O Sol forte bate em meu rosto, estava atravessado na cama e de bruços. Abri os olhos e levantei-me mamãe bateu na porta:
— Vamos, vamos! — disse ela do corredor.
— Que horas são? — Gritei ainda deitado.
— Cinco para as seis e meia. — disse papai da escada.
“Droga, que saco”, pensei e fui me arrumar. Quando fui enfaixar meu pé senti que meu ele já não doía tanto quanto antes.
Peguei minha mochila, fui à cozinha, puxei uma cadeira de frente para minha mãe já que papai estava em seu poleiro.
— Filho, eu e seu pai analisamos e vimos que vamos devolver seu telefone, este é um mal necessário. — disse ela colocando o Iphone 3gs em cima da mesa. E continuou — Aquele seu amigo teve que vir aqui ontem nos avisar que estavas passando mal.
— Mas — meu pai o puxou até si, abaixando o jornal —, você tem que atendê-lo! Caso contrario, irei tomá-lo e só irás sair com nosso consentimento e junto conosco! — Empurrou o aparelho até a mim. — E nós notamos que seu notebook não está na nossa “alfândega” — sinalizou aspas como os dedos —, dessa vez irá passar... Henrique Damião, Henrique Damião, estamos de olho em você!
Depois de me despedir de minha mãe e pegar todo aquele transito com papai, cheguei à escola.
— Seu vadio, tu me bloqueou no Facebook, MSN; não me responde as minhas mensagens. — sussurrou Ana perto de meu ouvido direito.
— Peguei hoje, tava de castigo! E não tô quase conseguindo entrar em nada! Ontem comi torta de camarão e quase morro!
— Mentira — falou ela rindo.
— Se eu morresse ia te jogar do térreo do teu prédio. Hahahahaha.
— Credoooo, vou até para minha sala....
— Menina!! Que horas são?? — Perguntei e puxei o celular do bolso na tela: sete e dez — Ah, fica ai ainda dá pra gente conversar!! Mas cadê o pessoal dessa escola??
Só foi eu falar isto e começaram a adentrar o portão como se eles fossem uma onda, ia acontecer um dilúvio de pessoas?? Meu Deus, tomei um susto.
— Para que tu foste falar!! Língua de trapo!! — disse Ana.
— Ah!! Parei também contigo, tchau!
— Tu me chamaste, agora vai ter que ficar aqui junto comigo!! — Eu era tão fraco que ela me forçou sentar no banco do pátio.
— Eu chamei aqui? — Virei meu rosto para ela — Tem certeza disso?
— Inconscientemente me chamastes ahahhahahahha
Senti alguém segurando minha cabeça e teve um pequeno impacto com a cabeça da Ana .
— Ai — falamos eu e Ana juntos.
Viramo-nos e vimos Bruno, mas logo ele se sentou.
— Ai seu babaca — falou Ana.
— Vem Ana, vamos sair daqui. — Me levantei e deixei meu celular cair, propositalmente. Ele tava com semblante fechado, se levantou do banco e foi embora.
Eu e Ana ficamos andando e conversando pelo colégio até que a campa bateu, ela foi para sala dela 3º Ano - A e fui para minha, 3º ano - B (apesar de eu ter quinze anos). Fiquei esperando, na sala vazia, a professora Daiana Formiga, para sua aula de Artes.
Encolhi-me perto da parede e comecei a mexer no celular, digitei a senha e vi que nada tinha sido mexido.
“Ainda bem que coloquei o bloqueio antes de entregar para mamãe.”, pensei.
Milhões de mensagens deixadas por Ana e convites para jogos no Facebook que tinham sido enviados para mim do Matheus L. Arendks. A foto do perfil dele era ele na praia. Um jogo que eu adicionara há séculos, ele estava off.
De repente alguém coloca seus dois braços no braço de minha carteira, era o insuportável do Bruno. Ele pega meu celular, nossa sala estava vazia, todos estavam praticando seu hábito de quando não havia professores, perambulando pela escola afora.
