Vou resumir um pouco os próximos acontecimentos de minha vida, se não, nunca vou acabar Ok’s? ^^ Quando cheguei à casa do meu irmão tão longe de minha terra natal, descobri que ele morava em uma comunidade de baixo custo (Uma favela), lá fui tratado de uma forma muito fria por minha cunhada. Minha mãe só esperou chegar lá pra começar a ter desmaios com muito mais frequência. A voz dela também ficava rouca e por vezes, falha. Ela estava perdendo a capacidade de falar. Os exames, porém demoravam a serem marcados e isso me estressava. Entrei em contato com o colégio e fiz minha matrícula, as aulas começariam logo no início de fevereiro, ou seja, faltava pouco menos de um mês. Estudar em um colégio interno não seria fácil. Só poderia vir pra casa na sexta à tarde e na segunda de manhã já deveria estar lá outra vez. As aulas funcionavam no período da manhã e da tarde com intervalos alternados entre uma e outra. Além do mais, esse colégio era designado pra pessoas de classe alta então só ‘filhinhos de papai’ estudavam ali. Já posso imaginar como vai ser divertido! Foi oferecida pela primeira vez nesse colégio 10 bolsas de estudos para alunos de baixa-renda e eu fui um dos escolhidos. Iria cursar todo o Ensino Médio nesse colégio e o colégio prometia que quem lá estudasse sairia com o futuro formado.
Também comecei a fazer trabalho voluntário num hospital do câncer infantil e eu amava muito fazê-lo (Tinha encontrado vários ‘pequenos amiguinhos’ lá, os médicos também eram muito gentis... Em especial havia uma criança lá que eu amava de paixão chamada Clarita, depois falo mais sobre ela! J). Minha rotina passou a ser basicamente essa... Estudar, cuidar da minha mãe, trabalho voluntário e dar atenção ao Vítor. Enfim, tudo corria razoavelmente bem, mas não me sentia a vontade na casa da minha cunhada. A casa era muito pequena, o Vítor dormia com minha mãe numa cama e eu dormia no chão e ela (Minha cunhada) fazia questão de deixar claro que não gostava de mim. E que eu incomodava.... Muito! Ela também hostilizava o Vítor e eu estava sofrendo por ver meu irmão tão tristonho! Foi nesse período que ela veio com a notícia de que estava grávida pela segunda vez (Ela e meu irmão já tinham uma menina de 2 anos), Minha mãe continuava doente e eu me remoendo por não poder fazer nada de concreto.
Pronto. Não sei o que aconteceu, mas as coisas do nada fugiram do meu controle! Éhr... É isso! As notícias boas acabam aqui, pessoal! A partir daí, não sei o que aconteceu, mas uma peça se moveu errada no meu tabuleiro e tudo era só ruínas... As discussões com minha cunhada se tornaram frequentes. Ela fazia questão de implicar comigo e com o Vítor e eu não permitia que ninguém hostilizasse meu irmãozinho na minha frente, sempre o defendia. Mas eu nada podia fazer, pois estava na casa dela. Vivíamos brigando e já não suportava mais... A questão é que uma noite, na casa da minha cunhada apareceu Guilherme.
Guilherme era um carinha muito bonito! Muito musculoso e com uma voz sedutora que penetrava na alma. Comecei a conversar mais frequentemente com Guilherme. Ele era bem divertido e eu ria muito com ele. Um dia, Guilherme apareceu todo misterioso na casa do meu irmão e me chamou dizendo que precisava falar comigo. Achei estranho, mas aceitei. Via o Guilherme (Apesar da beleza) como um grande amigo... E só! Guilherme me chamou para um lugar isolado e esquisito. E derrepente falou que me queria e já não mais podia resistir. Antes que eu pudesse sequer processar a informação. Ele me agarrou e me deu um beijo! Fiquei assustado. Mas cedi (foi um choque muito grande e não esperava por aquilo). Por 2 segundos, eu cedi aquele beijo, entrelacei meus braços no pescoço dele e ele me abraçou. Mas iria pagar caro por esses dois segundos de pecado. Apesar de meus olhos estarem fechados percebi uma claridade que parecia muito com o Flash de uma máquina. Assustado, abri os olhos e empurrei Guilherme para longe. Perguntei o que tinha sido aquilo e ele disse não saber. Rapidamente falou que precisava ir embora e eu deduzi que ele estava com vergonha por tudo aquilo. (Eu também estava) então... Quis sair dali o mais rápido possível! Nunca havia beijado um homem apesar de já ter entendido que eu era gay há alguns anos.
