem, mas deixou claro que não teria “diversão” até que eu anunciasse minha decisão. A semana foi passando e eu fui ficando a cada dia mais confuso. Eu queria o Carlos com todas as minhas forças, mais tbm queria voar no pescoço do Daniel e arrancar aquele sorrisinho da cara dele quando estava com a Marília.
No dia 10, meu aniversário...os dois foram á em casa me dar um abraço e levar um bolo que a Marília tinha feito, o problema é que eles não foram sozinhos...Toda a banda e anexos (Matheus e Daniel) foram junto. Eu descobri perguntando para as meninas que embora o Daniel estivesse investindo pesado, e a Marília o estivesse carregando para cima e para baixo os dois ainda não haviam chegado a se beijar. Senti um certo alivio ao ouvir isso, mas tbm não conseguia parar de pensar no Carlos, e nas coisas lindas que ele me disse...alí estava um homem lindo que me amava, eu olhei para ele que estava anormalmente sério naquela semana. Depois que todo mundo foi embora, ficou a bagunça para eu limpa...Naquela noite eu tomei minha decisão. Naquela altura, por mais estranho que possa parecer eu já sabia que estava meio apaixonado pelos dois, mas eu teria que escolher um e dar seguimento a essa paixão, e eu já sabia quem eu iria escolher.
No dia seguinte, por mais que eu tentasse me concentrar nas soluções, ou nas músicas que eu cantaria no encerramento da feira e no show do meu aniversário...tinha uma pessoa que não sai da minha mente...por fim não havia sido tão difícil tomar minha decisão. Com o dia cheio de tarefas o tempo passou voando e quando eu menos esperava já estava em um estande demonstrando reações químicas na feira de ciências. A Marília estava do meu lado e o Daniel (que não devia ter muito oq fazer no estande dele) estava por lá sentado atrás da gente. Eu tinha que admitir que o cara era até simpático, além de bonitinho...mas como todo mundo sabe que o bonitinho é o feio arrumadinho, continuei me perguntando se não havia mais ninguém na escola para quem ela poderia dar uma chance.
O Carlos estava fazendo um experimento bem difícil em outra bancada, deixando o professor boquiaberto. Mesmo palhaço e meio safado, esse garoto era um pequeno gênio. Para mim era difícil me concentrar na minha própria reação química, e vez ou outra eu me pegava espiando ele. Era inacreditável como aquele óculos de laboratório e o jaleco branco davam a ele um ar de seriedade sem conseguir esconder a sua beleza. Não preciso dizer que duas ou três vezes eu derramei os produtos químicos fora das vidrarias pq estava distraído.
Quando a feira estava quase no fim; eu, Marília e os demais membros da banda fomos liberado para irmos até o palco que havia sido armado no fundo do ginásio, onde todos os nossos instrumentos estavam preparados para serem tocados. O Diretor subiu no palco tbm, e anunciou a turma vencedora da feira, premiou os melhores alunos de cada série (o Carlos foi o melhor do 1ENM), e depois de um breve discurso ele declarou a feira de ciências encerradas e apresentou nossa banda para o publico que tinha começado a se formar em frente ao palco.
Nós não tivemos muito tempo para tocar “3 ou 4 músicas” dissera o diretor para mim minutos antes do show.
A gente achou legal começar com a mesma música que abrimos o outro show...Então assim que a Celyne tocou as primeiras notas de Shining Light todo mundo reconheceu a música e começou a pular no ritmo do roque do Ash. Foi muito legal, depois a Celyne cantou Torn, e a platéia respondeu com muitas palmas, em seguida eu toquei Alibis. (já postei aqui as Letras de todas essas músicas, por isso não postarei de novo). Antes de tocar a ultima canção, eu convidei a todos os presentes para comparecerem na Árvore das Luzes no dia seguinte, para a minha festa de aniversário onde nós daríamos um show de verdade. Então eu toquei e cantei a música “Ana e o Mar” do teatro mágico, que para minha surpresa era conhecida por uma parte da galera presente.
Nos fomos aplaudidos por toda a escola, foi muito legal. A Tsubasa é um projeto meu e da Marília que estava dando certo, era incrível para mim que até pouco tempo atrás era completamente invisível, de repente me ver sendo alvo dos aplausos de toda a escola. Mas nem todos os aplausos eram iguais, as palmas de um certo rapaz de jaleco branco e óculos de laboratório no cabelo eram mais especiais para mim. Dalí do palco quando eu olhei para ele, sorrindo e aplaudindo, eu senti meu coração saltitar no peito...Ele mexeu nos cabelos para tirar os óculos e as mechas castanho claro do seu cabelo sacudiram no ar...minha respiração ficava cada segundo mais acelerada...Eu havia tomado a decisão certa...Era ele, o meu escolhido ...a pessoa mais importante para mim... a Pessoa por quem eu estava realmente apaixonado... sem dúvida eu queria muito mais do que amizade.
Eu desci do palco com meu violão e ele veio me abraçar, ele tinha um cheio muito bom...eu me senti tentado a me declarar pra ele ali mesmo...mas resolvi fazer isso direito. O Carlos era uma pessoa muito especial, ele merecia a melhor declaração de amor que eu poderia fazer.
Eu arrumei minhas coisas rapidamente e voltei para casa sozinho.
Procurei uma música bem legal na internet que falasse mais ou menos da minha história como Carlos. Achei uma bem legal e simples de tocar...Enviei letra,cifra e partitura para o pessoal da banda avisando que essa música seria o encerramento do meu show de aniversário.
Dormi cedo naquela sexta-feira. Eu acordei ansioso no dia seguinte....esse dia prometia muitas alegrias!