— Me dá isso, droga!
— Desculpa pela brincadeira, viu?
— Brincadeira, que só poderia vir de um idiota como tu! — Meu telefone vibrou, soltando o som de um disco voador — Me dá isso agora ! — Me levantei e ele também, ficamos perto do quadro.
— Não! Me escuta! — Guardou na calça, peguei-o dele. Me virei e desbloqueei a tela.
“Uma nova mensagem de Ana”
Abri a mensagem:
“Migo, sai daí, tão querendo fazer sacanagem contigo. Todo mundo no colégio já sabe do plano deles. Eles querem te desmoralizar, te humilhar, vaza da sala.”
Ele percebeu que algo acontecera, puxou o celular da minha mão, porém consegui bloquear a tela. Virei e fui mancando rápido, já estava conseguindo correr, em direção da porta, mas ele foi mais rápido e ficou na frente da porta.
— Daqui tu não sai! — ele disse. Eu fui correndo até o quadro.
— Eu vou gritar! — Ameacei-o.
— Grita a vontade! Vai treinando pra quando eu te pegar ... — Deu um sorrisinho.Ele pegou meu celular e ficou tentando acertar a senha.
— SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO , ALGUÉM! POR FAVOORRRRRRRRRRR ME AJUDEEEEEEEEEEEEEEEEE ! — Gritava a plenos pulmões.
— Cala a boca, porra! — disse ele.
— Cala a boca tu seu bicha imundo! — disse para ele, me sentei calmamente na minha carteira. Eu sabia que ele ia ficar puto.
— Repete o que tu disse seu arrombado!
(— Me deixa entrar nessa droga, seus babacas! — Ouvi a voz da Ana, exaltada).
— O que tu ouviste esburacado! — Ouvi risos no corredor, na sala não havia janelas por maior que esta fosse.
Ele colocou meu telefone no bolso, foi até mim. Quando ele chegou à frente da terceira fila, perto do quadro. Corri, meio que mancando, para o fundo da sala e derrubei algumas cadeiras e logo a porta se abriu. Vinicius, com uma galera atrás dele, veio filmando. Esse deveria ser o sinal para a armação.
— Tu vai ver só seu babaca, vou na secretária! — Sai e abracei a Ana.
— Obrigado por me avisar amiga! — Comecei a chorar.
— Migo, não fica assim.
— Ainda bem que eu tenho minhas amizades lá na secretária, esse filho da mãe vai ver só...
— Bora, vamos lá.
Quando estávamos descendo a escada encontramos a professora Daiana Formiga.
— Henrique, o que você está fazendo fora de sala? Por que choras? E você mocinha, por que está fora de sua sala?
— Porque eu irei prestar uma denuncia e Ana e minha testemunha. O choro é por causa de Bruno Padilha. Se me permite irei lá, licença. — Eu disse
— Tudo bem, vão, vão. Esse menino é só encrenca!! — Fiquei pensando se falara de Bruno ou de mi.
Abri a porta e entramos.
— Bom dia, Stefanny, gostaria de falar com o coordenador.
— Bom dia, bate ai na sala dele.
— Bom dia Coordenador Eduardo gostaria de prestar uma denuncia.
— Pois não, entrem, sentem-se. O que sucedeu?
— Bom eu estava esperando a professora Daiana Formiga, que encontrei agora na escada. E o aluno Bruno, veio e tomou meu telefone celular e começou a provocar-me. Ele e outros armaram para me desmoralizar diante de todo o colégio.
“Foi Ana que me avisou da armação.” olhei para ela que estava ao meu lado.
— Então a coisa é grave, deixa eu ligar para o Fernando.
— Sim, sim. Ah, temo que irei reclamar a meus pais, para tomar certas — dei um pausa dramática —providencias — Comecei a chorar, sem vontade, mas aquele choro de raiva, ódio, perversão, minha natureza humana vingativa se despertara, mas estava mascarada de tristeza e sofrimento.