Fomos para nossas casas, precisava por em ordem meus pensamentos que tudo aquilo era muito repentino. Quando cheguei em casa, minha cunhada (Rejane) estava morrendo de gargalhar na companhia de minha prima longínqua (Sua melhor amiga). Talvez, só minha prima consiga me odiar mais que minha cunhada, sinceramente eram pessoas muito difíceis... Não entendi o motivo da piada, mas tinha coisas mais importantes para pensar. Precisava por meus pensamentos em ordem, pois no outro dia já iria para escola nova e só voltaria na sexta. E além do mais o que foi aquele beijo com o Guilherme? Nossa.... Que cara gostoso J. Aprontei umas últimas coisas que faltavam nas minhas mochilas e logo mais fui dormir.
Deitei e fiquei pensando no que me aguardava de manhã. Lentamente fui cochilando e senti como se caísse em cascata. Eu estava numa grande catedral onde a voz ecoava e se perdia no teto redondo. As janelas eram feitas de vidro e tinham desenhos artísticos, iguais a uma igreja. No fundo, via meu pai e eu ficava muito feliz... Eu sussurrava – Pai! Ele simplesmente sorria e acenava... Eu tentava me aproximar, mas não conseguia sentia alguém prendendo meu corpo. Segurando. – Pai! – Tornei a chamar, mas ele apenas sorriu condescendentemente! (Meu pai havia abandonado minha mãe, mas no sonho achava que ele tinha voltado por nós!). Eu estava chorando, soluçando... Estava triste, queria chegar no meu pai e dar o abraço que eu sempre quis dele. Mas porque ele não se aproximava mais? Por que só sorria e acenava? Foi ai que percebi que o soluço não era meu. Abri os olhos e o Vítor chorava abraçado comigo. (Era comum dormirmos juntos e abraçados, O Vítor tinha saído da cama da minha mãe onde ele dormia e tinha vindo dormir no colchão, comigo).
- Vitinho, por que você tá chorando, rapaz? – Perguntei!
- Não quero que você vá para um colégio interno e me deixe sozinho – Ele dizia em meio aos soluços!
- Eih, você não vai ficar sozinho, você tem a mamãe... E eu tenho que ir, você sabe! Mas eu vou voltar todo final de semana e você pode me ligar...
- Mas com quem eu vou conversar? Quem vai brincar comigo? Você vai me deixar aqui sozinho ‘com ela’ – ele sussurou essa parte e eu sabia que ele se referia a Rejane – E eu não quero te perder...
Fiquei emocionado... Às vezes esquecemos que existem pessoas que nos amam no mundo! O abracei sem dizer nada e ali e aos poucos ele foi se acalmando e dormindo... Tive a impressão de só fechar os olhos quando o despertador tocou. Era 4:00 AM. E eu precisava levantar preparar tudo pra chegar na escola as 07:00 AM. (Vida em SP é isso).
Apesar do sono estava ansioso... Levantei, tomei um banho rápido e minha mãe me chamou. Ela estava com uma dificuldade muito estranha para falar. Mas pediu roucamente para eu ter cuidado na vida e deu outros conselhos. Dei um beijo na testa dela e fui falar com o Vítor.
- Você já vai? – Falou ele sonolento.
- Sim Vítor, escuta, preciso que você seja forte e corajoso por mim. Você já é um homem e eu preciso de você pra cuidar da nossa mãe. Você faz isso por mim?
- Eu faço – Ele falou com os olhos cheios de lágrimas.
- Tenha cuidado na vida viu? – Falei e sabia que ele havia entendido que eu me referia a minha ilustríssima cunhada – Cuidado na vida!
- Ele apenas acenou.
- Ficamos ali abraçados mais um pouquinho até que levantei e mandei-o voltar a dormir. Saí pela porta e fui ao ponto onde precisaria pegar três ônibus para chegar à escola que mais parecia um imenso campus universitário.