Capítulos de Mim - 07

Um conto erótico de Passarinho
Categoria: Homossexual
Contém 2323 palavras
Data: 25/12/2013 14:32:02

Ao dobrar em um dos corredores meio isolados, já próximo do meu dormitório vi uma cena que me assustou. Me deparei com Guto e Priscilla. Atracados tentando engolir um ao outro. Eles também se assustaram com a repentina aparição, pois Guto estava sentado e Priscilla meio que sentada biscatemente em suas pernas.

- Poxa vida, que susto – Falou a Priscilla... Com aquela voz de gato que levou pedrada – Mas é só o escroto que tá no seu quarto. Ela levantou e ficou me encarando, como se esperasse que eu revidasse a ofensa. Mas decidi apenas passar e ignorá-la. Mas ela segurou meu braço e me fez parar. Suas unhas eram muito grandes e pintadas num débil tom de rosa.

- Largue meu braço agora mesmo – Bradei.

- Escuta aqui, mermão. Tu pensa que é quem pra falar assim com minha mina ehm??? – Priscilla me soltou bruscamente – Mas eu estava prestando atenção era no troglodita do Guto que já estava me olhando com aquele olhar vou-te-dar-um-soco-em- – Mas como sempre o destino sempre corrobora pro meu bem e no final do corredor apareceu um velho que era zelador do lugar. Aproveitei a deixa para sair dali sem que aquele mala tentasse me impedir.

Cheguei ao meu quarto e Jean jogava vídeo game, sem camisa suuuuuuper gostosin. Nylo já estava revisando conteúdos na mesa de estudos do dormitório. Eu dei um ‘Oi’ e Nylo me perguntou onde eu estava ao que eu respondi um rápido ‘dando uma volta’. Fui pro meu quarto e tomei um demorado banho... Depois queria experimentar a banheira e a hidro, mas depois porque agora tava sem cabeça pra isso... Saí do banho e fui revisar os conteúdos para espairecer (Nerd).

Estava lá, todo entretido no encantador mundo acadêmico quando o Jean falou:

- Então, Ruy, você vai pra festinha que vai ter hoje na ala C, pra comemorar o início das aulas?

- Achei que ‘reuniões’ desse tipo fossem proibidas nesse colégio, ainda mais a noite, visto que já está anoitecendo...

- E são... Mas o que é a vida sem alguns riscos rapaz??

- Eu não posso ir a uma festa. Sou um bolsista, se sou pego vou pra casa no mesmo minuto, além do mais isso é uma irresponsabilidade... – Nesse momento olhei pro Nylo e a cara de culpa dele denunciava que ele iria à festa. – Você vai? – Falei impressionado, afinal alguém como o Nylo, tão certinho e nerd, seria a última pessoa que se imaginaria numa festa ilícita altas horas da noite... :D.

Ele me disse que Anabel foi convidada pela menina do quarto dela e o forçou a ir também, meio que se desculpando... Enfim, né? Depois de um tempo, Guto chegou e me ignorou completamente, ainda bem, ficou lá jogando videogame, até que umas sei-lá-que-horas fui dormir e eles se arrumaram e saíram (O Jean estava lindo numa camisa polo e uma calça jeans, o tênis claramente mais caro que eu, no mercado negro, estava perfeito). Até o Nylo estava um pouco mais estilosinho numa roupa um pouco menos nerd e um pouco mais emo. :D. Enfim, fui dormir.

Foi uma noite perturbada, tive vários pesadelos dos quais não lembro. Só consigo lembrar que estava um enorme trânsito na Marginal do Tietê e eu ficava correndo desesperado entre os carros que buzinavam. Não lembro o porquê, mas tinha que chegar do outro lado e ao longe tocava uma música: Jason Walker – Down.

http://www.youtube.com/watch?v=DXs8Cv8U02k

Abaixo

Eu não sei onde estou

Estou parado atrás

Estou cansado de esperar

Estou esperando aqui constantemente

Espero que eu encontre

O que eu tenho perseguido

Eu atiro pro céu

Estou cravado no chão

Então, por que eu tento?

Eu sei que vou cair.

Eu achei que podia voar

Então porque eu me afoguei?

Eu nunca vou saber porquê.

Está vindo a baixo, baixo, baixo.

Eu não estou pronto pra partir

Porque então eu nunca saberia

O que eu poderia estar perdendo

Mas eu estou perdendo demais

Então quando eu desistir

Pelo que eu estive desejando?

Eu atiro pro céu

Estou cravado no chão

Então, por que eu tento?

Eu sei que vou cair.

Eu achei que podia voar

Então porque eu me afoguei?

Eu nunca vou saber porquê.

Está vindo a baixo, baixo, baixo.

Oh, eu estou caindo, caindo, caindo

Eu não consigo achar outro caminho

E eu não quero ouvir aquele som

De perder o que eu nunca achei.

Eu atiro pro céu

Estou cravado no chão

Então, por que eu tento?

Eu sei que vou cair.

Eu achei que podia voar

Então porque eu me afoguei?

Eu nunca vou saber porquê.