“Ele estava mancomunado com outros. Gostaria que o Sr me deixasse falar com meus pais.” Eduardo fez sinal par que eu esperasse.
(— Alô, Fernando tenho um abacaxi pra ti descascar.
— É com o aluno Henrique Damião e Bruno Padilha.
— Sim, ele novamente.
— OK, vem logo).
“Queria me expor? Aquele merda vai ver com quantos paus se faz uma canoa!”, pensei.
— Não, não, por favor, fique aqui. Não os incomode. Vamos já resolver isso.
— Tudo bem então, mas o Sr poderia me dar um copo d’água e um punhado de sal, por favor? Minha pressão está baixa.
— Não fica assim, amigo! Acalma-te, mano! — disse Ana.
— Claro, claro, espere um momentinho sim — disse Eduardo com um sorriso amarelo. — Escute sua amiga e se acalme, já venho — Se levantou de sua cadeira.
(— Stefanny, vai pegar um punhado de sal na lanchonete, por favor e rápido, rápido !!
— Mas... — interrompida logo por Eduardo.
— Sem mais... Rápido, rápidoooooo!!!)
Na secretária tapei meu rosto, fingimento, e a Ana acreditou (hahahahhaha) ficou me abraçando. Nem podia avisá-la, pois tinha uma câmera por lá. Sobre esta, câmera, havia boatos de que fora instalada no fim de semana e que seriam instaladas outras pela escola. Logo a porta se abriu, era Eduardo com um copo d’água para mim.
— Tome, tome sua água e se acalme. Ana, você poderia ir chamar o Bruno para mim? — Ana se levantou e foi. Estiquei meu braço, tremendo fingidamente e, peguei o copo de água. Bebi tremendo.
— Conte-me, conte-me o que houve.
— Eu... — falei num tom sôfrego — estava — solucei — mexendo em meu celular e ele veio e me tomou-o. — respirei.
— Tome a água e se acalme, pelo amor de Deus!
— Ai ele trancou a porta — comecei a chorar — “não me deixar sair” — enrolei-me propositalmente nas palavras e soltei um gemido como de um moribundo. — Ele disse que não me deixaria sair.
Bruno entrou na sala e Ana estava atrás.
— Pronto. Tô aqui. O que foi? — falou grosseiro e desafiador, encostou-se à parede.
— Olhe como fala, sua situação aqui na está nada mocinho, portanto contenha-se — falou de modo rude e autoritário.
— Bom, o Sr me libera para a aula, Coordenador? — indagou Ana.
— Sim, claro, vá! Qualquer coisa mandarei lhe chamar — falou Eduardo.
— Fica bem, viu, migo? — me abraçou Ana. Olhei para Bruno ao fundo da sala. Levantei minha sobrancelha, provocando-o.
— Te preocupa, não miga, vou ficar bem. — falei, já amenizando meu teatro.
— Você, Bruno, sente-se, por favor. — disse Eduardo.
— Tudo bem. — disse Bruno me encarando.
— Por que você armou para seu colega? — perguntou Eduardo.
— Licença — Veio a voz esganiçada de Stefanny ao abrir da porta. —, aqui está o pires com o punhado de sal.
— Deixe ai Stefanny e saia, muito obrigado. — disse Eduardo.
Peguei e coloquei embaixo de minha língua um pouco daquele sal.
— Que frescura. — disse Bruno me olhando enquanto eu estava a tomar a água.
— Cale-se! — disse descortês e ferozmente Eduardo. — Você irá conversar com o diretor!
— Era só uma brincadeira! — disse ele
— Me desculpe, mas não irei continuar vendo ele mentir para o Sr — falei.
— Não. Fique, fique. — disse o Coordenador.
Escutaram-se duas batidas na porta.
— E ai, qual é a encrenca? — falou o Diretor. Estava com o cabelo penteado para trás, camisa Lacoste preta, calça jeans azul e sapato social. — Vamos para minha sala!
