Olá. Boa noite.
Muitos contos aqui narram a iniciação da vida amorosa, sexual e afetiva de seus autores. Acredito que todos nós fiquemos um pouco interessados por essa fase tão peculiar e interessante de nossas vidas, em que descobrimos um mundo novo, sentimentos ainda não explorados, percepções diferentes.
E quase sempre isso ocorre na adolescência. No meu caso também não foi diferente. Essa época tão turbulenta e atribulada, em que os meninos se tornam homens.
Com 14 anos de idade, a minha vida estava passando por um tumulto. Meus pais se separaram, meu pai mudou-se para a Europa, minha mãe resolveu mudar de cidade. Isso para a cabeça de um menino de 14 anos não era nada fácil.
Iriamos nos mudar para a cidade da minha família materna, uma cidade grande do interior de Minas Gerais. Como já estava em período de férias escolares, minha mãe me mandou primeiro para a casa de uma tia, para passar o recesso lá.
Nessa mesma época, o enteado da minha tia, filho do marido dela, mudou-se para a casa do pai também. Eu e o Pedro éramos amigos desde o dia que nos conhecemos, há mais de ano, na quadra do prédio onde o pai dele e minha tia moravam.
Ele me achou fresco e metido, eu o achei marrento e desaforado, mas no final do dia já erámos como irmãos, eu o irmão mais novo que ele nunca teve e ele o irmão mais velho que eu nunca tive.
Na época ele estava passando pela mesma situação que eu: a mãe havia se mudado para a Inglaterra e ele foi morar com o pai e a madrasta em uma cidade nova. Coisas demais para a cabeça de um garoto de 16 anos.
Fazia meses que não nos víamos, então eu estava muito ansioso pela sua chegada. Como eu havia chegado primeiro na casa da minha tia, demorou uns dias para que eu o encontrasse, e ficar sozinho naquela casa não ajudava muito na demora.
Quando o reencontrei, nem acreditei. Por ser mais velho, ele sempre fora maior e mais forte do que eu, mas desta vez ele estava muito mais alto, muito mais forte, muito mais bonito. Eu parecia uma criança deslocada perto dele.
O contraste entre nós era ridículo: o seu corpo todo definido pelas aulas de artes marciais que ele fazia, eu todo magro e franzino, que nem aula de natação dava jeito. O cabelo dele com um corte moderno, o meu ainda era cortado pela minha avó. As roupas dele super estilosas, e as minhas da boutique juvenil da cidade. Ele com um skate debaixo do braço e eu todo sem graça e boquiaberto pela sua presença.
Contudo, assim que ele me avistou, veio correndo em minha direção, deu um belo sorriso de dentes brancos e brilhantes (parecia até propaganda de creme dental) e me envolveu em um abraço, envolvendo-me com aqueles braços musculosos, fazendo com que eu encostasse a minha cabeça em seu peito forte. Fiquei contente e constrangido ao mesmo tempo.
Logo fomos batendo o maior papo. Ele contava da escola, da bicicleta, do videogame, do skate, das lutas, dos torneios e competições que ele participava, das bandas de rock que ele curtia, das meninas que ele andava pegando. E eu todo sem graça, mal mal tinha dado três beijinhos na minha vida, ainda tentava contar vantagem. Mas a verdade é que eu estava pagando pau pra ele. Pra mim, que ainda era ingênuo e inocente, ele tinha vindo de um outro mundo.
Dois meses se passaram e nós nos tornamos mais próximos ainda. Minha mãe e meus irmãos também vieram e logo havíamos alugado um apartamento que não ficava nem há 10 minutos do da minha tia.
Assim, quase todas as tarde eu ia para a casa do Pedro. Como ele ficava sozinho nesse horário, passávamos o tempo todo no videogame, jogando RPG, vendo desenhos ou fuçando o então famigerado Orkut.
Erámos melhores amigos, como dois irmãos. Ele me protegia e me ensinava tudo o que era novo e diferente e eu o admirava e me sentia protegido e confortável ao seu lado. Assim as mudanças foram semeadas em minha vida.
Ok. O conto continua, se estiverem gostando, por favor, comentem.