Está vindo a baixo, baixo, baixo.

Eu atiro pro céu

Estou cravado no chão

Então, por que eu tento?

Eu sei que vou cair.

Eu achei que podia voar

Então porque eu me afoguei?

Está vindo a baixo, baixo, baixo.

Acordei e percebi que a música do Jason Walker estava tocando no meu celular, era uma chamada. Peguei o celular no criado mudo e gelei quando vi um número que começava com as iniciais de um orelhão público. Atendi rapidamente e a voz do meu irmãozinho falou do outro lado:

- Ruy, por favor Ruy, vem pra casa, por favor me ajuda... Eu não aguento mais, por favor... – E ai a ligação caiu. Eu sabia porquê. Ele ligou de um orelhão público, certamente com um cartão com poucos créditos que ele deve ter achado por ai. E como ele ligou pra um celular, os créditos rapidamente se extraviaram. Mas o que meu irmão estava fazendo na rua uma hora daquelas???? O que será que estava acontecendo em casa... Fiquei desesperado e olhei que horas eram... Já era quase 01:00 AM. Vesti uma peça qualquer de roupa e um chinelo (Sempre dormia só de bermuda). E saí pra fora do quarto. Ninguém tinha voltado. Saí do apartamento e comecei a andar corredor após corredor. Não encontrava nenhum aluno, estava decidido a vencer a timidez e pedir o telefone emprestado do primeiro que cruzasse comigo. A luz das luminárias estava fraca. Havia corredores que quase eram completamente escuros.

Virei um corredor e no final, parei de chofre. Lá no final vinha o zelador da escola, Manoel. Era um senhor quarentão que tinha cara de poucos amigos. Ele me viu (Embora tivesse quase certeza que não viu meu rosto direito e não conseguiria me reconhecer no meio de tantos rostos diferentes, no primeiro dia de aula). Andar à noite pela escola era absolutamente proibido. Eram as regras.

- Eih, você! Para já ai! – Mas eu dei a volta e sai correndo a toda pelo lado oposto... Virei uns corredores e já estava perto do corredor que levaria a escada para meu dormitório quando vi o Jean. Corri até ele – O zelador está dois corredores atrás de mim. Talvez menos... Temos que sair daqui! – Ele me olhou e me puxou – Saímos correndo em direção ao pátio – Eih, pra onde você está me levando – Puxei meu braço dele quando estávamos perto da piscina. Tem outro zelador na nossa ala também, temos que esperar. Por agora, é inviável tentar ir ao nosso dormitório, ainda mais depois que te viram eles vão ficar dando mais atenção a nossa área. – Ok! Vamos esperar.

Era tudo o que eu menos podia esperar... Ficar com o Jean ali, naquela noite tão solitária, e ele tão bonito e perfumado. Então, me lembrei do motivo pelo qual eu sai do dormitório, burlando as regras. – Jean, eu sei que não somos amigos nem nada assim... Mas eu preciso de um favor seu, por favor, por favor... Me empresta seu celular rapidinho, por favor cara! Eu baixei a cabeça pra não acabar chorando. Já era muito humilhante pedir uma coisa assim, não precisaria desse desfecho final! – E o que aconteceu com o seu? – Ele me perguntou... Por que você estava nos corredores? – Depois eu te explico, falei estendendo a mão. – Ele enfiou a mão no bolso e tirou um celular desses que as pessoas ficam três meses comendo miojo pra comprar. Ele me olhou nos olhos e depositou o celular dele em minha mão. – Haveria tempo para agradecimentos depois... Agora eu só precisava saber se o Vitinho estava bem.

Disquei o número dele e chamou três vezes, ele atendendo na metade da quarta.

- Alô? – Falou ele com uma voz grogue.

- Vitinho – Falei.

- Senti-o despertar instantaneamente.

- Ruy? Ruy é você?

- Sim, Vitinho, sou eu...

- Ruy... Por favor Ruy... Eu preciso falar com você – Falou ele sussurrando.

- Espera um minuto e não desliga... Por favor, Ruy não desliga, é sério.... – Eu sabia que ele estava com medo de a chamada se encerrar e eu não retornar mais, conhecia meu irmão caçula como ninguém.

- Saí um pouco de perto do Jean (Não muito) e fui me sentar numa daquelas mesinhas redondas (Geralmente brancas) que ficam com quatro cadeirinhas bem lindinhas, ao lado de uma piscina. Sentei em uma das cadeiras e depois de um tempinho ouvi o Vítor chamar já com uma voz razoavelmente normal (Não sussurrada).

- Ruy? Você tá ai?

- Estou aqui meu irmão.... O que aconteceu????

- Ele já estava em prantos – A Rejane..., ela tá fazendo da minha vida um inferno. A mãe continua cheia de problemas e desmaia quase todos os dias... Ela não gosta da mãe. Fico com medo de ir à escola e deixá-la sozinha com ‘ela’. Cheguei um dia desses e encontrei-a rindo com a Wanderlândia (Nossa prima) e dizendo que provavelmente a mãe não iria durar muito mais. – Eu já chorava.