Fomos para lá, na porta estava escrito Fernando Gotilha. Nem frente e nem dentro da sala de Gotilha havia sido instaladas as câmeras.
Enquanto eu entrava na sala, Bruno apertou minha bunda. Tapei minha boca que quase soltou um riso. O diretor se virou e fingi um olhar penoso.
— Bruno, mais uma vez aqui! — falou Gotilha.
— Vocês me amam fazer o que, né?
— Olha! Rum (ummmmm) — falou Gotilha.
— Mas é verdade, “mew”.
— O que ele aprontou? Você deve ser o Henrique Damião dono, ao contrario do nosso Bruno Padilha, de uma reputação ótima, convenhamos.
— Reputação esta que ele queria acabar. — eu falei
— Pow, foi só uma brincadeira! — disse Bruno.
— Foi só uma brincadeira, Damião? — perguntou Gotilha.
— Tal-qualmente o Jaison falando que matou as vítimas sem querer. — falei.
— Olha o exemplo de cultura!! Retirando palavras de O Bem Amado, amo esse filme, mas não é este o ponto... Como foi que começou a reza, desde o ponto inicial, por favor — Bruno virou os olhos.
— Foi que eu estava quieto em minha cadeira e de repente o Bruno veio e me tomou meu telefone — Bruno, ao meu lado, cruzou os braços e bufou.
— Eu só queria pedir desculpas! — falou Bruno.
— Desculpas de que? — perguntou o diretor.
— Ele pegou a minha cabeça e a da Ana e fez um encontrão. Ai, eu e Ana saímos de perto dele.
— Hum... Que brincadeira sem graça, viu? Não sei se eu lhe suspendo, pois seus pais já conversaram várias e várias e várias vezes comigo e, esta já é sua quinta suspensão ou sexta suspensão, Bruno! Com essa, sinto lhe dizer, você será expulso. — disse o diretor.
— Pois é Fê, alivia ai. — disse ele num tom de sátira e escrachado.
— Olha a intimidade! Mas sobre sua expulsão... só depende do seu colega. — Apontou para mim.
— Por mim tu eras expulso, mas como sou um cristão de coração bom.... Retiro minha denuncia. — Virei meu rosto de Bruno para o diretor — Mas com uma condição!
— Qual? — perguntou Bruno revirando os olhos e bufando.
— Tu lá, eu cá, entendeu? — Falei arrogante.
— Tá, cacete. — falou Bruno.
— Seu Obsceno. E sem qualquer tipo de contato, tipo esses palavrões ao se referir a mim, no máximo um bom dia dentro dos limites da escola, de acordo diretor? De acordo Bruno? No caso estou automaticamente fora da tua equipe da Feira cultural.
— Não, não pode, não quero! — Ele se desencostou da cadeira, revoltado.
— Esta é a única regra que quero! E se aceitares avisa logo para aqueles teus amigos que eu nunca estive brincando. “’Acabou o papo mano’, só para falar no teu ‘idioma’”.
— Ligo para seus pais e peço para Stefanny bater sua transferência? — perguntou o diretor se aproximando mais sua cadeira da mesa.
— Que droga! Eu aceito essa ... — Parou antes que fosse tarde demais.
— Então tudo resolvido e irei avisar aos professores sobre essa sua condição que interfere na socialização da sala, mas tudo bem.
— Avise com muita alegria a profª Dira e diga que mandei beijos para ela. — falei e abri um sorriso enorme.
Quando eu e Bruno saímos e entramos naquele corredorzinho em que ficavam as duas salas, do coordenador e do diretor. Bruno me segurou o pulso e disse:
— Antes que essa tua regrazinha de merda entre em vigor, falando na tua “língua”, obrigado. — E seguimos calados à sala onde acontecia a aula de FrancêsMeu Deus, meu povo!! Acho que esse foi o maior capítulo do nosso conto!! :OOO, Espero que tenham curtido e já estou escrevendo o próximo #Inspiradíssimo. Mudando o horário de postagem e no final de ano o conto vai rolar normalmente. Beijo a todos!!