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Estávamos nós três sentados na cama do Carlos e bebendo, o Marquinho era o que tava mais alterado, por não ter tanta experiência, como já estava tarde liguei para a minha mãe pra avisar que dormiria fora e o Marcus para o seu irmão. Continuamos a beber até que o Carlos meio grogue começa:
- Nós daríamos um ótimo triângulo... - disse olhando para mim depois para o Marcus com o sorriso malicioso, eu reprovei a atitude ficando sério, saberia no que iria dar, Marcus ficou tímido mas concordou.
- Vocês, hein? Vou no banheiro - levantei e fui mijar, quando voltei o Marcus estava deitado ao lado do Carlos, quando eles me viram sorriram, eu estava com tesão, amava os dois, mas talvez não estivesse preparado para tal feito na época.
Eles perceberam que por mim não iria rolar então voltaram a se sentar. Aquela noite foi marcada por muitas risadas, por alguns tombos e danças, fizemos uma mini baladinha no quarto. Dormimos os três na cama, Carlos ficou no meio. Quando acordei dei de cara com o Marcus, peguei um susto mas logo me lembrei o ocorrido e comecei a mexer nele pra ele acordar.
- Ei príncipe - disse cutucando o nariz dele.
- Depois eu falo - foi o que eu entendi.
- Fala agora o que tu quer, gostoso - disse mexendo na orelha dele.
- Gagau...
Na hora não aguentei e comecei a ri alto, ele até acordou assustado perguntando o que aconteceu e eu não conseguia explicar, até o Carlos já tava na porta.
- Marquinho, tu fala enquanto dorme haha.
- Não falo nada.
- Fala sim, perguntei o que tu queria e tu respondeu "gagau" hahaha.
- Afê, Trick. É assim que eu falava Nescau. Vai ficar me zuando?
Carlos começou a ri da porta e também zuando o bebezão. Depois desse episódio fui tomar banho, saí do banheiro vestido e estavam os dois sentados tomando café e de cueca ainda.
Eu: Imagina acordar e ter esses dois assim todos os dias.
Cadu: haha. Quem escuta até pensa que é verdade, mas ontem né...
Marcus: Ontem o que seus frouxos?
Cadu: Tu não lembra? - o Marcus fez que não e o Carlos me olhou com cara de travesso, cara de pegadinha. E continuou - Nós estávamos meio porres e você disse que teu sonho era dupla penetração... E... Cê sabe, rolou...
A cara do Marcus era impagável, tava me segurando muito para não ri, já o Carlos tava normal.
Marcus: Vocês estão de brincadeira, eu não tô sentindo dor nenhuma. Impossível - disse rápido e não acreditando.
Eu: Impossível é? Vai ver o estrago lá no banheiro.
Ele se levantou correndo e foi no banheiro, quando ele voltou começamos a rir muito e ele com cara de bravinho dele, chamando a gente de idiotas até desistir e ir tomar banho. Não demoramos no apê do Carlos e cada qual foi para a sua casa. Cheguei em casa e tudo normal.
Aquela semana passou sem muitas novidades, eu havia sido aprovado e passei de série, estava no convênio. O Carlos já estava concluindo o ensino médio e começaria a faculdade de design de interiores em Lisboa. Marcus começaria o 2° ano do ensino médio.
Logo já era Natal, passamos cada um com a sua família, mas marcamos de passar o reveillon juntos na praia. Chegou dia 31 de dezembro de 2011, estávamos de branco, um mais bonito que o outro kkk e felizes, por mim aquele momento nunca acabaria, estava com os meus dois amores, mas nada é como queremos.
Tudo que eu vivera até ali muito me surpreendeu: a descoberta de um amor repentino, vivi uma amizade colorida que logo logo teria que ser distanciada pelo próprio destino, mas que nunca se acabaria. Aquele foi um ano de feitas que mudaram a minha vida e sou o que sou hoje graças as minhas escolhas do passado, e faria tudo novamente.
Nós demos um selinho triplo, de cumplicidade e não de tesão, nos tornamos irmãos de verdade, estávamos ligados.
O ano passou, janeiro nos víamos um pouco menos porque todos estavam resolvendo as coisas suas coisas. Matrículas, históricos que era o caso meu e do Marcus já que estudariamos juntos aquele ano, e o Carlos resolvendo as suas documentações, passagens, roupas e etc. Fevereiro se aproximava junto com a minha tristeza, estava muito cabisbaixo, eu aproveitava os dias com Carlos, não chegamos a transar mais, pois sabíamos que era pior. Mas tudo tem sua hora. No dia da viagem do Carlos estávamos lá para nos despedir.
Eu: Meu anjo, obrigado por me ajudar quando precisei, serei sempre muito grato à você. Pode cobrar o que quiser. Não suma. Eu te amo muito - disse abraçando ele que já chorava no meu ombro.
Carlos: Obrigado seu idiota, fez eu borrar o rímel hahaha. Esse colo sempre será seu quando você precisar, se esse baixinho aí - disse apontando para o Marcus - fizer mais besteirinhas, pode me chamar que eu venho resolver essa "parada" haha - me abraçou e disse que me amava também.
Marcus: Vou poder abraçar também ou não?
Carlos: Vem aqui, seu bebezão - eles se abraçaram.
Marcus: Desculpa as vaciladas e obrigado por ajudar eu me reaproximar de um pirado - disse me olhando e voltou a olhar para o Carlos -, tu é um amor de pessoa, vou sentir tua falta e vê se não esquece da gente, modelete gato.
Demos um abraço coletivo e nos despedimos do Cézar também, ele era um cara maneiro. Vimos o avião partir e fomos para a orla.
Eu já estava sentindo dor no peito de saudade agonizante e quando iria chorar, olhei para o lado e vi o Marquinho me entregando um sorvete. Sabe quando você percebe que mesmo com despedidas, fracassos e decepções você tem uma pessoa que te ajudaria a superar, não tudo, mas com o que ele pudesse ajudaria. Aquele Marcus que eu conheci, imaturo e moleque, estava se tornando um homem, pelas suas escolhas, pelo seu jeito, a melhor coisa era fazer parte disso.
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