- Por favor... Vítor... Vítor... Escuta aqui... Escuta aqui... Vai ficar tudo bem tá bom??? Final de semana eu chego aí. Não se preocupa e, por favor, cuida da mãe. C-U-I-D-A D-A M-Ã-E. Falei bem pausadamente. Sempre que a jararaca for chegar perto dela, fica por perto. Você precisa ser forte meu irmão... A nossa mãe precisa de você!!! Eu sempre vou estar com você... Em pensamentos viu? E daqui a uns dias você vai me ver de novo... Vamos superar... Sempre damos um jeito né não? Não consegui controlar um mini soluço. Nessa Quinta os exames da mãe serão finalmente feitos e saberemos o que ela tem e poderemos tratar. Fica triste não, tá bom??? Agora vai pra dentro... Vai pra dentro que eu não confio em você uma hora dessas fora de casa... Você sabe como aí é perigoso..... Outra coisa, cuidado na vida viu? Com as companhias e tudo mais..... Fica bem!

- Tchau... Eu te amo – Ele falou choramingando – Eu também, meu irmãozinho... Eu também. Vai dar certo, não se preocupa! Agora vai pra casa e quando chegar me dá boa noite pra eu ter certeza que você entrou em casa em segurança (Eu sabia, óbvio que ele saiu de casa na calada da noite, sem ninguém ver). Ele entrou e lá dentro me deu um sussurrado ‘Boa noite’ ao que eu respondi boa e desliguei.

Olhei em volta e vi o Jean sentado à beira da piscina. Tinha ouvido tudo. Fui caminhando até ele e entreguei o telefone e disse:

- Jean, obrigado... De verdade... Obrigado. – Sentei na beira da piscina e coloquei os pés dentro d’água muito azul (Assim como Jean) que refletia a lua no céu.

- Posso perguntar quem era? – Olhei pra ele e fiquei pensando... – Se quiser, pode. Mas não imagino porquê você se daria ao trabalho de querer saber os dramas da vida de um faveladozinho pobretão que nem saldo no celular tem. – Baixei a cabeça.

- Eih.. Você não é isso!!! Não deixe o Guto rotular você!

- Apesar daquele jeito dele, ele é uma boa pessoa.... Só um menino que sofreu demais na vida. – Olhei pasmo pra ele – Pois é, Ruy, o sofrimento não é exclusividade da camada pobre da população. – Ele deu um sorrisinho triste.

– Por que você faz tanta questão de ser amigo de alguém como o Guto? Quer dizer, sabe... Você parece ser alguém tão legal. Às vezes, você parece um cachorrinho de balaio. – Fiquei pensando se peguei pesado demais.

Ele suspirou longamente – Só estou tentando salvar uma amizade que já não tem mais jeito. : / Ele disse isso com uma carinha triste.

Eu estava muito triste e também muito abalado com tudo... – Aquele era meu irmão menor, ele tá passando por uma barra. Eu era o porto seguro dele e agora eu estou trancafiado aqui e ele tendo que enfrentar meio mundo sozinho. Ele nunca esteve sozinho na vida. Queria tanto estar lá com ele... : /

Jean me abraçou com um braço só. Passou o braço por minha cintura e eu encostei minha cabeça no peitoral musculoso dele. Aquela montanha estava sendo tão fofa.... E me senti, tão protegido quando ele me segurou daquele jeito. Ficamos apenas olhando a lua até que ele falou:

- Sabe quantas dezenas de lendas já não tentaram entender o mistério que cerca tanta beleza???? Da lua, digo.... Quer dizer, às vezes tudo parece tão perfeito... Como agora que– Nossas cabeças se moveram instintivamente para trás, um dos zeladores vinham em nossa direção, fazendo sua ronda. Corremos e nos escondemos, depois que ele passou corremos embalados corredor após corredor e escada após escada sem nenhum inconveniente, Graças a Ísis, chegamos a frente à porta do nosso dormitório e estávamos rindo ofegantes.

Ia abrir a porta, mas Jean me jogou na parede, pegou em minha mão brevemente, deu um sorrisinho torto e disse:

- Foi muito bom encontrar você hoje... Ruy. Foi mais divertido que aquela festa idiota. :D. – Entramos.

- Guto estava no sofá mexendo no celular. – Quando nos viu disse – Caralho Jean, onde tu se meteu mano... E por que tu tá chegando com ‘ele’. Guto costumava falar das pessoas que ele considerava ‘desprezíveis’ como se elas não estivessem ouvindo.

- Saí e fui pro meu quarto. Deixei o Jean explicar ao amigo dele porque estávamos juntos. Deitei e fiquei tentando dormir, pois daqui a poucas horas já teria que levantar para estudar. Nylo roncava e eu fiquei pensando se existe um limite de coisas que podem te acontecer num único dia.... Lentamente perdi a consciência.

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Comentários

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Perfeito ...amei...acho q o ruy vai ficar com o jean...le pensando...jean ta brincando com o ruy...espero pelo proximo...bjs

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Nossa acho que tua cunhada é um monstro. Demais o conto.

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